Alterações das Hemácias e Policitemia

Prévia do material em texto

Alterações das Hemácias e Policitemia 
 
Hemácias de morfologia normal: 
Redondas, bicôncavas e com variação de tamanho, sendo as menores He as dos caprinos e 
as maiores as dos cães, que são as mais próximas do tamanho dos humanos. 
 Possui o formato elíptico em camelídeos (camelos, lhamas, opacas, etc.) e é 
foiciforme em cervídeos. 
 Em aves, répteis, anfíbios e peixes é elíptica e nucleada. 
 As hemácias são avaliadas através do esfregaço sanguíneo corado, e são contadas na 
região da área de contagem. 
Anormalidades dos Eritrócitos: 
- Tamanho:
 Macrocitose: predomínio de He grandes, aumentam o VCM. Ex: elevado nº de He 
imaturas (reticulócitos), deficiência de Vit B12, e folatos. Em poodles (> toys) é 
considerado fisiológico. 
 Microcitose: predomínio de He pequenas, diminuindo o VCM. Pode ser patológico em 
anemias hemorrágicas, crônicas e deficiência de Fe e fisiológico em Akitas. 
 Anisocitose: variação marcante de diferença do tamanho de He no mesmo esfregaço. 
Ocorre em anemias regenerativas devido ao elevado nº de reticulócitos ou 
policromatófagos. Em anemias ferroprivas é possível observar anisocitose. 
 Policromatofilia: presença de reticulócitos visualizados em corantes específicos (azul 
cresil brilhante) e de tamanhos maiores, com a cor acinzentada, indicando menos 
hemoglobina. 
- Outras alterações: 
Rouleaux eritrocitário: He agrupadas em cadeias de cel sobrepostas. Ocorre quando há 
aumento da proteína plasmática, por inflamações, infecções ou neoplasias. Em equi é 
fisiológica e em búfalos e felinos as He também apresentam a tendência. 
Aglutinação de hemácias: 
 São aglomerados (grumos) de hemácias irregulares e esféricas, devido a presença de 
pontes de anticorpos. 
 Sugestivo de anemia hemolítica ou imunomediada. 
 Ocorre também devido a transplantes com tipos sanguíneos incompatíveis. 
 Aglutinação pode ser observada em esfregaço sanguíneo, ou, quando uma gota de 
sangue é pingada em soro fisiológico e observada em microscópio óptico ou ao olho nu 
no tubo com EDTA. 
POIQUILOCITOSE 
São alteração na morfologia das hemácias. Pode ser patológicas ou fisiológica. Em caprinos 
existe acentuada poiquilocitose, que é fisiológica. Leva-se em consideração o n°, tipo e grau 
de alteração da He. Cada alteração recebe um nome: 
 Esquistócitos ou esquizócitos: são fragmentos de He que ocorrem devido a 
deterioração mecânica na He por circulação devido a anomalias microvasculares. 
Pode ser observada em animais com coagulação intravascular disseminada, neoplasia 
vascular ou deficiência de Fe. Os ceratócitos dão origem aos tócitos. 
 Acantócitos: são He espiculadas de protuberâncias múltiplas e formato irregular com 
aparência de dedos, se formam por alterações nos fosfolipídeos das membranas das 
He. São observadas em animais com doenças hepáticas e hemangiosarcomas. São 
mais comuns em cães e gatos e são associados a anormalidades lipídicas. 
 Equinócitos: são He espiculadas, com várias projeções pequenas, rombas afiladas, 
uniformemente espaçadas, de tamanho e forma uniformes. Aparece como artefato em 
amostra de sangue envelhecida; excesso de EDTA, que desidrata as He; por ação de 
fármacos e quimioterápicos; doença renal e picada de serpente. É normal em equi 
após exercício. 
 Esferócitos: são He com coloração escura, pequenas e de formato esférico, que 
perderam a formação bicôncava, devido a isso não apresentam palidez central. São 
decorrentes da presença de Acs (anticorpos) que se unem a membrana das He 
modificando sua estrutura. É comum de ser observada em cães é ocorre em casos de 
anemia hemolítica imunomediada, transfusão sanguínea e picada de abelha. 
 Excentrócitos: He que possuem a Hb desviada para o canto, resultando na perda da 
palidez central. Animais com deficiência hereditária da enzima eritrocitária glicose-6-
forfato desidrogenase são mais susceptíveis. Também causada por ingestão de cebola. 
 Leptócitos e condócitos: são considerados de pouca importância. Leptócitos são He 
com a membrana dobrada, que podem ocorrer devido a excesso de EDTA. Condócitos, 
ou celula em alvo, apresentam uma área central de coloração aumentada no meio da 
área de palidez do citoplasma, aparece por aumenta na concentração sérica de 
colesterol. 
 Estomatócito: He unicôncavas com are aclara, semelhante a uma boca, no centro da 
cel. Tem como causa a formação hereditária e aparece em cães da raça alaskan 
malamute e schnauzer miniatura. 
 
CORPÚSCULO DE INCLUSÃO CITOPLASMÁTICA NOS ERITRÓCITOS 
 Corpúsculo de Howell-Jolly são restos de fragmentos nucleares no citoplasma das He, 
que não foram totalmente eliminados no processo de eritropoiese. É comum em 
pacientes esplenectomizados. É associado a anemia regenerativa, mas pode ser 
encontrado em animais saudáveis. 
 Corpúsculo de Heinz se forma devido a maturação oxidativa da hemoglobina, causada 
por agentes oxidantes, como alimentos (cebola e alho), fármacos e compostos como 
Zn, Cu, propilenoglicol e vit K. gatos são mais susceptíveis, por isso essa lesão pode ser 
vista em gatos saudáveis ou que se alimentem de ração húmida, pela ração conter 
propilenoglicol. Esses corpúsculos são melhor vistos com corantes supravitais. 
 Corpúsculo de Lentz corresponde ao efeito citopático do vírus da cinomose sobre as 
He, gerando uma inclusão eosinofilica que pode ser observada no citoplasma de He e 
leucócitos. Aparecem como pontos de cor azulada ou rosa clado de diversos tamanhos 
e é patognomonico para cinomose e é observado mais frequentemente na fase aguda 
da doença. 
PARASITAS ENCONTRADOS NO SANGUE (intraeritrocitarios e plasmáticos) 
 Hemoparasitas em felinos 
 Mycoplasma haemofelis: causa anemia infecciosa felina. Parasita se adere a 
membrana externa da He na forma de bastonete, ou como um fino anel basofilico na 
cel. 
 Cytauxzoon felis: menos comum. Tem formato de anel e apresenta um pequeno núcleo 
basofilico. 
 Hemoparasitas em cães 
 Mycoplasma haemocanis: ocorre em animais esplenectomizados ou que apresentam 
disfunções esplênicas. Se assemelham a pequenos pontos formando cadeias na 
superfície das hemácias. 
 Babesia canis/B. gibsoni: protozoários de He que causam anemia hemolítica grave. A 
B. canis geralmente é observada na forma de gota de lágrima e a B. gibsoni varia na 
forma. 
Hemoparasitas em outros animais: 
 Anaplasma marginale e A. centrale (bov e peq rum): 
 Babesia bovis, B. bogemina (bov), B. caballi (equi), T. equi. 
Parasitas no plasma 
 Tripanossoma evansi (equi e cão) 
 T. cruzi (cão) 
 Larvas microfilarias: Dirofilaria e Dipetalonema (cães de região litorânea). 
POLICITEMIA OU ERITROCITOSE 
Pode ser considerada o oposto da anemia, é o aumento do n° de He, hematócrito e teor de 
Hb. O VCM e o CHCM são normais. É classificada em 2 tipos, policitemia absoluta e relativa. 
- Policitemia relativa: 
 Desidratação: pode ocorrer devido a diminuição do volume plasmático, em casos de 
desidratação por ex, com o aumento simultâneo das proteínas plasmáticas, assim o 
animal apresenta hematócrito e proteína plasmática elevada. Contudo, animais com 
desidratação podem ter as proteínas plasmáticas diminuídas ou normal, devido a 
diminuição na produção proteica pelo fígado, ou aumento da perda proteica pelos rins. 
 Contração esplênica: em geral não superior a 60%, pode ocorrer secundária ao 
exercício, excitação, medo ou dor. A proteína plasmática é normal e pode apresentar 
leucocitose. 
- Policitemia absoluta: pode ser primaria ou secundária. 
 Primária: conhecida como policitemia Vera, é um distúrbio mieloproliferativo, onde os 
eritrócitos se proliferam incontrolavelmente, mas as células neoplásicas tem aparência 
normal. Em humanos é acompanhada de proliferação anormal de neutrófilos e 
plaquetas, em animais é mais restrita aos eritrócitos e é mais relatada em cães e gatos. 
 Secundária: ocorre por hipóxiageneralizada ou hipoxemia (diminuição da pressão de 
O2). Ocorre em animais com doença cardíaca ou pulmonar grave ou em elevadas 
altitudes. A oxigenação inadequada desencadeia o aumento da produção de 
eritropoetina, que estimula a regeneração eritrocitária, aumentado os mesmos. 
Outra causa é o aumento na produção de eritropoietina na ausência de hipoxia. Ocorre em 
pacientes com lesão renal.