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Gabriela Brito | odontologia ufPE Anestésicos e Vasoconstrictores ANESTESIA X ANALGESIA ………………………………………………….…………………… Anestesia é a perda de função sensitiva, os anestésicos são capazes de bloquear as capacidades sensitivas do corpo, por meio do bloqueio da condução nervosa (reversível). A analgesia é a perda ou ausência de sensibilidade à dor por meio do aumento do limiar de percepção da mesma no SNP. COMO AGEM OS ANESTÉSICOS LOCAIS? …………………… …………………………….…………………… Anestésicos locais são fármacos que suprimem a condução do estímulo nervoso de forma reversível, promovendo a insensibilidade de uma determinada região do corpo. O estímulo de dor é transmitido pelas fibras nervosas de origem (ex: polpa do dente) até o cérebro, em forma de potencial de ação. que são propagados por despolarizações transitórias das células nervosas, devido à entrada de íons sódio (Na+) através dos canais de sódio. Na teoria do receptor específico, os anestésicos locais, na sua forma não ionizada, atravessam a membrana do axônio e penetram na célula nervosa. No interior da célula nervosa, as moléculas ionizadas de anestésico local se ligam a receptores específicos nos canais de sódio, reduzindo ou impedindo a entrada do íon na célula. Isso resulta no bloqueio da condução nervosa e, consequentemente, na percepção da dor. características gerais ………………………...……………………………….…………………… São bases fracas, pouco solúveis em água e instáveis quando expostos ao ar. Para uso clínico, são adicionados ao ácido clorídrico, formando um sal, o cloridrato, que apresenta maior solubilidade e estabilidade na solução. !! Obs: Como cloridrato, possuem pH em torno de 5,5 (soluções anestésicas sem vasoconstritor) ou 3,3 (soluções com vasoconstritor). Estrutura química: 1. Porção hidrofílica, que permite sua injeção nos tecidos. 2. Porção lipofílica, responsável pela difusão do anestésico através da bainha nervosa 3. Cadeia intermediária, que une as porções hidrofílica e lipofílica, permite classificar os anestésicos locais em ésteres ou amidas. !! Obs: É a porção ionizável da molécula que sofre a influência do pH do meio. É ela que determina a velocidade de ação do anestésico local. Terapêutica Medicamentosa- Anestésicos Gabriela Brito | odontologia ufPE Ésteres-> Hidrolisados por enzimas encontradas de forma ampla no plasma e diferentes tecidos. Isso geralmente determina duração de efeito menor. Faz exceção a tetracaína, de efeito mais prolongado. Possuem maior taxa de reações de hipersensibilidade. Ex; Benzocaína !! Obs: O metabolismo da maioria dos ésteres resulta na produção de ácido para-aminobenzóico (PABA) que pode ser associado a reações alérgicas, enquanto as amidas raramente causam reações alérgicas. Por essas razões, atualmente as amidas são mais utilizadas. Amidas -> Metabolismo hepático, com consequente maior duração de ação. Ex: lidocaína, mepivacaína, prilocaína, articaína, bupivacaína, ropivacaína e etidovacaína. !! Obs: Todo sal anestésico ultrapassa a barreira placentária (em maior ou menor grau). lidocaína …………… ………………….…………………… ➔ Classificado como amida ➔ Início de ação (tempo de latência) entre 2-4 min. ➔ A sua ação vasodilatadora promove rápida eliminação do local da injeção (anestesia pulpar dura 5-10 min). Não há indicação de uso da lidocaína 2% sem vasoconstrictor. ➔ Quando associada a um agente vasoconstritor, proporciona entre 40-60 min de anestesia pulpar, em tecidos moles de 120 a 150 min ➔ Metabolizada no fígado e eliminada nos rins ➔ Toxicidade: os níveis plasmáticos para o início de reações tóxicas são de 4,5μg/mL no SNC e de 7,5 μg/mL no sistema cardiovascular. A sobredosagem promove a estimulação inicial do SNC, seguida de depressão, convulsão e coma. !! Obs: A lidocaína também é empregada na anestesia tópica, especialmente em pacientes com história de alergia aos ésteres. Comercializada em forma de pomada ou spray. A pomada é preferível pois no spray o paciente pode deglutir e gerar desconforto muitas vezes confundido com alergia. MEPIVACAÍNA ………………………………….…………………… ➔ Potência anestésica semelhante à lidocaína ➔ Início de ação: 1,5-2 min ➔ Discreta ação vasodilatadora. quando empregada sem vasoconstritor (na concentração de 3%), promove anestesia pulpar mais duradoura do que a lidocaína (por até 20 min na técnica infiltrativa e por 40 min na técnica de bloqueio regional). ➔ Metabolização hepática e eliminação renal ➔ Toxicidade semelhante à da lidocaína. priloCAÍNA ………………………………….…………………… ➔ Potência anestésica semelhante a lidocaína ➔ Início de ação entre 2-4 min ➔ Baixa ação vasodilatadora, pode ser usada sem o vasoconstrictor na concentração de 4% (No Brasil, não é comercializada na forma pura) Terapêutica Medicamentosa- Anestésicos Gabriela Brito | odontologia ufPE ➔ Metabolizada mais rapidamente do que a lidocaína, no fígado e nos pulmões com eliminação renal ➔ Apesar de ser menos tóxica do que a lidocaína e a mepivacaína, em casos de sobredosagem produz o aumento dos níveis de metemoglobina no sangue (se atentar no uso em pacientes com deficiência de oxigenação como anemias e alterações respiratórias) articaína …………… ………………….…………………… ➔ Início de ação entre 1-2 min ➔ Potência 1,5x maior que a lidocaína ➔ Baixa lipossolubilidade e a alta taxa de ligação proteica ➔ Metabolismo no fígado e plasma sanguíneo (tempo de meia vida menor que os outros anestésicos pois a biotransformação começa no plasma). Eliminação renal. Por essas características farmacocinéticas, a articaína reúne as condições ideais de ser o anestésico de escolha para uso rotineiro em adultos, idosos e pacientes portadores de disfunção hepática ➔ Sua toxicidade é semelhante à da lidocaína ➔ Presença de um anel tiofeno gera maior difusão tecidual da articaína, permitindo seu uso em técnica infiltrativa, mesmo na mandíbula, dispensando assim o uso de técnicas anestésicas de bloqueio !! Obs: Seu uso em técnicas de bloqueio regional tem sido associado a um aumento na incidência de parestesia, provavelmente devido à concentração de 4%. bupivacaína ………………………………………………………… ➔ Sua potência anestésica é 4x maior do que a da lidocaína. (cardiotoxicidade também é 4 vezes maior em relação à lidocaína. Por isso, é utilizada na concentração de 0,5%) ➔ Ação vasodilatadora maior em relação à lidocaína, mepivacaína e prilocaína. ➔ Quando associada à epinefrina, apresenta, em técnica de bloqueio do nervo alveolar inferior, tempo de latência variando de 10-16 min na região de molares e pré-molares. ➔ Metabolizada no fígado e eliminada pelos rins ➔ Longa duração de ação. No bloqueio dos nervos alveolar inferior e lingual, produz anestesia pulpar por 4 h e em tecidos moles, por até 12 h. ➔ Embora seja indicada para o controle da dor pós-operatória, tem sido demonstrado que é mais efetivo do que o proporcionado pela lidocaína apenas nas primeiras 4h após o procedimento cirúrgico. Após 24 h do procedimento, a bupivacaína promove aumento da concentração de prostaglandina E2 (PGE2) no local da aplicação, aumentando a intensidade da dor sentida pelo paciente. Dessa forma, seu uso para controle da dor pós-operatória tem sido questionado ➔ Não é recomendada menores de 12 anos = maior risco de lesões por mordedura do lábio pela longa duração da anestesia nos tecidos moles. benzocaína ………………………………………………………… ➔ Éster ➔ Tópico ou de superfície. Terapêutica Medicamentosa- Anestésicos Gabriela Brito | odontologia ufPE ➔ Na concentração de 20% após aplicação por 2 min, promove anestesia da mucosa superficial (previamente seca), diminuindo ou eliminando a dor à punção da agulha, especialmente na região vestibular. ➔ Na região palatina, nas áreas de punção dos nervos alveolar inferior e lingual é menos eficiente VASOCONSTRITORES ………………………………………………….…………………… A associação de vasoconstritores aos sais anestésicos produz uma interaçãofarmacológica desejável: pois essa ação vasoconstritora faz com que o sal anestésico fique por mais tempo em contato com as fibras nervosas, prolongando a duração da anestesia e reduzindo o risco de toxicidade sistêmica. Um efeito importante a ser observado é a hemostasia (redução da perda de sangue) pela diminuição do calibre dos vasos. classificação ………………………………………………….…………………… Aminas simpatomiméticas: Catecolaminas ou não (presença do anel catecol). Agem sobre os receptores adrenérgicos, encontrados na maioria dos tecidos do organismo. Esses receptores são de dois tipos: alfa (α), com os subtipos α1 e α2, ou beta (β), com os subtipos β1, β2 e β3. A ação vasoconstritora é exercida pela interação com os receptores α. Catecolaminas: epinefrina, norepinefrina e corbadrina Não catecolaminas: fenilefrina epinefrina: É o mais usado em pacientes saudáveis, incluindo crianças, gestantes e idosos. Estimula receptores α1 promovendo constrição dos vasos da rede arteriolar e venosa da área injetada. Interage também com o β21 cardíacos, aumentando a frequência cardíaca, a força de contração e consumo de O2 pelo miocárdio. Por outro lado dilata as artérias coronárias e assim aumenta o fluxo de sangue. Ainda, liga-se aos receptoresβ2 gerando dilatação dos vasos e da musculatura esquelética. A dosagem deve ser minimizada para os pacientes com doença cardiovascular, principalmente as doenças cardíacas isquêmicas, como a angina do peito ou infarto do miocárdio. Na concentração de 1:50.000, pode produzir isquemia intensa, com consequente vasodilatação “rebote”. Isso pode acarretar aumento da perda de sangue após uma cirurgia. norepinefrina: Atua nos receptores α e β, Não apresenta vantagens sobre a epinefrina, tendo 25% da potência vasoconstritora desta. Ocasiosa cefaléia intensa decorrente de hipertensão, necrose e descamação tecidual. O seu uso em odontologia é restrito. Corbadrina (levonordefrina): Atua estimulando diretamente receptores α com pouca atividade em β. Tem somente 15% da ação vasopressora da epinefrina, sem nenhuma vantagem. Fenilefrina: α-estimulador por excelência, com pouca ação β1. Possui uma ação mais prolongada. Apesar disso, caso de sobredosagem possui efeitos mais duradouros (cefaléia occipital e hipertensão). Sem vantagens em relação a epindefrina Felipressina: Análogo sintético da vasopressina (hormônio antidiurético), está contida em soluções cujo sal anestésico é a prilocaína. Tem valor mínimo no controle da hemostasia, o que explica o maior sangramento observado durante os procedimentos cirúrgicos, quando se empregam soluções que contêm esse vasoconstritor, em relação às que contêm epinefrina ou outros agentes simpatomiméticos. !! Obs: A dosagem segura para pacientes hipertensos, corresponde a 3 �⁄� tubetes. !! Obs: Atenção para grávidas, mimetiza a ocitocina (contração uterina). Terapêutica Medicamentosa- Anestésicos Gabriela Brito | odontologia ufPE Todos os anestésicos locais atravessam facilmente a barreira hematocefálica. cálculo do volume máximo ……………………………… ………………….…………………… Parâmetros: dose máxima recomendada, peso do paciente e concentração indicações ………………………….…………………… A solução anestésica local deve ser escolhida em função do tempo de duração da anestesia pulpar e do grau de hemostasia exigidos para um determinado procedimento. Recomendações: Procedimentos de curta a média duração, que demandem tempo de anestesia pulpar > 30 min - Lidocaína 2% com epinefrina 1:100.000 ou 1:200.000 - Mepivacaína 2% com epinefrina 1:100.000. - Articaína 4% com epinefrina 1:100.000 ou 1:200.00 - Prilocaína 3% com felipressina 0,03 UI/mL. !! Obs: Procedimentos em que haja necessidade de controle do sangramento: escolher epinefrina 1:100.000, pois na concentração de 1:200.000 e a felipressina não promovem hemostasia tão efetiva. !! Obs: Evitar bloqueios regionais com o uso das soluções de articaína. Procedimentos muito invasivos ou de maior tempo de duração - Intervenções na maxila Bloqueio regional: Lidocaína 2% ou mepivacaína 2% com epinefrina 1:100.000. Técnica infiltrativa: Articaína 4% com epinefrina 1:100.000 ou 1:200.000. - Intervenções na mandíbula Bloqueio regional: Lidocaína 2% ou mepivacaína 2% com epinefrina 1:100.000. Bupivacaína 0,5% com epinefrina 1:200.000. Contraindicação de epinefrina: - Anestesia pulpar < 30min: mepivacaína 3% - Anestesia pulpar > 30min: Prilocaína 3% com felipressina 0,03 UI/mL Referências ………………………………………………….…………………… ANDRADE, E. D. Terapêutica Medicamentosa em Odontologia. 3ª. ed.Artes Médicas. 2013. Terapêutica Medicamentosa- Anestésicos
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