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Intertextualidade na Literatura

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Intertextualidade – termo cunhado por Julia Kristeva, em 1969, vindo a designar o processo de produtividade do texto literário a partir da absorção e transformação de outros textos. Veja o exemplo abaixo:
Trecho da “Canção do exílio” 	Trecho da letra do “Hino Nacional Brasileiro”
Minha terra tem palmeiras,	Do que a terra mais garrida		
Onde canta o Sabiá;	Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;	
As aves, que aqui gorjeiam,	“Nossos bosques têm mais vida;	“
Não gorjeiam como lá.	“Nossa vida”, no teu seio, “mais amores.”
Nosso céu tem mais estrelas,	
Nossas várzeas têm mais flores,	
Nossos bosques têm mais vida,	
Nossa vida mais amores.	
Percebe-se claramente que a letra do Hino Nacional Brasileiro	, escrita por Joaquim Osório Duque Estrada, aproveita versos do poema de Gonçalves Dias, um dos nossos maiores poetas românticos. Essa relação entre dois ou mais textos constitui a intertextualidade. Nem sempre ela é perceptível, mas, via de regra, todo texto é um intertexto, no sentido de que não há um texto que seja absolutamente original. 
Quando um texto não apenas se relaciona com outro, mas se constrói por cima de outro (como, por exemplo, a letra da música “Teresinha”, de Chico Buarque de Holanda), ele recebe o nome de hipertexto. Já o texto que lhe serviu de base é chamado de hipotexto.
Há duas espécies básicas de hipertexto. Quando o hipertexto é fiel ao seu hipotexto, sem lhe causar alterações profundas no sentido, recebe o nome de paráfrase. É o caso da citada letra de Chico Buarque de Holanda, que parafraseia uma antiga cantiga de roda do folclore brasileiro. Por outro lado, quando o hipertexto distorce a ideia contida no hipotexto, quando introduz um componente novo, alterando seu sentido, é chamado de paródia. Observe-se o efeito deformador desse hipertexto do grande poeta gaúcho Mário Quintana, na recriação que fez da “Canção do exílio”:
Minha terra não tem palmeiras...	Mas a palavra “onde”?
E em vez de um mero sabiá,	Terra ingrata, ingrato filho,
Cantam aves invisíveis	Sob os céus de minha terra
Nas palmeiras que não há.	Eu canto a Canção do Exílio.
Minha terra tem relógios,
Cada qual com a sua hora
Nos mais diversos instantes...
Mas onde o instante de agora?

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