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INOVAÇÕES CIENTÍFICAS E TECNOLÓGICAS EM ESTÉTICA E COSMÉTICA Soraya Juliane da Silva Inovação: conceitos fundamentais Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Explicar o conceito de inovação. � Indicar os diferentes tipos de inovação. � Analisar as contribuições trazidas pelos tipos de inovação. Introdução O cenário organizacional contemporâneo é caracterizado por recorrentes transformações sociais, econômicas e tecnológicas, que representam inúmeros desafios às empresas. Com frequência, empresários questionam- -se sobre: como fazer minha empresa crescer? Como superar as crises? Como vencer a concorrência? Como sobreviver no mercado? Para essas e outras questões, há uma resposta contundente: por meio da inovação. O processo da inovação consiste em um poderoso recurso para a construção de vantagens competitivas. Para as empresas, inovar não inclui apenas a oportunidade de crescer e sobreviver, mas também de influen- ciar decisivamente os rumos da indústria em que se insere. Embora seja um tema de inegável importância, é fato que ainda se observam muitas dúvidas e imprecisões quanto ao conceito de inovação e a abrangência que ela possui. Neste capítulo, você compreenderá o que é inovar, quais são os dife- rentes tipos de inovação existentes e as principais contribuições geradas pela prática da inovação. Inovação: definições e importância Caso você tenha nascido antes do ano 2000, a história a seguir terá traços de nostalgia. Se for mais jovem, observará um exemplo de como a falta de inovação e de atenção às mudanças pode ser fatal a uma empresa. Há alguns anos, quando se desejava assistir a um filme, era necessário: � ir a uma videolocadora; � analisar as opções de filmes disponíveis (verificando inclusive se o VHS ou o DVD já não havia sido locado por outra pessoa); � devolver o filme na data estipulada, para não pagar multa. E, no caso do VHS, a fita precisava estar devidamente rebobinada. O modelo de negócio relacionado à locação de filmes foi, por muitos anos, bastante promissor e rentável, tendo como referência no segmento a empresa norte-americana Blockbuster — uma franquia que atingiu bilhões de dólares em valor de mercado, com mais de 9 mil lojas espalhadas pelo mundo, inclusive no Brasil. Um dos clientes da Blockbuster era o americano Reed Hastings. Em 1997, ele precisou pagar à rede de locadoras uma multa de US$40 por ter devolvido com atraso um DVD do filme “Apollo 13”. Esse episódio foi o estopim para que Hastings, em sociedade com Mark Randolph, criassem uma empresa com o seguinte propósito: alugar filmes pelo correio, mediante o pagamento de uma taxa fixa, sem cobrança de multas ou data fixa para entrega. O nome escolhido para a nova empresa: Netflix. Apesar de considerada inovadora para a época, a empresa inicialmente não decolou. Com dificuldades financeiras, no ano 2000, os proprietários da Netflix tentaram vender 95% da companhia para a própria Blockbuster, com a proposta de agir como um serviço de entrega de DVDs pelo correio da então gigante das locadoras. O negócio não foi aceito. A sorte mudou apenas em 2005, quando a Netflix deixou de alugar DVDs pelo correio e entrou no serviço de streaming de filmes e outros conteúdos audiovisuais. A partir de então, o crescimento foi vertiginoso, colocando a Netflix como uma das gigantes do mundo do entretenimento. E a Blockbuster? Após muita resistência em reconhecer os impactos que os novos cenários — e concorrentes — traziam para os negócios, a Blockbuster tentou capitalizar as novas tecnologias. Já era tarde: a empresa viu seu destino fadado à falência. O caso relatado, envolvendo as trajetórias e os destinos da Blockbuster e da Netflix, ilustra adequadamente as questões listadas a seguir, levantadas por Tidd e Bessant (2015). Inovação: conceitos fundamentais2 � A inovação é frequentemente a característica mais importante associada ao sucesso. � Empresas inovadoras normalmente atingem um crescimento maior ou são mais bem-sucedidas do que aquelas que não inovam. � Empresas que ganham participação de mercado e lucros crescentes são aquelas que inovam mais. Assim, compreender o que é inovação e de que forma ela ocorre nunca foi tão importante. Ainda que, conforme destacado por Trott (2012), o desafio da inovação não seja novidade, uma vez que as empresas sempre precisaram pensar em mudanças para aquilo que oferecem ao mundo e nas maneiras de fazê-lo, aspectos como globalização, mudanças sociais e avanços tecnológicos têm tornado a inovação um imperativo de competitividade e sobrevivência. Todavia, o que é, de fato, inovar? Apesar da imensa importância que o tema possui, o conceito de inovação ainda levanta dúvidas entre pesquisa- dores, e tem sido pouco compreendido por gestores de empresas (DI SERIO; VASCONCELLOS, 2009). Embora haja um forte consenso quanto ao fato que a inovação está relacionada a “algo novo”, existe considerável discordância sobre o que pode ser considerado “novo”, abrindo margem para conceituações divergentes (MOREIRA; QUEIROZ, 2007). Uma das principais referências na literatura sobre inovação é o Manual de Oslo que define inovação da seguinte forma: Inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou signi- ficativamente melhorado, de um processo, de um novo método de marketing, de um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas, ou ainda a reorganização de parte/toda a instituição (ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DE- SENVOLVIMENTO ECONÔMICO — OECD, 1997, p. 55). Assim, para ser considerada como tal, uma inovação deve ter sido imple- mentada, ou seja, um produto novo somente receberá o status de inovação quando for introduzido no mercado, apresentando resultados econômicos para a empresa. Além disso, o requisito para que um produto, processo, método de marketing ou organizacional seja considerado inovador é que seja novo — ou significativamente melhorado — para a empresa. Isso inclui produtos, processos e métodos inéditos a todo o mercado, mas também aqueles que já foram adotados por outras organizações, porém são novos para a empresa em questão (PROENÇA et al., 2015). 3Inovação: conceitos fundamentais Considerando-se o fato de que inovações demandam mudanças concretas, representadas por sua implementação, é importante que você conheça as de- finições de Tidd e Bessant (2015) sobre o assunto. Para os autores, a inovação deve ser compreendida como o processo de transformar ideias em realidade e lhes dar valor. Essa concepção processual inclui quatro fases principais, cada uma delas com desafios específicos, sendo necessária a capacidade de lidar com todo o processo para que a inovação seja bem-sucedida. A seguir, estão elencadas as etapas, segundo Tidd e Bessant (2015). 1. Busca: consiste em trazer novas ideias para dentro do sistema, originadas de P&D, de indicadores de mercado, de regulamentações, do comporta- mento dos competidores, etc. O desafio, aqui, reside em estabelecer um fluxo estável de ideias, que proporcione à empresa melhores chances de sobreviver e prosperar. 2. Seleção: gerar variedade de ideias não é suficiente, de modo que se faz necessário selecionar, dentro do conjunto de opções, as variantes com maiores probabilidades de auxiliar no crescimento e no desenvolvi- mento. Essa escolha deve ser estratégica, levando em consideração a diferenciação competitiva e as capacidades anteriores. 3. Implementação: transformar as ideias em realidade. Essencialmente, a tarefa envolve o gerenciamento de um grande comprometimento de recursos — tempo, energia, dinheiro e, principalmente, a mobilização de conhecimentos de vários tipos — em um contexto de incerteza. O desafio da inovação é desenvolver algo que nunca tenha sido realizado, e a única forma de saber se o empreendimento será bem-sucedido é tentando. 4. Captura de valor: a última etapaconsiste em colher os frutos gerados por todo o esforço empreendido nas fases anteriores. Assim como as demais etapas, nesta há desafios relacionados a questões como: asse- gurar que os esforços sejam justificáveis, principalmente em termos comerciais; impedir que outros se apropriem dos ganhos; aprender com a experiência; e aprimorar os processos de inovação no futuro. Apresentada dessa forma, a inovação pode parecer enganosamente sim- ples. No entanto, inovar envolve atividades complexas, que incluem assumir riscos calculados. Por isso, compreender não apenas o que é inovação, mas também as condições nas quais ela é mais suscetível de ser bem-sucedida, é tão importante para a condução de negócios. Inovação: conceitos fundamentais4 Criatividade e inovação são fenômenos complementares, mas distintos. Inovar significa transformar novas ideias, criativas, em um novo processo, produto, serviço e modelo de negócio, produzindo resultados a empreendedores, empresas e inovadores, seja nas fases de criação da ideia, seja ao longo de seu desenvolvimento e execução. Acesse o link a seguir e confira as competências essenciais para quem precisa ou deseja inovar, segundo Maximiliano Selistre Carlomagno. https://qrgo.page.link/J9Uo Tipos de inovação As definições de inovação devem vir acompanhadas de uma gradação da novidade presente nelas, ou da identificação do objeto a que se aplicam, pois existem diversos tipos de inovação. Nesta seção, você conhecerá as duas principais formas de classificação: � por grau de inovação e pela extensão das mudanças em relação ao que havia antes (inovações radicais e incrementais); � pelo objeto envolvido (produto, processo, marketing, organização), em classificação estabelecida pelo Manual de Oslo (OECD, 1997). Inovações radicais e incrementais No que se refere à intensidade da inovação, a definição mais corriqueira envolve a distinção entre inovações incrementais e inovações radicais. As inovações incrementais, de acordo com Tigre (2006), representam o nível mais elementar e gradual de inovação, envolvendo a prática de melhoria contínua, em geral com baixo grau de novidade. Tais inovações não derivam necessariamente de atividades de P&D, sendo mais comumente um resultado dos processos de aprendizado interno e de capacitação acumulada. Caracterizam-se como inovações incrementais melhorias feitas no design ou na qualidade dos produtos, aperfeiçoamentos em layout, melhorias nos processos, novos arranjos logísticos, modificações em estruturas organiza- 5Inovação: conceitos fundamentais cionais, novas práticas de vendas, etc. As inovações incrementais ocorrem de forma contínua em qualquer organização, podendo variar em intensidade conforme o setor ou o país, as pressões da demanda e da concorrência, as condições socioculturais, a existência de oportunidades e o acesso a tecno- logias (TIGRE, 2006). A inovação radical, também denominada disruptiva, geralmente é fruto de atividades de P&D, contém um elevado grau de novidade e rompe as traje- tórias existentes, assumindo características que lhe permitem mudar as regras competitivas vigentes (DI SERIO; VASCONCELLOS, 2009). Esse potencial de inovação, de acordo com Tigre (2006, p. 87), pode ser caracterizado pelo clássico exemplo de que “muitas carroças enfileiradas não formam um trem”. Di Serio e Vasconcellos (2009) estabelecem comparativos interessantes entre aspectos das inovações incrementais e radicais, que você pode observar no Quadro 1, a seguir. Fonte: Adaptado de Di Serio e Vasconcellos (2009). Inovação incremental Inovação radical Nível de mudança Gradual Radical Ponto de partida Processo existente Estaca zero Frequência da mudança Contínua De uma vez Tempo necessário Curto Longo Participação De baixo para cima De cima para baixo Âmbito típico Limitado, de acordo com as funções Amplo, interfuncional Risco Moderado Alto Habilitador principal Controle estatístico Tecnologia da Informação Tipo de mudança Cultural Estrutural Quadro 1. Inovação incremental versus inovação radical Inovação: conceitos fundamentais6 Considerando-se o impacto que possuem, as inovações radicais tendem a ganhar mais exposição, e, assim, acabam ofuscando todo o restante. No entanto, pode ser perigoso para uma empresa lançar continuamente inovações radicais, uma vez que elas envolvem muito investimento, levam tempo para se converter em lucro e, inevitavelmente, representam uma grande aposta. Na realidade, a inovação gradual, passo a passo, é o que torna um negócio sustentável. E é possível ir além: dificilmente uma empresa conseguirá realizar o lançamento bem-sucedido de uma inovação revolucionária sem primeiro lançar uma boa quantidade de inovações menores (TRÍAS DE BES; KOTLER, 2011). O surgimento do telefone, no fim do século XIX, representou uma inovação radical, pois alterou profundamente a forma de comunicação da sociedade. As fabricantes de smartphones, por sua vez, realizam constantes inovações incre- mentais ao criar uma nova geração de determinado modelo, lançando telas menores, câmeras superiores, baterias mais eficientes, acrescentando funções adicionais, entre outros. Outro exemplo clássico pode ser extraído da indústria automobilística: a linha de montagem desenvolvida por Henry Ford no início do século XX, ou a recente utilização de energia elétrica como forma de combustível, exemplos de inovação radical. Já a criação de carros mais econômicos, compactos ou confortáveis são inovações incrementais, visto que não transformam a maneira de dirigir, e sim melhoram o produto para que ele permaneça competitivo e satisfaça aos clientes cada vez mais exigentes. Tipos de inovação conforme o Manual de Oslo Além de propor definições de inovação amplamente reconhecidas e aceitas, o Manual de Oslo (OECD, 1997) propõe quatro tipos de inovação, listadas a seguir. 1. A inovação de produto consiste na introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que diz respeito às suas carac- terísticas ou usos previstos. Nesse sentido, incluem-se melhoramentos significativos em especificações técnicas, componentes e materiais, incorporação de softwares, facilidade de uso ou outras características funcionais. Para que sejam consideradas inovações de produto, além das 7Inovação: conceitos fundamentais alterações nas características funcionais ou em seus usos pretendidos, é necessário que as mudanças gerem aumento de valor agregado para a empresa, reduzam custos de insumos ou de produção e melhorem a qualidade e a segurança para o uso ou a satisfação do cliente. 2. A inovação de processo envolve a implementação de um método de pro- dução ou distribuição novo ou significativamente melhorado, incluindo mudanças em técnicas, equipamentos e/ou softwares. Tais inovações produzem benefícios na produção, geralmente com aumentos de pro- dutividade e redução de custos. Dessa forma, mudanças em processos existentes que não diminuam custos de produção ou de distribuição, ou que não tragam melhorias de qualidade ou de atendimento, não são consideradas inovações de processo. 3. A inovação de marketing, por sua vez, diz respeito à implementação de um novo método de marketing, envolvendo mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua divulgação ou na fixação de preços. Tais inovações bus- cam principalmente atender melhor às necessidades dos consumidores, abrindo novos mercados ou modificando o posicionamento do produto de uma empresa, a fim de aumentar suas vendas. É importante destacar que, diferentemente da inovação de produto, na qual as características funcionais do bem ou do serviço são modificadas, na inovação de marketing, as mudanças podem incluir melhorias em design e emba- lagem, alterando, portanto, apenas forma e aparência. 4. Por fim, a inovação organizacional consiste na implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa,na organização de seu local de trabalho ou em suas relações externas. Esse tipo de inovação tem a perspectiva de melhorar o desempenho de uma empresa por meio da redução de custos administrativos ou operacionais, da melhoria na satisfação no local de trabalho, do acesso a recursos não negociáveis — como o conhecimento externo — ou da redução dos custos de suprimentos. Contribuições geradas pela inovação Vivemos em um mundo em constante transformação. Observe como, espe- cialmente ao longo das últimas décadas, as formas de trabalhar, os meios de transporte e as formas de interação e comunicação foram intensamente Inovação: conceitos fundamentais8 modificados. Para as empresas, esse cenário é bastante desafiador: ao mesmo tempo em que lidam com concorrentes cada vez mais agressivos, também atendem a clientes mais exigentes e bem informados. Por isso, a busca por vantagens competitivas é algo tão importante. Nesse sentido, muitos autores reconhecidos no campo da inovação são unânimes ao afirmar que a inovação contribui para o sucesso de diversas maneiras. O sucesso econômico das empresas deriva, em maior ou menor grau, da capacidade que possuem de introduzir inovações em seus produtos e processos. A vantagem competitiva pode ser uma consequência do tamanho da empresa ou de seus ativos, mas sem sombra de dúvidas, a competência para mobilizar conhecimentos, tecnologia e experiência para criar ou melhorar produtos, processos ou serviços está contando cada vez mais (MOREIRA; QUEIROZ, 2007). Conforme destacado por Tidd e Bessant (2015), pesquisas sugerem que o desempenho de uma empresa no mercado é fortemente influenciado pelo lançamento de novos produtos, que ajudam tanto a conquistar quanto a manter clientes, aumentando a lucratividade. No caso de produtos mais maduros e estabelecidos, inovações em design, customização e qualidade também são relevantes para o aumento de vendas — mais até do que simplesmente oferecer preços baixos. Assim, as inovações em produtos contribuem para o sucesso e a sobre- vivência de empresas, pois representam uma forma de acompanhar — ou até mesmo antecipar — mudanças no ambiente socioeconômico em que as organizações operam. Muitas oportunidades surgem (ou desaparecem) a partir de mudanças naquilo em que as pessoas acreditam, nas suas expectativas e nos seus desejos, no poder aquisitivo, entre outras tantas variáveis. Observamos, por exemplo, que o aumento da expectativa de vida das pessoas, associado a um estilo de vida que inclui questões como alimentação saudável e cuidados com a saúde física e emocional, representam inúmeras oportunidades de inovação em produtos e serviços. Ou seja, as pessoas es- tão vivendo mais e querem se manter jovens por mais tempo. No âmbito da estética e da cosmética, por exemplo, observe como isso tem se refletido em pesquisa, desenvolvimento e lançamento de produtos com novas ou melhores funcionalidades e que possuem ampla aceitação no mercado. Ao mesmo tempo em que desenvolver novos e melhores produtos é im- portante, principalmente se isso for feito mais rápido do que a concorrência, a inovação de processos também desempenha um papel estratégico relevante. Ter a capacidade de fazer algo que ninguém mais pode, ou fazê-lo de uma 9Inovação: conceitos fundamentais maneira melhor do que os outros, é uma vantagem significativa (TIDD; BESSANT, 2015). As inovações de processo podem proporcionar às empresas redução de custos totais ou unitários de produção ou de distribuição, bem como melhorias na qualidade ou no atendimento (prazos, velocidade, fle- xibilidade), fatores que acabam impactando a competitividade dos negócios (PROENÇA et al., 2015). A inovação de marketing, ao proporcionar melhor convergência entre aquilo que a empresa faz e as expectativas de seus consumidores, possui inegáveis consequências ao sucesso organizacional. Além das melhorias na forma e na aparência de produtos, os novos métodos de marketing asseguram que os produtos estejam à disposição dos consumidores quando e onde eles desejarem, por meio de canais de vendas novos ou significativamente melhorados. Incluem-se aqui, por exemplo, o sistema de franquias, vendas diretas ou varejo exclusivo e o licenciamento de produto. As inovações de marketing também incluem novos conceitos ou técnicas promocionais, novas formas de construir relacionamentos com os clientes, inovações na fixação de preços, customização de atributos do produto, entre outros (PROENÇA et al., 2015). Isso tudo acaba se refletindo em uma situação ganha-ganha: ganham os clientes, ao acessarem produtos que atendem a seus desejos e necessidades; ganham as empresas, que aumentam suas vendas e lucratividade. As melhorias nos métodos organizacionais, por sua vez, trazem consequên- cias também expressivas. A implantação de novos métodos para a organização de rotinas e procedimentos na condução do trabalho pode reduzir custos ope- racionais e administrativos, ao mesmo tempo em que aumenta a produtividade. Um exemplo desse potencial é representado pela implementação de sistemas de produção de enxutos — como o Lean Manufacturing ou Sistema Toyota de Produção — ou sistemas de gerenciamento da qualidade. É importante ressaltar que, muito embora todos os tipos de inovação mencio- nados tenham consequências significativas ao desempenho e à competitividade das empresas, as vantagens geradas por essas medidas inovadoras perdem seu poder competitivo à medida que são imitadas por outras organizações. Tidd e Bessant (2015) enfatizam que as empresas que não são capazes de progredir para inovações ainda maiores estão se arriscando a ficar para trás, perdendo a liderança para outras que mudem ofertas, processos operacionais ou formas de orientar seus negócios. A inovação, portanto, é um processo que deve estar em constante movimento. Inovação: conceitos fundamentais10 DI SERIO, L. C.; VASCONCELLOS, M. A. Estratégia e competitividade empresarial: inovação e criação de valor. São Paulo: Saraiva, 2009. MOREIRA, D. A.; QUEIROZ, A. C. S. (coord.). Inovação organizacional e tecnológica. São Paulo: Thomson Learning, 2007. ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO — OECD. Manual de Oslo: diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3. ed. Paris: OECD/FINEP, 1997. Disponível em: https://www.finep.gov.br/images/apoio-e- -financiamento/manualoslo.pdf. Acesso em: 22 abr. 2019. PROENÇA, A. et al. (org.). Gestão da inovação e competitividade no Brasil: da teoria para a prática. Porto Alegre: Bookman, 2015. TIDD, J.; BESSANT, J. Gestão da inovação. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015. TIGRE, P. B. Gestão da inovação: a economia da tecnologia do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. TRÍAS DE BES, F.; KOTLER, P. A bíblia da inovação: princípios fundamentais para levar a cultura da inovação às organizações. São Paulo: Leya, 2011. TROTT, P. Gestão da inovação e desenvolvimento de novos produtos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. Leituras recomendadas CARLOMAGNO, M. S. Qual o seu portfólio de competências para inovar? 2014. Disponível em: http://www.innoscience.com.br/qual-o-seu-portifolio-de-competencias-para- -inovar/. Acesso em: 23 abr. 2019. SCHERER, F. O.; CARLOMAGNO, M. S. Gestão da inovação na prática: como aplicar con- ceitos e ferramentas para alavancar a inovação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2016. 11Inovação: conceitos fundamentais
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