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Parasitologia Alana Linhares Helmintos vasculares: Schistosoma Introdução Trematódeos da Classe Digenea; 200 milhões de casos no mundo (6 milhões no Brasil) Esquistossomíases, esquistossomoses ou bilharzioses S. mansoni: áfrica, América do sul e Antilhas (Biomphalaria) S.haematobium: áfrica (Bulinius) S.japonicum: Indonésia, China, Filipinas (Oncomelania) Morfologia Sistema digestivo incompleto: boca, esôfago, 2 tubos intestinais, cecum único. (não possuem ânus) Nutrem-se de sangue ingerido e pinocitose através do tegumento. Não possuem aparelho circulatório; Solenócitos: células especiais responsáveis pelo equilíbrio hídrico; Delgados e longos São dióicos: sexos separados Citomembrana espessa: membrana celular dupla (glicocálix: incorpora proteínas do hospedeiro) MACHO ADULTO: - 1cm, Cor branca; Extremidades anterior cilíndrica com 2 ventosas (oral e acetábulo); - Restante do corpo achatado e enrolado ventralmente (canal ginecóforo) - Tegumento revestido de espinhos e tubérculos; FÊMEA ADULTA - 1,2 – 1,6cm - Corpo cilíndrico mais longo e maisfino; - Cor acinzentada (hemozoína) - Tegumento liso - 2 ventosas pequenas Penetração da cercaria: forma evolutiva infectante ao hospedeiro vertebrado, entra pela pele ou mucosas. Cercarias: Corpo piriforme e cauda bifurcada – 0,5mm Provocam a formação de minúsculas vesículas na superfície externa, usando aparentemente um par de glândulas unicelulares. Ao romperem as vesículas, saem para o meio exterior. Corpo achatado dorsoventralmente e contorno piriforme. O tegumento é eriçado de microespinhos, dirigidos pra trás. Corpo constitui um órgão de fixação cefálico – futura ventosa oral – onde vêm abrir-se canais das glândulas de penetração. Na parte posterior há uma ventosa (acetábulo). Corpo com 2 ventosas, glândulas de penetração (fixação, libera enzimas) e esboço de tubo digestivo. Dependendo da temperatura, os moluscos podem iniciar a eliminação de cercarias desde a quarta semana de infecção, ocorrendo o fenômeno por volta da quinta semana. Obedecem a um ritmo circadiano -> regulado pela luz. Sobrevivem 2 dias. Infectividade decresce rápido. Eliminação circadiana: autofototropismo. Eliminada do caramujo quando tem maior incidência luminosa. 9 s: inicio; 11 hs: pico; 16-17 hs: término. 000-3000/dia de cercarias que estão na água. Profilaxia – educar a população no momento que tem mais cercarias infectantes. Fisiologia: Localiza-se inicialmente no sistema porta do fígado, pois usa o sangue para atingir sua Parasitologia Alana Linhares maturidade. No fígado chega cerca de 8 dias após a penetração. A atração entre os sexos (quimiotaxia) começa a acontecer cerca 3 semanas, quando se dá o acasalamento. A fêmea só atinge sua maturidade sexual depois de acasalar com o macho, se não, muito lentamente. A maturidade sexual ocorre 4 semanas depois, graças a energia que conseguiu do sangue, no sistema porta intra-hepatico. Nutrição dos esquistossomos: através da ingestão da hemoglobina: os vermes utilizam apenas globina, rejeitando a fração hemina, que como hemozoina (acumulam-se nos macrófagos do fígado e baço). Antes de chegar à fase adulta não há produção de ovos. A fêmea raramente abandona o canal ginecóforo, sendo levada passivamente durante as migrações do macho, mas conseguem alongar- se e insinuar-se nos capilares mais finos, com sua extremidade anterior, perto da qual esta o orifício genital. Assim a oviposição pode efetuar-se nas alças capilares próximas a superfície da mucosa. Esquistossomulo Assim que se encontra nos tecidos da pele, o corpo cercariano transforma-se em esquistossomulo – uma larva alongada cujo tegumento modificou-se e adquiriu prorpiedades novas, inclusive resistência a ação lítica do soro. Penetração rápida na pele e perda da cauda. Larva alongada com novo tegumento. 2-3 dias se não for destruído pelo sistema imunológico: adentra os capilares -> circulação -> pulmão -> sistema porta intra- hepatico (1 semana). 4 semana: amadurecimento nos vasos do fígado. Como ele namora? Ovos de Schistosoma: Fêmeas fecundadas põem 300 ovos/dia, um por vez. 6-7dias: ovos embrionados (miracidio) – eclode no meio externo, não no corpo do vertebrado. 20 dias: sobrevida ate eliminação na luz intestinal. 110-180 um. Casca dupla – externa (ou cório) é resistente, e interna (ou membrana vitelina) envolve o embrião (miracídio). Sobrevivência dos ovos maduros: 20 dias, morrendo o miracídio caso a expulsão não se complete dentro de três ou quatro semanas após a oviposição. No meio exterior, os ovos se matem vivos de 2-5 dias na massa fecal solida, mas em fezes liquidas sobrevivem apenas 1 dia. A dessecação causa-lhes a morte em pouco tempo. Quando as fezes são lançadas na água: os ovos são arrastados para dentro da água pelas chuvas que lavam os terrenos contaminados, a eclosão dá-se rapidamente. Ovos na agua: eclosão rápida – osmose (aumenta a sua concentração de água e promove sua ruptura), eliminando o miracidio. Se não receber agua resseca e não libera o miracidio. A membrana interna ta em contato direto com o miracidio e a externa com o espinho lateral. Por onde ele sai? Contaminação no meio. São eliminados nas fezes. Como? São eliminados nas fezes através da migração do sistema porta até os vasos próximos da mucosa do reto e sigmoide. Ramos da veia mesentérica inferior e do plexo hemorroidário superior Esquistossomiase Oviposição em vênulas estreitas. Interrupção da circulação. Isquemia. Necrose. Desmação da mucosa – diarreia o tempo todo. Eliminação nas fezes. Miracídios Assim que abandonam as cascas, as larvas põem- se a nadar ativamente, descrevendo grandes círculos. Forma alongada, revestida por pequeno número de células epiteliais pavimentosas providas de numerosos cílios. 160x60 um. Na extremidade anterior do miracídio abre-se um par de glândulas adesivas e uma glândula de penetração, todas unicelulares, contendo materiais que se supõem que sejam enzimas. Fototropismo + : superfície da água -> áreas mais Parasitologia Alana Linhares claras Sobrevida: 2hs após a eclosão a mortalidade é muito baixa, a metade morre entre as primeiras 8 hs, e o restante entre as 8-12 hs seguintes. A penetração dos miracídios no hospedeiro adequado deve efetuar-se dentro das primeiras horas após a eclosão, pois o poder invasivo cai em função da idade do miracídio e se reduz praticamente a zero depois de 10 a 12 horas. O desenvolvimento de uma quimiocinética inespecífica é feito pelos moluscos para a eliminação de substâncias capazes de estimular a atividade miracidiana. Penetração: 3-15 min -> miracidio-molusco. Moluscos vetores Concha enrolada em espiral plana, sem opérculo, e tem sangue vermelho. No Brasil, as espécies envolvidas são essencialmente três: biomphalariaglabrata, b. straminea, b. tenagophila. Os esporocistos Ao penetrar no interior do molusco, o miracídio perde seu revestimento epitelial ciliado, permanece nas proximidades do ponto de penetração e se transforma em uma estrutura sacular alongada. Esporocisto primário – pelo 8° dia, já cresceu bastante e se apresenta como um tubo enovelado imóvel, cheio de células germinativasem multiplicação. No seu interior, as células germinativas vão se transformar em esporocistos de segunda geração, com a mesma arquitetura, e, por volta da segunda semana de existência, ele se rompe para liberar entre 20 e 40 esporocistos-filhos. Esporocisto secundário – migram para o hepatopancreas e o ovotéstis do molusco, onde continuam a crescer. Quando maduros, exibem na extremidade anterior uma protuberância móvel e um poro para a eliminação de cercarias. O tempo necessário para maturação dos esporocistos-filhos e formação das primeiras cercarias é de 3 a 4 semanas, variando com a temperatura ambiente. Esporocistos terciários - depois de produzirem cercarias por certo tempo, os esporocistos secundários podem voltar a formar uma terceira geração de esporocistos capaz de retomar a produção de nova geração de cercarias. Essa sucessão de duas formas de reprodução assexuada de trematódeo instala-se regularmente, sempre que a duração de infecção se estenda por mais de 40 dias (a26°), e parece continuar durante todo o tempo que perdurar a infecção do molusco. Esporocistos quaternários ou cercarias Assim se explica a observação de periodicidade no ritmo de eliminação de cercarias: a eliminação apresenta um máximo por volta de 34 a 40 dias e cai acentuadamente depois, para surgirem novos máximos a intervalos regulares, de duração igual a do primeiro período de incubação. Ciclo biológico Heteróxeno ou eurixeno. Habitat: vênulas do plexo hemorroidário superior e v. mesentérica inferior. 1. Depois de atravessarem a mucosa intestinal, os ovos são eliminados com as fezes. 2. Quando chegam em tempo útil a uma coleção de agua doce superficial, libertam suas larvas – mil miracídios – que nadam durante algum tempo até encontrarem moluscos do gênero Biomphalaria. 3. Penetrando nos tecidos do molusco de uma espécie adequada, o miracídio transforma-se em um novo tipo larvário, o esporocisto que, por poliembrionia, gera esporocistos-filhos e, depois, larvas infectantes para os hospedeiros vertebrados: as cercarias. 4. Voltando ao meio líquido, as cercarias que abandonaram o hospedeiro invertebrado ficam nadando na água, quase sempre em direção a superfície até que tenham a oportunidade de entrar em contato com a pele do hospedeiro vertebrado (homem), através do qual penetram ativamente. 5. Cada cercaria que consegue sobreviver transforma-se em esquistossomulo, última forma larvária do parasito. 6. Os esquistossomulos que não são destruídos na pele ganham a circulação geral e vão ter ao coração, depois aos pulmões (onde também podem ser retidos e destruídos) e, Parasitologia Alana Linhares em seguida, ao fígado e outros lugares. 7. Somente os que chegam ao sistema porta intra- hepatico podem completar seu desenvolvimento e alcançar a fase adulta. 8. Os vermes adultos acasalam-se e migram para as vênulas da parede intestinal. 9. Ovos em capilares próximos à mucosa -> luz intestinal 10. Ovos eliminados nas fezes 11. Eclosão na agua doce -> miracidio (perde o epitélio ciliado e começa a produzir esporocisto 1°) 12. Biomphalaria -> esporocistos 1° -> esporocistos 2° -> cercarias (34-40 dias) 13. Penetração (pele) -> esquistossômulo -> coração -> pulmão -> fígado (sist.. porta intrahepatico): 8 dias 14. Verme adulto: acasalamento -> ovos (28 dias) Como ele sobrevive na circulação Mecanismo de escape: as formas larvais são as mais antigênicas e sensíveis: cercarias (30% vai embora), esquistossômulo (anticorpos e muita eosinofilia) e miracidio (destruído por polimorfonucleares). Verme adulto: 1. Modificação de antígenos do tegumento. 2. Adsorção de antígenos do hospedeiro. 3. Descamação do tegumento - gera resposta imunológica e sai com um tegumento novo 4. Altera proteínas da sua superfície Pode durar ate 10 anos no corpo do hospedeiro. Ele faz mal? Como ele faz mal? Penetração das cercarias: dermatite cercariana. Exantema, prurido e outras manifestações alérgicas locais. Polimorfonucleares e, posteriormente, linfócitos e macrófagos. Regride em 1-2 dias. Forma aguda – surgimento e disseminação dos esquistossomulos Prurido e pápulas eritematosas podem seguir-se a penetração das cercarias em consequência da reação urticariforme local. Pode começar 2 a 6 semenas após a penetração (vermes imaturos), de forma súbita, com febre, mal-estar, dores abdominais e diarreia. A febre pode ser o único sintoma inicial, é irregular remitente, podendo chegar a 40°C, com calafrios e suores. Acompanha-se geralmente de cefaleia, prostração, dores pelo corpo, anorexia e, algumas vezes, tosse. As evacuações, precedidas ou não de cólicas, são de fezes liquidas ou pastosas e podem conter muco e manchas de sangue. Sinais de hipersensibilidade ocorrem em algumas pacientes sob a forma de urticaria, edemas transitórios, etc. Não há eliminação de ovos. Febre, eosinofilia (25-50%), linfadenopatia, esplenomegalia, diarreia (com muco e/ou sangue), hepaitite e hepatomegaia e urticaria. Dura dias a semanas, mas pode não estar presente Forma crônica- disseminação dos ovos Ovos: 50% eliminado nas fezes / 50% não eliminados Fase em que há a formação de granulomas – ele demonstra a importância do ovo como agente patogênico, superando de muito os efeitos nocivos produzidos diretamente pelos vermes adultos. Muitos dos ovos que não conseguem deixar o organismo do hospedeiro, mas evoluem até a produção de de miracídio, encontram-se eles na parede do intestino, no fígado ou em vários outros órgãos, tanto dentro dos vasos como fora, serão imobilizados e envolvidos por uma reação inflamatória. Macrófagos (não conseguem lesar as proteínas da casca do ovo) -> gigantocitos (vários macrófagos com citoplasmas unidos) -> fibroblastos = granuloma – em resposta a proteínas da casca do ovo. Granuloma: elemento anatomopatológico da forma crônica. Formado em resposta a antígenos da casca do ovo. Forma intestinal da esquistossomose – granuloma no intestino. Diarreia. Dispepsia. Dor abdominal. Fezes com sangue. Formas crônicas: Forma intestinal: Período em que as manifestações clínicas da doença são predominantemente intestinais. Principais sintomas: dor abdominal, perda de apetite, dispepsia e pirose. Os pequenos surtos diarreicos se intercalam a período com evacuações normais, ou outros de constipação intestinal. Pequenas ulcerações que sangram ou lesões mais extensas podem estar presentes. Exame de fezes. Forma hepato-intestinal: Quando atinge o intestino e o fígado. Fígado crescido. Gera resistência ao fluxo sanguíneo do sistema porta. Aumento da pressão sanguínea do sistema porta. Laparoscopia e punção. Sintomas intestinais se sobressaem aos hepáticos. Forma hepato-esplenenica: Fígado e baço aumentados. Hemorragia digestiva alta – evolui de forma grave. Pode ir para os vasos abdominais. Levam sangue do abdome para o tórax. Leva ovo para o tórax. E pode ir para o pulmão. E formar granulona no pulmão – hipertensão pulmonar. Formando a forma cardio-pulmonar. Pode ir para a medula causando a Parasitologia Alana Linhares neuroesquistossomose. Os sintomas são os mesmos intestinais e azias e eructações. Predominam as manifestações d hipertensão porta. -> Varizes esofágicas – vomito de sangue. Hepatomegalia descompensada: perda de funções fisiológicas do fígado. Forma cardio-pulmona: É uma decorrência das condições hemodinâmicas observadas na esquistossomíase hepatoesplênica. Tosse: seca. Secreçãoviscosa e por vezes laivos de sangue. Febre, sinais de bronquite ou mesmo de broncopneumonia. Manifestações alérgicas, crises asmáticas. Neuroesquistossomíase: Mielopatia em decorrência dos ovos nos tecidos. Dor radicular em queimação na região lombar com irradiação para os membros inferiores, disfunção vesical, constipação intestinal, impotência sexual, parestesias e déficit motor ou sensorial nos membros inferiores, etc. Como sei se alguém tem? Diagnostico: EPFezes: após 6 semanas, ausência de ovos após medicação. Eclosão dos miracídios: exame feito quando tem poucos ovos nas fezes. Biopsia retal. Métodos imunológicos: ELISA. Reação intradérmica (sensibilidade 90%) – normalmente feito na fase aguda. Diagnostico diferencial: leucemia, linfoma, alcoolismo, malária, leishmanioses, toxocariase, hemopatias, hepatites virais, doença de chagas aguda, tuberculose extrapulmonar. Tratamento Oxaminiquine – ineficaz e outras espécies, não utilizar em gestantes, lactação ou < 2 anos. Dá sonolência. Prazinquantel – eficaz em todas as espécies de esquistossomas. Prevenção Saneamento ambiental. Educação em saúde. Combate ao vetor. Tratar doentes (mata a maioria dos adultos). Combate a outros hospedeiros vertebrados. Formas graves/complicações Forma clinica mais importante: forma hepatoesplênica – 4 a 5% lesões hepatoesplenicas importantes. O que a define e a presença de esplenomegalia associada a hipertensão portal. O pcte apresenta-se com sinais de hipertensão porta, como varizes de esôfago, circulação colateral, hematêmese, etc. Ascite não e comum. Forma hepatoesplênica Granuloma no fígado Resistência ao fluxo sanguíneo no sistema porta. Hipertensao porta: circulação colateral – forma cardiopulmonar, varizes esofágicas, esplenomegalia (diminuição de eritrócitos, leucócitos -com eosinofilia- e plaquetas = pancitopenia = quando as três células estão diminuídas). Deficit imunológico: infecção secundaria.
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