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11 - Noções de Entomologia Forense

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Prof. Victor Botteon 
 Aula 07 
 
1 de 66| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Entomologia Forense 
 
 
Aula 07 
Noções de Entomologia Forense – 
Curso Regular de Ciências Forenses para concursos 
Prof. Victor Botteon 
2019 
 
Prof. Victor Botteon 
 Aula 07 
 
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Noções de Entomologia Forense 
 
Sumário 
NOÇÕES DE ENTOMOLOGIA FORENSE.................................................................................................... 3 
O QUE É A ENTOMOLOGIA FORENSE?........................................................................................................................ 3 
NOÇÕES DE ENTOMOLOGIA..................................................................................................................................... 4 
Filo Arthropoda................................................................................................................................................4 
Quem são os insetos?....................................................................................................................................... 6 
Tipos de Metamorfose e Evolução................................................................................................................... 12 
Principais Ordens de Insetos........................................................................................................................... 15 
SUBDIVISÕES DA ENTOMOLOGIA FORENSE............................................................................................................... 19 
Entomologia Forense Urbana......................................................................................................................... 20 
Entomologia Forense de Produtos Armazenados............................................................................................. 20 
Entomologia Forense Ambiental..................................................................................................................... 20 
HISTÓRIA DA ENTOMOLOGIA FORENSE.................................................................................................................... 21 
ENTOMOLOGIA FORENSE MÉDICO-LEGAL................................................................................................................ 23 
Entomofauna Cadavérica............................................................................................................................... 23 
Principais Insetos de Importância Forense....................................................................................................... 25 
Entomologia Forense Aplicada........................................................................................................................32 
Coleta de Vestígios Entomológicos.................................................................................................................. 34 
ESTIMATIVA DE INTERVALO PÓS-MORTE (IPM)......................................................................................................... 37 
IPM Mínimo................................................................................................................................................... 37 
IPM Máximo.................................................................................................................................................. 40 
QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR....................................................................................... 42 
LISTA DE QUESTÕES............................................................................................................................. 54 
GABARITO............................................................................................................................................ 61 
RESUMO DIRECIONADO........................................................................................................................ 62 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Victor Botteon 
 Aula 07 
 
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Noções de Entomologia Forense 
 
Noções de Entomologia Forense 
 Bem-vind@s ao universo forense! Essa aula abordará a teoria sobre os principais aspectos cobrados 
sobre a disciplina de ENTOMOLOGIA FORENSE, esperando que ao final, o aluno compreenda sobre seus 
principais conceitos, subdivisões e aplicações, com ênfase na área da Entomologia Forense Médico-Legal, 
procedimentos de coleta de vestígios entomológicos em local de crime e estimativa do intervalo pós-morte 
(IPM), além de resoluções de questões relacionadas aos temas abordados e focadas em concursos públicos. 
 Preparados? Bora lá! 
Noções de Entomologia Forense: Definição; Introdução à Entomologia; Principais subdivisões e 
aplicações da Entomologia Forense; História da Entomologia Forense; Aplicações da Entomologia 
Médico-Legal; Vestígios entomológicos; Estimativa do Intervalo Pós-Morte (IPM). 
 
O que é a Entomologia Forense? 
 
Como já sabemos, o termo FORENSE é proveniente do latim e significa “respeitante ao fórum”. 
Portanto, toda Ciência a qual seus conhecimentos podem ser utilizados para a elucidação de questões de 
interesse judicial recebe essa terminologia. 
 
 
 A ENTOMOLOGIA é o estudo dos insetos (entomon = insetos e logos = estudo) e de suas relações com 
o meio ambiente e outros seres vivos. Quando os insetos se tornam vestígios de um crime, a ENTOMOLOGIA 
@professorforensepadrao 
Prof. Victor Botteon 
 Aula 07 
 
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Noções de Entomologia Forense 
 
FORENSE (EF) é a Ciência que busca aplicar o conhecimento de aspectos bioecológicos e comportamentais 
de insetos (e outros artrópodes) para auxiliar a Justiça no esclarecimento dos fatos. 
A ENTOMOLOGIA FORENSE é a ciência, subárea da Zoologia, a qual aplica o conhecimento de aspectos 
bioecológicos de insetos e outros artrópodes na elucidação de procedimentos judiciais (não necessariamente 
da esfera penal do Direito). 
 Antes de estudarmos suas subdivisões e principais aplicações no universo da perícia criminal, 
precisamos conhecer alguns conceitos básicos sobre a Entomologia de forma geral. 
 
Noções de Entomologia 
Filo Arthropoda 
 Os insetos são animais da classe Insecta (em latim, Insectum = animal de corpo segmentado), 
pertencente ao filo (phylum) Arthropoda. 
 ARTHROPODA: => arthro = articulação; poda= perna, em grego. Quais as características principais do 
filo dos artrópodes? 
 Os artrópodes apresentam APÊNDICES PAREADOS E ARTICULADOS (origem do nome); corpo 
segmentado (metamerizado) em unidades funcionais (tagmas), com presença de exoesqueleto quitinoso 
(a quitina é um polissacarídeo); realiza troca (muda) de exoesqueleto periodicamente, em processo 
denominado de ECDISE (o exoesqueleto antigo, o qual foi substituído, recebe o nome de EXÚVIA, como a 
“casquinha” da cigarra que pode ser observada nas árvores em determinada época do ano). 
 E quais as características dos insetos que os diferenciam dos demais representantes deste filo?? 
 Os insetos possuem o corpo dividido em cabeça, tórax e abdômen (tagmas, cada região é 
metamerizada de forma diferenciada e dotada de funções específicas); simetria bilateral; um par de antenas 
na cabeça; tórax apresentando três pares de pernas (6 pernas) e geralmente dois pares de asas (há 
exceções); sistema nervoso central ventral; coração dorsal com pares de ostias e pericardium presente; 
musculatura estriada; sistema circulatório aberto, dentre outras características. 
 A ordem de classificação taxonômica, do maior para o menor agrupamento, é a seguinte: 
REINO -> FILO -> CLASSE -> ORDEM -> FAMÍLIA -> GÊNERO -> ESPÉCIE. 
REINO: Animalia (Animal); 
FILO: Arthropoda (Artrópode); 
CLASSE: INSECTA (classe dos insetos); 
ORDEM: Diptera (ordem das moscas e mosquitos); 
FAMÍLIA: Calliphoridae; 
GÊNERO: Chrysomya (nome em itálico, destacado); 
ESPÉCIE: Chrysomya albiceps(último nome é chamado de epíteto da espécie). 
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Noções de Entomologia Forense 
 
 Pode apresentar ainda subespécie (nome trinomial), por exemplo, além de outros grupos (táxons) 
intermediários. Estes descritos são os principais grupos taxonômicos na disciplina de Biologia. 
REINO..........................................Animal 
FILO ..........................................Arthropoda 
CLASSE .................................. Insecta 
ORDEM ................................ Hymenoptera 
SUBORDEM .....................Apocrita 
SUPERFAMÍLIA .............FormicOIDEA 
FAMÍLIA .......................FormicIDAE 
SUBFAMÍLIA ............. MyrmicINAE 
TRIBO ....................... AttINI 
GÊNERO .................Atta 
ESPÉCIE ...............A. sexdens 
As principais classes dos artrópodes, suas respectivas características morfológicas e alguns membros: 
 ARTHROPODA 
CARACTERÍSTICAS INSECTA ARACHNIDA CRUSTACEA DIPLOPODA CHILOPODA 
CORPO 
Cabeça, 
tórax e 
abdômen 
Cefalotórax e 
abdômen 
Cefalotórax 
e abdômen 
Cabeça, 
tórax e 
segmentos 
diversos 
Cabeça e 
segmentos 
diversos 
ANTENAS 1 par Ausente 2 pares 1 par 1 par 
PERNAS 3 pares 4 pares 
5 pares 
(variável) 
2 pares por 
segmento 
1 par por 
segmento 
ASAS 
2 pares 
(em geral) 
Ausente Ausente Ausente Ausente 
EXEMPLOS 
Moscas, 
besouros, 
mariposas, 
gafanhotos 
etc. 
Aranha, 
escorpião, 
ácaro (Acari), 
opilião etc. 
Camarão, 
siri, lagosta, 
tatuzinho-
de-jardim 
etc. 
Piolho-de-
cobra 
Lacraia 
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Noções de Entomologia Forense 
 
Quem são os insetos? 
 Nossos protagonistas! Os insetos são o grupo de animais mais biodiversos e abundantes do mundo, 
com cerca de 75-80% de todas as espécies de organismos do Reino Animal já descritas, habitando os mais 
variados hábitats e ocupando os mais diversos nichos ecológicos no meio ambiente. 
 Muitos insetos são de suma importância para o homem e para a natureza (insetos benéficos), atuando 
como agentes polinizadores e dispersores de frutos e sementes (abelhas, borboletas, mamangavas etc.), 
imprescindíveis para a produção de alimentos; podem fornecer diversos produtos, como o mel e a cera pelas 
abelhas, seda (sericicultura), corantes (cochonilha), dentre outros produtos de valor econômico; participam 
de diversas interações e processos ecológicos, podendo atuar na decomposição da matéria orgânica e na 
ciclagem de nutrientes (insetos de solo); inimigos naturais de pragas para manutenção do equilíbrio 
ambiental (controle biológico natural); insetos utilizados na alimentação humana (antropoentomofagia) e 
animal em diversas localidades do mundo; utilização em pesquisas científicas como a importante Drosophila 
melanogaster empregada na área da Genética, por exemplo; dentre outros. 
 Entretanto, também há os insetos maléficos que podem causar diversos prejuízos ao ser humano e a 
outros animais, como as pragas agrícolas e de produtos armazenados, causando perdas de alimentos; insetos 
de importância médico-veterinária, vetores de inúmeras doenças ao homem e aos animais; parasitas, dentre 
outros. 
No nosso objeto de estudo da aula, os insetos são auxiliadores da Justiça! 
 Vamos estudar cada parte do corpo (Morfologia) de um inseto agora, de forma bem sucinta e objetiva! 
 
 
Crédito da imagem: https://emsinapse.wordpress.com/2018/05/23/os-insetos-e-suas-asas/ 
 
 CABEÇA 
 Antes de tudo, precisamos estudar o corpo de um inseto e suas principais características morfológicas, 
importante na área de identificação taxonômica que veremos posteriormente, aplicada à Entomologia 
Forense. Começando pela cabeça, composta por segmentos (metâmeros) individualizados, separados por 
suturas (linhas de fusão de duas placas – escleritos). 
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Noções de Entomologia Forense 
 
 
A cabeça possui órgãos sensoriais, como a presença dos olhos compostos, formado por omatídeos 
(formação de imagens); ocelos, para a percepção de luz; as antenas, principais órgãos sensoriais dos insetos 
(função tátil, olfativo e até auditivo, dependendo da espécie) e o aparelho bucal, especializado para cada tipo 
de hábito alimentar. 
ANTENA 
Inserida na cavidade antenal da cabeça, é articulada, segmentada em escapo, pedicelo e flagelo, 
apresentando inúmeros antenômeros ou flagelômeros. Apresentam formas e tipos variados, sendo uma 
característica que pode ser empregada em identificação de grupos de insetos e espécies (imagem abaixo). 
 
 
Crédito da imagem: Prof. Dr. Aden (UFOPA) apud UFSCAR (http://www.cvi.ufscar.br/morfologia.html). 
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APARELHO BUCAL 
Os aparelhos bucais dos insetos são especializados de acordo com seu hábito alimentar. Com relação à 
posição das peças bucais, os insetos podem ser: 
- HIPOGNATO: peças bucais voltadas para baixo (90º): gafanhoto, barata, abelha, mosca, dentre 
outros. 
- PROGNATO: dirigido para frente (180º): predadores, tesourinha, cupim, dentre outros. 
- OPISTOGNATO: dirigidas para baixo e para trás (<90º): cigarras, cigarrinhas, percevejos, pulgão. 
 
Crédito da imagem: Gallo et al. (2002). 
 
 Quanto ao aparelho bucal, pode ser do tipo mastigador (foto), presente em besouros, predadores em 
geral, larvas de alguns grupos de insetos, baratas, formigas, ordem Orthoptera (ordem dos grilos, gafanhotos 
e esperanças), dentre outros. Mandíbulas bem desenvolvidas podem ser utilizadas como mecanismo de 
defesa, por exemplo. As seguintes peças bucais compõem este tipo de aparelho bucal: 
 
 
Aparelho bucal sugador-maxilar: presença da espirotromba, tubo formado pelo prolongamento das 
gáleas da maxila, ficando enrolado para debaixo da região da cabeça, presente em mariposas e borboletas 
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(ordem Lepidoptera). Mecanismo de adaptação para se alimentar de néctar de determinadas flores (processo 
de coevolução entre planta-inseto). 
Aparelho bucal sugador labial (picador-sugador): pode ser de predador (hemípteros), de hematófago 
(verdadeiras “agulhas” para sugar sangue) ou de hábito fitófago (sugar seiva do floema das plantas, podendo 
transmitir agentes patogênicos). Pode ser diqueta (mosca-dos-estábulos); triqueta (1 mandíbula e 2 maxilas), 
como em tripes (ordem Thysanoptera), com a epifaringe e a hipofaringe atrofiadas; tetraqueta (2 mandíbulas 
e 2 maxilas), como em cigarras; hexaqueta (2 mandíbulas e 2 maxilas, hipo e epifaringe), como em mosquito. 
Aparelho bucal lambedor: presença de labro, mandíbulas, e as maxilas e o lábio são alongados em 
forma de uma “língua” para lamber, presente nas abelhas. 
 Ausente ou atrofiado: adultos de espécies da ordem Ephemeroptera, os quais vivem um curto 
período de vida; adulto da mosca-do-berne ou berneira (Dermatobia hominis). 
Indivíduos da fase imatura podem apresentar aparelho bucal diferente da fase adulta (metagnatos), 
muito comum em insetos que apresentam metamorfose completa (veremos mais adiante). 
 
 TÓRAX 
 Região do corpo (tagma) situado entre a cabeça (cérvix = “pescoço”) e o abdômen, apresentando função 
locomotora, com presença de pernas e asas. 
 Dividido em 3 segmentos: protórax (1º segmento), mesotórax (2º segmento ou segmento mediano) 
e metatórax (3º e último segmento do tórax). A região dorsal (noto) é dividida em: pronoto, mesonoto e 
metanoto; região inferior (esterno): prosterno, mesosterno e metasterno; e a região lateral (pleura): 
propleura, mesopleura e metapleura. 
 PERNAS 
 Os insetos são hexápodes, ou seja, apresentam 3 pares de pernas (6 pernas). Não se chama pata! 
 As pernas são apêndices locomotores que apresentam os seguintessegmentos: coxa, trocanter, fêmur, 
tíbia e tarso (tarsômeros) e pós-tarso, podendo ainda apresentar alguma estrutura especializada. 
 
 
 
 Dependendo da função, as pernas podem ainda ser divididas em diferentes tipos: 
 Ambulatórias: tipo mais comum, não apresentando nenhuma modificação especial além de locomoção 
normal; 
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 Raptatórias: presente nas pernas protorácicas (1º par de pernas) de louva-a-deus, por exemplo, 
apresentando estruturas da perna com espinhos para agarrar a presa; 
 Saltatórias: fêmures das pernas metatorácicas (3º par de pernas) desenvolvidos para saltar, como 
presente nos gafanhotos, esperanças e grilo (ordem Orthoptera), pulgas. 
 Preensoras: adaptadas para agarrar e prender, como as pernas protorácicas de barata d’água. 
 Natatórias: pernas meta e mesotorácicas, achatadas e adaptadas para a natação, presente em alguns 
insetos de ambiente aquático. 
 Fossoriais ou escavadoras: pernas protorácicas modificadas para escavar, presente em insetos de solo 
como as paquinhas. 
 Coletoras: pernas metatorácicas de abelhas, apresentando tíbia côncavo e com presença de pelos, 
denominada corbícula, provocando a fixação para o futuro transporte de grãos de pólen; 
 Escansoriais: modificações nas estruturas das pernas para possibilitar os piolhos hematófagos 
agarrarem aos pelos dos hospedeiros. 
 
 
Crédito da imagem: UFSCAR (http://www.cvi.ufscar.br/morfologia.html). 
 
 ASAS 
 Em geral, os insetos apresentam 2 pares de asas (4 asas), sendo o primeiro par de asas (anterior), 
situado no mesotórax, e o par posterior, inserido no metatórax (meso + metatórax = pterotórax). 
 As asas são divididas em regiões e podem apresentar diversas nervuras que costumam ser empregadas 
em critérios taxonômicos, assim como o padrão de venação (células). 
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 Há insetos mais primitivos que são ápteros, ou seja, não apresentam asas, como, por exemplo, as 
traças-de-livro (ordem Zygentoma, antigo Thysanura). Algumas castas de espécies de formigas (ordem 
Hymenoptera), grupo mais derivado filogeneticamente, as quais também podem não apresentar asas. 
 A ordem DIPTERA (2 asas) e Strepsiptera apresentam apenas um par de asas. As asas anteriores dos 
Strepsiptera são atrofiadas e chamadas de pseudo-halter. As asas posteriores dos Diptera (ordem das 
moscas e mosquitos) são atrofiadas e chamadas de halter ou balancim (foto), apresentando função de 
equilíbrio para o voo do inseto. 
 
 
Crédito da foto: pt.wikipedia.org/wiki/Balancim_(biologia). 
 
 As asas também podem ser divididas em diferentes tipos e utilizadas em critérios de classificação: 
 Membranosas: são as mais comuns, como o próprio nome indica, este tipo de asa é fina, geralmente 
transparente e com nervuras distintas (lisa). Pode se apresentar recoberta por escamas (escamada), como 
ocorre em mariposas e borboletas (Lepidoptera); 
 Tégminas: asas anteriores de espécies de Orthoptera, sendo ligeiramente coriáceas, com nervuras 
visíveis. 
 Élitros: asas anteriores coriáceas dos besouros (ordem Coleoptera), sendo duras como uma carapaça e 
com ausência de nervuras visíveis. 
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 Hemiélitros: asas anteriores de percevejos (Hemiptera), sendo parcialmente coriácea e parcialmente 
membranosa. 
 
Crédito da imagem: UFSCAR (http://www.cvi.ufscar.br/morfologia.html). 
 
 ABDÔMEN 
 Por fim, o abdômen é a parte do corpo do inseto onde contêm as vísceras, maioria dos espiráculos 
(orifício das traqueias para a troca gasosa com o meio externo no sistema respiratório traqueal) presentes em 
pares nas regiões da pleura de cada metâmero, e responsável pela reprodução (presença de genitais e do 
sistema reprodutivo). 
 Apresenta diversos segmentos, sendo 11 segmentos, em geral. Não apresenta apêndices locomotores. 
Pode apresentar apêndices abdominais, como ovipositor (em fêmea), para deposição de ovos; cercos das 
tesourinhas (ordem Dermaptera), para mecanismo de defesa e usado também para a cópula; sifúnculo ou 
cornícula dos pulgões, consistindo em um par de pequenos tubos localizados na região póstero-dorsal do 
abdômen, apresentando função de excreção; dentre outros apêndices com funções diversas. 
 
Tipos de Metamorfose e Evolução 
 Os insetos possuem diversas características adaptativas que asseguraram o seu sucesso evolutivo ao 
longo de uma ampla escala temporal. 
 EXOESQUELETO DE QUITINA: proteção mecânica e dos órgãos internos, controle da evaporação e 
proteção contra a desidratação. Há revestimento pela cutícula. Seu tamanho reduzido implica em uma menor 
necessidade alimentar. 
 PRESENÇA DE ASAS: dispersão para outros habitats, aumentando a capacidade de deslocamento à 
procura de recursos alimentares, e auxiliando na fuga contra predadores. 
 
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 METAMORFOSECOMPLETA: mudança de hábitos entre a fase imatura e a fase adulta do inseto, 
reduzindo a competição intraespecífica, permitindo a exploração de diferentes nichos e habitats para a 
perpetuação da espécie. 
Os principais acontecimentos que ocorreram na história evolutiva dos insetos, dos grupos mais 
primitivos aos grupos mais derivados: 
 
Crédito do esquema: Prof. Dr. WAC Godoy (ESALQ/USP). 
Fique atento 
Nosso maior interesse de estudo na Entomo Forense está situado na divisão Endopterygota, ou seja, nos 
insetos que possuem a metamorfose completa, também chamados de insetos holometábolos. 
Mas o que seria isto? Vamos conhecê-los! 
 
 AMETÁBOLOS 
 Não há ocorrência de metamorfose. A fase imatura é parecida com a fase adulta, diferenciando em 
tamanho mais reduzido e na maturidade sexual presente somente na fase adulta dos insetos, de forma geral. 
O crescimento e desenvolvimento do inseto ocorrem por meio de ecdises (mudas de exoesqueleto). Ocorre 
em Apterygota, como nas traças de livro, da antiga Ordem Thysanura. 
 
 HEMIMETÁBOLOS (METAMORFOSES INCOMPLETAS) 
 Os insetos passam pela fase de ovo; do ovo eclodem as ninfas, formas jovens parecidos com o adulto e 
que passam por diferentes estádios ou instar até atingir a fase adulta. As ninfas não apresentam asas e nem 
maturidade sexual, na maioria das vezes. Há presença das tecas alares, as quais são as asas se desenvolvendo 
gradualmente com o avançar dos estádios ninfais. Diferentes fases de vida se chamam estágios! 
 *Alguns autores consideram a Hemimetabolia quando a fase imatura é aquática, com os jovens 
chamados de náiades, enquanto os adultos são de hábito terrestre, não havendo competição pelos 
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mesmos recursos entre as fases de vida da mesma espécie. Este tipo de metamorfose ocorre nas libélulas 
(ordem Odonata), por exemplo, dentre outras. 
 E os insetos que possuem metamorfose incompleta (ovo -> ninfa -> adulto) os quais são terrestres nas 
fases imaturas (ninfas) e na fase adulta podem ser chamados de PAUROMETÁBOLOS. Neste caso, as fases 
coexistem no mesmo ambiente e competem pelos mesmos recursos. Ocorre na divisão Exopterygota, nas 
ordens de insetos como Orthoptera (gafanhotos, grilos, paquinhas, esperanças); Hemiptera (percevejos, 
cigarras, cigarrinhas); Mantodea (louva-a-deus); Blattodea (baratas); Phasmatodea (bicho-pau); entre outras. 
 
 HOLOMETÁBOLOS (METAMORFOSE COMPLETA): ENDOPTERYGOTA 
OVO -> LARVA -> PUPA -> ADULTO 
 Dos ovos eclodem as LARVAS, fase imatura bem diferente da fase adulta, podendo apresentar 
aparelho bucal e hábitos bem diversos, passando por diversos instar (ínstares) ou estádios larvais denúmero 
variado (dependendo de características intrínsecas de cada espécie mais outros fatores extrínsecos). Em 
borboletas e mariposas (ordem Lepidoptera), as larvas (do tipo eruciforme) apresentam pernas abdominais e 
são chamadas de lagartas. Nas moscas (ordem Diptera), as larvas são do tipo VERMIFORME (forma de 
verme). Aliás, cadáver em latim é “caro data vermis”, carne dada aos vermes. 
 A fase de pupa é o período transitório entre as fases imaturas e a fase adulta, a qual o inseto cessa sua 
alimentação e se mantém geralmente imóvel para completar o seu desenvolvimento completo. O 
desenvolvimento das asas ocorre no interior da pupa (discos marginais), assim como a formação de novos 
tecidos (histogênese). A pupa é chamada popularmente de casulo, mas que na verdade o casulo é um tipo de 
pupa que aparece em espécies de Lepidoptera também. Nas moscas, a pupa geralmente é do tipo 
conhecido como coarctada. Das pupas emergem os adultos. A fase adulta pode ser chamada de imago. 
 Este tipo de metamorfose com mudas especiais ocorre nas ordens Diptera, Lepidoptera, Coleoptera 
e Hymenoptera, não ocorrendo competição pelos mesmos recursos entre as fases imaturas e a adulta. 
 
Crédito da imagem: https://slideplayer.com.br/slide/2907630/ 
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Noções de Entomologia Forense 
 
Principais Ordens de Insetos 
 Os insetos são agrupados em diversas ordens e demais grupos taxonômicos de acordo com suas 
características morfológicas e filogenéticas, segundo suas proximidades na escala evolutiva. A Sistemática é 
o estudo científico das classes, diversidade dos organismos e suas inter-relações, compreendendo a 
Classificação, a Taxonomia e a Identificação. Classificar algo é agrupar em grupos similares, segundo 
procedimentos e leis científicas adotadas pela classificação biológica e nomenclatura zoológica. 
 Antes de estudarmos algumas espécies importantes na área da Entomologia Forense, vamos ver as 
principais ordens e algumas características da classe Insecta que vocês precisam conhecer: 
INSECTA 
ORDEM 
ALGUMAS 
CARACTERÍSTICAS 
EXEMPLOS 
DIPTERA 1 par de asas (balancim). Moscas, mosquitos. 
COLEOPTERA 
Coleus = caixa; Asas 
anteriores do tipo élitro. 
Grupo + biodiverso. 
Besouros, como a 
joaninha. 
HYMENOPTERA 
Hymen = membrana; 
características variadas. 
Formigas, abelhas, 
vespas, 
mamangavas, 
marimbondos. 
LEPIDOPTERA 
Lepidon = escamas; asas 
membranosas 
recobertas por escamas, 
aparelho bucal sugador 
maxilar (espirotromba). 
Borboletas e 
mariposas. 
HEMIPTERA 
Asas anteriores do tipo 
hemiélitro e as 
posteriores 
membranosas um pouco 
mais curtas. 
Percevejo, cigarra, 
pulgão, cigarrinha, 
barbeiro, mosca-
branca, psilídeo. 
ORTHOPTERA 
Ortho = reto; asas 
anteriores longas e do 
tipo tégmina, presença 
de pernas posteriores 
saltatórias ou 
saltadoras. 
Grilo, esperança, 
gafanhoto, paquinha. 
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 !! Atenção
As ordens Diptera, Coleoptera e Hymenoptera são as que 
apresentam maior importância na área da Entomologia 
Forense Médico-Legal, área mais cobrada em provas de 
concursos da área. Todas estas ordens apresentam 
metamorfose completa (Holometábolos): ovo, larva, pupa, 
adulto. Os dípteras são os mais cobrados em prova, sendo 
também o grupo de maior interesse forense, uma vez que são 
os primeiros a chegarem e a colonizarem um corpo em 
decomposição, pouco tempo após a morte. 
 
Existem mais de 900 mil espécies de insetos descritas, distribuídas em 26 ordens. Os Coleoptera 
correspondem a 38% das espécies, Lepidoptera a 16%, Hymenoptera a 13% e Diptera a 12%, sendo os 
grupos mais representativos. Fiquem atentos e familiarizados com as principais ordens de insetos e suas 
respectivas características que podem aparecer na sua prova. 
 
 
Crédito da imagem: casadaciencia.com.br 
 
Além disso, cumpre falar sobre a divisão da ordem Diptera em duas subordens: NEMATOCERA e 
BRACHYCERA. A Nematocera engloba os mosquitos e outros dípteras que possuem antenas longas, 
geralmente com mais de seis segmentos livremente articulados. Já a Brachycera é a subordem dos dípteros 
que apresentam antenas curtas, geralmente com 3 a 5 segmentos, podendo apresentar uma arista ao final do 
último segmento. Dentro de Brachycera estão as famílias dos dípteros superiores ou muscoides (moscas). 
NEMATOCERA = antenas longas > 6 segmentos; 
BRACHYCERA = antenas curtas < 6 segmentos. 
 
 Posteriormente estudaremos as principais famílias de Diptera que certamente serão cobradas em 
provas. E uma pincelada também em táxons importantes dentro da ordem Coleoptera. 
 
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Antes de entrar no próximo tópico da aula, começando nosso estudo em Entomologia Forense, vamos 
treinar com algumas questões sobre Entomologia Geral! 
 
Questão para fixar 
UFG – Técnico de Laboratório – Entomologia/2017 
No processo de desenvolvimento dos insetos, as metamorfoses são uma das formas de garantir a 
sobrevivência, pois, durante as múltiplas transformações para se tornarem adultos, eles são capazes de 
explorar diversas fontes de alimentos. Como se denomina o fenômeno de mudança de tegumento dos insetos 
no seu processo de desenvolvimento? 
a) Emergência. 
b) Exsúvia. 
c) Eclosão. 
d) Ecdise. 
RESOLUÇÃO: 
 Atenção aos termos entomológicos corretos! 
 (A) incorreta! A emergência é quando o inseto atinge a fase adulta (emergência do adulto), quando o 
adulto sai da pupa, por exemplo. 
 (B) incorreta também. A exsúvia é o exoesqueleto que o inseto “descartou” após o processo de muda. 
Lembram da “casquinha” da cigarra na árvore. Todos os insetos deixam as suas “casquinhas”. 
 (C) incorreta. A eclosão se dá quando a larva (ou ninfa) sai do ovo. A eclosão das larvas (e não do ovo!). 
 (D) CORRETA! O crescimento e desenvolvimento de um inseto (artrópodes em geral) ocorrem por meio 
de mudas ou ECDISES. 
Gabarito: D 
 
UFG – Técnico de Laboratório – Entomologia/2017 
Em função da adaptação aos substratos alimentares, os insetos desenvolveram diversos tipos de aparelho 
bucal. Analisando o prejuízo da planta exposta na figura, qual é o tipo de aparelho bucal do inseto praga? 
 
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Em função da adaptação aos substratos alimentares, os insetos desenvolveram diversos tipos de aparelho 
bucal. Analisando o prejuízo da planta exposta na figura, qual é o tipo de aparelho bucal do inseto praga? 
 a) Triturador ou mastigador. 
 b) Lambedor. 
 c) Picador sugador. 
 d) Sugador labial. 
RESOLUÇÃO: 
 A fotografia mostra um besouro fitófago se alimentando de uma folha. Os besouros (ordem Coleoptera) 
apresentam aparelho bucal do tipo mastigador. Mesmo não conhecendo, pelo padrão do dano observado na 
folha é possível acertar, excluindo os demais tipos de aparelhos bucais. 
 O aparelho bucal lambedor é o das abelhas; picador sugador e sugador labial (que suga, seja sangue, 
seixa ou de predação) são sinônimos e apresentam tipos diversos, podendo ser encontrado em moscas, 
mosquitos, mutucas, percevejos, pernilongos, barbeiro, cigarras, cigarrinhas, dentre outros. O aparelho bucal 
de mariposas e borboletas é chamado de sugador maxilar (espirotromba). 
Gabarito: A 
 
UFPR – Engenheiro Agrônomo (Prefeitura de Curitiba-PR)/2010 
Diversas ordens de insetos estão presentes no ambiente urbano e atacam plantas ornamentais. A respeito do 
assunto, assinale a coluna da direita de acordo com a sua correspondência com a coluna da esquerda. 
1.Cochonilha. 
2.Mosca-das-frutas. 
3.Coleobrocas. 
4.Percevejo. 
5.Lagarta de mariposa. 
( ) Ordem Diptera. 
( ) Ordem Homoptera. 
( ) Ordem Lepidoptera.( ) Ordem Hemiptera. 
( ) Ordem Coleoptera. 
Assinale a alternativa que apresenta a numeração correta da coluna da direita, de cima para baixo. 
a) 4 – 3 – 2 – 5 – 1. 
b) 2 – 4 – 1 – 5 – 3. 
c) 4 – 1 – 2 – 3 – 5. 
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d) 2 – 1 – 5 – 4 – 3. 
e) 1 – 4 – 5 – 3 – 2. 
RESOLUÇÃO: 
 Questão de associar o inseto com a sua ordem para treinar. Em questões de Entomologia Forense 
mesmo veremos que podem cobrar também nomes de espécies de insetos (inclusive o nome científico) para 
associar com a ordem e até mesmo com a família! Para quem não é da área, é um tipo de questão difícil. 
1. Cochonilha = é da ordem Hemiptera. Mas a questão trouxe também a subordem (e não mais uma ordem) 
Homoptera (dividindo-se em Sternorrhyncha, Auchenorrhyncha e Coleorrhyncha), a qual a cochonilha se 
enquadra; 
2. Mosca-das-frutas = são moscas da ordem Diptera; 
3. Coleobrocas = são besouros (brocas) da ordem Coleoptera; 
4. Percevejo = inseto da ordem Hemiptera; 
5. Lagarta de mariposa = fase imatura (larva) da mariposa (que não deixa de ser uma mariposa) é da ordem 
Lepidoptera. 
 A sequência ficou então: 2 – 1 – 5 – 4 – 3. 
 Você poderia ir logo de cara na mosca e na mariposa que já acertava a questão. Só de saber que uma 
mosca-das-frutas é um Diptera, já ficaria entre as letras B e D. Só cuidado com a “mosca-branca”, Bemisia 
tabaci (Hemiptera: Aleyrodidae), a qual se trata de um hemíptera e não é um díptera. Em questões assim 
sempre procure primeiro pelos nomes que sabe com certeza. 
Gabarito: D 
 
Subdivisões da Entomologia Forense 
 
 Os dados entomológicos são utilizados principalmente em casos relacionados com mortes violentas, 
fornecendo elementos que possam auxiliar as investigações policiais por meio dos trabalhos realizados pelos 
peritos criminais e médicos-legistas, com inúmeros estudos da entomofauna necrófaga como indicadores 
da cronotanatognose e na determinação do local da morte da vítima, em casos na confirmação de 
hipótese de negligência infantil, abuso sexual e maus tratos a idosos, dentre outros da área da 
Entomologia médico-legal que veremos mais adiante. 
 Além da aplicação da Entomologia Forense na área médico-legal, conhecem outras aplicações e áreas 
dessa fascinante ciência? 
 No clássico trabalho de Lord & Stevesson (1986), a Entomologia Forense é subdividida em mais 2 áreas, 
além da médico-legal relacionada a casos de morte: 
ENTOMOLOGIA FORENSE URBANA E ENTOMOLOGIA FORENSE DE PRODUTOS ARMAZENADOS. 
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Entomologia Forense Urbana 
Esta área abrange os insetos que se relacionam e afetam o homem em seu ambiente urbano (insetos 
sinantrópicos), como cupins (antiga ordem Isoptera, atual Blattodea), baratas (ordem Blattodea), percevejos 
de cama ou bedbugs (Hemiptera), dentre outros. Exames periciais nesta área são mais objetos de ações na 
esfera civil do Direito, mas nada impede de ter casos envolvendo a esfera penal. 
Alguns exames periciais estão relacionados à presença de infestação de insetos em imóveis, estruturas, 
patrimônios e bens culturais, buscando além da constatação das espécies que estão provocando danos e 
prejuízos diversos, quando se deu o processo de infestação. 
Imagine o seguinte cenário: você acabou de comprar uma linda casa e depois de determinado tempo 
acaba descobrindo que ela se encontra com sua estrutura abalada, decorrente de uma infestação de cupins! 
Uma das perguntas que o perito na área auxiliará a responder será se a presença dos cupins na casa ocorreu 
antes ou depois da compra do imóvel, por exemplo. 
 
Entomologia Forense de Produtos Armazenados 
 Estuda a contaminação de produtos alimentícios estocados, como grãos armazenados dentre outros. O 
exame pericial pode determinar quando ocorreu a infestação do alimento pelo inseto, a partir de seu ciclo de 
vida, considerando as variáveis ambientais adequadas para a estimativa. 
 O material encaminhado a exame pericial apresenta-se falsificado, corrompido, deteriorado e/ou 
alterado? 
 Outro exame pericial da área seria com relação à constatação de alimentos contaminados, deteriorados, 
alterados e/ou fraudados. A presença de corpos estranhos considera o alimento como sendo impróprio ao 
consumo humano. Imagina encontrar as famosas perninhas de uma barata (ordem Blattodea) em sua 
comida? 
 As principais ordens de interesse desta área são: Coleoptera e Lepidoptera. 
 COLEOPTERA: englobando brocas e gorgulhos que causam danos a grãos armazenados e produtos 
estocados, como espécies da família Bostrichidae; gêneros Tribolium e Tenebrio da família Tenebrionidae; 
família Ptinidae (Anobiidae), como o gênero Lasioderma; gorgulhos como o gênero Sitophilus da família 
Curculionidae, dentre outros besourinhos. 
 LEPIDOPTERA: englobando as traças como Ephestia (Anagasta) da família Crambidae; Plodia da família 
Pyralidae, dentre outras. 
 
Entomologia Forense Ambiental 
Segundo Botteon (2016), a Entomologia Forense é viável para emprego nas atividades periciais de 
crimes contra o meio ambiente, uma vez que os dados entomológicos podem auxiliar na identificação de 
alterações ambientais de origem antrópica, crimes contra a fauna, flora e poluição, além de investigação do 
narcotráfico e procedência de entorpecentes. A influência dos fragmentos da paisagem modifica padrões de 
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distribuição da riqueza, diversidade e abundância de animais, ocasionando desequilíbrios perceptíveis no 
ambiente e a destruição de espécies de insetos. 
Dias Filho & Palanch (2013) também retrataram a importância dos insetos na área. No país mais 
biodiverso do mundo, os insetos são um grande patrimônio cultural brasileiro alvo de biopirataria e tráfico. 
Além disso, destacaram a possibilidade de constatação de substância contaminantes e tóxicas, como metais 
pesados, a partir da análise do corpo dos insetos presentes no ambiente degradado. 
 As demais aplicações forenses, como a estimativa do intervalo pós-morte (IPM), também pode ser 
aplicado em animais, como em casos de abuso, maus-tratos e crueldade contra animais; animais selvagens 
capturados ilegalmente e que morreram para tráfico, assim como aplicação em casos de caça ilegal. Insetos 
endêmicos podem auxiliar na localização de região produtora de maconha pela identificação dos fragmentos 
de insetos presentes no macerado da droga. 
Em virtude da importância e da grande complexidade de ilícitos contra o meio ambiente, é fundamental 
que se desenvolvam estudos de levantamento de diversidade biológica para auxiliar as atividades periciais a 
desempenhar suas funções na constatação e quantificação de impactos, a fim de assegurar providências 
preventivas ou reparatórias a serem adotadas para evitar ou reparar danos ambientais. 
 
História da Entomologia Forense 
 
 Os insetos sempre fascinaram o homem e estiveram presentes na história da humanidade. Na 
civilização egípcia antiga já se conhecia sobre a colonização de cadáveres por besouros (escaravelhos) que 
se alimentavam dos corpos mumificados. Havia insetos em joias e outros adornos (sinal de vida longa), 
hieróglifos e até presentes em figuras de deuses. 
 O primeiro registro que se tem conhecimento na história de um caso o qual insetos (no caso 
as famosas moscas) foram utilizados para a resolução de um crime ocorreu em 1235 (séc XIII), na 
China, descrito na obra “The Washing Away of Wrongs”, de autoria de Sung Tz’u (Song Ci). No caso, 
um lavrador foi encontrado morto com lesões provocadas por um instrumento do tipo foice ou similar. Os 
investigadores da época, ao interrogarem os camponeses suspeitos de terem praticado crime, na presença 
de suas foices, perceberam que em um dosinstrumentos expostas ao ar livre começou a atrair moscas, em 
face do odor de sangue presente na lâmina. As moscas entregaram o autor do crime! O suspeito dono 
daquela foice acabou confessando o delito. 
 O pesquisador italiano Francisco Redi investigou o aparecimento de larvas de moscas em corpos em 
decomposição, investigando a metamorfose completa das moscas. Por meio de seus experimentos, Redi 
constatou que as larvas eclodiam das massas de ovos, e não eram fruto de geração espontânea. 
 Outros nomes importantes na história: Mende (1829) copilou uma lista de insetos necrófagos, 
incluindo moscas e besouros. O francês Orfila observou diversas exumações e compreendeu o importante 
papel das larvas de moscas na decomposição de cadáveres. 
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 No ano de 1855, o primeiro caso de homicídio foi esclarecido pela estimativa de intervalo pós-
morte (cronotanatognose) a partir de insetos encontrados no corpo de uma criança, o qual se 
encontrava oculto sob o piso de uma residência coberto por uma camada de gesso. O médico francês 
Bergeret d’Arbois realizou estudos nos vestígios entomológicos, possibilitando a associação da 
entomofauna necrófaga e o estágio de decomposição do cadáver, constatando que a morte da criança 
tinha ocorrido em um período anterior ao que os atuais moradores da residência tinham adquirido o 
imóvel, inocentando-os do crime. Foi o primeiro caso o qual os insetos auxiliaram na determinação da data 
de uma morte. 
 Foi em 1894 que a Entomologia Forense ficou famosa com a publicação da obra “La Faune des 
cadavres - aplication de L’Entomologie a La Medicine Légale”, de autoria do médico veterinário 
francês JEAN PIERRE MÉGNIN. Na obra, Mégnin apresentou 19 casos estudando a fauna cadavérica e os 
estágios de decomposição, propondo um modelo e descrevendo um padrão para a colonização 
cadavérica por meio da sucessão ecológica. Segundo o autor, grupos diferentes de insetos chegavam ao 
cadáver em determinados estágios da putrefação, denominando estes grupos de ondas, legiões e 
“trabalhadores da morte”. 
 A obra foi bastante importante, sendo adaptada e traduzida por diversos autores e difundida por 
diversos países. 
 
 E NO BRASIL? 
 A Entomologia Forense iniciou-se no Brasil no ano de 1908, com o trabalho do médico Oscar Freire, 
da Bahia, estudando insetos necrófagos obtidos de cadáveres humanos e de animais. Domingos Freire 
publicou a obra “Factos da vida dos insetos II, Fauna dos cadáveres”, em 1908, sendo criticada por Oscar 
Freire. Outro pioneiro no estudo da Entomologia Forense no Brasil foi o médico Edgard Roquette-Pinto, o 
qual publicou a obra “Nota sobre a fauna cadavérica no Rio de Janeiro” estudando insetos associados em 
cadáveres humanos. Lüderwaldt foi outro grande nome desta época inicial, estudando besouros do Museu 
Paulista (hoje Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo), em 1911. 
 Em 1923, o foi publicado o conjunto completo da obra de Oscar Freire na Revista de Medicina: “A 
Fauna Cadavérica Brasileira”. Na obra, o autor critica fortemente o trabalho de Mégnin, dizendo que era 
excessivamente teórico e que o padrão de sucessão baseado em ondas ou legiões de insetos não se 
aplicava às condições ambientais brasileiras. A presença ou ausência dos insetos dependia de diversos 
fatores, como da riqueza de espécies e a distribuição geográfica, não ocorrendo uma cronologia precisa e 
nem isocronismo dos períodos da decomposição cadavéricas. 
 Após a década de 1940, houve um período de aproximadamente quatro décadas sem publicações na 
área, sendo retomados os trabalhos em 1987 com os estudos de Monteiro-Filho e Penereiro sobre 
sucessão ecológica em Campinas-SP. Os autores demonstraram a importância da sazonalidade e dos 
fatores ambientais na sucessão da entomofauna necrófaga. A UNICAMP foi pioneira e um importante 
centro de pesquisa na área da Entomologia Forense até a atualidade. 
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Noções de Entomologia Forense 
 
 O primeiro curso de Entomologia Forense realizado no Brasil ocorreu no ano 2000, financiado pela 
Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), ministrado pelo Prof. Dr. Pujol-Luz da UNB. A 
Associação Brasileira de Entomologia Forense (ABEF) foi criada em 2007, na cidade de Campinas-SP, 
promovendo o I Simpósio de Entomologia Forense. No ano de 2008 ocorreu a segunda edição do Simpósio e 
a criação da Rede Nacional de Entomologia Forense (ReNEF), com o objetivo de fortalecer a pesquisa e as 
aplicações práticas na área, mas que foi perdendo força, infelizmente. Atualmente existem pouco mais de 20 
grupos de pesquisa trabalhando com Entomologia Forense no Brasil. 
 Nas pesquisas realizadas no Brasil, o porco é o animal modelo mais utilizado para os estudos na área 
médico-legal, em virtude de sua composição histológica, distribuição de gordura, anatomia interna, 
microbiota intestinal, tamanho e decomposição, similares ao ser humano. Nos E.U.A., existem as “fazendas 
de corpos” para ensaios experimentais com cadáveres humanos, simulando diversas situações e condições 
para esclarecer questões em busca da resolução de crimes. O conceito foi criado pelo Dr. William Bass, da 
University de Tennessee, Knoxville, em 1987. 
 
Entomologia Forense Médico-Legal 
 
Entomofauna Cadavérica 
 A carne em decomposição é um recurso alimentar efêmero, e os insetos podem consumi-la em um 
curto período, de modo que geralmente o recurso está disponível por apenas uma ou poucas gerações, 
dependendo das espécies presentes. Neste microambiente que se estabeleceu na carcaça, diversas interações 
ecológicas se desenvolvem. 
 Em condições de escassez de alimentos, a distribuição das larvas pode influenciar o nível de competição 
pelo alimento, exibindo predação intraguilda (interação interespecífica) e canibalismo (interação 
intraespecífica), em resposta a uma alta densidade larval, com implicações para a dinâmica da comunidade 
entomofaunística. Espécies mais vorazes, como por exemplo a Chrysomya albiceps Wiedemann e a 
Chrysomya rufifacies Macquart (Calliphoridae) apresentam ambos os comportamentos, podendo se destacar 
nessa competição pelo recurso alimentar ao predar larvas de outras espécies. Estudar essas interações são 
importantes não só para compreender a ecologia da decomposição, mas também para investigar as 
possíveis influências na estimativa do IPM, por exemplo. 
 Os insetos associados aos cadáveres estão classificados como: 
 NECRÓFAGOS: do grego nekros = cadáver, e phagein = comer. Insetos que se alimentam de tecidos em 
decomposição, como larvas de moscas, baratas e besouros. Moscas adultas possuem aparelho bucal sugador 
labial, mas “lambem” a carne porque precisam de proteína para sobreviver (cumprir suas exigências 
nutricionais) e para a maturação dos folículos ovarianos (fêmeas). Estes insetos utilizam o cadáver como 
principal fonte proteica, estimulando a oviposição. Em ambiente aquático, crustáceos podem ser encontrados 
se alimentando do cadáver, como o camarão que o brasileiro aprecia tanto como um alimento (e paga caro 
por isso). 
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 A atividade dos insetos necrófagos acelera o processo de putrefação do corpo. O tipo de morte ou a 
presença de algum veneno (substância química) no corpo, por exemplo, pode influenciar diretamente na 
sucessão ecológica da fauna visitante no corpo e, consequentemente, na velocidade da decomposição. 
 ONÍVOROS: insetos que se alimentam tanto da carne dos corpos em decomposição quanto da fauna 
associada. Há espécies que são até canibais, ou seja, alimentam-se de indivíduos da própria espécie. Como 
exemplo, podem-se citar algumas espécies de larvas de moscas, besouros (larva e adulto), e Himenópteras,como vespas e formigas. 
 PREDADORES E PARASITAS: os parasitas necessitam de um hospedeiro para completar o seu ciclo 
biológico e os predadores são os insetos (ou outros animais) que se alimentam (predam) outros indivíduos 
associados à fauna cadavérica. Como parasitas há vespas e moscas, por exemplo, e como predadores há 
diversos exemplos como besouros (ex: família Staphylinidae), tesourinhas (Dermaptera), vespas, formigas, 
dentre outros. 
 “ACIDENTAIS” (EVENTUAIS OU INCIDENTAIS): são insetos ou outros artrópodes que são 
encontrados ao acaso no cadáver, não apresentando nenhuma relação ecológica com a entomofauna 
cadavérica, podendo utilizar o corpo como extensão de seu habitat natural. Ex: artrópodes como aranhas, 
ácaros não necrófagos, etc. 
. 
 
Crédito da imagem: Miranda, Costa & Pujol-Luz (2013). 
 
 As larvas de algumas espécies de moscas também podem se alimentar de tecido vivo, tanto humano 
quanto de animais. "Miíase é definida como a infestação de humanos e de outros animais vertebrados 
vivos com larvas de Dipteras, que, pelo menos durante um certo período, alimentam-se de tecidos 
mortos ou vivos do hospedeiro" (Zumpt, 1965). 
 Na miíase primária, a oviposição se dá em tecidos vivos e saudáveis, onde posteriormente as larvas 
vão eclodir e iniciar a alimentação. Nesse caso, as moscas possuem relevante importância médico-
veterinária por necessitarem de hospedeiro para completar o seu desenvolvimento e também podem infestar 
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Noções de Entomologia Forense 
 
o ser humano. Exemplos mais conhecidos do público são a mosca-do-berne, Dermatobia hominis (Diptera: 
Cuterebridae), e a mosca-da-bicheira, Cochliomyia hominivorax (Diptera: Calliphoridae). 
 Já na miíase secundária, a mosca não apresenta hábito parasitário obrigatório e deposita seus ovos 
na pele ou mucosas não saudáveis, necrosadas, com presença de feridas ou ulcerações. A análise de 
larvas nesses casos pode auxiliar na confirmação de hipótese de abandono de incapaz, negligência 
infantil, maus tratos a crianças e idosos e até mesmo em maus-tratos a animais. 
 Mas sabiam que existe uma prática médica onde a miíase controlada pode ser aplicada em pacientes 
para fins benéficos?? A terapia larval, conhecida também como larvoterapia, bioterapia, biocirurgia ou 
biodebridamento consiste na aplicação de larvas estéreis e vivas de moscas necrófagas, obtidas em 
laboratórios, sobre lesões, feridas crônicas ou infectadas, com a finalidade de auxiliar no processo de 
cicatrização, a partir da remoção de secreção e de tecido desvitalizado (desbridamento seletivo). As larvas 
também secretam substâncias bactericidas, ajudando a inibir o desenvolvimento de microrganismos 
patogênicos no leito da ferida, sendo indicadas para o tratamento de diversos tipos de feridas crônicas e 
lesões com difícil cicatrização, especialmente indicadas para pacientes que não respondem bem aos 
tratamentos convencionais (Masiero; Martins; Thyssen, 2015). 
 Phormia regina (Meigen), Lucilia sericata (Meigen) e Lucilia eximia (Wiedemann) (Diptera: Calliphoridae) 
são algumas espécies utilizadas na larvoterapia no mundo. 
 No entanto, a prática ainda é pouco difundida no Brasil, não existindo relatos de casos em humanos no 
âmbito nacional, com poucos estudos realizados restringindo-se a aplicação em modelos animais 
experimentais e em processos de esterilização dos ovos das moscas. 
 
Principais Insetos de Importância Forense 
 DIPTERA 
 Os dípteras muscoides da subordem Brachycera (Schiner, 1862) serão o nosso objeto de estudo. 
 As moscas são os primeiros insetos a encontrar o cadáver, realizando a oviposição (deposição de massas 
de ovos) preferencialmente em regiões de mucosas, orifícios naturais e em lesões, podendo, portanto, indicar 
a presença de ferimentos. Apresentam a maior importância neste contexto forense. Algumas espécies podem 
aparecer em estados mais avançados da putrefação, como, por exemplo, espécies da família Piophilidae 
(moscas-do-queijo). Já os besouros (Coleoptera) também são de extrema importância para estudos de 
sucessão entomológica, uma vez que colonizam a carcaça ao longo das fases de putrefação. 
 Estima-se que 160 mil espécies de Diptera, classificadas em cerca de 10 mil gêneros, de 188 famílias, 
tenham sido descritas (Thompson, 2006). Na região Neotropical, 31.093 espécies em 118 famílias; 
aproximadamente 11.000 espécies em 96 famílias e 1.913 gêneros no Brasil (Brown, 2009). 
 As famílias de moscas mais importantes na área forense são dípteros caliptrados (Calyptratae), ou seja, 
apresentam expansões membranosas chamadas de caliptra (foto), situadas na base posterior das asas. 
 Referida estrutura aparece com destaque em Calliphoridae, Muscidae, Sarcophagidae e Fanniidae. 
 
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Crédito da foto: M. Novais & Bravo (2016). 
. 
 LARVAS 
 A fase imatura das moscas as quais são coletadas no local de crime para a estimativa do intervalo pós-
morte (IPM). Entretanto, a identificação da espécie através da larva pode ser uma tarefa complicada, e, na 
maioria das vezes, o entomologista forense precisa criar a larva até emergência do adulto para possibilitar 
uma identificação taxonômica mais conclusiva. 
 As larvas de moscas de interesse forense (foto) são do tipo vermiforme, de coloração geralmente 
creme; são acéfalas, apresentando segmento pseudocefálico; presença de esqueleto cefalofaringeano; 
ausência de pernas; bordos com espinhos e anéis de espinhos (ausentes, parciais ou completos); corpo 
dividido em segmentos; diversidade morfológica dos espiráculos. Estas características são utilizadas para a 
identificação das espécies pela fase imatura. 
 
 Vejam a diversidade de características morfológicas que as larvas podem apresentar, presente em chave 
dicotômica para identificação de insetos imaturos, proposta pela Profa. Dra. Patrícia Thyssen: 
 
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As larvas de moscas passam geralmente por 3 estádios larvais (ou instar): L1, L2, L3. 
 Uma maneira de identificar em qual estádio larval o imaturo se encontra é pela quantidade de 
fendas espiraculares presentes na placa espiracular da região anal da larva, sendo que geralmente a 
presença de 1 fenda indica o instar L1, 2 fendas o instar L2 e a presença de 3 fendas o instar L3. Há 
exceções. 
 
Crédito da imagem: Thyssen (2014). 
 
Vamos agora estudar as principais características das famílias mais importantes! 
 
 CALLIPHORIDAE 
 Moscas conhecidas como varejeiras, apresentando coloração esverdeada, azul ou cobre metalizado, de 
médio a grande porte, cosmopolitas. Apresentam as aristas das antenas bem plumosas, caliptras torácicas 
bem desenvolvidas e com presença de pelos, 2 cerdas na notopleura (região lateral e anterior do tórax) e 
faixa de cerdas no mero (região lateral e posterior do tórax). 
 
Crédito da imagem: Carvalho; Moura; Ribeiro (2002). 
 
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 Diversas espécies apresentam importância forense, como: Lucilia eximia, Lucilia sericata, Hemilucilia 
segmentaria, Cochliomya macellaria, Calliphora vomitoria, Calliphora vicina, dentre outras. Mas o principal 
gênero é o Chrysomya, o qual vamos destacar as características das 3 principais espécies que podem aparecer 
na sua prova. 
 
 
Crédito da imagem: Miranda; Costa; Pujol-Luz (2013). 
 A. Chrysomya albiceps: moscas geralmente esverdeadas metálicas, com espiráculo anterior 
esbranquiçado, SEM cerda próximo ao espiráculo mesotorácico; asa com veia M distintamente curva; 
espiráculo posterior com dois opérculos, dentre outras características. 
 B. Chrysomya megacephala: mosca de maiorporte, de coloração verde azulada ou roxa; apresenta 
espiráculo mesotorácico acastanhado ou escuro; olhos apenas com omatídeos grandes em posição 
superior. 
 C. Chrysomya putoria: a mosca adulta é semelhante à C. albiceps, diferenciando-se pela presença de 
cerda próxima ao espiráculo mesotorácico branco. 
 
 MUSCIDAE 
 Família da mosca que mais vemos no dia a dia: mosca doméstica (Musca domestica). Estas moscas 
podem apresentar médio a grande porte, de coloração geralmente preta ou acizentada, mas variando até 
coloração metálica; dotada de caliptra bem desenvolvida na asa; ausência de fileira de cerdas no mero. Ex: 
Ophyra aenescens. 
 
 SARCOPHAGIDAE 
 Moscas que apresentam faixas pretas longitudinais no dorso, diferindo da família Muscidae pela 
presença de uma fileira de cerdas no mero. 
 
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 Como curiosidade, as fêmeas de Sarcophagidae larvipõe! As fêmeas são vivíparas, depositando as 
larvas necrófagas já em 1º instar, ao invés de depositar massas de ovos. Ex: Sarcophaga spp., Peckia spp., 
Microcerella spp. 
 
 PHORIDAE 
 São moscas de tamanho pequeno a médio porte que podem ser confundidas com as moscas-da-fruta da 
família Drosophilidae. Os forídeos são aquelas mosquinhas que andam de forma bem ágil, “corcunda”, 
apresentam os fêmures dos 3 pares de pernas achatados lateralmente; com asas sem células basais e nem 
nervuras transversais. Família de difícil identificação taxonômica em nível de espécie. Algumas espécies são 
parasitas. Ex: Megaselia scalaris. 
 
 Os forídeos são importantes, pois podem entrar em caixões a até 2 metros de profundidade no subsolo 
(“mosca dos caixões”), e outros locais de difícil acesso, como ambientes fechados, porta-malas de veículos 
automotores, cadáveres cobertos ou enrolados por sacos e/ou vestimentas, por exemplo. 
 
 STRATIOMYIDAE 
 Família que vem ganhando destaque em pesquisas e resoluções de casos. A espécie Hermetia illucens, 
também conhecida como mosca soldada negra (black soldier fly) é a principal representante associada a 
cadáveres e à matéria orgânica em decomposição. Os adultos geralmente se encontram relacionadas a flores. 
São moscas negras, de médio a grande porte, com aparência de uma vespa (mimetismo), com asa 
apresentando uma célula discal pequena. 
 
 
 
 As larvas apresentam 6 ínstares (ao invés de 3) antes do estágio de pupa, desenvolvendo-se em fezes, 
resíduos (lixo) e matéria orgânica em decomposição. 
 
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 FANNIIDAE 
 Moscas pequenas, de coloração variada, as quais também estão aparecendo nas coletas e em estudos 
de pesquisadores brasileiros. Essa família é próxima à família Muscidae, apresentando o formato da veia A2 
das asas mais curta. 
 
 Suas larvas são características, apresentando corpo achatado dorsoventralmente, com presença de 
espinhos e coloração mais escura. 
 
 
 DIMORFISMO SEXUAL DE MOSCAS 
 Geralmente, nas moscas varejeira os machos (A) costumam apresentar olhos juntos (holóptica), 
enquanto as fêmeas (B) apresentam olhos separados pela região da fronte (dicóptica). Há exceções para essa 
característica de dimorfismo sexual e também uma condição intermediária sub-holóptica que pode aparecer 
em alguns gêneros. 
 
Crédito da imagem: De James (1948). 
 
 COLEOPTERA 
 Os besouros são insetos da ordem Coleoptera, a maior ordem de insetos, com cerca de 350 mil espécies 
descritas, presentes nos mais variados ambientes e com hábitos alimentares diversos. Mais de 28 mil espécies 
de besouros já foram descritas no Brasil. Os besouros de hábito necrófago geralmente aparecem em estados 
mais avançados da putrefação. 
 
FAMÍLIAS IMPORTANTES: CLERIDAE, Cryptophagidae, DERMESTIDAE, Histeridae, Hybosoridae, 
Hydrophilidae, Lathridiidae, Leiodidae, Nitidulidae, SCARABAEIDAE, SILPHIDAE, e Trogidae. 
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 DERMESTIDAE 
 Família bastante importante na área, famoso em corpos esqueletizados, onde “limpam” a carne dos 
ossos e de articulações. Tanto os adultos quanto as larvas se alimentam de cadáveres. Museus e laboratórios 
fazem criação destes insetos para a limpeza de ossos de material de origem animal. Ex: Dermestes maculatus 
é a espécie mais conhecida e estudada (capa do livro “Insetos Peritos”, organizado pela Dra. Janyra Oliveira-
Costa). 
 
 CLERIDAE 
 Gênero Necrobia, espécie N. rufipes é mais conhecida da família, de hábito necrófago, coloração verde-
metálico, aparecendo geralmente sobre cadáveres secos. Espécie descrita no Brasil desde a década de 1910 
em trabalhos pioneiros. A maioria das espécies desta família é predadora de larvas de dípteras e de outros 
coleópteras. 
 
 SCARABAEIDAE 
 São besouros bastantes biodiversos e que apresentam hábitos variados. Apresentam as antenas curtas 
e do tipo lamelada. São conhecidos como escaravelhos e também há os famosos “rola-bostas”, pelo 
comportamento de espécies coprófagas da subfamilia Scarabaeinae de enrolarem fezes para se alimentar e 
para o desenvolvimento das fases imaturas (nidificação). Algumas espécies podem ser encontradas 
associadas a corpos em decomposição, com hábitos necrófago e coprófago. 
 
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 SILPHIDAE 
 Besouros (carrion beetles) de cor negra, podendo apresentar manchas amareladas ou vermelhas, 
dependendo da espécie, de corpo achatado. 
 A fase larval e a adulta apresentam hábitos necrófagos. Algumas espécies são predadoras. Estes 
besouros elaboram esferas de carne para alimentação futura e para o desenvolvimento das larvas que 
eclodirão dos ovos. 
 
 FUTURO DA IDENTIFICAÇÃO 
 A Identificação taxonômica de insetos de importância forense pode ser complicada em muitos casos, 
tanto na fase imatura quanto na fase adulta. Além da dificuldade inerente da área e da falta de especialistas 
taxonomistas, o perito pode se deparar no local com fragmentos de estruturas de insetos, pupários vazios e 
exúvias. Para estes casos, técnicas de BIOLOGIA MOLECULAR apresentam grande potencial para aplicação 
na identificação de espécies de insetos de importância forense, mesmo na presença de exíguo material para 
análise. Diversos genes já foram estudados para a identificação de insetos, com destaque para o genoma do 
DNAmt como: as subunidades I e II da citocromo oxidase (COI e COII), a subunidade V da NAD desidrogenase, 
12S e 16S (rDNA) no DNAmt; e 28S (rDNA), ITS1 e ITS2, dentre outros. 
 Há casos em que as amostras se encontram inadequadamente preservadas, situações em que a 
identificação por meio de caracteres morfológicos e até mesmo por meio de Biologia Molecular pode ser uma 
tarefa difícil. A QUIMIOTAXONOMIA é uma área relativamente recente a qual a identificação de espécies é 
baseada em similaridades na estrutura de certos compostos químicos presentes nos organismos, visando à 
identificação de insetos por meio dos hidrocarbonetos cuticulares e da composição química de seu 
exoesqueleto. O perfil de hidrocarbonetos, geralmente levantado por meio de cromatografia gasosa 
acoplada a espectrometria de massas, é capaz de discriminar as espécies e possibilitar uma metodologia 
alternativa de identificação promissora. 
 
Entomologia Forense Aplicada 
 A entomofauna cadavérica apresenta diversas aplicações, podendo ser empregada para elucidar 
inúmeras questões de interesse policial e judicial. Na Entomologia Forense Médico-Legal (ou médico-
criminal), os insetos são utilizados na prática principalmente para estimar o intervalo pós-morte (IPM), a qual 
estudaremos em outro tópico. Quais outras aplicações os vestígios entomológicos apresentam? 
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 CASOS DE NEGLIGÊNCIA, ABANDONO E MAUS-TRATOS: insetos, principalmente as moscas são 
atraídas por ferimentos, pelas fezes e urina existentes nas fraldas de uma criança ou idoso, por exemplo. A 
constatação de larvas (e de seu ciclo de vida) evidencia o período mínimo pelo qual a vítima vem sofrendo 
sem higienização adequada e maus-tratos. Quando o tempo de morte estimado pelos insetos encontrados 
não corresponde aos outros fenômenos cadavéricos (sendo maior do que a data da morte, no caso), é possível 
suspeitar da ocorrência de negligência e que a vítima se encontrava desprovida de cuidados básicos. O 
mesmo princípio se aplica aos animais em crimes contra a fauna (crimes ambientais). 
 
 DESLOCAMENTO DO CORPO: a comparação entre a diversidade da entomofauna presente em um 
corpo e daquela observada na região geográfica onde o cadáver se encontra pode fornecer elementos 
importantes sobre a movimentação do corpo. O endemismo (distribuição geográfica da espécie de inseto) da 
composição entomofaunística de uma região pode indicar se um corpo foi deslocado de um local para o 
outro, até mesmo da zona urbana para a zona rural (ou vice-versa), ao se identificar as espécies de insetos e 
os seus respectivos hábitos e habitats. A presença de alguma fase do ciclo biológico de determinada espécie 
de inseto no criminoso, em sua residência, veículo etc., pode também vinculá-lo ao local de crime de certa 
forma. 
 
 IDENTIFICAÇÃO DA VÍTIMA E DO CRIMINOSO: é possível realizar a identificação da vítima a partir do 
levantamento de perfil genético (genotipagem de DNA) humano extraído do conteúdo gástrico das larvas de 
insetos necrófagos que estavam (ou estão) se alimentando de seus tecidos sem vida. 
 Pelo mesmo princípio, em casos de estupro ou de outro crime correlato contra a dignidade sexual, é 
possível identificar a autoria do crime pelo levantamento do perfil genético do suspeito, a partir das larvas que 
se alimentaram do sêmen (ou outro vestígio biológico). 
 O perfil genético humano também pode ser levantado em mosquitos hematófagos presentes em locais 
de crime! O mosquito, ao sugar o sangue de uma pessoa, carrega consigo o seu DNA. Tal aplicação pode 
apresentar potencial em casos de sequestro, por exemplo, o qual a vítima fica com um agressor 
(sequestrador) por período indefinido em locais geralmente fechados e isolados, assim como em casos de 
cárcere privado, dentre outros. Portanto, a caracterização de material genético humano encontrado em trato 
digestivo de artrópodes hematófagos e necrófagos é possível e apresenta potencial de aplicação forense. 
 
 LESÕES POST MORTEM: os insetos necrófagos provocam lesões no cadáver que pode confundir com 
as lesões causadas quando em vida (com relação com o fato) e a determinação da causa-mortis, induzindo o 
perito a realizar interpretações equivocadas. Por isso, é de suma importância interpretar corretamente as 
lesões para uma adequada diagnose diferencial. Em exemplo de caso, o ácido fórmico (ácido metanoico) de 
formigas que se alimentavam de um cadáver já foi confundido com a ação do ácido sulfúrico (agente 
químico), direcionando os trabalhos de forma equivocada. 
 Além disso, os insetos necrófagos podem mascarar a presença de lesões; assim como sinais de 
identificação, como tatuagens, marcas, cicatrizes, dentre outras, atrapalhando a identificação da vítima. 
 
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 ENTOMOTOXICOLOGIA: 
 A Entomologia Forense também pode estar associada à Toxicologia Forense. A Entomotoxicologia é 
uma subárea da Entomologia Forense que estuda a aplicação de insetos necrófagos na análise toxicológica, 
buscando identificar e quantificar determinadas substâncias químicas presentes em determinado tecido da 
vítima. Em cadáveres em avançado estado de putrefação, amostras do corpo podem se tornam inviáveis para 
a pesquisa toxicológica, e os insetos que se alimentam da carcaça tornam-se importantes neste contexto, 
uma vez que introduzem drogas e toxinas em seu metabolismo que foram ingeridas pelo indivíduo quando 
em vida. 
 A identificação de contaminantes do meio ambiente em crimes ambientais também é possível de ser 
efetuada a partir do corpo dos insetos presentes na área de interesse pericial. Outra aplicação interessante 
seria o levantamento de resíduos de tiro (partículas do elemento chumbo, por exemplo) a partir de larvas 
necrófagas que se alimentaram de ferimento de entrada provocada por projétil de arma de fogo (PAF) no 
cadáver. 
 Além disso, a Entomotoxicologia também busca investigar os efeitos causados por diferentes 
substâncias químicas no desenvolvimento (ciclo de vida) dos insetos, as quais podem acelerar ou retardar seu 
ciclo biológico, influenciando na precisão da estimativa do intervalo pós-morte (IPM) a partir de dados 
entomológicos. 
 
 Apesar da história da Entomologia Forense aplicada se iniciar no século XIII, esta Ciência apresenta 
pouco mais de cem anos no Brasil. A consolidação da Entomologia Forense no Brasil ainda depende da 
interação dos trabalhos dos acadêmicos com a realidade da demanda da polícia judiciária. Muita pesquisa 
ainda é necessária, assim como aplicação prática a ser adotada pelos órgãos de perícias oficiais brasileiros. 
 Para que os vestígios entomológicos sejam mais valorizados para o levantamento de elementos de 
interesse forense na busca pela verdade dos fatos, diversos fatores devem ser levados em consideração, 
podendo citar o aumento de financiamento para mais pesquisas e eventos científicos; conscientização dos 
órgãos investigativos sobre a importância dos “insetos peritos” e formação de recursos humanos 
especializados para a aplicação em casos concretos. 
 
Coleta de Vestígios Entomológicos 
 Tudo começa com a adequada coleta dos vestígios entomológicos para possibilitar a realização dos 
exames periciais. Coletas de espécimes inadequadas podem resultar em conclusões inadequadas de todo o 
trabalho. Por isso, mesmo que o perito criminal de local não tenha formação específica na área de Ciências 
Biológicas, ainda assim é fundamental possuir os conhecimentos de levantamento de local e de manejo dos 
vestígios entomológicos para os trabalhos subsequentes do perito criminal de laboratório. Vamos estudar os 
principais procedimentos que todo concurseiro da área precisa saber. Bora lá! 
 
 Em locais com vítimas fatais é muito comum observar a presença de pelo menos moscas (adultos) 
sobrevoando o(s) corpo(s), ou a presença de alguma fase do ciclo biológico de insetos no cadáver. Na 
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fotografia abaixo, os “pontinhos” escuros na camiseta vermelha são inúmeras moscas! E a “coroa” 
circundando a cabeça da vítima são massas de ovos de moscas! As moscas ovipositam massas de ovos 
contendo dezenas de ovos por vez. 
 
 
 
 OVOS 
 Os ovos serão importantes apenas se não tiver nenhuma larva presente no corpo! O corpo ainda 
estará fresco e nenhuma larva terá eclodido. A coleta das massas de ovos deve ser realizada por meio de 
pinceis, em virtude da fragilidade das amostras, e se recomenda a utilização de um recipiente com papel filtro 
umedecido para o acondicionamento, uma vez que os ovos precisam de umidade para não provocar o 
ressecamento. 
 Os ovos devem ser mantidos em placas de Petri revestida com papel filtro umedecido até a eclosão 
das larvas. Após a eclosão das larvas, é fundamental oferecer alimento para promover o 
desenvolvimento dos espécimes coletadas. O principal alimento oferecido para criação é a carne moída 
crua de origem bovina. Em todo o processo de criação, condições adequadas devem ser mantidas para o 
desenvolvimento do inseto, como temperatura, umidade e fotoperíodo (quantidadede luz e escuro). 
 
 LARVAS 
 As larvas e as pupas podem ser coletadas por meio de pinceis ou pinças. Dependendo do objetivo do 
exame pericial, os instrumentos devem ser estéreis para não contaminar as amostras. As larvas ficam 
concentradas em massas larvais no cadáver, como em mucosas, orifícios naturais e em lesões, sendo 
importante a coleta nas diferentes regiões anatômicas. A coleta deve ser representativa e o perito 
coletor deve se atentar aos diferentes morfotipos de larvas e pupas e principalmente pelas suas 
dimensões. 
 Larvas muito pequenas geralmente devem ser evitadas quando há a presença de larvas maiores. Larvas 
maiores podem estar em estádios mais avançados (L2 e L3), podendo ser mais antigas (maior idade), uma vez 
que a estimativa adequada do intervalo pós-morte mínimo (IPMmín) é calculado a partir da maior idade dos 
imaturos. Entretanto, cada espécie possui um tempo diferente de desenvolvimento, sendo que uma larva 
menor de determinada espécie pode ser mais antiga do que uma larva de dimensão maior (instar mais 
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avançado). Por isso é importante que o perito colete diferentes morfotipos de larvas (sugerindo a 
presença de diferentes espécies) e que a coleta seja representativa para a análise adequada do perito 
entomologista forense, visando à estimativa do IPM. 
 
 
 
 Após a coleta, sempre se deve anotar a procedência dos espécimes (local ou região anatômica onde 
foram coletadas). Na presença de menos de 100 larvas no cadáver, todas devem ser coletadas. Em 
grandes quantidades, recomenda-se a coleta de 1 a 10% do total de larvas e de pontos distintos. As larvas 
coletadas devem ser contadas, as dimensões e pesos aferidos, e aproximadamente metade morta em água 
quente (para não desidratá-la ou prejudicar características morfológicas) e preservadas em frascos contendo 
álcool 70%. 
 As larvas vivas devem ser acondicionadas em potes contendo alimento (carne moída crua 
umedecida, de origem bovina, ou outro tipo de dieta natural ou artificial descrita em literatura) e 
vermiculita para a pupação subsequente, sendo tampados por meio de gaze ou voile (tipo de tecido) 
permitindo a ventilação e a troca gasosa com o meio. A criação deve ser realizada até a fase adulta para 
auxiliar na identificação da espécie e para o cálculo do IPM. Na pior das hipóteses, se os indivíduos morrerem 
antes de atingirem à fase adulta, ainda teremos as larvas conservadas em álcool para proceder com a 
identificação e a estimativa do IPM por meio de outra metodologia. 
 Além da coleta no local de crime pelo perito criminal, recomenda-se também a coleta de larvas e/ou 
pupas no IML pelo Médico-Legista, observando sempre as vestes da vítima e o saco de cadáver a procura de 
espécimes para a coleta. Na presença de larvas no cadáver, o auxiliar de necropsia e o médico-legista não 
devem lavar o corpo antes dos procedimentos de coleta dos vestígios entomológicos. 
 
 PUPAS E ADULTOS 
 Na presença de pupas, o perito deve se atentar para a sua coleta, além das larvas maiores para a 
determinação da idade mais antiga. Biologicamente, a larva de mosca quando está próxima à pupação, a 
larva cessa a alimentação, sai do cadáver e se enterra no solo para pupar em condições de escuro e variáveis 
ambientais favoráveis. Portanto, para a procura de pupas deve-se realizar a coleta de amostras de solo. 
 Não há uma regra, mas geralmente o perito coleta amostras de solo em um raio de até 6 metros 
geralmente ao redor do cadáver e em uma profundidade média de 10 cm. As amostras de solo são 
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acondicionadas em invólucros ou potes para proceder com o peneiramento em busca de pupas. As pupas 
devem ser acondicionadas em frascos contendo vermiculita até a emergência do adulto. Nesta fase, o inseto 
não se alimenta. 
 Os adultos também podem ser coletados no local de crime, mas apresentam pouca informação se for 
para a estimativa de IPM. Geralmente a coleta ocorre por meio de redes entomológicas e os espécimes 
devem ser conservados em frascos fechados contendo álcool a 70%, a não ser que a coloração do inseto seja 
importante para a sua identificação. Além do álcool, já foi descrito como solução para armazenamento de 
amostra o KAA (100 mL de etanol a 95%, 20 mL de ácido acético glacial e 10 mL de querosene), sendo o álcool 
a 70% melhor para esta finalidade. O adulto recém-emergido é importante e deve ser coletado! As moscas 
quando emergem das pupas apresentam coloração mais clara e as asas ainda não estão totalmente 
distendidas. O escurecimento da cutícula do inseto leva um tempo e é realizado por meio da ação do 
hormônio denominado bursicônio. 
 Quando no local de crime há presença de pupários vazios, indicando a presença de inúmeras gerações 
de insetos colonizando a carcaça, a estimativa de IPMmín pode ser dificultada para se determinar qual inseto é 
o mais antigo. Neste caso, o perito especialista na área deve aplicar seus conhecimentos entomológicos para 
a realização da estimativa por meio da entomofauna necrófaga e os padrões de sucessão cadavérica 
presentes na região de estudo. Neste caso, os insetos adultos são importantes para a análise. 
 Em todos os casos, o perito deve aferir a temperatura e a umidade do local, geralmente por meio de 
emprego de data logger. Se as larvas forem coletadas quando agrupadas, a temperatura da massa larval 
deve ser aferida (pode ser de até 10ºC ou mais em relação à temperatura ambiental). Se as pupas forem 
coletadas no solo, a temperatura do solo deve ser aferida. Na maioria dos casos, o perito realiza um 
levantamento da temperatura média de cada dia (temperatura mínima + temperatura máxima/2), durante 
determinado período, por meio de estações meteorológicas da região. 
 
Estimativa de Intervalo Pós-Morte (IPM) 
IPM Mínimo 
 A oviposição por espécies de moscas pode ocorrer logo após a morte ou exposição de um cadáver. 
Conhecendo a espécie, sabendo o estágio de desenvolvimento do inseto e a temperatura ambiental durante o 
ciclo biológico, é possível estimar este tempo transcorrido entre a morte de um indivíduo até o seu encontro 
ou exame pericial. Este intervalo é denominado de intervalo pós-morte ou pela sigla IPM, para os íntimos. 
 Biotanatologia é como também pode ser chamado o estudo da morte associada à fauna cadavérica. A 
estimativa do IPM a partir de dados entomológicos pode ser mais preciso do que a estimativa baseada pelos 
métodos tradicionais, focados nos fenômenos cadavéricos, principalmente quando transcorrido um 
determinado tempo do fenômeno putrefativo. Basicamente, referida estimativa apresenta dois métodos 
principais: o IPM mínimo e o máximo. 
 Durante a fase inicial da putrefação, o cálculo pode ser realizado principalmente a partir da idade 
das larvas de moscas mais antigas. Portanto, a idade dos imaturos irá nos fornecer o IPM mínimo 
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(IPMmín). Já o IPM máximo (IPMmáx) é estimado pelo padrão de sucessão da entomofauna que coloniza a 
carcaça em diferentes períodos ao longo do processo de decomposição. 
 O IPMmín pode ser estimado pelo cálculo de GRAUS-DIA ACUMULADOS (GDA) ou pelo PERÍODO DE 
ATIVIDADE DO INSETO (PAI) sobre o cadáver. O método de estimativa do IPM pelo GDA é o mais realizado 
e cobrado nos concursos, sendo que o candidato precisa calcular o GDA ou duração do desenvolvimento do 
inseto (estudaremos adiante, praticando com questões). Na prática, tal método é mais aplicado nos países do 
Hemisfério Norte (clima temperado), por causa da menor variação de temperatura. Já o método do PAI 
realiza um estudo do ciclo de vida da espécie do inseto e dos fatores ambientais que influenciam diretamente

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