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1 → Doença infectocontagiosa crônica. → Pode ser causada por uma das sete espécies do gênero Mycobacterium, sendo o principal: Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch). → Bacilo álcool-ácido-resistente (BAAR). → É a doença mais comum na humanidade. → A maioria dos casos ocorrem: o Ásia (55%); o África (33%). → Menor percentual: o Europa (5%); o América (3%). → É a doença infecciosa mais frequente em pessoas HIV positivo, tendo grande impacto na qualidade de vida. → A tuberculose multirresistente (MDR) está em constante evolução e se apresenta como uma ameaça, representando 5% do total de casos mundiais. → O Brasil está na 18° posição internacional – o Amazonas concentra o maior número de casos. → A tuberculose se concentra nos grandes aglomerados urbanos, em locais de pobreza. → Muito comum em presidiários. → Pessoas com HIV: o Devido agravamento da imunossupressão. o Cerca de 28x mais chance de contrair a tuberculose que a população em geral. → Idade <2 anos e >60 anos: o Sendo em idosos a maior mortalidade, devido as dificuldades de diagnóstico precoce e a presença de outras comorbidades. → Pessoas vivendo em situação de rua; → Presidiários: o Maior frequência das formas resistentes da tuberculose. o Diagnóstico e tratamento tardios além de uma má adesão ao tratamento. o Fatores individuas da vida antes de preso: ▪ Baixa escolaridade; ▪ Uso de drogas; ▪ Infecção pelo HIV; ▪ Dificuldades de acesso ao serviço de saúde. o Fatores da vida na prisão: ▪ Celas superlotadas; ▪ Mal ventiladas; ▪ Pouca iluminação solar; ▪ Exposição frequente a bacilos. → Condições econômicas e de higiene desfavoráveis: o A pobreza reduz o acesso aos serviços de saúde, prolongando o período de transmissão e aumentando o número de infectados; o O déficit nutricional afeta o sistema imunológico; o Em países europeus a mortalidade por TB aumentou durante a Primeira Guerra Mundial, pela redução acentuada de ingestão calórica; o Pessoas com baixo peso (IMC < 18,5 Kg/m²) têm um risco maior para TB; o A dieta vegetariana foi reconhecida como um fator de risco para a TB. → Tabagismo: o Responsável pelo maior risco de desenvolver a tuberculose, entretanto seu maior problema está no agravamento da doença; o Sendo o risco de morte por tuberculose nos tabagistas cerca de 8x maiores que no restante da população; o Patogênese: fumaça do cigarro: ▪ disfunção ciliar; ▪ uma resposta imune reduzida; ▪ defeitos na resposta imune dos macrófagos. o Patogênese: a nicotina: ▪ reduz a produção de TNF-α pelos macrófagos; ▪ Atrapalhando na resposta protetora do organismo e favorecendo o desenvolvimento da tuberculose. 2 → Diabetes Mellitus: o Maior risco de uma tuberculose pós- primaria; o Não se sabe exatamente as causas; o Chance de 2 a 8 vezes maior de contrair tuberculose do que aqueles sem DM. → Álcool: o Danos ao fígado e deficiência nutricional; o Fatores sociais como aglomeração, falta de moradia e prisão; o O álcool diminui a resposta imune, aumentando a suscetibilidade a doenças respiratórias. → Uso de drogas ilícitas: o Mudança da via de administração das drogas, preferindo a inalação; o Intensa exposição a drogas que podem causar complicações pulmonares: ▪ Edema pulmonar; ▪ Hemorragia alveolar; ▪ Asma; ▪ Pneumonias. o Questões socioeconômicas: ▪ Estilo de vida (alimentação, sono, hábitos sexuais); ▪ Isolamento em ambientes fechados para o consumo das drogas (aglomeração); ▪ A desnutrição; ▪ A infecção por HIV. o O uso de drogas, relacionou-se: ▪ Atrasos no diagnóstico e no tratamento da tuberculose. ▪ Assim como, maiores taxas de abandono do tratamento. ▪ E do surgimento de cepas mais resistentes aos fármacos. → Agente etiológico: Mycobacterium tuberculosis. → Bactéria: o Bacilos finos e curvos; o Não formadores de esporos; o Reprodução longa. → É um bacilo álcool-ácido-resistente (BAAR): o São bacilos com alto teor de lipídeos na parede celular, causando uma grande hidrofobicidade. o Isso diminui a permeabilidade aos antibióticos e facilita a sobrevivência do bacilo. → Devido ao crescimento lento, a doença se manifesta de lenta e crônica. → Transmitido por via aérea de uma pessoa bacilífera (aquela que elimina bacilos) para outro pessoa, ainda não infectada. → Os bacilos eliminados ficam suspensos em partículas no ar. → A pessoa bacilífera pode infectar de 10 a 15 pessoas em média. → Com o início do tratamento a transmissão cai gradualmente. PARTE 1 → Quando inalados, os bacilos se fixam na bifurcação dos árvore traqueobrônquica, sendo eliminados pelo sistema de defesa mucociliar. → Alguns bacilos vencem essa barreia e se localizam no trato respiratório inferior, principalmente no interior dos alvéolos. PARTE 2 → Nos alvéolos, o bacilo é fagocitado pelos macrófagos do local. → Entretanto, esses macrófagos não conseguem destruir o bacilo, que, então, se prolifera dentro do macrófago. → Com um grande número de bacilos, a célula se rompe, liberando os bacilos para infectar outros macrófagos. → Esse processo pode ocorrer nos linfonodos e na corrente sanguínea. PARTE 3 → Após aproximadamente 3 semanas, se instala a ativação da resposta Th1. → A resposta Th1 irá produzir o IFN-y que irá estimular a destruição do macrófago infectado, destruindo com ele os patógenos intracelulares (bacilo da tuberculose). → Com isso, iremos observar a formação de um granuloma e posterior necrose caseosa. • GRANULOMA: agrupamento de células de defesa que tentam conter os patógenos, com intuito de que 3 a reação não atinja os demais tecidos e nem se dissemine. • NECROSE CASEOSA: coleção de células rompidas e fragmentadas dentro de uma borda inflamatória nítida. (macroscópico: aspecto de queijo) → A maioria dos indivíduos imunocompetentes irá passar por essa infecção sem o desenvolvimento da forma ativa da doença. → 5% irá manifestar a doença, o que é chamado de tuberculose primária. → E há os indivíduos que não manifestarem a doença e entrarão em estado de latência. → Futuramente poderá ocorre uma reativação desses bacilos, por questões imunológicas, comorbidades ou sem causa aparente. Sendo chamada de tuberculose pós-primaria. RESUMO: → Formas de apresentação da tuberculose: o Tuberculose primária; o Tuberculose primária progressiva; o Tuberculose pós-primária; o Tuberculose miliar. Tuberculose Primária: → Ocorre dentro dos três ano da infecção primária. Principalmente no primeiro ano. Tuberculose Pós-primária: → Ocorre 3 anos após a primeira infecção, por reativação do foco latente. TUBERCULOSE PRIMÁRIA → Comum em crianças de 2 a 12 anos. → Apresenta: o Febre baixa (38 a 39°C), com duração entre 15 dias a 3 meses; o Tosse seca. → O estado geral está preservado. → Em muitos casos é confundida com uma gripe prolongada. Achados radiológicos: → Adenopatia hilar. → Comum no lobo médio do pulmão direito. → Os achados radiológicos podem desaparecer em 6 meses a 1 ano, independente de tratamento. Complicações: → Atelectasia - parte de um pulmão fica sem ar e entra em colapso; → Pneumonia tuberculosa; → Evolução para a forma miliar; → Evolução para a forma primária progressiva. TUBERCULOSE PRIMÁRIA PROGRESSIVA → Evolução da tuberculose primária. → Ocorre aumento da área de inflamação com 4 granuloma e exsudativa. → Causado devido uma grande quantidade de bacilos ou as defesas imunológicas deprimidas. TUBERCULOSE PÓS-PRIMÁRIA → Ocorre por reativação do bacilo que estava latente ou por uma reinfecção. → Sintomas: o Tosse crônica (>3 semanas) – seca ou mucoide, associada a hemoptoicos (sangue). o Perda ponderal de peso. o Febre vespertina (38 a 39°C). o Sudorese noturna. o O exame laboratorial pode revelar anemia ferropriva. TUBERCULOSE MILIAR → A tuberculose miliar recebe esse nome por causa das incontáveis lesões minúsculas que se formam nos pulmões do tamanho do milho-painço, as sementinhas redondas na ração de passarinhos. → A tuberculose miliar pode afetar um ou vários órgãos ou ocorrer por todo o corpo. Mais frequentemente ela afeta os pulmões, o fígado e a medula óssea, mas pode afetar qualquer órgão, incluindo os tecidos que recobrem o cérebro e a medula espinhal (meninges) e a membrana de duas camadas ao redor do coração (pericárdio). → Pode ocorrer na evolução da tuberculose primária e pós-primária. → É mais comum: o Em crianças < 2 anos; o Não vacinadas com BCG; o Pacientes com imunodepressão. → Quadro clínico: o Febre; o Tosse; o Emagrecimento; o Sudorese noturna. → Exame físico: o Hepatomegalia; o Acometimento do SNC; o Lesões cutâneas eritemato-pápulo-máculo- vesiculosas. → Se não tratada precocemente pode levar o paciente à morte. O diagnóstico é feito em algumas etapas: → Suspeita clínica: o Sintomático respiratório → com tosse de > 3 semanas. → Confirmação de diagnóstico: o Baciloscopia; o Cultura; o Teste rápido molecular. → Exames complementares: o Radiografia de tórax; o TC de tórax; o Broncoscopia; o Sorologia para HIV. BACILOSCOPIA → Baciloscopia do escarro: o Coletado 2 amostras – 1 no momento da consulta e 1 na manhã seguinte. → Pesquisa-se o BAAR (bacilo álcool ácido 5 resistente), pelo método Ziehl-Nielsen. → É a técnica mais empregada em nosso meio, diagnostica de 60 a 80% dos casos de tuberculose pulmonar em adultos e crianças. CULTURA → Alta sensibilidade e especificidade. → A identificação da espécie é feita por métodos bioquímicos e fenotípicos. → Pode demorar de 2 a 8 semanas para o resultado. → A cultura confirma o resultado de micobacteriose, sendo necessário teste adicional para identificar o patógeno específico. TESTE RÁPIDO MOLECULAR (TRM) → Método de escolha para a pesquisa do bacilo em adultos e adolescentes; → Utiliza uma única amostra de escarro e a técnica do PCR; → Alta sensibilidade e especificidade com resultado rápido (2h). → Detecta a resistência à rifampicina, um dos antibióticos usado no tratamento. RADIOGRAFIA → A radiografia é auxiliar no diagnóstico de tuberculose, sendo justificado sua solicitação rotineira em todos os casos suspeitos. → Nestes pacientes, detecta vários padrões sugestivos de tuberculose: cavidades, nódulos, consolidações, processo intersticial (miliar), derrame pleural e alargamento do mediastino. Adenopatia hilar: → Característico da tuberculose primária; Escavação: → Lesão com centro escuro e periferia densa; → Pensar nos diagnósticos diferenciais: tuberculose, abscesso (líquido presente) ou neoplasias (mais espesso e irregular a parede). 6 Tuberculose Primária: → O processo inflamatório granulomatoso, pode se manifestar como uma opacidade (nódulo ou consolidação) chamada nódulo de Ghon ou nódulo primário. → Complexo primário ou complexo de Ranke: consiste em um nódulo pulmonar calcificado associado ao linfonodo hilar do mesmo lado também calcificado. Nódulo de Ghon: Complexo de Ranke: → Cavidades, consolidações, massas, nódulos ou opacidades reticulo-nodulares podem ser as apresentações radiográficas da doença. → Na TB miliar, opacidades difusas micronodulares no raio-x podem aparecer no parênquima pulmonar, devido à disseminação hematogênica. Tuberculose Pós-primária: → As alterações são semelhantes à forma anterior, com predileção por lobos superiores e partes superiores dos lobos inferiores. → Nódulos, massas e cavitações podem aparecer com a confluência de granulomas múltiplos. → Com a cura, essas cavidades cicatrizam e geram calcificações ou retrações do parênquima. → Em idosos e diabéticos, as cavitações tendem a aparecer relativamente com mais frequência em lobos inferiores 7 → Outros achados são o espessamento da parede brônquica e o aspecto de “árvore em brotamento”. Árvore em brotamento: PROVA TUBERCULÍNICA (PPD) → PPD (prova de Mantoux), identifica a memória imunológica, ou seja, se já entramos em contato com o mycobacterium. → A prova é realizada através da injeção de um derivado proteico purificado do M. tuberculosis (PPD – Purified Protein Derivate). → Pessoas infectadas pelo BK desenvolvem, após 2- 10 semanas, uma memória imunológica pela seleção de linfócitos T helper (CD4+) específicos contra o BK. → A partir desse momento, ao injetarmos o PPD na derme do paciente, surge uma lesão indurada e eritematosa cerca de 48-72h após a injeção. Essa lesão é explicada pois os linfócitos T helper específicos contra o BK determinaram uma reação tipo IV (hipersensibilidade tardia) naquele local. → A prova tuberculínica é feita com a administração intradérmica de 2 UT (“Unidades Tuberculínicas”) no 1/3 médio da face anterior do antebraço esquerdo, equivalente a 0,1 ml da solução padrão utilizada no Brasil (PPD -RT 23). → A leitura é feita 48-72h após medindo-se o tamanho da induração, e não do eritema. 8 Fluxogramas do Diagnóstico → O conceito de CASO NOVO é aquele paciente que nunca fez nenhum tratamento para Tuberculose, ou o fez por um tempo inferior a 30 dias. → Os principais exames que farão parte desse fluxograma diagnóstico são o TRM (Teste Rápido Molecular) a Baciloscopia, e a Cultura + TSA (Teste de Sensibilidade à Antimicrobianos). → Tendo o exame disponível, o primeiro exame a ser solicitado para CASOS NOVOS É O TRM. Caso haja a identificação do microrganismo, devemos ver se há ou não resistência à Rifampicina, que é um teste também identificado no exame. SE NÃO HOUVER RESISTÊNCIA À RIFAMPICINA, devemos começar a tratar de cara com o esquema básico e solicitar cultura e TSA. SE TIVER ALGUMA RESISTÊNCIA À RIFAMPICINA, devemos também solicitar a cultura e o TSA porém, como não poderemos realizar o esquema básico, é importante referenciar para o sistema terciário da atenção para realizar os procedimentos adequados. → Caso o TRM dê negativo, teremos que avaliar se o paciente está apresentando sintomas ou não: Se ele tiver SEM SINTOMAS, tuberculose descartada. Se ele tiver COM SINTOMAS, solicita a cultura com o TSA e pede outros exames, como a Radiografia de Tórax para analisar outras condições possíveis. 9 → RETRATAMENTO serão aqueles pacientes de recidiva após um tratamento completo, ou aqueles que reingressaram no tratamento após algum abandono, mas o fizeram por mais do que 30 dias. → Em casos de retratamento, em que o indivíduo já possuiu alguma história de tuberculose, o TRM deixa de ser o exame da linha de frente sozinho, visto que ele provavelmente dará positivo, já que mesmo não mais em atividade, o DNA do M. tuberculosis seria identificado. Adicionamos, então, a Baciloscopia, que trará informações sobre uma infecção ativa, sendo mais útil nesses casos. BACILOSCOPIA POSITIVA → Caso a Baciloscopia venha positiva, partimos para avaliar o TRM. Ele vindo positivo, teremos que analisar a presença ou não de resistência e seguir o mesmo protocolo visto nas situações de Caso Novo. → Caso venha negativo (o TRM), procederemos da mesma forma (cultura + esquema básico do tratamento), visto que é um caso de Tuberculose Provável, uma vez que a Baciloscopia foi positiva. BACILOSCOPIA NEGATIVA → Se a Baciloscopianegativa, partimos para avaliar o TRM. → Se ele estiver positivo, temos que esperar a cultura e o TSA e não inciaremos o esquema básico, visto que pode ser aquela situação em que o paciente possui o M. turberculosis, mas não tem infecção ativa. → Se o TRM vier negativo também, só continuaremos a investigação se o paciente apresentar sintomas. Caso contrário, apenas aguardaremos o resultado da cultura e do TSA. 10 → A tuberculose é uma doença grave, porém curável em praticamente 100% dos casos. → O tratamento é dividido em duas fases: o Fase intensiva – objetivo de diminuir a população de bacilos, incluindo os resistentes. o Fase de manutenção – eliminação dos bacilos latentes e diminuir as chances de recidiva. ESQUEMA DE TRATAMENTO → (R) – Rifampicina; → (H) – Isoniazida; → (Z) – Pirazinamida; → (E) – Etambutol. Esquema Básico para o tratamento de adultos e adolescentes (≥ 10 anos de idade): 2RHZE/4RH ✓ Fase intensiva: 2meses de RHZE. ✓ Fase de manutenção: 4 meses de RH. Esquema de tratamento para crianças (< 10 anos de idade): ✓ Fase intensiva: 2 meses de RHZ; ✓ Fase de manutenção: 4 meses de RH. Efeitos Colaterais: → Os efeitos menores não indicam suspensão do tratamento, sendo remanejados conforme a necessidade. → Enquanto isso, os efeitos maiores devem levar a suspensão do medicamento. VACINA BCG → A vacina BCG protege contra a tuberculose. → A sigla “BCG” vem de “bacilo de Calmette & Guérin”, que são os sobrenomes dos criadores. Os cientistas criaram a vacina em 1921 e até hoje ela é utilizada, protegendo contra essa infecção que pode se tornar meningite tuberculosa ou tuberculose miliar, quadros considerados sérios. → Ela não tem 100% de eficácia, mas, uma vez administrada por grande quantidade de pessoas, consegue proteger toda a população. A taxa de mortalidade caiu 8% em uma década no Brasil e hoje vemos cerca de 70 mil casos anuais, com alta chance de recuperação. → Segundo o Ministério da Saúde, a BCG faz parte do calendário vacinal: Dose Única: recém-nascidos acima de 2 kg. A vacina é indicada para crianças da faixa etária de 0 a 4 anos, sendo idealmente ministrada logo após o nascimento, ainda na maternidade e ou na primeira visita ao serviço de saúde.
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