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CCJ0006-WL-AMMA-29-Atos Ilícitos e Responsabilidade Civil-Continuação [Modo de Compatibilidade]

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DIREITO CIVIL I
Profa. Dra. Edna Raquel Hogemann
SEMANA 15 AULA 29
ATOS ILÍCITOS NA ESFERA 
CÍVEL – 2ª. PARTE
• Reconhecer e distinguir as 
excludentes de ilicitude 
civil. 
• Apresentar noções gerais 
de responsabilidade civil.
NOSSOS OBJETIVOS
Conteúdo Programático
1. ATOS ILÍCITOS E RESPONSABILIDADE 
CIVIL 
1.3 Excludentes de ilicitude.
1.4 Responsabilidade Civil - noções gerais.
EXCLUDENTES DE ILICITUDE
O art. 188 do Código Civil prevê três causas de exclusão de 
ilicitude, que não acarretam no dever de indenizar: 
A) legítima defesa, 
B) exercício regular de direito reconhecido, e
C) estado de necessidade
A - LEGÍTIMA DEFESA CIVIL
• Entende-se como legítima defesa a repulsa necessária 
para repelir uma injusta agressão, sendo ela atual, 
defendendo interesse próprio ou de terceiro. 
• É ela eminente, pois, no momento em que se produz o 
ataque, acha-se o indivíduo abandonado às suas 
próprias forças. Será neste momento em que o indivíduo 
terá que decidir se irá sofrer o mal ou irá interferi-lo, 
repelindo a agressão injusta, surgindo assim à legítima 
defesa. 
A nossa recente doutrina 
jurisprudencial vem 
considerando que o 
fundamento da legítima 
defesa surge de uma 
situação real de necessidade 
defensiva dos bens jurídicos 
que naturalmente falta 
quando não existe realmente 
agressão ilegítima e, 
portanto, os bens não correm 
risco algum, embora o 
indivíduo se tenha imaginado 
erroneamente o contrário. 
• Só enquanto existir o perigo tem vigência o estado de 
defesa, e a necessidade da mesma. Deste modo, 
quando se defende, ou defende a outro, contra uma 
injusta agressão está impedindo ao próprio tempo que 
se despreze o ordenamento jurídico, que se falte ao 
respeito que as leis impõem à pessoa e direitos alheios. 
Essa situação supõe que o Estado não impediu ou não 
pode impedir que a agressão injusta se realize. O 
indivíduo realiza uma função que em princípio 
competiria ao Estado.
ESPÉCIES
Uma análise minuciosa do ordenamento civilista permite-
se apontar com clareza cinco hipóteses específicas, em 
que a lei autoriza a pessoa que teve seu direito violado a 
utilizar-se dos seus próprios meios para por fim a lesão 
perpetrada são os seguintes: 
1. o embargo extrajudicial na Ação de Nunciação de Obra 
Nova, 
2. o Direito de Retenção, 
3. o Penhor Legal, 
4. a Legítima Defesa da Posse e 
5. o Desforço Imediato. 
Embargo Extrajudicial na Ação de 
Nunciação de Obra Nova 
O objetivo dessa ação 
é coibir o abuso 
praticado pela 
construção de obra 
nova que de alguma 
forma acarrete ao 
vizinho desta algum 
prejuízo, encontrando, 
pois, assenti no direito 
de vizinhança. 
O legislador prevendo que em 
determinadas situações à demora 
do judiciário poderia tornar 
irreversível o dano causado pela 
obra, podendo embargá-la 
extrajudicialmente através de 
notificação verbal ao responsável 
pela obra, acompanhado de (02) 
duas testemunhas, para que 
determine sua imediata paralisação. 
Deverá, ainda, o embargante, 
ratificar em juízo o pedido 
extrajudicial no prazo de 03 (três) 
dias para que o judiciário se 
pronuncie sobre o embargo 
realizada. 
Direito de Retenção 
Conceituado por Carlos Roberto Gonçalves como “... um 
meio de defesa outorgado ao credor, a quem é 
reconhecida a faculdade continuar a deter coisa alheia, 
mantendo-a em seu poder até ser indenizado pelo deu 
crédito...” segue o autor para concluir “... trata-se, na 
realidade, de meio coercitivo de pagamento sendo uma 
modalidade da “exceptio non adimpleti contractus” 
transportada para o momento da execução, privilegiando o 
retentor porque esteve de boa-fé...”. 
Exceptio non adimpleti contractus
• A “exceptio non adimpleti contractus” ou a 
exceção do contrato não cumprido está previsto no 
Código Civil nos artigos 476 e 477, historicamente 
Frederic Girard aponta Roma como o seu 
nascedouro. 
• Diversamente Cassin afirma que sua origem se 
reporta ao direito canônico e esta última tese recebe 
a acolhida de Serpa Lopes e Caio Mário da Silva 
Pereira. 
• O direito canônico é que teria precisado que, em 
certos contratos bilaterais – os sinalagmáticos -, as 
prestações se vinculam não apenas no instante de 
sua gênese, mas também no de sua execução.
• Os contratos sinalgmáticos têm 
obrigações correlatas, sendo a 
interdependência recíproca das 
prestações, contendo 
necessariamente prestação e 
contraprestação, tendo ambas as 
partes deveres e direitos, não há 
impedimento de que uma das 
partes tenha maior número de 
direito que a outra, pois tal fato não 
retira a bilateralidade contratual, 
permitindo a aplicação 
da exceptio contractus.
• Assim, é lícito ao credor de boa-fé, 
pelos seus próprios meios, manter-
se na posse de coisa alheia até que 
lhe seja adimplida a obrigação, 
excluindo-se do judiciário a 
possibilidade de atribuir direito de 
retenção, cabendo-lhe tão somente 
dizer se o “jus retentionis” exercido 
é justo ou não. 
• Ainda tratando sobre o direito de 
retenção, importante dizer que os 
casos em que se admite esta forma 
de legítima defesa de direito próprio 
estão expressamente previstos na 
legislação civil e comercial. 
Penhor Legal
A inspiração do legislador foi no sentido de proteger 
determinadas pessoas, em certas situações, de forma a 
garantir-lhes o resgate dos seus créditos. Autoriza-se, 
pois, o credor pignoratício legal, havendo fundado receio 
de que o perigo da demora possa acarretar o não 
cumprimento da obrigação, independentemente de 
prévia ida ao judiciário, ao apossamento de 
determinados bens para que sobre eles possa constituir 
sua garantia real.
• Exemplificando, pode-se citar 
o caso dos fornecedores de 
pousada ou alimento sobre as 
bagagens, móveis, jóias ou 
dinheiro que seus 
consumidores tiverem consigo 
nos respectivos 
estabelecimentos. Cumpre 
somente ressaltar que a 
constituição do penhor não se 
dá com apreensão dos 
objetos pelo credor, ma sim 
com a homologação judicial 
que deverá ser requerida logo 
após aquela. 
Estão intimamente ligados a questão da proteção 
possessória. 
Legítima Defesa da Posse e do Desforço 
Imediato
Legítima defesa da posse refere-se exclusivamente a hipótese em 
que o possuidor é turbado em sua posse autorizando-lhe o 
ordenamento que se utilize deste meio de defesa direta reagindo 
imediatamente contra a turbação sofrida.
• Desta forma, observados os 
requisitos legais o possuidor 
turbado não sofrerá qualquer 
sanção por ter se valido 
deste meio de defesa. Se, 
porém, não cumprir os 
requisitos exigidos pelo 
legislador, como por 
exemplo, no caso de atuação 
com excesso de violência 
responderá pela 
desproporcionalidade 
verificada. 
Trata-se de situação 
jurídica disciplinada pela 
legislação e, depende da 
observância de alguns 
requisitos, a saber: que o 
defensor seja possuidor a 
qualquer título, a 
ocorrência de turbação 
injusta, efetiva e atual e 
que haja proporcionalidade 
na reação apresentada. 
• Desforço Imediato, sua aplicabilidade restringe-se 
as situações em que a posse tenha sido esbulhada, 
permitindo-se ao prejudicado restituir-se na condição de 
possuidor, por suas próprias forças, desde que o faça 
logo. Como na hipótese acima da legítima defesa da 
posse, a utilização do Desforço Imediato pelo possuidor 
esbulhado também está adstrita a observância de certos 
requisitos, quais sejam: que a reação se faça logo que 
lhe seja possível agir e que se limite ao estritamente 
necessário para a retomada da posse perdida. Mais 
uma vez, como na hipótese anterior, a inobservância 
dos requisitos legais acarretará a responsabilidade do 
possuidor esbulhado pelos danos causados. 
B) EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO 
RECONHECIDO
• O regular exercício de um direito reconhecido é excludente 
de ilicitude, tornando inexistente o nexo causal. Age no 
exercício regular de direito a instituição bancária que cobra 
tarifas para manutenção de conta.
C - ESTADO DE NECESSIDADE 
Embora, esteja com previsão expressa no dispositivo doartigo 188, inciso II, e parágrafo único, do Código Civil. Não 
constituem atos ilícitos: 
[...]
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a 
pessoa, a fim de remover perigo iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo 
somente quando as circunstâncias o tornarem 
absolutamente necessário, não excedendo os limites do 
indispensável para a remoção do perigo. (grifos nossos)
E ainda, assinale justificativa indefensável na ressalva 
prevista no artigo 1.691 do mesmo diploma legal, em que: -
“salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, 
mediante prévia autorização do juiz”.
• Ainda assim, o 
Estado de 
Necessidade no 
Direito brasileiro, é 
comumente 
relacionado tão-
somente ao Direito 
Penal, e, por vezes, 
chega a ser ignorada 
sua invocação em 
âmbito Civil.
• A necessidade prevista no artigo 188 do Código Civil 
pode traduzir-se em três aspectos gradativos: 
a) Caso de Necessidade; 
b) Caso de Extrema Necessidade e 
c) Caso de Necessidade Comum. 
Tendo cada um destes aspectos porção valorativa 
diferenciada, talvez, a mensuração esteja atrelada à 
proporção da coação exercida pelo perigo iminente 
vivenciado e experimentado por quem pratica o ato 
necessário. 
• Lembrando que, “perigo” é o elemento 
chave de uma circunstância que 
prenuncia um mal para alguém ou para 
alguma coisa, ainda que putativo. E, de tal 
modo, temos que: a necessidade, pura e 
simplesmente, respeitadas as devidas 
proporções, é por si só suficiente 
autorizante para permitir inobservância de 
preceitos positivos da lei penal ou civil.
CASO FORTUITO E FORÇA 
MAIOR E CULPA EXCLUSIVA 
DA VÍTIMA
• O caso fortuito e a força maior incidem sobre o nexo de 
causalidade entre o dano e a conduta do agente, vez 
que se trata de fato inevitável ou imprevisível, o que 
corrobora a ausência de obrigação do agente em 
responder civilmente pelos danos causados a terceiros, 
já que não deu causa ao resultado. O fundamento da 
excludente de ilicitude constituída da culpa exclusiva da 
vítima é simples, posto que ninguém pode responder por 
atos a que não tenha dado causa. 
• De outro lado, parte da doutrina pátria entende que o 
agente não será obrigado a reparar o dano se 
comprovar haver adotado todas as medidas legais e 
idôneas para evitá-lo.
• Neste sentido é o entendimento do ilustre jurista SILVIO 
RODRIGUES , que assevera que “ o texto legal é 
justificadamente tímido, pois a responsabilidade só 
emergirá se o risco criado for grande e não houver o 
agente causador do dano tornado as medidas 
tecnicamente adequadas para preveni-lo”.
RESPONSABILIDADE CIVIL – NOÇÕES 
• A regra geral do Código Civil em vigor é a da 
responsabilidade civil subjetiva, nos termos dos artigos 
186 e 927, caput, fundada na teoria da culpa, com 
correspondência no artigo 159 do Código Civil de 1916. 
• Ocorre, que o Código Civil de 2002 inovou ao
estabelecer uma verdadeira cláusula geral ou aberta de
responsabilidade objetiva, reflexo dos princípios
basilares da eticidade e socialidade.
• Neste aspecto há importante inovação no CC, presente
no parágrafo único do artigo 927, que determina a
aplicação da responsabilidade objetiva nos casos
descritos em lei, bem como “quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”
• Com base no referido 
dispositivo o magistrado 
poderá definir como objetiva, 
ou seja, independente de 
culpa, a responsabilidade do 
causador do dano no caso 
concreto. Esse alargamento 
da noção de 
responsabilidade constitui, 
na verdade, a maior 
inovação do novo código em 
matéria de responsabilidade 
e requererá, sem dúvida, um 
cuidado extremo da nova 
jurisprudência.
• Assim, caberá ao julgador analisar todas as condições e 
circunstancias que envolvem o caso submetido a 
julgamento, de modo a verificar se o agente causador 
avaliou o risco e tomou as medidas a fim de evitar o dano. 
• Ademais, é patente que a responsabilidade civil é matéria 
viva e dinâmica na jurisprudência, sendo certo que a cada 
momento estão sendo criadas novas teses jurídicas em 
decorrência das necessidades sociais.
GABARITOS
• CASO CONCRETO 1
Antônio viajava à noite, em seu automóvel, para a sua cidade natal, pela rodovia 
privatizada e administrada pela concessionária “CLX”, quando, repentinamente, 
surgiu à sua frente um cavalo na pista. Não conseguindo desviar do animal, Antônio 
o atropelou e o automóvel saiu da pista, chocando-se contra uma árvore e ficando 
completamente destruído. Antônio saiu ileso do acidente. 
O dono do animal ainda não foi identificado porque o cavalo não tinha marca e porque 
há diversos sítios e pequenas propriedades rurais na região. Antônio quer saber se 
cabe ação indenizatória e, se couber, contra quem deverá ser proposta. Além disso, 
quer saber também quais os danos que podem ser objeto dessa eventual 
indenização. Responda a essas questões, justificando as respostas.
Sugestão de gabarito:
Cabe ação indenizatória contra o dono do animal (se vier a ser identificado) por culpa in 
vigilando e também, imediatamente e independentemente da identificação do 
proprietário do animal, contra a concessionária que explora a rodovia privatizada, 
que também tem o dever de vigilância e de garantir ao usuário uma viagem segura, 
até porque cobra por isso (pedágio). O dano deve ser integralmente reparado, ou 
seja, além do conserto do veículo, da sua desvalorização, ou até da sua substituição 
por outro carro (dependendo da extensão do dano a ele causado), também o dano 
moral deve ser indenizado, desde que demonstrada a sua existência pela vítima.
CASO CONCRETO 2
Antônio, menor de 16 anos, dirigindo o carro do pai, atropela e fere 
Josevaldo gravemente. A vítima, completamente embriagada, 
atravessou a rua inesperadamente. Pretende ser indenizada por danos 
materiais e morais, pelo que propõe ação contra Célio, pai de 
Antônio.
Procede o pedido? Responda de forma fundamentada.
Sugestão de gabarito:
Embora seja objetiva a responsabilidade dos pais pelos filhos menores (C. 
Civil , art. 933), é preciso, todavia, para configurar essa responsabilidade 
que o filho tenha dado causa ao dano e numa situação que, caso fosse 
imputável, configuraria a sua culpa. No caso nem há que se falar em culpa 
do filho porque o evento decorreu de fato exclusivo da própria vítima -
embriagada atravessou a rua inesperadamente (fato imprevisível) - que 
exclui o nexo causal. O fato de Antônio ser menor de 16 e estar dirigindo 
sem habilitação não foi causa determinante do evento, que teria ocorrido 
ainda que Antônio fosse maior e estivesse habilitado.
CASO CONCRETO 3
Vera comprou à vista uma mansão no Condomínio FLAMBOYANT, em 
bairro nobre de sua cidade, por R$ 2.000.000,00 (dois milhões de 
reais). Para comemorar, convidou todos os seus amigos e fez uma 
grande festa, que começou às 13h e estava prevista para durar até às 
10h da manhã do outro dia. ROGÉRIO, seu vizinho, chamou a polícia 
alegando que som estava muito alto, e, também que estaria havendo 
perturbação ao sossego, pois já eram 3h da madrugada. 
A polícia chegou ao local e Vera falou aos policiais que não abaixaria o 
som e continuaria a festa, pois, é a legítima proprietária do bem.
PERGUNTA-SE:
A quem assistirá razão? Faça a devida análise crítica e aponte os 
motivos e fundamentos da sua resposta. 
Gabarito sugerido: 
Nos termos do CC, art. 187, assistirá razão a Rogério, pois a conduta de Vera 
configura um abuso de direito, visto haver um exercício irregular do direito 
de propriedade. 
CASO CONCRETO 4
Rafael e Sueli pleiteiam a anulação de confissão de dívida no montante de R$ 
15.000,00 (quinze mil reais), por eles firmada em favor de Cirlei. Afirmam 
que Rafael trabalhava como empregado no sítio de Cirlei, na cidade de 
Guaratinguetá, e que no dia 24/05/2004, dirigia o carro do patrão quando 
ocorreu o acidente. Alegam que no dia seguinte ao acidente Cirlei pediu 
que assinassem o documentointitulado de “DECLARAÇÃO DE CONDUTA 
E CONFISSÃO DE DÍVIDA", no qual Rafael reconhece a sua 
responsabilidade pelo evento danoso e, juntamente com sua mãe, se 
compromete a pagar a Cirlei a quantia de R$ 15.000,00 para o 
ressarcimento dos prejuízos. Mencionam que no dia seguinte aos fatos, no 
“calor” dos acontecimentos não pensaram e assinaram o documento, sem, 
no entanto, possuírem recursos para arcar com o valor descrito.
Pergunta-se:
Houve na hipótese o vício da coação? Esclareça.
A confissão de dívida acima mencionada pode ser considerada um ato jurídico 
stricto sensu ou representa um abuso de direito. Fundamente sua resposta.
Sugestão de gabarito
Conforme anota Clóvis Bevilaqua “a coação é um estado de espírito em que o 
agente, perdendo a energia moral e a espontaneidade do querer, realiza o 
ato, que lhe é exigido” (Teoria Geral do Direito Civil, vol. 6. Ed. Rio. 1953. 
pág. 283). Mas não é qualquer ameaça que configura coação. Ela deve ser 
grave e injusta; o dano iminente e considerável e, além disso, transmitir ao 
paciente o temor fundado de que seja concretizada. E ao apreciar a coação 
o juiz levará em conta o sexo, a idade, a saúde, o temperamento do 
paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na sua 
gravidade, conforme se depreende do art. 152 do Código Civil. Na hipótese 
dos autos não há todos os elementos da figura da coação, pois, não houve 
por parte de Cirlei qualquer ameaça de dano iminente.
A natureza da confissão de dívida é ato jurídico stricto sensu, todavia, no caso 
em apreço a confissão não tem esta natureza jurídica. Resta claro que a 
conduta de Cirlei ultrapassou os limites do simples exercício regular de um 
direito, para caracterizar comportamento abusivo e, como tal, ato ilícito, 
conforme definido pelo art. 187 do Código Civil. Cirlei se aproveitou do 
estado de espírito e da subordinação econômica dos autores para obter a 
confissão da dívida. 
CASO CONCRETO 5
Para desviar de criança que atravessa inopinadamente a rua, no semáforo 
vermelho, e fora da faixa de pedestres, Fernanda, que trafegava 
prudentemente, é obrigada a lançar seu automóvel em cima da papelaria 
de Pedro, quebrando toda a vitrine e causando um prejuízo de R$ 
4.000,00 (quatro mil reais). A criança não foi atingida e saiu correndo 
depois do acidente, não sendo mais encontrada nem por Fernanda, nem 
por Pedro.
Pergunta-se:
Nesse caso, ocorreu ato ilícito? Justifique:
Há dever de indenizar? Em caso positivo de quem?
Sugestão de gabarito :
1) Não há ato ilícito. O ato é lícito, pois, há excludente de ilicitude – estado de 
necessidade – artigos 188, II CC; 
2) Há dever de indenizar em razão do que preceitua o art. 929 e 930 todos do 
Código Civil. Pedro poderá ingressar com ação de indenização em face de 
Fernanda para reaver o prejuízo. Ao causador do dano, Fernanda, só restará 
a via regressiva em face dos pais da criança que atravessou a Rua 
• QUESTÕES OBJETIVAS
•
• 1. Na responsabilidade civil, a indenização por dano moral 
• (A) é sempre dependente da comprovação do dano material. 
• (B) pode ser cumulada com a indenização por dano material. 
• (C) prescinde da comprovação do dano material, mas com este é 
inacumulável. 
• (D) exige prévia condenação do causador do dano em processo 
criminal. 
• (E) não pode ser superior à indenização por dano material. 
• (TRF5-V – 14/08/03 – Direito Civil – Questão n.º 47 – Gabarito 
“B”)
2. É correto afirmar-se que, de acordo com o Código Civil 
atualmente em vigor:
a) Comete ato ilícito aquele que, mesmo atuando com omissão, não 
causa danos de qualquer espécie a outrem. 
b) Comete ato ilícito aquele que causa danos a outrem, ainda que não 
tenha havido, de sua parte, ação ou omissão voluntária, negligência 
ou imprudência.
c) Comete ato ilícito aquele que, ao exercer um direito do qual é titular, 
excede manifestamente os limites impostos pelo fim social desse 
direito.
d) Não comete ato ilícito aquele que, ao exercer um direito do qual é 
titular, excede os limites da boa-fé. 
e) Todas as alternativas são incorretas.
(TJ-SC-16/03/2003 – Direito Civil – Questão nº 29 – Gabarito “C”) 
• Por hoje, ficamos por aqui.
• No próximo encontro daremos o gabarito 
dos casos concretos.
• Não esqueça de ler o material didático!

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