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LITERATURA INFANTIL Os educadores infantis vivenciam de perto cada passo rumo à evolução desse ser maravilhoso que é a criança, dessa forma eles podem medir o quão é importante e cheia de responsabilidade é o primeiro contato com o mundo dos livros, a mágica literatura. Mas o termo literatura infantil não diminui a obra literária nem tem a ver com uma escrita feita essencialmente para crianças. Na verdade, a literatura infantil “é aquela que corresponde, de alguma forma, aos anseios do leitor que se identifique com ela”, seja ele uma criança ou um adulto (OLIVEIRA, 2006). A verdadeira literatura infantil não deve ser elaborada somente com “fins pedagógicos, didáticos ou até mesmo para incentivar hábito de leitura, mas deve ser produzido pela criança que há em cada um de nós”, pois só assim quem escreve conseguirá conquistar esse público tão exigente e importante O grande segredo para escrever contos literários infantis é usar o imaginário e a fantasia (OLIVEIRA, 2006). O conceito da literatura infantil é bastante conflituoso entre os profissionais da área, já que se trata de um assunto que pode ser conceituado a partir de inúmeros pontos de vista. Dentre eles podemos destacar alguns conceitos para tentar entender melhor e elaborar nosso próprio. Segundo Andrade (apud SITE DE LITERATURA, 2006): O gênero literatura infantil tem, a meu ver, a existência duvidosa. Haverá música infantil? Pintura infantil? A partir de que ponto uma obra literária deixa de se constituir alimento para o espírito da criança ou jovem e se dirige ao espírito adulto? Qual o bom livro para crianças que não seja li do com interesse pelo homem feito? Qual o livro de viagens e aventuras, destinado a adultos, que não possa ser dado a crianças, desde que vazado em linguagem simples e isento de matéria de escândalo? A criança não deve ser privada da literatura em todo o seu potencial. Assuntos dos mais diversos gêneros podem ser “transformados” em leitura de fácil compreensão para os pequenos. Subestimar a criança “elegendo” uma literatura infantil é também subestimar sua habilidade para a aprender. Machado (apud SITE DE LITERATURA, 2006) escreve sobre literatura infantil: [...] escrevo para criança porque tenho uma certa afinidade de linguagem. Mas não tenho intenção didática, não quero transmitir nenhuma mensagem, não sou telegrafista. Acredito que a função da obra literária é criar um momento de beleza através da palavra. ... Em momento algum eu acho que a linguagem deva ser simplificada. Em meus livros não há condescendência, tatibitate nem barateamento da linguagem. A colocação dos pronomes é consciente, a regência e a concordância são rigorosas. As rupturas são intencionais, têm uma função estilística. Acho essencial dominar uma gramática para expô-la a partir de uma linguagem nova. Em contraposto a Andrade, Machado defende que a literatura dirigida às crianças não deva ter “linguagem infantil”, mas sim usar as palavras exatamente com a força ou o significado que tem. A literatura infantil fornece oportunidades de apoio no crescimento emocional, cognitivo e para a construção do eu interior da criança, propiciando a ela, a percepção e a realização de resoluções de problemas, desperta a criatividade, a autonomia e o senso crítico, que são elementos importantes na formação da criança. Todas as atividades que envolvem o contato e o manuseio de materiais escritos sejam eles quais forem, são importantes para a aprendizagem e para o estímulo da leitura e da escrita. No entanto, será ainda mais enriquecedor se este contato e manuseio forem feitos através de histórias da literatura infantil, pois os desenhos maravilhosos e os textos estimulantes que se encontram nesses livros são como um convite irresistível que fascina a criança, levando-a a um mundo mágico e cheio de surpresas, proporcionando-lhes imenso prazer e interesse. A literatura infantil oferece novas dimensões à imaginação da criança, para tudo aquilo que ela não consegue descobrir sozinha. Assim, escreve Aguiar (2006, p.1) sobre a contribuição da literatura infantil para a criança: A criança que está familiarizada com livros de literatura infantil compreende que estes lhe falam na linguagem de símbolos e não na linguagem da realidade cotidiana. Para dominar os problemas psicológicos do crescimento – superar decepções narcisistas, dilemas edípicos, rivalidades fraternas, abandono de dependências infantis, e autovalorização – a criança necessita entender o que está se passando dentro de si. Não através da compreensão racional da natureza e conteúdo de seu inconsciente, mas através de devaneios prolongados, ruminando, organizando, fantasiando sobre elementos adequados da história, em resposta a pressões inconscientes. Em todo seu processo de formação é importante que a criança possa ouvir muitas histórias, pois, se tornando um bom ouvinte e admirador das obras infantis ela será no futuro um bom leitor, leitor este que percorrerá um caminho infinito na descoberta e na compreensão do mundo, pois a leitura é um processo de contínuo aprendizado, que desenvolve a reflexão e o espírito crítico abrindo caminhos infinitos para o conhecimento. Assim, ler histórias para as crianças provocando o seu imaginário, é fazer com que elas possam ter sua curiosidade questionada e esclarecida encontrando ideias para solucionar os problemas no que diz respeito às tantas coisas que as rodeiam e que ainda não possuem compreensão e discernimento suficiente para entender de forma tão clara. Resolver “como os personagens fizeram” (ABRAMOVICH, 1995, p. 119). Origem e desenvolvimento da Literatura Infantil A literatura infantil teve a época do seu surgimento marcada no século XVII com a escritora francesa Fenélon (1651-1715) época da reorganização do ensino e da fundação do sistema educacional burguês e já tinha a função de educar moralmente as crianças, porém é desde que o ser humano adquiriu a fala que histórias infantis e os contos populares existem, mesmo não se podendo verdadeiramente falar sobre literatura infantil já que as crianças eram tratadas como adultos em miniaturas onde não havia livros, nem histórias dirigidas especificamente a elas. Os primeiros livros foram escritos de lendas populares que tinham como intuito instruir as crianças. Com o tempo, “a literatura infantil ocupou o espaço escolar e dele se serviu como instrumento de transmissão de valores” (SANTOS, 2001, p.7). Como exemplo, Denise Escarpit (apud AZEVEDO, 2006) cita como um dos primeiros livros escritos dirigidos à crianças, o “trabalho Orbis Sensualium Pictus (1658), de Comenius, obra criada com o intuito de ensinar latim através de gravuras”, com certeza um “antepassado do livro didático atual”. A pesquisadora francesa também não deixa de mencionar diversas atividades expressivas e populares. Já esses textos populares que se referem aos “contos maravilhosos (de fadas ou de encantamento); fábulas; lendas” (AZEVEDO, 2006). Essas histórias e mesmo muitos textos contemporâneos possuíam um caráter educativo a fim de definir claramente o bem e o mal, mostrando quem deveria ser alvo de realização ou desprezo. Esses textos onde havia sempre “a luta” entre o bem e o mal eram utilizados de forma natural e não rejeitados por aqueles que pretendem formar ética e moralmente a criança, eles eram apresentados para que elas compreendessem sua essência e vissem por si mesmas o que era o certo, problematizando-os e questionando-os, e não, simplesmente, aceitos como respostas aos problemas tratados nas histórias infantis. Na atualidade os contos maravilhosos estão ligados diretamente aos pequeninos, o que na época do seu surgimento não acontecia, pois essas narrativas eram compartilhadas por adultos e crianças e não eram escritos exclusivamente para o público infantil. Hoje, não são poucos autoresde livros direcionados para as crianças, e é claro, continuam utilizando como referência obras com aspectos temáticos e formais dos contos populares de antigamente como “A Bela e a Fera”, “Bela Adormecida” “Rapunzel”, “Cinderela”, “Branca de Neve”, entre outros, para dar vazão a novas histórias que conquiste o público infantil e utilize a fantasia e o encantamento. Assim, podemos dizer que a Literatura dá oportunidade aos homens de ampliar, transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida; ela se apresenta não só como veículo de manifestação de cultura, mas também de ideologias, por isso se torna tão importante na formação da criança. REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices . São Paulo: Scipione, 1995. AGUIAR, Maria Alice. Literatura infantil: espaço de desejo, espaço de prazer. Rio de Janeiro: UERJ Disponível em: http://sitemason.vanderbilt.edu/files/d3gy3K/ Aguiar%20Maria%20Alice.pdf Acesso em ANDRADE, Carlos Drummond de. Literatura infantil. In: Confissões de Minas. Literatura — Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar Editora, 1964. AZEVEDO, Ricardo. Literatura infantil: origens, visões da infância e certos traços populares. Disponível em: http://www.ricardoazevedo.com.br/Artigo07.htm Acesso em OLIVEIRA, CRISTIANE MADANÊLO DE. A Literatura Infantil. Disponível em: http://www.graudez.com.br/litinf/origens.htm Acesso em OLIVEIRA, Cid de. A morte de Branca de Neve. Ponto do Céu. Disponível em: http://portodoceu.terra.com.br/artesimbolismo/imagens/bdneve-c.jpg Acesso em: SANTOS, Lília Virgínia Martins. Divulgação da literatura destinada a crianças e adolescentes: a prática de editoras mineiras . Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2001. 112f. Site de Literatura. Disponível em: http://www.sitedeliteratura.com/Infantil Acesso em
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