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de relações, 
dados epidemiológicos do território. 
O nível primário é fundamental no planejamento de ações em saúde mental eficazes e humanizadas, que 
estejam de acordo com os princípios do SUS e da Reforma Psiquiátrica, tendo sempre a 
desinstitucionalização e a autonomia do usuário como horizonte na construção de um modelo de 
assistência que compreenda os fenômenos de saúde e adoecimento como determinados por múltiplos 
fatores e por múltiplos agentes. 
A Atenção Primária se responsabiliza pelo acompanhamento contínuo dos usuários e suas demandas, 
mesmo que se verifique a necessidade de encaminhamento. Ou seja, a existência da atenção primária não 
substitui os serviços de atenção secundária ou terciária; pelo contrário, entende-se que deve haver uma 
boa articulação entre todas as instâncias da rede a fim de efetivar o cuidado integral. Contudo, o 
referenciamento do usuário para um serviço especializado, como o Centro de Atenção Psicossocial, não 
deve resultar na perda de vínculo com a APS, com o território e com a comunidade. 
Desse modo, dispositivos como o matriciamento das equipes de Saúde da Família por núcleos de referência, 
mostram-se fundamentais para a promoção de uma assistência qualificada, potencializando a 
responsabilização das equipes pelos casos, contribuindo para a desfragmentação entre as unidades da rede 
e para continuidade da adesão dos usuários ao tratamento, prezando pela autonomia destes e pelo 
cuidado em liberdade. 
TERAPIA INTERPESSOAL BREVE 
A TIP baseia-se num modelo biopsicossocial para a compreensão do sofrimento emocional. O 
funcionamento do indivíduo é produto da interação de seu temperamento, sua personalidade e suas 
características de apego e vinculo estruturados na biologia e na genética, agindo conjuntamente na 
interação com o meio sociofamiliar e cultural. 
Essa terapia é um instrumento de trabalho para terapia breve, que atua nos estressores psicossociais, no 
suporte social e nas relações interpessoais, visando basicamente o rápido alivio sintomático e a melhoras 
das relações interpessoais. 
O objetivo da TIP é diminuir os sintomas psíquicos que interferem na socialização da pessoa, reestruturando 
o funcionamento interpessoal por meio do trabalho, em focos determinados nos primeiros encontros de 
terapia. 
Atualmente, a terapia interpessoal breve vem sendo aplicada para casos de depressão em todas as faixas 
etárias, transtorno bipolar, transtornos alimentares, transtornos de estresse pós-traumático. Geralmente é 
realizada por profissionais especializados em saúde mental juntamente com os profissionais da APS. 
A TIP apresenta grande potencial de atuação dos profissionais da atenção primária junto com os seus 
matriciadores na abordagem a indivíduos que sofrem situações de violência física ou psíquica comuns na 
nossa sociedade. 
TERAPIA COMUNITÁRIA 
É um espaço comunitário em que se procura compartilhar experiências de vida e sabedoria de forma 
horizontal e singular. Cada um torna-se terapeuta de si mesmo, com base nas escutas das histórias de vida 
que ali são relatadas. Todos tornam-se corresponsáveis na busca de soluções e superação dos desafios do 
cotidiano, em um ambiente acolhedor e caloroso. 
A TC pode ocorrer em qualquer espaço físico em que as pessoas tenham condições de se reunir e conversar: 
no posto de saúde, em salas de espera, escolas, praças, casa de usuários. Para tal é necessária apenas a 
presença de um ou mais terapeutas comunitários com formação: qualquer profissional de saúde, líder 
comunitário ou pessoa capacitadas. 
3. CONHECER O PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR. 
O PTS envolve um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, direcionadas a um indivíduo, 
família ou coletividade. Tem como objetivo traçar uma estratégia de intervenção para o usuário, contando 
com os recursos da equipe, do território, da família e do próprio sujeito5 e envolve uma pactuação entre 
esses mesmos atores. 
O trabalho em equipe, elemento essencial para a elaboração pactuada e compartilhada do projeto 
terapêutico, implica em compartilhamento de percepções e reflexões entre profissionais de diferentes áreas 
do conhecimento na busca pela compreensão da situação ou problema em questão5. A construção de um 
PTS exige a presença e colaboração de sujeitos comprometidos com propostas e condutas terapêuticas 
articuladas, envolvendo quatro pilares: hipótese diagnóstica, definição de metas, divisão de 
responsabilidades e reavaliação6. 
A elaboração do PTS ocorre em momentos de encontro dos sujeitos, e, na organização dos processos de 
trabalho do NASF, um desses momentos é o apoio matricial. Apoio matricial é definido como um modelo de 
organização em que as equipes que atuam junto à população recebem apoio técnico em áreas 
específicas, sendo um espaço de construção compartilhada para o suporte técnico-pedagógico e 
assistencial às equipes das unidades de saúde, e o aumento de seu poder resolutivo. O apoiador matricial 
deve ser um especialista diferenciado das equipes de SF, em termos de conhecimento e de perfil, 
contribuindo com saberes e intervenções que aumentem a capacidade resolutiva da equipe de saúde7,8. 
A maior parte dos estudos sobre o PTS como ferramenta prática no trabalho em saúde mental descreve seu 
processo de implantação e resultados em serviços com oferta de cuidados mais intensivos ou 
especializados, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)9-11. Os resultados dos estudos conduzidos 
em CAPS mostram o PTS como ferramenta potente no cuidado aos sujeitos atendidos por esses serviços, 
proporcionando o resgate da autonomia e das relações no contexto de vida dos indivíduos e suas famílias. 
Em pesquisa realizada com profissionais de CAPS, Barros12 apontou desafios e dificuldades para a 
operacionalização do PTS, relacionados à reorganização dos serviços e do trabalho em equipe, à 
dificuldade de articulação com as redes institucionais e sociais e à inserção dos usuários como participantes 
efetivos nessa construção. 
4. ENTENDER O FUNCIONAMENTO DO MATRICIAMENTO EM SAÚDE MENTAL (VOLTADO PARA A 
REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL E PTS). 
Matriciamento ou apoio matricial é um novo modo de produzir saúde em que duas ou mais equipes, num 
processo de construção compartilhada, criam uma proposta de intervenção pedagógico-terapêutica. 
No processo de integração da saúde mental à atenção primária na realidade brasileira, esse novo modelo 
tem sido o norteador das experiências implementadas em diversos municípios, ao longo dos últimos anos. 
Esse apoio matricial, tem estruturado em nosso país um tipo de cuidado colaborativo entre a saúde mental 
e a atenção primária. 
Tradicionalmente, os sistemas de saúde se organizam de uma forma vertical (hierárquica), com uma 
diferença de autoridade entre quem encaminha um caso e quem o recebe, havendo uma transferência de 
responsabilidade ao encaminhar. A comunicação entre os dois ou mais níveis hierárquicos ocorre, muitas 
vezes, de forma precária e irregular, geralmente por meio de informes escritos, como pedidos de parecer e 
formulários de contrarreferência que não oferecem uma boa resolubilidade. 
A nova proposta integradora visa transformar a lógica tradicional dos sistemas de saúde: encaminhamentos, 
referências e contrarreferências, protocolos e centros de regulação. Os efeitos burocráticos e pouco 
dinâmicos dessa lógica tradicional podem vir a ser atenuados por ações horizontais que integrem os 
componentes e seus saberes nos diferentes níveis assistenciais. 
Na horizontalização decorrente do processo de matriciamento, o sistema de saúde se reestrutura em dois 
tipos de equipes: ♦equipe de referência; ♦equipe de apoio matricial. 
O apoio matricial é distinto do atendimento realizado por um especialista dentro de uma unidade de 
atenção primária tradicional. Ele pode ser entendido: “um suporte técnico especializado que é ofertado a 
uma equipe interdisciplinar em saúde a fim
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