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Módulo Clínica Médica e Pediatria Problema 5 - fechamento 1 Daniela R. Fonseca – XXVII Objetivo I : Cefaleias: Migrânea, Tensional, Em Salvas, Cervicogénica, Neuraugia do Trigêmeo, Relacionada a Disfunção da ATM. Cefaleias Epidemiologia • Muito comum • Mais de 90% da população apresentou ou apresenta enxaqueca, cefaleia tipo tensão ou outras modalidades da cefaleia. • Mais de 75% das mulheres e 55% dos homens sentirá pelo menos um tipo de cefaleia intensa durante a vida. • Em mais de 90% dos casos não significa problema grave, sendo, portanto, consideradas primárias (não relacionadas a lesões estruturais anatomicamente visíveis e causadas por mecanismos de disfunção neuroquímica e neurofisiológica do sistema nervoso). • As mais comuns são a enxaqueca (15-30% dos indivíduos) e a cefaleia tipo tensão (35-78% da população). - Até a 50 anos: primárias são mais comuns. - A partir dos 50-60 anos: predomínio de cefaleias secundárias associadas a lesões patológicas, assim como das neuralgias e dores neuropáticas do segmento cefálico. Classificação das cefaleias • As cefaleias e dores craniofaciais são catalogadas quanto a sua etiologia como primárias ou secundárias. - As cefaleias primárias, que se caracterizam pela ausência de anormalidades identificáveis aos exames subsidiários habituais ou em outras estruturas do organismo. - As cefaleias secundárias são decorrentes de lesões identificadas no segmento cefálico ou de afecções sistêmicas. • Elas também podem ser classificadas quanto ao modo de instalação e a evolução, em agudas, subagudas e crônicas. - As subagudas apresentam instalação insidiosa, atingindo o ápice em dias ou até 3 meses, como ocorre nas cefaleias secundárias que decorrem de hematomas subdurais, tumores de crescimento rápido e meningites crônicas. - Já as crônicas cursam com uma presença superior a 3 meses. Podem ser recidivantes, por período variável de tempo (minutos, horas, dias) para depois desaparecerem, ressurgindo algum tempo depois, como a migrânea. danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce Avaliação dos Pacientes com cefaleia → História Clínica: • A história clínica constitui o dado mais importante para o diagnóstico das cefaleias. • Características da cefaleia, como: momento e circunstâncias da instalação, horário e velocidade de início, intensidade e caráter da dor, duração do ataque, localização e a irradiação da dor, frequência das crises. - Ocorrência de sintomas neurológicos e fisicos gerais que precedem e/ou acompanham a dor, variações sazonais, progressão dos sintomas, frequência, fatores de desencadeamento e piora, tratamentos atuais e prévios, insatisfatórios ou efetivos, evidência sobre abuso de analgésicos, de ergóticos e de cafeína, história familiar de cefaleia, correlação da cefaleia com o sono, profissão, problemas emocionais e o impacto da cefaleia nas atividades de vida diária, prática, social e profissional. → Existem quatro padrões básicos de cefaleia: aguda emergente, aguda recorrente, crônica progressiva e crônica não progressiva. • Padrões como o agudo emergente e o crônico progressivo sugerem cefaleia secundária; o agudo recorrente e o crônico não progressivo indicam etiologia primária. • Sinais de alarme (ainda implicam a execução de exames subsidiários) – SNOOP. Entre esses sinais de alarme, incluem-se: - A primeira ou pior cefaleia vivenciada pelo doente, - Cefaleia de início recente, - Cefaleia iniciada após os 50 anos, - Cefaleia associada a traumatismos cranianos, - Cefaleia com intensidade e frequência progressivas, - Cefaleia em doentes com câncer, síndrome de imunodeficiência adquirida e coagulopatias, - Cefaleia em doentes com alteração da consciência clou exame neurológico anormal, - Cefaleias de esforço, - Cefaleias associadas à febre e/ou doenças sistémicas - Cefaleias com evidência de rigidez de nuca e/ou outros sinais meníngeos, - Cefaleias em doentes com convulsões, mesmo antigas, sem exame prévio de neuroimagem etc. → O exame físico geral e o neurológico costumam ser normais nos doentes com cefaleias primárias, mas nas unidades de emergência devem ser realizados com maior atenção. • De rotina devem ser observados os sinais vitais, febre, rigidez nucal e evidências de traumatismos, sinais neurológicos focais, especialmente as alterações da motricidade ocular, e acuidade visual. • Deve ser realizada a palpação e a percussão do crânio e mandíbulas, região cervical, artérias cervicais e pericranianas, o exame da cavidade oral, dentes, ouvidos e dos seios da face. • O exame do fundo de olho pode evidenciar sinais de aumento da pressão intracraniana, glaucoma, êmbolos, hemorragias retinianas e anormalidades características de hipertensão arterial, assim como de algumas doenças metabólicas e neoplasias sistêmicas. • As anormalidades no exame físico e os elementos históricos vão condicionar a necessidade ou não da requisição de exames subsidiários. Resumo: História Clínica + avaliar presença de sinais de alarme. Se sinais de alarme: suspeitar de causa secundária e pedir exames complementares. Sem sinais de alarme: pensar em causa primária. danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce → Os exames complementares (radiografia simples, TC, RM, as avaliações oftalmológicas, otorrinolaringológicas, odontológicas devem ser solicitadas quando houver suspeita de lesões estruturais no segmento cefálico. • Alguns doentes assistidos em unidades de emergência podem apresentar cefaleias secundárias com fatores alarmantes evidentes, incluindo: hipertensão intracraniana, infecções do SNC (meningites, encefalites), hemorragia subaracnóidea, pico hipertensivo agudo, hipertensão arterial maligna, glaucoma agudo, traumatismo craniano, isquemia ou hemorragia encefálica. - Porém, na maioria das vezes, as cefaleias são nitidamente primárias e benignas, apesar de a dor ser significativa, como ocorre nos casos de enxaqueca, cefaleia em salvas, cefaleias coitais ou orgásticas etc. • A cefaleia súbita geralmente é de origem vascular e pode, eventualmente, ser decorrente de anormalidades da circulação liquórica. • Dor de cabeça instantânea e intensa com rigidez de nuca quase sempre é causada por hemorragia subaracnóidea; • Cefaleia com instalação mais lenta e com intensidade progressiva associada a sinais neurológicos focais de rápida instalação é geralmente causada por hemorragia intracerebral. • Pequenos hematomas encefálicos podem ser ou não acompanhados de cefaleia discreta. • Infartos isquêmicos secundários à oclusão de grandes vasos costumam causar cefaleia unilateral e déficits focais. • A dissecção da artéria vertebral causa intensa dor occipital e nucal, geralmente no lado afetado. • Cefaleias de início lento ou com intensidade que aumente progressivamente podem decorrer de tumores intracranianos, hematomas subdurais, meningites crônicas ou de arterite. Investigação Diagnostica → Exames hematológicos e bioquímicos de sangue: Geralmente não mostram alterações em casos de cefaleias benignas. Podem se mostrar alterados em casos de afecções inflamatórias, metabólicas ou infecciosas. → RM: Mais sensível que a TC, sobretudo para avaliar os tecidos moles, porém a disponibilidade e o custo devem ser considerados na escolha do método. → Exame do LCR: alterações da pressão intracraniana, afecções hemorrágicas, infecciosas, inflamatórias e neoplásicas do SNC. • Indicações: - Cefaleia de início súbito (após a execução da TC do crânio). - Cefaleia acompanhada de sinais de infecção, - Suspeita de sangramento ou processos inflamatórios, - Suspeita de pseudotumor cerebral ou hipotensãoliquórica (deve ser realizada manometria). - Cefaleia associada a déficits de nervos cranianos, - Cefaleia em doente com síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA) na ausência de lesões com grande efeito de massa. • Não há critérios absolutos sobre a necessidade da execução de exames de neuroimagem em doentes que apresentam cefaleias recorrentes tipo enxaqueca ou tipo tensão. → Radiografia simples do crânio: fraturas e aumento de diâmetro da sela turca. - De seios da face: quando houver suspeita de sinusopatia e as da coluna cervical, quando houver história de traumatismos. → TC: Na presença de sinais de alarme (cefaleia de início recente, cefaleia nova após os 50 anos, alterações no exame neurológico, rigidez de nuca, cefa-leia pós traumatismo craniano, cefaleias desencadeadas por esforço físico, etc); Cefaleias primarias: Enxaqueca , Tensional e Em Salvas • Distúrbio neurobiológico com base gênica que pode estar associado a alterações do sistema nervoso e ativação do sistema trigeminovascular. danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce • Possui etiologia multifatorial e está associada a influência de fatores ambientais. • Ocorre em 6 a 7% dos homens e em 18 a 20% das mulheres. A prevalência é maior na quarta década da vida. Fisiopatologia • Na enxaqueca a dor depende da ativação e da sensibilização das vias trigêmeo vasculares. - A ativação de células no núcleo trigeminal resulta na liberação de neuropeptídeos vasoativos, em particular o peptídeo relacionado com o gene da calcitonina (CGRP), nas terminações vasculares do nervo trigêmeo e dentro do núcleo trigeminal. - Os antagonistas do receptor CGRP, gepantes, foram confirmados como eficazes no tratamento agudo da enxaqueca, e os anticorpos monoclonais contra CGRP se mostraram eficazes em dois ensaios clínicos em fase inicial. • Genética/Hereditária – cérebro enxaquecoso é qualitativa e quantitativamente diferente. - Essas diferenças dão origem a um limiar de suscetibilidade governado por fatores que levam à hiperexcitabilidade neuronal, particularmente no córtex occipital. • Neurotransmissor 5-hidroxitriptamina (5HT ou serotonina): Os triptanos são agonistas potentes dos receptores de 5-HT1B e 5-HT1D; os últimos são agonistas exclusivos chamados de ditanos. - Os triptanos impedem a sinalização nervosa nas vias nociceptivas do sistema trigeminovascular, além da vasoconstrição cerebral, enquanto os ditanos mostram-se agora conclusivamente eficazes na enxaqueca aguda, atuando apenas nos alvos neurais. • Dopamina: A maior parte dos sintomas de enxaqueca pode ser induzida por estimulação dopaminérgica. - Além disso, há hipersensibilidade dos receptores da dopamina naqueles que sofrem de enxaqueca. Quadro Clinico • Migranea típica: Localização unilateral, caráter pulsátil, intensidade moderada ou intensa, suficiente para limitar ou impedir atividades. - Piora com esforço físico ou manobras que aumentam o fluxo sanguíneo cerebral e melhora com a condições que diminuem o fluxo de sangue ao segmento cefálico. - Palidez, sudorese, anorexia, náuseas e vômitos, foto e fonofobia e, mais raramente, distúrbios autonômi-cos podem acompanhar a dor. • Muitos pacientes referem fatores desencadeantes variados, como jejum, chocolate, distúrbios emocionais, modificações no padrão de sono, estímulos sensoriais (olfativos, visuais, auditivos) e ingesta de bebidas alcoólicas. • A crise migranosa divide-se em 4 fases: premonitória, aura, cefaleia e resolução (não necessariamente estão presentes em todos os casos). → Sintomas premonitórios (hiperatividade, depressão, irritabilidade, bocejos, déficit de memória, desejo de certos alimentos, hiperosmia e sonolência) ocorrem em 10 a 15% dos casos, horas ou dias, precedendo as crises. → A aura pode ocorrer antes, durante ou após a cefaleia, e a forma mais comum é a visual; possui início insidioso e evolução lentamente progressiva, com duração variando de 5 a 60 minutos. - Enxaqueca sem aura é mais comum: a dor não é precedida ou acompanhada de sinais ou sintomas neurológicos. - Sinais e sintomas neurológicos focais (aura) pode ser visuais (em 90% das vezes com escotomas, espectros de fortificação ou fotopsias, distorções das formas, hemianopsias),sensitivos gerais (parestesias, hipoestesias, hipersensibilidade ao toque), anormalidades da linguagem (disfasias) e/ou déficits motores unilaterais (paresias). • Após o período de aura instala-se a cefaleia com o padrão semelhante aos descritos previamente. - Os sintomas e sinais aurais que indiquem a disfunção cortical ou do tronco encefálico podem ser simultâneos ou manifestar-se previamente. • Quando, após a crise de enxaqueca com aura, o déficit neurológico não regride em uma semana ou mais, pode se evidenciar lesão isquêmica nos exames de imagem, configurando o infarto enxaquecoso. danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce - O estado de mal enxaquecoso ou (status migranosus) caracteriza-se por crise de dor que dura mais de 72 horas, ou pela ocorrência de mais de uma crise com período de acalmia, entre elas de menos de 4 horas. Diagnostico Tratamento • Pode ser apenas para alívio agudo ou também para profilaxia → Medidas Gerais • Evitar fatores desencadeantes, tratar doenças concomitantes (HAS, depressão), regular o sono, aconselhar a prática de atividades físicas, acupuntura, massagens, compressas Tratamento da crise aguda Classes: anti-inflamatórios não esteroides, agonistas dos receptores de 5-HT1B/1D e antagonistas do receptor de dopamina. → Crises fracas a moderadas • Analgésicos comuns e AINES, VO - Dipirona 500 mg, paracetamol 500 mg, ácido acetilsalicílico 500 mg, diclofenaco 50 mg, naproxeno 500 mg etc.). • São eficazes para o tratamento sintomático e devem ser ingeridos precocemente após o início dos sintomas (evitar o uso abusivo). • Em crises com mais de 24h, podemos adicionar o corticoide (status enxaquecoso). → Crises fortes ou quando em vigência de vômitos • Analgésicos comuns e AINES, PARENTERAL: danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce - Dipirona 500 mg por via endovenosa (EV), tenoxicam 20 a 40 mg EV ou por via intramuscular (IM), diclofenaco 75 mg lM, cetoprofeno 100 mg EV/lM, piroxicam 20 a 40 mg IM). → Crises fortes e refratárias aos AINH (ou em casos moderados, apesar do preço): • Triptanos - Agonistas serotoninérgicos especificas que atuam nos receptores 5HT18 e 5HT1D - Sumatriptana (6 a 12 mg/dia por via subcutânea (SC) ou 50 a 200 mg/dia VO ou spray nasal 20 a 40 mg/dia) - Zolmitriptana (2,5 a 5 mg/dia VO, supralingual e spray nasal - Naratriptana (2,5 a 5 mg/dia VO) - Rizatriptana (5 a 10 mg/dia VO e supralingual) - Eletriptana (40 a 80 mg/dia VO) - Almotriptana e frovatriptana • Constituem contraindicações: doenças coronarianas, insuficiência vascular periférica e hjpertensão arterial grave. • Os agonistas de serotonina devem ser evitados em indivíduos que apresentam anormalidades cardiocirculatórias ou cerebrovasculares, vasculopatias periféricas, insuficiência renal ou hepática, hipertensão arterial grave, hipertireoidismo ou porfiria e durante a gestação. → Crises refratárias e no status migranosus: • Neurolépticos: - Clorpromazina (25 mg EV em 250 a 500 mL de soro fisiológico) ou o haloperidol (5 mg EV em soro fisiológico). → Vômitos • Antieméticos : por VO, IM ou EV (metoclopramida 10 mg, bromoprida, tiaprida) ou VO (domperidona 10 mg) → Crises intensas: • A associação de corticosteroides por via parenteral (dexametasona 4 a 8 mg EV /IM) pode ser benéfica em crises intensas e é geralmente obrigatória no estado demal enxaquecoso. → Opioides: • Deve ser evitada, se possível, e reservada a situações muito especiais, quando outras medidas não forem eficazes ou houver contraindicação para os medicamentos convencionais; • Meperidina ( 100 mg IM ou IV), Tramadol (50 a 100 mg EV, IM, VO), cloridrato de morfina (10 mg EV ou VO), oxicodona (10-20 mg VO), codeína (30 a 60 mg VO) e o dextropropoxifeno associado ao ácido acetilsalicilico. • Quando a dor se mantém pode ser necessária a associação de drogas como ergotaminicos IM/EV com antieméticos EV, AINH EV/IM, corticosteroides EV/IM, neuroléptico EV e derivados de morfina. • Persistência de Aura migranosa por mais de 60 minutos: é recomendável a não utilização de agentes com ação vasoconstritora (ergotamínicos, triptanos). - Alguns recomendam medicar a aura prolongada com verapamil (5 a 10 mg EV), nifedipino (10 mg SL), nitrato de amila ou isoproterenol (0,2S%) e hidratação endovenosa. • Persistência de déficits neurológicos focais após crise de enxaqueca: sempre investigar com exames complementares. danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce Tratamento profilático → Farmacológico • Indicado para pacientes com mais de 2 crises/mês, OU pelo menos 1 que seja extremamente grave ou demorada, OU em rasos que não respondem mais à terapia abortiva. • A migrânea hemiplégica familiar da basilar, o infarto migranoso e a migrânea com aura prolongada são indicações independentes de tratamento profilático. - Betabloqueadores: propranolol ( 40 a 120 mg/dia), metoprolol (SO a 200 mg/dia), atenolol (50 a 100 mg/dia), nadolol, timolol, pindolol. - Antagonistas da serotonina {bloqueadores 5-HT2): metisergida (3 a 6 mg/dia), pizotifeno ( 1 a 2 mg/dia). - Bloqueadores de canais de cálcio: flunarizina (5 a 10 mg/dia), verapamil (80 a 480 mg/dia). - Antidepressivos tricíclicos: amitriptilina ( 12,5 a 100mg/dia), nortriptilina, imipramina e outros. - Antidepressivos lMAO ( uso muito restrito atualmente). - Antiepilépticos: topiramato (2S a 200 mg/dia), valproato de sódio/divalproato (500 a 1.500 mg/dia), gabapentina (300 a 1.600 mg/dia). - Neurolépticos: dorpromazina S a SO mg/dia. • Também podem ser utilizados: antidepressivos inibidores seletivos de recaptação da serotonina (fluoxetina, sertralina, citalopram), os inibidores duais de receptação de serotonina e noradrenalina (venlafaxina, duloxetina) • Uma vez atingida a estabilização, o fármaco é continuado por cerca de 6 meses e depois gradualmente reduzido para avaliar a necessidade de continuação. danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce Tratamento na Infância e Adolescência • Na fase aguda podemos indicar o paracetamol (5-15mg/kg/ dose 2-3x/d VO), ibuprofeno (7,5-10mg/kg VO), dipirona (10-25mg até 4x/d VO) ou os triptanos (melhor opção). - Metoclopramida 10mg VO/IM pode ser usada para tratar náuseas e vômitos. • No tratamento profilático o propranolol (BB) 1-2mg/kg/d é a droga mais usada, pelo perfil de segurança. - Seu uso é contraindicado a pacientes com asma, DM e arritmias. • Flunarizina 5mg/d, amitriptilina 10-50mg/d, ciproepta-dina 4-12mg/d e o maleato de pizotifeno 0,5-1,5mg/d também podem ser prescritos. • Constituem um grupo heterogêneo de cefaleias. • Cefaleia crônica mais comum e mais prevalente em adultos jovens. • Se persistir por mais de 15 dias/mês (180d/ano), classificamos como cefaleia tensional crônica. Fisiopatologia • Não é completamente compreendida. • Parece que a CT é decorrente de um distúrbio apenas de modulação de dor no sistema nervoso central, ao contrário da enxaqueca, que envolve um distúrbio da modulação sensorial mais generalizado. • Pode ter contribuição genética; contribuição de fatores como estresse, ansiedade, depressão, tensão mental. • A contração muscular tem sido considerada uma manifestação que distingue a CT da enxaqueca, porém não parece haver diferenças na contração entre os dois tipos de cefaleia. Quadro Clinico • Cefaleia bilateral não pulsátil como uma faixa apertada. - Intensidade discreta a moderada que não impedem atividades, não associadas a náuseas, vômitos, foto e/ou fonofobia, não agravadas durante a execução das atividades tisicas e são associadas ou não a anormalidades da musculatura pericraniana. • Pode correlacionar-se a anormalidades da coluna cervical e dos músculos mastigatórios. • Acomete mais mulheres que homens e a frequência tende a se reduzir com o progredir da idade dos indivíduos. • Pode ser episódica (menos de 180 dias ao ano), continua (até 15 dias ao mês, com duração de 30 minutos até 7 dias) ou crônica (mais de 180 dias ao ano ou mais de 15 dias ao mês). - A CTT episódica é a forma mais comum, podendo ser subdividida em infrequente (ocorre menos que 12 dias/ano) e frequente ( 12 a 179 dias/ ano), mais correlacionada a situações estressantes. • Diagnóstico Diferencial com ENXAQUECA: Na prática, diferencia-se a partir das manifestações associadas como náuseas, vômitos, fotofobia que estão presentes na enxaqueca. Diagnostico danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce Tratamento • Analgésicos simples como paracetamol, ácido acetilsalicílico ou AINES (ibuprofeno,naproxeno, cetoprofeno, cetarolaco, indometacina, dipirona) • As abordagens comportamentais, como relaxamento, intervenções cognitivo-comportamentais, programas de manejo do estresse, de medicina física, incluindo técnicas de adequação da postura e de ergonomia, massoterapia, estimulação elétrica transcutânea podem ser uteis. • Para CT crônica, a amitriptilina (antidepressivo tricíclico) é o único tratamento comprovado (Harrison). - CMUSP: (amitriptilina, nortriptilina, clomipramina, maprotilina, mianserina, venlafaxina). • Relaxantes musculares, como a ciclobenzaprina, podem ajudar no controle das crises. • Em geral, trata-se de enxaqueca crónica ou de CTTC inadequadamente tratadas ou tratadas com abuso de analgésicos e ergóticos. • A cefaleia crônica diária (CCD) é definida como cefaleia ocorrendo 15 dias ou mais por mês durante 3 meses ou mais. • Em aproximadamente 77% dos casos o tipo clínico de CCD é a enxaqueca transformada em mais de 80% ocorre uso abusivo de analgésicos, ergotamínicos, triptanos ou cafeína. Tratamento • Primeiro passo: desintoxicação da medicação usada de forma abusiva (evitar suspensão abrupta para bloquear efeito rebote). • AINH por VO, IM ou EV; - Corticosteroides (dexametasona 12 a 16 mg/dia EV, IM, VO ou prednisona 20 a 40 mg VO); - Sumatriptana (6 a 12 mg/dia SC ou 100 a 200 mg/dia VO); - Di-hidroergotamina (0,5 a 1 mg EV 8/8 horas); - Clorpromazina ( 12,5 a 25 mg EV 6/6 h/2 dias); - Clonidina (0,1 mg em casos de dependência de opiáceos) são utilizados como resgate. • Simultaneamente, deve ser instituída medicação profilática potente (antidepressivos e antiepilépticos) e suporte psicológico, pois é elevada a associação com comorbidades psiquiátricas (depressão, histeria, transtornos somatoformes). • 0,1% da população. • Indivíduos de 20 a 40 anos. • Predomina no sexo masculino. • Pode-se associar ao tabagismo, traumatismo craniano ou HF de cefaleia. Quadro clinico • A CS se caracteriza pela ocorrência de um ataque a cada 2 dias até oito ataques por dia, de dor unilateral muito intensa. • Uma característica fundamental da cefaleia em salvas é a periodicidade. Pelo menos uma das crises diárias de dor recorre aproximadamente na mesma hora todo dia. (Harrison) • Dor unilateral muito intensa, localizada na região orbitária, supraorbitária e temporal, às vezes irradiada para a região maxilar, occipitonucal, pericarotídea e ombro. • Deve ser associada a pelo menos um sinal neurovegetativo ipsilateral (congestão conjuntival, lacrimejamento, congestão nasal, rinorreia, sudorese frontal e/ou facial, miose, ptose palpebral, edema palpebral)ou então à sensação de inquietude ou agitação. • Quando ocorrem? Os ataques comumente ocorrem durante o sono e podem ser desencadeados pelo álcool, agentes vasodilatadores e hipóxia. danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce - Em 85% dos casos, associa-se à apneia obstrutiva do sono. Diagnostico Tratamento Tratamento da Crise Aguda • Inalação de O2 puro (5-10L/minuto) com máscara por 15 a 20 minutos. • O tartarato de ergotamina ( 1 a 2 mg) por VO, é indicado em casos de dor prolongada; • Em casos de persistência da sintomatologia, os triptanos são recomendáveis por VO ou SC; a Sumatriptano (6 a 12 mg SC) alivia a dor em cerca de 15 minutos em até 96% dos casos sem causar tolerância. - O zolmitriptana VO pode também ser eficaz. • A instilação tópica IN de 1 mL de lidocaína pode ser eficaz. - A instilação IN de solução de capsaicina e corticosteroides (dexametasona 8 a 12 mg EV, metilprednisolona 1 g por via EV) são também eficazes. • Os sprays nasais de sumatriptano (20 mg) e zolmitriptano (5 mg) são eficazes na cefaleia em salvas aguda, oferecendo uma opção útil para pacientes que podem não querer autoinjetar diariamente. Tratamento profilático • O verapamil (240 a 480 mg 2 x/dia) é eficaz, mas pode causar obstipação, fadiga e hipotensão arterial Terapia de neuroestimulação • Quando as terapias clínicas falham na cefaleia em salvas crônica, estratégias de neuroestimulação podem ser utilizadas. • Estimulação cerebral profunda da região da substância cinzenta hipotalâmica posterior. danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce • A abordagem menos invasiva de estimulação do nervo occipital, com a estimulação do gânglio esfenopalatino e com uma estimulação não invasiva do nervo vago. Cefaleias Secundarias : Cervicogenica e Disfunção de ATM • Cefaleia ocasionada por afecções funcionais e/ou orgânicas na região cervical Fisiopatologia • Anormalidades das estruturas neurais (nervo grande occipital), musculares ou articulares podem estar envolvidas na ocorrência. • Acredita-se que uma cefaléia cervicogênica seja dor referida decorrente de irritação causada por estruturas cervicais inervadas pelos nervos espinhais C1, C2 e C3; portanto, qualquer estrutura inervada pelos nervos espinhais C1 – C3 pode ser a fonte de uma cefaléia cervicogênica. - Os nervos C1-C3 transmitem sinais de dor para o núcleo nociceptivo da cabeça e pescoço, o núcleo trigeminocervical. - Acredita-se que essa conexão seja a causa da dor referida no occipital e / ou nos olhos. • O núcleo trigeminocervical recebe aferências do nervo trigêmeo, bem como dos três nervos espinhais cervicais superiores. danir Realce danir Realce - Trauma cervical, chicotada, distensão ou espasmo crônico dos músculos do couro cabeludo, pescoço ou ombro podem aumentar a sensibilidade da área, que é semelhante à alodínia observada nas enxaquecas crônicas tardias. Quadro Clínico • Unilateral, não pulsátil que inicia-se na região cervical e irradia-se ao segmento cefálico. • Eventualmente é difusa nas regiões anteriores do crânio, sendo desencadeada por movimentos passivos do pescoço ou compressão ipsilateral da região cervical = tosse, espirro, atividade física, adoção de posturas inadequadas, mastigação, etc. • Pode se irradiar para a região cervical ipsilateral, ombro ou membro superior, sem distribuição radicular. • Pode ser acompanhada ou não de fenômenos neurovegetativos craniofaciais como lacrimejamento, eritema ocular, edema palpebral, rinorreia, tontura, etc. • História prévia de trauma na coluna é comum = Muitos doentes apresentam história de síndrome do chicote. • Ao EF podemos perceber hipertonia da musculatura cervical, dor à pressão em determinadas regiões, hipersensibilidade cutânea e hiperalgesia cutânea sobre a região de distribuição da raiz de C2, C3, C4 e C5. Diagnóstico • Os exames de imagem geralmente não revelam anormalidades. Tratamento • Podemos indicar fisioterapia e uso de AINE para alívio da dor. • Há a alternativa de tratamentos invasivos que visam diminuir a aferência periférica dos impulsos dolorosos, tais como estimulação transcutânea, anestesia local repetida, descompressão, secção e/ou avulsão do nervo occipital, estabilização vertebral, radiofrequência de discos intervertebrais e de nervos cervicais e estimulação epidural. - O bloqueio anestésico dos nervos occipitais ou da raiz C2 deve abolir a dor. - O tratamento consiste no bloqueio dos nervos occipitais maiores e dos pontos-gatilho da musculatura cervical ou das estruturas articulares da região cervical. danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce • Tal estrutura é responsável pela sensibilidade da face. Essa é uma doença classificada como uma dor crônica, pois perdura por mais de três meses = dor associado a um nervo, do trigêmeo (V nervo craniano) - Ela costuma ser incapacitante, ou seja, pode afastar o paciente de suas atividades sociais e profissionais • Pode ser confundida com dor dentária ou de origem dentária. • É mais comum em idosos, mulheres e hipertensos. Quadro Clinico • Tal neuropatia é caracterizada por uma dor facial intensa, aguda, forte e súbita. - Geralmente os pacientes associam a uma pontada, um choque ou um ardor (sensação de queimação). - Em 90% dos casos, é unilateral dura questão de segundos até dois minutos. • A forma típica ou “clássica” do distúrbio causa dor extrema, esporádica, queimação repentina ou dor facial semelhante a choque que dura de alguns segundos a até dois minutos por episódio. • Existe também a chamada a forma “atípica”, bem menos comum, caracterizada por dor constante, queimação e pontadas de intensidade um pouco mais baixa do que a forma clássica. - Ambas as formas de dor podem ocorrer na mesma pessoa, às vezes ao mesmo tempo. • A dor da neuralgia do trigêmeo afeta mais frequentemente a região maxilar ou mandibular na face correspondente a 2a e 3a divisões do nervo trigêmeo, sendo o lado direito da face mais frequentemente. • A neuralgia trigeminal bilateral (ambos os lados) é rara e chama atenção para uma possível doença neurológica subjacente ou um distúrbio não neurológico que afete o crânio. O que desencadeia a crise? • Geralmente, a dor é desencadeada por um estímulo sensorial, como um toque ou ao escovar os dentes, mastigar, beber água, falar e até o vento no rosto. • A localização da dor nem sempre é concordante como local de um gatilho sensorial. - Por exemplo, estímulos dentro e ao redor do lábio inferior podem induzir dor na têmpora. Diagnóstico • O diagnóstico da neuralgia do trigêmio é baseada em sintomas e consequentemente em critérios clínicos sendo os três critérios principais: - Dor restrita ao território de uma ou mais divisões do nervo trigêmio; - Surtos súbitos de dor, muito intensos e de curta duração (entre 1 segundo e 2 minutos, mas geralmente alguns poucos segundos) e descritos como um “choque” ou uma “sensação elétrica”; - Dor desencadeada por estímulos ou toques na face ou na boca e dentes; estímulos que normalmente não causam dor. danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce Tratamento → Tratamento com Medicação: • Em geral, os medicamentos mais utilizados e mais eficazes para o tratamento da dor em choque são os anticonvulsivantes. Principalmente aqueles que bloqueiam os canais de sódio, usados para bloquear os disparos anômalos do nervo que causam a dor. - São os mais eficazes no tratamento da neuralgia trigeminal paroxística do tipo choque, mas geralmente menos eficazes nas dores contínuas e queimação. - Os mais utilizados são: carbamazepina** ,oxcarbazepina** , topiramato, gabapentina, pregabalina,clonazepam,fenitoína, lamotrigina e ácido valpróico. • Antidepressivos tricíclicos, como amitriptilina ou nortriptilina, podem ser usados para tratar a dor mais contínua. • Analgésicos comuns e opioides geralmente não são úteis no tratamento da dor aguda e recorrente . • O curso da neuralgia do trigêmeo é variável: - Em muitos casos os sintomas e a dor que responde a medicações passam com o tempo. - Em outros se observa distúrbio progressivo que frequentemente se torna resistente à medicação como tempo, os indivíduos acabam procurando o tratamento cirúrgico. → Tratamentos cirúrgicos: • Descompressão Microvascular : A descompressão microvascular tornou-se o procedimento cirúrgico preferido para a maioria dos casos que não respondem à medicação. - Por meio de microcirurgia identifica-se o vaso que está comprimindo a raiz do nervo trigêmio, afastando-o do nervo, sendo interposto uma pequena esponja almofadada para manter a pulsação da artéria separada da raiz do nervo. • Métodos percutâneos (por punção, sem corte): - Rizotomia Trigeminal por Radiofrequência : É um dos métodos de tratamentos mais utilizados para neuralgia trigeminal. - É o que leva a resultados mais duradouros e também é o método mais seletivo, ou seja atua apenas na raiz que ocorre a dor. • A disfunção temporomandibular (DTM) corresponde a um conjunto de condições articulares e musculares na região crânio-orofacial que pode desencadear sinais e sintomas como dores na região da ATM, cefaleia, dor nos músculos da mastigação, otalgia, dor facial, etc. • Sua etiologia possui caráter multifatorial e pode envolver alterações na oclusão, restaurações ou próteses mal- adaptadas, lesões traumáticas ou degenerativas da ATM, alterações esqueléticas, fatores psicológicos, ausências dentárias e mastigação unilateral. Disfunção de ATM • Devemos lembrar que a articulação temporomandibular não é um elemento anatômico isolado, sendo parte essencial de um mecanismo bastante complexo integrado pelos seguintes elementos: ATM, músculos mastigadores, músculos do assoalho bucal, ligamentos, língua, lábios, glândulas salivares, dentes, nervos motores e sensitivos, ossos maxilares, etc. • A disfunção de qualquer um dos elementos pode, num dado momento, desorganizar todo este sistema e desencadear os mais diversos quadros patológicos que, direta ou indiretamente, repercutem sobre a ATM e seus componentes musculares • Etiologia: Agrupam-se os fatores etiológicos em sistêmicos (artrites, distúrbios neurológicos, metabólicos, nutricionais) e disfuncionais; subdividindo em três grupos: síndrome do estresse, oclusão e trauma. • A hipótese mais aceita a respeito do mecanismo baseia-se em que as pessoas, submetidas à tensão ou ansiedade, manifestam um aumento da tensão do sistema muscular, particularmente dos maxilares danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce • Epidemiologia: mulheres, <40 anos. Manifestações Clínicas • Possui quatro sinais e sintomas característicos: - Dor; - Sensibilidade muscular; - Estalido na articulação temporomandibular; - Limitação do movimento da mandíbula uni ou bilateral. Cefaleia e DTM • Relação entre cefaléia e disfunção da ATM é frequente. • Dos sinais e sintomas clínicos encontrados, a dor dos músculos mastigatórios à palpação tem sido considerada a de maior relação com a cefaléia. • Durante a consulta de um paciente com queixa de cefaléia, o exame do sistema oromandibular pode ser extremamente fácil e de rápida execução, podendo assim revelar disfunções que estejam associadas com a cefaléia. • O sintoma mais frequente nas disfunções da ATM é a dor, usualmente localizada na área periauricular ou na própria região da articulação; sendo agravada pelos movimentos da mandíbula. • Patogenia: Os distúrbios afetando o sistema oromandibular podem ser de origem oclusional (perda de molares), parafuncional (bruxismo, cerrar os dentes, morder a língua) ou fatores articulares (artrite, artrose, fechamento e função). Tratamento da Cefaleia e DTM → Conservador • Educação do paciente, mudanças posturais, correção de mais hábitos, redução do estresse. • Diferentes tipos de terapia como relaxamento, biofedback, acupuntura e hipnose podem também beneficiar. • AINES e analgésicos: VO ou injetados na articulação. • Antidepressivos: bruxismo. • Splint para estabilização maxilar é também utilizado, apesar de alguns estudos mostrarem bons resultados, muitas vezes é necessária restauração dentária e terapias ortodônticas associadas. → Tratamento Cirúrgico • É utilizado quando o tratamento conservador já foi tentado sem sucesso. • Os principais procedimentos realizados incluem reposição discal, reconstrução discal e a retirada do disco articular. Segundo os cirurgiões, a melhora da cefaléia pode ser resultado secundário à redução da dor articular. danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce danir Realce
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