foram sendo destruídos para a formação dos centros urbanos. É possível observar em bairros mais antigos pouco espaço para socialização da população, pois ou a localização está voltada para o centro comercial ou é um espaço de moradias. Hoje, há Políticas Públicas voltadas à Arquitetura e ao Urbanismo de novos bair- ros, assegurando ao local espaço específico de lazer, assim como espaços específi- cos para Educação e saúde (AZEVEDO; BRAMANTE, 2017). Mas afinal, o que vem a ser equipamento específico de lazer? Equipamento específico de lazer são locais construídos e destinados à vivência no âmbito do lazer, como praças, parques, bosques e quadras esportivas. Há também equipamentos não específicos de lazer que utilizamos para tal fim, como shoppings, bares, pátios das escolas, avenidas e ruas. Leia mais no capítulo 13 do livro Gestão Estratégica das experiências de lazer, de Paulo Henrique Azevêdo e Antonio Carlos Bramante.Ex pl or Por que devemos identificar tais equipamentos? Vejamos: se o local foi criado para o lazer, o ambiente apresenta o mínimo de estrutura para tais vivências, como, por exemplo, o parque, no qual há trilhas, qua- dras, ambientes naturais para contemplação etc. Quando o local não foi criado para o lazer, mas o utilizamos como espaço para o lazer, é preciso buscar meios para adaptar esse espaço para tal vivência – exem- plificando, podemos pensar na avenida Paulista, em São Paulo, aos domingos: ela é fechada para manifestações culturais e esportivas. Por meio da permissão do Poder Público, uma das principais avenidas da capital do Estado de São Paulo se fecha ao longo do domingo para vivências no âmbito do lazer. Figura 3 – Avenida Paulista Fonte: Getty Images Figura 4 – Parque Vila Lobos Fonte: Getty Images 14 15 Barreiras para o Lazer O que são barreiras para você? Ex pl or Pois bem, no lazer, assim como em outras inúmeras experiências do cotidiano, há algumas barreiras que dificultam ou não permitem que vivenciamos tal experi- ência desejada. As barreiras são os obstáculos que impedem ou dificultam o acesso ao lazer, às vivências no tempo livre que são escolhidas por anseio do prazer intrínseco, como, por exemplo: desejo de viajar e conhecer a África do Sul, explorar a natureza por meio de um Safari; entretanto, não tenho condições financeiras para custear todo o passeio. A seguir, veja uma lista com uma série de barreiras para o lazer: • Fatores econômicos; • Gênero; • Faixa etária; • Plano cultural; • Classe social; • Nível de instrução; • Acesso ao espaço; • Violência. Leia sobre as barreiras no capítulo As barreiras para o lazer, do livro Estudos do lazer: uma introdução, de Nelson Carvalho Marcellino.Ex pl or Duplo Processo Educativo do Lazer Nas palavras de Marcellino (2012, p. 54) o duplo processo educativo do lazer é: [...] um posicionamento baseado em duas constatações: a primeira, de que o lazer é um veículo privilegiado de educação; a segunda, de que para a prática das atividades de lazer é necessário o aprendizado, o estímulo, a iniciação aos conteúdos culturais que possibilitem a passagem de níveis menos elaborados, simples, para níveis mais elaborados, complexos [...]. 15 UNIDADE História e Conceito de Animação Sociocultural, Lazer e Recreação Esse duplo processo educativo é dividido em: EDUCAÇÃO LAZER PARA PELO Figura 5 Quando utilizamos o PARA, queremos dizer que as orientações dadas previa- mente são direcionadas à experiência do lazer em si, sem qualquer outro interesse ou busca que não seja a vivência no âmbito do lazer. Essa educação está pautada no objetivo de criar um repertório de informações acerca da vivência a fim de dar a possibilidade plena da experiência. Como diz Marcellino, desenvolve-se a iniciação dos níveis menos elaborados com o intuito de alcançar os níveis mais elaborados. Ao utilizar o PELO, queremos dizer que o lazer será uma estratégia, uma ferra- menta utilizada para ensinar algum outro conteúdo. O foco aqui não é em si a busca pelo lazer em si, pelo prazer intrínseco e sim o aprendizado de um novo conteúdo de maneira divertida. É muito comum utilizarmos essa estratégia em ambientes es- colares, cujo objetivo é ensinar conteúdos escolares por meio de atividades lúdicas. Ludicidade Você sabe o que é ludicidade? Ex pl or Muitas vezes, utilizamos a palavra “lúdico” para identificar o estilo da atividade, da vivência ou do aprendizado. Por exemplo, aula lúdica, jogos lúdicos, leitura lúdica. Essa palavra tem origem do latim ludus, que quer dizer jogo. Poderíamos parar nossas buscas por significados aqui certo? Afinal, muitas das atividades lúdicas que conhecemos são desenvolvidas por meio dos jogos. NÃO... não vamos parar, pois é de suma importância compreender a origem das palavras e seus conceitos para assim saber incorporar tais Teorias às nossas práticas profissionais. Ao longo da evolução semântica da palavra “lúdico” foi sendo incorporado em seu conceito a ciência da psicomotricidade, entendendo que o lúdico vai além de um simples jogo. Ele apresenta um traço importante no desenvolvimento psicomo- tor do ser humano. 16 17 Em 2009, a especialista Anne Almeida publicou um artigo intitulado “Recreação Ludicidade como instrumento pedagógico”, em que discute a essência do lúdico, a importância atribuída à ludicidade nas questões do desenvolvimento psíquico e motor, em especial na infância. Essa pesquisadora diz que: A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lú- dico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento. (ALMEIDA, 2009) Pimentel (2010) cita Bracht (2003) ao problematizar o lúdico no dia a dia do ser humano. Podemos utilizar a ludicidade para atividades educacionais planejadas, assim como precisamos da ludicidade no âmbito empresarial, seja para criar uma propaganda, seja para criar um produto, seja para melhorar a produtividade. Autores como Luckesi discorrem sobre ludicidade, caracterizando-a por experi- ências de plenitude, vivências em que o sujeito se envolve por inteiro, ações vividas e sentidas, sendo até mesmo difícil de descrever, entretanto compreendida pela fruição, pela possibilidade de explorar as fantasias, a imaginação do ser humano. Pensar no ludus somente como jogo não torna seu pensamento errado; por ou- tro lado, você limita as possibilidades desse jogo. Nas sociedades nascentes, muitas das regras sociais foram derivadas de jogos, como os direitos, deveres, privilégios e responsabilidades (CAILLOIS, 1990 apud PIMENTEL, 2010). É preciso compreender que a ludicidade faz parte do lazer; entretanto ela tem a liberdade de ser vivenciada tanto dentro do tempo livre do ser humano – condição essencial para se caracterizar lazer, como no dia a dia do ser humano – seja no apren- dizado escolar, seja no psicomotor, no desenvolvimento interpessoal na Sociedade. Dessa forma, a ludicidade vai além do descanso e da diversão, ela pode ser a ferra- menta utilizada em várias áreas da vida para a evolução do homem como sujeito e ho- mem como sociedade (CAILLOIS, 1990; BRUHNS, 1993 apud PIMENTEL, 2010). Rubin (2000, apud Pimentel, 2010) apresenta atividades lúdicas como o dese- nhar uma estratégia de resistência das crianças em campos de extermínio, exter- nando seus medos e esperanças por meio da Arte. Pensando nessa possibilidade, as atividades artísticas são ferramentas de gran- de valia em ambientes hospitalares, e por isso atividades de recreação terapêutica pode ter grandes resultados quando instrumentalizadas com atividades lúdicas. Por fim, e não menos importante, mas talvez por ainda não haver um consenso sobre um conceito definido para ludicidade, ouso, como professora da área, utilizar das palavras de Pimentel