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História da África Pré-colonização Aula 3: A África na antiguidade Apresentação Estudar a História Antiga da África é estudar o princípio da História humana vivendo em sociedade. Há um ponto que estudiosos europeus do século XIX e do início do século passado não queriam assumir por preconceito: o primeiro ancestral foi negro. A partir daí devemos discutir pontos importantes. O estudo sobre a Antiguidade africana é a partir do primeiro Estado uni�cado que impressionou a gregos e romanos: o Egito. O Egito, com suas pirâmides, seu imenso rio, suas múmias, uma civilização no meio do deserto, acabou por despertar muito interesse, não só de estudiosos como também da indústria cultural. O Egito já apareceu em desenhos, �lmes, quadrinhos, novelas, desde um professor egiptólogo enlouquecido que virou inimigo do Batman à esplendorosa beleza de Cleópatra; maldições de múmias que sempre retornam ao insensível faraó que escravizava o povo hebreu, muito se viu acerca do Egito. Muito se viu, mas pouco se conhece. Uma civilização antiga que acabou cercada de estereótipos. Objetivo Identi�car os aspectos políticos, econômicos e culturais do Egito na Antiguidade; Analisar as relações políticas e econômicas entre o Egito e a Núbia; Demonstrar as dinâmicas internas do Reino de Cuxe e do Reino de Axum. O Egito Antigo O território do Egito reunia variáveis extremamente positivas. Terras férteis pela ação do Nilo, que depositava sedimentos orgânicos nos meses de cheia. Uma posição geográ�ca favorável para o comércio, pois sua localização lhe permitia acesso a regiões a Oeste e ao Sul — com ajuda de intermediários —, com a Ásia (especialmente a Península Arábica) e com a Europa pelo mar Mediterrâneo. Você estuda o Egito em História Antiga. Nosso objetivo não é aprofundar grandes temas, mas, ao falarmos de Egito, faremos referências ao povo que vivia mais ao Sul, uma região que os egípcios chamaram de Núbia. A partir do povo núbio estudaremos um reino tão interessante quanto o egípcio, as relações que eles construíram de aproximação e de distância, de con�ito e de parceria. Fonte: Anthony Beck / Pexels. O Egito é a região mais rica para o estudo da história antiga africana. Há uma grande variedade de fontes mudas e de relatos de viajantes. Para a boa sorte dos historiadores foi a primeira civilização africana a desenvolver uma escrita, os hieróglifos, que depois resultaram em mais duas formas de escrita mais simpli�cadas, a hierática e a demótica, que avançava para a relação entre símbolos e fonemas, como os fenícios �zeram. Fonte: photosforyou / Pixabay. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Nilo: problemas e soluções Por conta do relevo e das mudanças do curso do Nilo esse território acabou por dividir-se em duas partes. Clique nos botões para ver as informações. A primeira, que começa a partir do declive de montanhas em faixas estreitas de terras de Assuã até o Cairo com uma sucessão de bacias naturais �cou conhecida como Alto Egito. Alto Egito A região continua do rio Nilo, onde abre-se um grande delta cheio de sedimentos que desemboca no Mediterrâneo é o Baixo Egito. Baixo Egito Apesar das diferenças consideráveis de distância, as comunidades que nessas duas regiões se instalaram tiveram a permanência de suas unidades linguística e cultural graças ao Nilo, rio que servia para a agricultura, pesca, comércio, comunicação entre esses e, posteriormente, outros povos. Fonte: Wikipédia – Jeff Dahl (2020) Os primeiros habitantes das margens do Nilo perceberam que havia um ciclo ligado às cheias do rio Nilo. A partir de junho, o rio começa a aumentar de volume, ou seja, a ter sua cheia em decorrência do degelo de montanhas do planalto mais ao Sul, onde é a nascente do Nilo. Assim, as águas sobem e inundam uma área considerável deixando detritos orgânicos e o solo fértil. Comentário A partir dessa observação, os primeiros habitantes agruparam-se em comunidades com um objetivo: o controle da natureza a partir de intervenções humanas. Essas comunidades são chamadas de nomos e tinham uma autoridade que misturava liderança administrativa com religião e política. Era o nomarca. Os nomos passaram a organizar-se e, com o uso de cálculos e o desenvolvimento da matemática, construíram canais de irrigação para aumentar a área cultivável, barragens e diques para conter as águas, armazená-las e distribuí-las nos momentos de escassez. A partir disso, cabe questionar a a�rmação clássica de que “o Egito é uma dádiva do Nilo”, como escreveu Heródoto, o grego que �cou conhecido como o “pai da história”. O rio Nilo apresentava somente coisas boas para os moradores? Ou também era um sinônimo de problemas a partir de suas enchentes? E quando havia estiagens esporádicas? Não gerava transtornos, seca, morte de animais e problemas agrícolas? Fonte: drwdowin / Pixabay. Provavelmente, Heródoto, um etnocêntrico, não poderia admitir que o povo africano que ele conheceu fosse capaz de empreender tantas obras de um porte mais impressionante que os de seu povo. Assim, o Egito seria rico e imponente pelas ações do Nilo, pela natureza e não pela engenharia e habilidade do povo africano. Provavelmente, Heródoto, um etnocêntrico, não poderia admitir que o povo africano que ele conheceu fosse capaz de empreender tantas obras de um porte mais impressionante que os de seu povo. Assim, o Egito seria rico e imponente pelas ações do Nilo, pela natureza e não pela engenharia e habilidade do povo africano. Fonte: Infoescola O Nilo não serviu somente para o desenvolvimento da agricultura, da cerâmica, da geometria, da engenharia, mas também para a contagem do tempo. Sua regularidade permitiu a criação de um calendário por meio do qual os egípcios dividiam o ano em três estações: cheia, semeadura e colheita. Posteriormente, os escribas começaram a aperfeiçoar o calendário e dividiram o ano em 12 meses, com o total de 365 dias. Para fazer obras de grande porte, para controlar a quantidade de grãos armazenados, realizar um calendário, perpetuar o faraó morto tornou-se necessário o uso da escrita. 1 O Egito foi o primeiro povo africano a usar a escrita, cerca de 4000 AEC, segundo a datação feita a partir do Carbono 14. Qual a importância da escrita nessa sociedade? Ela representava não �car refém da memória individual para a administração do Egito. Assim, a escrita era uma ferramenta monopolizada pelo Estado e associada a poder. Uma das fontes mais usuais para a pesquisa sobre o Egito é o chamado Livro dos Mortos, texto geralmente encontrado com múmias da realeza e sua família e de funcionários ligados ao palácio real. O Livro dos Mortos, apesar do nome, não é um livro, mas um texto que não era �xo, escrito em um papiro que variava de tamanho de acordo com a vida do monarca. Além desses papiros, vários templos têm textos escritos na parede das câmaras mortuárias. O Egito negro Clique no botão acima. https://estacio.webaula.com.br/cursos/gon213/aula3.html Já que falamos em etnocentrismo, é importante ressaltar que o imaginário coletivo a respeito do povo egípcio é bem diverso do que mostram os dados obtidos de fontes ligadas à arqueologia, paleontologia e ao estudo da melanina, proteína que determina a pigmentação da pele e que pode permanecer por séculos em fósseis. A origem do povo egípcio é negroide. O vale do Nilo atraiu outros povos, como os semitas e indo-europeus, o que signi�ca dizer que o povo egípcio era fruto de grande miscigenação. Mesmo miscigenado, o povo egípcio usava a palavra kmt — que signi�ca negro ou terra de negros — para se de�nir. Os egípcios também faziam o desenho de um pedaço de madeira queimada como autorreferência, uma alusão à sua negritude. No continente africano havia negros de cabelos lisos, como os núbios e o povo tedda, e os de cabelo crespo, como os africanos da região equatorial (de onde foram capturados os escravos com destino às Américas). A partir de pesquisas sobre melanina houve a constatação de que os primeiros faraós — e há máscarasmortuárias, esculturas e pinturas que comprovam isso — tinham o fenótipo negro: lábios grossos, pele escura, cabelo crespo, nariz largo. Faraó branco ou de pele morena clara somente nas obras de �cção que, talvez involuntariamente, reproduzem o eurocentrismo, tema já abordado em nossa primeira aula. Poder, economia, sociedade e cultura A uni�cação do Egito signi�cou a unidade entre o Alto e o Baixo Egito após um período de guerras das quais não temos fontes para explicar suas origens. O nomarca vitorioso, Menés, líder do Baixo Egito, ao anexar o Alto Egito criou o primeiro império da humanidade. Uma das marcas que distinguem o Egito de seus contemporâneos é que, ao criar o Império, variaram a formação política mais usual de seus contemporâneos, as cidades-estado, como ocorrera na Mesopotâmia e posteriormente na Grécia. No Império havia uma pirâmide social com uma hierarquia de�nida e quase estática. O faraó e sua família eram do topo da pirâmide; os burocratas, os escribas, os militares, os sacerdotes eram o grupo social seguinte; os comerciantes e artesãos vinham depois e, por último, os servos, trabalhadores livres que empregavam a maior parte de seu tempo na semeadura e colheita, e quando o Nilo enchia, eram recrutados para obras públicas (templos, palácios, diques, canais, pontes, pirâmides etc.). Observe que, ao contrário do que o senso comum determina, os escravos não eram maioria no Egito, essa condição era exclusiva para prisioneiros de guerra. Em sua estrutura econômica e social o poder era centralizado nas mãos de um líder que era considerado uma divindade viva reencarnada (teocracia), ou seja, o faraó não era mais do Alto ou do Baixo Egito, passando a ser uma divindade, com amplo uso de mão de obra servil em obras de um gigantesco Estado que era dono de todas as terras. Tal estrutura ganhou um conceito usual — mesmo com grandes reservas e debates a respeito — denominado como modo de produção asiático. A primeira e mais óbvia discordância acerca desse conceito é que o Egito não pertence à Ásia, o que con�gura mais uma herança do eurocentrismo. Uma das características que marcou o relato de viajantes que conheciam o Egito era a inexistência de infanticídio e de exposição das crianças para fora dos núcleos urbanos. O cuidado com as crianças era a demonstração da fartura e do controle do abastecimento e de distribuição de grãos no Egito, ao contrário das outras sociedades. As cidades-estado gregas e da Mesopotâmia expunham as crianças à morte por conta da necessidade de diminuir o número de bocas em épocas de escassez. Assim, esse traço da sociedade egípcia nos mostra que o Nilo por si só não é uma dádiva, mas sim as obras que foram planejadas pra otimizar o uso de suas águas. Mais um dado sociocultural que distinguia o Estado egípcio da cultura clássica ocidental era o papel da mulher na sociedade. Não é raro encontrar relatos, pinturas e múmias de mulheres com in�uência na sociedade egípcia. A mulher do faraó é que determinava quem seria o primogênito e possível herdeiro. Assim, por mais que o faraó tivesse �lhos com suas concubinas, sua esposa é que determinava a sua linhagem a partir de seu primogênito. Outro ponto a destacar é que várias mulheres ocuparam papel de destaque na guarda de templos e na realização de rituais. A mulher, ao contrário do que acontecia no mundo ateniense, por exemplo, tinha maior liberdade no espaço público, sua exposição não era limitada a �car dentro de uma casa ou palácio. Cleópatra é o caso mais célebre de uma rainha do Egito, ou seja, ela foi um faraó (o termo é invariável). Além de Cleópatra houve também a rainha Hatshepsut, que declarou-se �lha de Amon-Rá. Após sua morte, seu enteado, o faraó Tutemés III, tentou apagar sua memória ao mandar destruir suas estátuas. Porém, se estamos citando-a aqui, signi�ca que Tutemés não teve tanto sucesso como queria. Outra marca egípcia diz respeito à religião. A crença na vida pós-morte é uma marca dessa civilização, que não será a única na África. A partir dessa crença surgiu a mumi�cação e todo o estudo da anatomia derivada do processo de mumi�cação dos corpos de faraós e de pessoas importantes do Estado egípcio. Tempo de Karnak, maior templo do Edito Antigo. Fonte: Antigo Egito Org. (2020) A retirada dos órgãos, a conservação em sal e em ervas aromáticas, o embalsamamento, o uso de tiras das vestes do morto embebidas em mel para enrolar o corpo não seria apenas um ritual cultural de ricos detalhes, mas o passo para o desenvolvimento de práticas medicinais vanguardistas, como a extração de tumores no cérebro ou operações no estômago ou extração do apêndice. Esses avanços da anatomia só alcançariam esse estágio no período renascentista europeu do século XVI. É importante ressaltar que a mumi�cação não era exclusiva dos faraós e dos grupos que lhe eram próximos. Camponeses e artesãos também faziam a mumi�cação. Porém, com uma técnica mais barata e materiais mais primitivos, suas múmias não sobreviveram ao desgaste do tempo, por isso é comum a descoberta de múmias ligadas à realeza. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online A Núbia e a formação do Reino de Cuxe A Núbia (palavra derivada do árabe que quer dizer “terra do ouro”) — em especial o reino de Cuxe (também escrito como Cuche ou Kush) — era uma espécie de entreposto comercial e os núbios serviam de intermediários entre os povos subsaarianos e o Egito. Comentário É importante ressaltar que, diferentemente do mundo europeu, por exemplo, a centralidade do poder pelos africanos em geral não reside em controle de terras. Não é pela lógica do “quem tem mais terras, tem mais poder”. Curiosamente, nesse mesmo período do Alto Império egípcio os núbios apresentaram outra marca que não só a comercial. Vários relatos egípcios descrevem os núbios como competentes guerreiros, que lutaram ao lado do Egito contra outros povos na condição que chamamos hoje de mercenários. A terra era vista, especialmente na África Subsaariana como pertencente aos ancestrais, aos vivos e às futuras gerações. Rotas comerciais, controle sobre pessoas e animais, minas de ouro e de sal eram os motivos para as guerras, eram sinônimos de poder. Dessa forma, os ataques aos núbios , os povos assim chamados pelos egípcios, eram sinônimo de conquista de rotas de comércio e de aprisionamento de pessoas como cativos (vimos que escravos eram prisioneiros de guerra). Segundo relatos dos egípcios sobre as vitórias sobre os núbios, o Egito conseguiu cerca de sete mil escravos e duas mil cabeças de gado em 2680 AEC após uma sucessão de invasões. 2 https://estacio.webaula.com.br/cursos/gon213/aula3.html A citada Núbia era uma região que compreendia parte de territórios dos atuais Sudão, Sudão do Sul, Etiópia e Egito e que teria sido ocupada por volta de 7000 AEC. Era uma região bem localizada para o comércio. Seu povo estendia-se das margens do Nilo até o lago de Chade, na savana africana. Em tempos de paz, havia troca de mercadorias com o Egito. Enquanto este fornecia cobre e pedras lapidadas, os sudaneses davam penas de aves, peles de animais, ovos, ouro, mar�m, sendo que algumas dessas mercadorias vinham da África Subsaariana. Um ponto em que a Núbia foi importante para a história e para a geogra�a: graças às trocas comerciais e aos relatos dos núbios, viajantes, militares e comerciantes de origens diversas como persas, gregos e romanos souberam que havia vários povos para além do Saara. A Núbia colocou a África Subsaariana “no mapa”, ao menos, no mapa imaginário de povos não africanos. O período mais remoto da Núbia deixou poucas fontes porque era uma reunião de povos seminômades, que não tinham necessidade da escrita por conta de suas atividades de pastoreio. Logo, sem necessidade de controle do funcionamento de um Estado sedentário, como no caso do vizinho do norte. Porém, sua organização mudou quando houve um aumento demográ�co e criação de cidades. Gradativamente essa região inicia um processo de sedentarismo, seus habitantes �cam mais presosà terra em que trabalham. É quando começa a destacar-se um reino que se originou partir da unidade de várias famílias — o Reino de Cuxe. Fonte: Hypeness. Com a invasão egípcia (cerca de 1550 AEC), que buscava, além do ouro e escravos, muita madeira — por conta do grande desmatamento que o Egito fez para aumentar as áreas de cultivo agrícola —, os núbios dispersaram-se e perderam o domínio sobre as rotas comerciais, que foram dominadas por seus invasores. Acabaram por retornar ao pastoreio e ao seminomadismo. Na época em que o Egito invadiu o reino de Cuxe, com um exército que usava arcos e �echas, punhais e cimitarras, este passou a ser uma província ou vice-reino, que tinha como uma de suas obrigações pagar impostos, situação que durou cerca de 500 anos. Esses tributos não eram necessariamente voltados para o Egito, mas para o próprio reino de Cuxe para a construção de pirâmides e templos em homenagem aos faraós, que tornaram-se soberanos máximos de Cuxe, acima do rei local. Fonte: Hypeness. Os cuxitas Clique no botão acima. Dessa forma, os cuxitas passaram a ter contato com o modo de viver e com a cultura egípcia de forma mais intensa. Mesmo que suas pirâmides não tivessem o mesmo esplendor das construídas em Gizé, como a de Quéops, as construções de Cuxe obedeceram ao padrão egípcio, o que trouxe para a província conhecimentos matemáticos, o politeísmo antropozoomór�co do Egito e até a escrita pictórica. Como alguns historiadores a�rmam, houve uma egipti�cação de Cuxe, uma forma de demonstrar algo que já estudamos em aula anterior: as culturas africanas acabam se ressigni�cando, se misturando e interagindo em constante sincretismo. Há um exemplo dessa cultura �uída e rica. Os cuxitas começaram o ritual ao deus Apedemak, o deus-leão. Assim como os deuses do Egito, metade homem, metade animal, esse deus passou a fazer parte dos templos, dos prédios e monumentos públicos do reino que virou província. Da mesma forma, além do desenvolvimento da matemática, há uma diversi�cação de atividades naquele povo, que era composto basicamente por pastores e lavradores. Surgem joalheiros, ourives, desenhistas, ceramistas, ferreiros, além de uma valorização de sua força militar, que tinha como tarefa fundamental proteger as fronteiras de possíveis ataques egípcios, como acabou acontecendo. A crise no Egito com a invasão dos hicsos trouxe uma profunda alteração na então província Cuxita, pois, enfraquecido, o Egito começou a perder as rotas comerciais transaarianas que tinham tomado dos cuxitas, que voltaram a assumir o controle do comércio entre o Sul e o Norte e Nordeste da África. Pirâmides de Cuxe. Fonte: Blog do professor Tarcivam (2020). A descrição do que aconteceu com o Reino de Cuxe caracteriza um ponto muito comum na África pré-colonial. A consolidação de um povo em um determinado território, com limites mais ou menos marcados, dependia da natureza (seca, inundação, estiagem) e do povo vizinho. No caso de um povo vizinho ser mais forte seria difícil pensar em �car parado em um só lugar, pois, caso �casse, �caria vulnerável à invasão do exército mais bem armado. A descrição do que aconteceu com o Reino de Cuxe caracteriza um ponto muito comum na África pré-colonial. A consolidação de um povo em um determinado território, com limites mais ou menos marcados, dependia da natureza (seca, inundação, estiagem) e do povo vizinho. No caso de um povo vizinho ser mais forte seria difícil pensar em �car parado em um só lugar, pois, caso �casse, �caria vulnerável à invasão do exército mais bem armado. Por outro lado, se o vizinho se enfraquecesse (como aconteceu com o Egito), o povo que era invadido não só podia �xar-se em um território de forma mais sólida como pensar em sua expansão, muitas vezes ao derrotar os antigos rivais. Mais uma vez, por esse exemplo, você deve ter clareza sobre a �uidez das fronteiras africanas. Porém, quando o Egito, no Médio Império, foi atacado por um povo vindo da Palestina, os hicsos, houve uma mudança na organização do Sudão e, por consequência, do reino Cuxita. Os cuxitas voltaram ao sedentarismo e conseguiram resgatar as rotas comerciais que estavam nas mãos dos egípcios, o que levou a um aumento da riqueza na região. Quando os hicsos, mais bem equipados e com instrumentos militares ainda não conhecidos pelos africanos, como o carro de guerra guiado por cavalos e uso de armas forjadas no ferro, como escudos que faziam as lanças de madeira, as �echas egípcias tornarem-se pouco e�cazes. A resistência é organizada em Tebas, a nova capital que havia sido fundada ao Sul do Egito, logo, mais próximo do Sudão e, por conseguinte, de Cuxe. Após cerca de quatro décadas o Egito consegue se reorganizar e expulsar os hicsos, mantendo em seu território parte de um povo que já vivia no Egito, mas que, aos olhos do faraó, ajudou os hicsos a conquistarem a “dádiva do Nilo” pelo fato de pertencerem ao mesmo tronco étnico, o semita. O povo que teria ajudado os hicsos seria o povo hebreus. Como resposta a esse suposto auxílio, foram capturados e feitos prisioneiros de guerra. Imagem de Apedemak, o deus-leão. Fonte: Wikipédia (2020) Como vimos, em Cuxe, reino formado na Núbia, o sedentarismo trouxe maior centralização do poder. Seu rei era escolhido em uma reunião de líderes da comunidade e con�rmado por um oráculo. Um misto de escolha laica com autorização divina. O rei de Cuxe, ao contrário dos reis absolutistas da Idade Moderna europeia, não tinha um poder inquestionável. Seu raio de ação era limitado pela tradição e pelos costumes de seu povo. Uma ordem, um ato contra um dos deuses, uma falta de ação que ferisse a tradição resultaria em condenação do rei, usualmente por suicídio. Ou seja, ele era obrigado a tirar a própria vida. E a lealdade dos membros mais importantes do reino era levada ao extremo, pois eles também se matariam para ter o privilégio de seguir na jornada da outra vida com seu rei. Esse exemplo mostra que nas sociedades africanas o indivíduo não está acima da sociedade ou da comunidade à qual pertence, mesmo que sentado em um trono. Esse líder que mistura política, administração e religião não está em condição de mando sem antes ter a consciência de seu papel de servidor da comunidade. É uma mistura de realeza com a função atual de um funcionário público. A partir do enfraquecimento do Egito, os cuxitas, por volta do ano 1000 AEC, conseguiram expulsar os invasores e a antiga província tornou-se novamente um reino. Porém, a relação entre os dois reinos estabilizou-se e houve a volta do comércio entre os dois territórios, o que trouxe para o reino de Cuxe o seu melhor momento. Os cuxitas retomaram a distribuição de mar�m, ébano e peles de animais que vinham da África Subsaariana. Cidades começaram a crescer e tornarem-se pontos de trocas comerciais, culturais e com obras públicas, como é o caso de Napata e Meroé, que já tiveram destaque por conta de serem centros religiosos na época da presença egípcia. Será justamente por conta da vulnerabilidade do Egito que o reino de Cuxe atingiu seu ponto máximo. Quando os assírios, povo da Mesopotâmia que tinha como característica grande habilidade militar, invadiram o Egito, tiraram o faraó do trono. Os sacerdotes egípcios pediram auxílio para o rei Piye, de Cuxe, por conta das a�nidades culturais e econômicas dos dois povos. O rei Piye acabou por ser aclamado faraó, o que dá início à dinastia conhecida como a dos faraós negros. Imagem representando o faraó egípcio Amósis I derrotando os hicsos em combate. Fonte: Wikipédia (2020). Os faraós de origem cuxita acabaram por ornamentar-se com vestimentas que tivessem a imagem de duas serpentes, o que simbolizava serem eles os faraós “das duas terras”, como �caram conhecidos à época. Foi no governo cuxita que houve a mudança da capital do Egito para Mên�s e Napata, cidade de Cuxe, que teve seu maior esplendor com obras monumentais. Quando os assírios retomam os ataques, o faraó de origem Cuxe acaba por ser destronado e logo depois o Egito é invadidopelo Império Persa de Xerxes I e seu �lho, Dario, que também invadem Napata, o que obriga o reino de Cuxe, sob a liderança do rei Aspelta, a transferir sua capital para Meroé, o que deu início ao período conhecido como meroíta. Meroé era uma cidade com clima chuvoso e boa para a agricultura. Além disso, novas rotas se abriram para os meroítas, que iniciaram um comércio com o Oriente, chegando a estabelecer trocas com a Índia, dominando praticamente o mar Vermelho e tendo relações intensas com o Império Romano no Mediterrâneo. Além disso, Meroé tinha grande quantidade de arbustos e árvores que serviam como base para a metalurgia, o que fez dos cuxitas o povo que melhor dominou essa técnica, passando-a para outros povos africanos. Suas peças de metal e suas joias caracterizaram-se pela lapidação, pelos desenhos bem elaborados. Meroé continuou com a tradição egípcia da mumi�cação e da construção de pirâmides e a antiga região de Cuxe teve mais pirâmides do que o Egito em decorrência da riqueza de seu comércio diversi�cado. As riquezas e o esplendor de Meroé, o novo centro dos cuxitas, não passariam desapercebidas por outros povos. Roma, sob o domínio de Otávio Augusto, no ano 30 EC mandou três tropas romanas para invadir Meroé. O exército de trinta mil homens conseguiu derrotar os romanos e expulsar os sobreviventes. Além disso, conseguiu a assinatura de um tratado de paz. A memória dos faraós negros. Conjunto de estátuas representando o faraó Tarqa. Fonte: História do Mundo (2020). Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Nesse episódio cabe o destaque à liderança do exército meroíta nas mãos de Amanishaketo, uma mulher, a rainha- mãe. O papel de mãe do rei era muito importante em Meroé. A nora passava a ser incorporada como �lha, assim a in�uência da rainha-mãe era muito grande na família real. Seu papel, como vimos, era de organização militar, conselheira, sacerdotisa, reguladora dos tributos. O túmulo de Amanishaketo foi saqueado por um explorador no século XIX EC e em sua tumba foi encontrada uma variedade de pedras preciosas e joias de valor inestimável, uma representação do seu papel na história do seu povo. A rainha-mãe era chamada de kandake ou candace e não raro são encontradas imagens em objetos em que a candace está acompanhada do deus-leão contra os inimigos. Bracelete com a deusa Íris no túmulo da candace Amanishaketo. Fonte: Wikipédia (2020). O reino de Cuxe, cuja cidade principal era Meroé, entra em declínio por volta do ano 300 EC. Os monumentos desse período não apresentam a mesma riqueza e a opulência de outrora. A hipótese mais provável sobre o seu desaparecimento é a mesma que se repetiu em outros reinos africanos: um reino vizinho, o reino de Axum, invadiu seu território e dominou suas riquezas, rotas comercias, grandes rebanhos e seus metais. A presença do cristianismo e depois do islamismo mudaram radicalmente a cultura da região. REINO DE AXUM (ou Aksum ou Assum) A região do reino de Axum, na parte setentrional da atual Etiópia, era uma mistura extremamente rica de povos. Após a fraqueza do Egito e de Cuxe, os axunitas passaram a dominar importantes rotas comerciais quando conquistaram o Sul do atual Egito, atuais Somália, Djibuti e Sudão. Sua importância foi equiparada à época aos impérios romano e persa. Seu imperialismo começou a partir do século I e estendeu-se até meados do século XIII. Império axunita. Fonte: Wikipédia (2020). Como se pode perceber pelo mapa acima, a área de in�uência axumita estendeu-se até a Península Arábica, feito decisivo para o controle comercial do mar Vermelho. O rei de Axum criou uma relação com os governantes dos povos dominados semelhantes aos da relação de vassalagem realizada entre nobres europeus da Idade Média. Comentário Os líderes dominados tinham um imposto anual a enviar para Axum e muitas vezes recebiam a visita inesperado do rei de Axum com grandes caravanas, que tinha como propósito �rmar seu poder presencial e recolher mais impostos. Além da obediência e pagamento de tributos, os reis dominados por Axum tinham que colaborar com suas forças militares quando convocados pelo Império Axumita. Seus vassalos eram chamados de negus e o imperador de Axum intitulava-se “rei dos reis” por conta dessa relação. Assim, semelhante ao caso do Egito e de Cuxe, o exercício do poder do imperador de Axum necessitava de um aparelho burocrático — militares, cobradores de impostos, construtores de portos, de navios, tradutores, sacerdotes. Além disso, os familiares, especialmente os irmãos, tinham um papel de apoio e de aconselhamento muito importante no império axumita. Na lógica de qualquer império o que sempre encontramos? Obras monumentais que permitam o culto ao imperador e ao seu império. É o caso dos gigantescos obeliscos (ou estelas) de Axum, que chegavam a mais de 40 metros. Neles eram inscritos desenhos ou relatos dos imperadores ou grandes batalhas. Além de palácios e estradas, a região de Axum localizava-se a mais de mil metros acima do mar e tinha uma cadeia de montanhas a percorrer. Obeliscos de Axum. Fonte: Wikipedia (2020). A maior parte da população de Axum era composta por pastores e lavradores. Em épocas anteriores à colheita, os trabalhadores rurais eram recrutados para as obras públicas, semelhante ao Egito, mas não da mesma forma porque essa mão de obra recebia moedas após realizar o trabalho. “O Império de Axum tinha uma cunhagem própria de moeda, o que aponta como sua economia era forte” (SANTOS, 2017). Sua riqueza principal era semelhante ao do reino de Cuxe. Suas rotas comerciais, por conta do domínio de cidades litorâneas com portos, permitiam a troca com a Península Arábica pelo mar Vermelho, estabelecendo contato até a Índia. Reino de Axum. Fonte: Wikipédia (2020). Em sua cidade principal, Adulis, havia uma aglomeração de pessoas das mais variadas origens geográ�cas: árabes, indianos, persas, gregos, romanos, hebreus. Os comerciantes axunitas trocavam couro de rinoceronte, mar�m, escravos em troca de trigo, arroz, utensílios de vidro. Um dos pontos mais importantes da história de Axum concentra-se em suas práticas religiosas. A região era dominada por um politeísmo sincrético com os deuses gregos. Uma das principais divindades axunitas era Morem, associado por cores e imagem a Ares, o deus da guerra grego, o que sintetiza o per�l imperialista de Axum. Também havia uma quantidade diversi�cada de deuses ligados à natureza para obter boas colheitas e pela procriação de animais. Esse cenário muda por conta das relações políticas e econômicas com o Império Romano. Por conta do interesse no mar Vermelho, um corredor comercial das trocas entre Roma e Adulis, os romanos contavam com a repressão de Axum a piratas que saqueavam as embarcações que por ali passavam. Com o crescimento do cristianismo no Império Romano a partir da liberdade de culto decretada pelo imperador Constantino, houve o surgimento da religião cristã no reino de Axum. O monoteísmo ganhou força também pela presença de hebreus que circulavam em seu território e de egípcios que haviam se cristianizado pelo fato de sua terra natal ter se tornado província do Império Romano. O rei Ezana o�cializou o cristianismo como religião o�cial de Axum cerca de 40 anos antes do decreto do imperador romano Teodósio, que tinha o mesmo objetivo para Roma. O rei africano converteu-se e todos seus súditos o seguiram. Isso signi�ca que o primeiro Estado cristão nasceu na África, em 350 EC. Sobre a relação com o monoteísmo há uma passagem descrita tanto no Antigo Testamento como no Talmud (relatos orais escritos na religião judaica) e no livro Kebra Negast, de origem etíope, que apontam o encontro da rainha da cidade de Sabá, Makeba, uma das mais lindas jamais vistas em Axum, com o rei Salomão, em Jerusalém. Desse encontro entre a rainha, que circulava pelas ruas da sua cidade, tomando conhecimento de que havia um rei generoso e sábio em Jerusalém, haveria duas consequências. A rainha, de origem islâmica, teria se convertidoà religião hebraica e teria tido um �lho com Salomão, Menelique, chamado de Davi pelo pai. Após �car hospedada por semanas em Jerusalém, a rainha de Sabá teria voltado sob uma escolta de soldados de Salomão, que acabou por roubar a arca da aliança que continha as Tábuas da Lei — os 10 mandamentos —– que terminou na Etiópia e, após um acidente, no Egito. Essa é origem do argumento do �lme Os caçadores da Arca perdida (1981), de Steven Spielberg. Não fontes arqueológicas que apontem para a existência real da rainha e de seu �lho. Há, no entanto, várias passagens escritas em Axum que revelam que seus habitantes usavam a frase “somos o povo escolhido” para explicar seu domínio sobre os povos vizinhos. Fonte: Wikipedia Vamos voltar ao rei Ezana, aquele que fundou um Estado onde o cristianismo era a religião o�cial. É difícil crer que uma região com grande hibridismo religioso pudesse instantaneamente abrir mão do politeísmo, da presença do judaísmo e do maniqueísmo para abraçar uma religião que chegou aos axunitas por Roma. Os historiadores creem que essa foi uma estratégia de Ezana para �rmar uma aliança política e militar com os romanos. O cristianismo não se espalhou pelo Império de Axum, mas �cou restrito à cidade que leva o mesmo nome, centro do poder, e às cidades comerciais. As moedas não tiveram mais os rostos dos reis, mas o símbolo da cruz séculos antes do que aconteceria na Europa. Cabe lembrar que os axumitas foram o primeiro povo a cunhar sua própria moeda. Igreja de Santa Maria de Sião, localizada em Axum, Etiópia. Fonte: Wikipédia (2020). Povos das montanhas, pastores e populações dominadas não seguiram esse caminho. Em Axum houve a tradução de evangelhos apócrifos, inclusive menos ortodoxos do que será Roma. O cristianismo será consolidado com a presença de missionários de origem síria, que transformaram templos antigos em igrejas cristãs e mosteiros. Houve aumento do cristianismo na região por conta da proposta de uma vida ascética, recusa aos prazeres do mundo e otimismo quanto à vida pós-morte, algo que já existia nas antigas religiões axunitas. A decadência de Axum foi derivada dos ataques entre o Império Romano do Oriente — Império Bizantino — e os persas nos mares Mediterrâneo e Vermelho. Essas batalhas atrapalhavam o comércio regional. Por isso, Axum começou a diminuir a circulação de mercadorias e teve uma crise de abastecimento. Atividade 1. Leia o texto do artigo do link a seguir sobre o Egito comandado por reis da Núbia. Após a leitura, identi�que um problema histórico na reportagem no que diz respeito às motivações dos núbios de invadirem o Egito a partir desta aula. https://super.abril.com.br/historia/a-dinastia-dos-faraos-negros/ javascript:void(0); 2. Texto 1 Samba Enredo da Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro - 2007 Candaces Majestosa África Berço dos meus ancestrais Re�ete no espelho da vida A saga das negras e seus ideais Mães feiticeiras, donas do destino... Senhoras do ventre do mundo Raiz da criação Do mito a história Encanto e beleza Seduzindo a realeza Candaces mulheres, guerreiras Na luta... justiça e liberdade Rainhas soberanas Florescendo pra eternidade (bis) Novo mundo, novos tempos O suor da escravidão A bravura persistiu Aportaram em nosso chão Na Bahia, alforria Nas feiras tradição Mães de santo, mães do samba! Pedem proteção E nesse canto de fé Salgueiro traz o axé E faz a louvação Odoyá, iemanjá; saluba nanã Eparrei oyá Orayê yê o, oxum Oba xi obá (bis) Texto 2 Mulheres de Atenas Chico Buarque Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Vivem por seus maridos, orgulho e raça de Atenas Quando amadas se perfumam Se banham com leite, se arrumam Suas melenas Quando fustigadas não choram, se ajoelham Pedem, imploram mais duras penas, cadenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Sofrem por seus maridos poder e força de Atenas Quando eles embarcam soldados Elas tecem longos bordados Mil quarentenas E quando eles voltam sedentos querem arrancar violentos Carícias plenas, obscenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Despem-se pros maridos, heróis e amantes de Atenas Quando eles se entopem de vinho Costumam buscar o carinho De outras falenas Mas no �m da noite, aos pedaços, quase sempre voltam Pros braços de suas pequenas, Helenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Geram pros seus maridos os novos �lhos de Atenas Elas não têm gosto ou vontade nem defeitos Nem qualidades, têm medo apenas Não tem sonho, só têm presságios O seu homem, mares, naufrágios Lindas sirenas, morenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Temem por seus maridos, bravos guerreiros de Atenas As jovens viúvas marcadas e as gestantes abandonadas Não fazem cenas Vestem-se de negro, se encolhem, se conformam E se recobrem as suas novenas, serenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Cessam por seus maridos orgulho e raça de Atenas A partir da letra do samba anterior, identi�que o reino onde as candaces tiveram sua proeminência e compare seu papel com o das mulheres de Atenas da canção de Chico Buarque. 3. Leia o texto do artigo do link https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/acervo/cristianismo-africa-portugueses- confundiram-etiopia-reino-lendario-seculo-16-794966.phtml A partir do artigo, explique os motivos para o cristianismo da igreja cristã ortodoxa na Etiópia ter práticas e ritos diversos da igreja católica portuguesa no período retratado. Notas escribas 1 Funcionários especiais que detinham o controle da escrita e da administração. núbios 2 javascript:void(0); Os gregos chamavam os núbios de “etíopes”, que signi�ca “pele negra”. Esse dado con�rma a presença negra na região do Antigo Egito, pois o Sudão era seu vizinho mais próximo. Referências KI-ZERBO. História da África Negra. Lisboa: Publicações Europa-América, 1999. M’BOKOLO, E. África Negra: história e civilizações. Lisboa: Vulgata, 2003. SANTOS, Y. L.. História da África e do Brasil afrodescendente. Rio de Janeiro: Pallas, 2017. Próxima aula Identi�car os aspectos políticos, econômicos e culturais dos principais reinos negros da Idade Média: Gana, Mali e Songai; Analisar as relações políticas e econômicas entre os reinos e o Islã. Explore mais Síntese da coleção história geral da África, I: pré-história ao século XVI: http://bit.ly/2IZV2Se Sobre o reino de Cuxe, leia o didático artigo no seguinte link: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2546-8.pdf javascript:void(0); javascript:void(0);
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