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Apostila_saude ambiental e Epidemiologia

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Epidemiologia e 
Saúde Ambiental
Hogla Cardozo Murai
APRESENTAÇÃO
É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Epidemiologia e Saúde 
Ambiental, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico 
e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) 
alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, 
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, 
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para 
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!
Unisa Digital
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5
1 PROCESSO SAÚDE E DOENÇA ..................................................................................................... 7
1.1 Conceito e Evolução Histórica do Processo Saúde e Doença .........................................................................7
1.2 Os Modelos de Explicação do Processo Saúde e Doença ................................................................................9
1.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................13
1.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................13
2 EPIDEMIOLOGIA .................................................................................................................................. 15
2.1 Epidemiologia Descritiva ...........................................................................................................................................16
2.2 Epidemiologia Analítica .............................................................................................................................................17
2.3 Os Tipos de Estudo Epidemiológico ......................................................................................................................18
2.4 Risco, Fator de Risco e Marcador de Risco ...........................................................................................................19
2.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................21
2.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................21
3 O AMBIENTE ............................................................................................................................................ 23
3.1 O Ambiente Natural .....................................................................................................................................................23
3.2 O Ambiente sob a Ação do Homem ou Ambiente Antrópico.....................................................................23
3.3 Dinâmica de Populações e sua Influência sobre o Ambiente .....................................................................25
3.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................25
3.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................26
4 SAÚDE PÚBLICA ................................................................................................................................... 27
4.1 Conceito de Evolução .................................................................................................................................................27
4.2 Saúde Pública e o Ambiente ....................................................................................................................................28
4.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................30
4.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................30
5 SAÚDE AMBIENTAL ............................................................................................................................ 31
5.1 Conceito e Implicações ..............................................................................................................................................31
5.2 Alteração do Ambiente e Efeitos na Saúde Pública e Ambiental ...............................................................32
5.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................34
5.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................34
6 SISTEMA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, AMBIENTAL E EM SAÚDE ...................... 35
6.1 Vigilância em Saúde .....................................................................................................................................................35
6.2 Vigilância Sanitária .......................................................................................................................................................36
6.3 Vigilância Epidemiológica .........................................................................................................................................37
6.4 Vigilância Ambiental ....................................................................................................................................................37
6.5 Sistemas de Informações em Saúde Ambiental ...............................................................................................41
6.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................44
6.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................45
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 47
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 51
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
5
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a),
O objetivo geral da disciplina é o de lhe oferecer subsídios para a compreensão do processo saúde 
e doença como produto da interação permanentemente reinventada entre o homem e o ambiente. 
O domínio de conceitos básicos de Epidemiologia e de Vigilância em Saúde discutidos nesta dis-
ciplina serão facilitadores para o desenvolvimento das competências que compõem o perfil dos futuros 
gestores ambientaisque atuarão no campo da Saúde Pública, da Saúde Ambiental, da Vigilância Am-
biental ou em áreas correlatas.
Dentro dessa perspectiva, o conteúdo está organizado em seis capítulos, que se completam e 
evoluem o pensamento acerca dos temas da Epidemiologia e da Saúde Ambiental. A compreensão da 
origem da saúde e do adoecimento como processo contínuo é apresentado no contexto histórico e me-
diante modelos explicativos de seu desencadeamento. Do mesmo modo, o conceito de ambiente é dis-
cutido em sua interface com o processo saúde e doença, permitindo a introdução contextualizada da 
Saúde Pública e Saúde Ambiental como áreas de intervenção multiprofissional sobre a saúde humana. 
Por fim, a Vigilância Ambiental e os Sistemas de Informação em Saúde Ambiental são discutidos como 
instrumentos para planejamento, intervenção, monitoramento e avaliação da Saúde Ambiental.
Será um prazer acompanhá-lo(a) ao longo dessa jornada que, esperamos, contribua com seu cres-
cimento profissional e humano em prol da preservação ambiental e da promoção da saúde das gerações 
presentes e futuras no planeta Terra.
Hogla Cardozo Murai
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7
Neste capítulo, vamos conceituar e contextualizar no tempo e na história da humanidade o proces-
so saúde-doença, além de discutir os principais modelos explicativos utilizados para seu entendimento. 
PROCESSO SAÚDE E DOENÇA1
O que é saúde? Quando lançamos essa per-
gunta a um estudante universitário da área da 
saúde, com alta frequência a resposta é a defini-
ção que figura no preâmbulo da constituição da 
Organização Mundial da Saúde (OMS, 1948): é o 
“estado de completo bem-estar físico, mental e 
social, e não apenas a ausência de doenças.”
Essa definição tem sido amplamente critica-
da por se constituir algo inatingível ou por retratar 
a saúde estática, composta por elementos disso-
ciados de corpo, mente e espírito. Para entender 
tal definição, é preciso contextualizar o momento 
de sua formulação. Estamos falando do momen-
to Pós-Segunda Guerra Mundial (1939-1945), pe-
ríodo em que a devastação causada pela guerra 
tornava real a preocupação com a alimentação, 
acesso a serviços de saúde e com a manutenção 
da paz. Nesse sentido, a explicitação do bem es-
tar físico, mental e social era necessário, porque 
vinculava condições necessárias à retomada do 
desenvolvimento. Este, por sua vez, dependia de 
indivíduos saudáveis. 
O entendimento sobre o que é saúde e o 
que é doença está intimamente relacionado à 
forma como os indivíduos conduzem sua vida. 
Varia de acordo com a sua cultura e crenças. Tam-
bém está relacionado à época em que se vive e 
ao conhecimento a que se tem acesso. O conceito 
de saúde e de doença tem evoluído junto à hu-
1.1 Conceito e Evolução Histórica do Processo Saúde e Doença
manidade e as crenças em torno do adoecimento 
também determinam o modo de enfrentamento 
do problema.
Se saúde não é apenas a ausência de doen-
ça, o que é doença? Essa talvez seja uma pergunta 
ainda mais difícil de responder. 
Em sua origem no latim, o termo ‘doença’ 
deriva de ‘dolentia’ que significa padecimento. 
Assim, um indivíduo tem consciência da doença 
quando apresenta sinais ou sintomas da perda 
de seu funcionamento regular ou pleno. Significa 
a perda do equilíbrio de sua capacidade de fun-
cionamento corpo-mente em harmonia com o 
ambiente. A origem desse padecimento tem sido 
percebida e descrita de diferentes modos no tem-
po e nos espaços que os povos ocupam.
Na Antiguidade, a doença era vista como 
castigo divino ao ser humano que se afastava da 
comunhão com Deus. Pela Teoria Divina, a doen-
ça era imposta como castigo ou como forma de 
colocar à prova a fé de alguém. Essa convicção 
fazia com que o cuidado com a saúde e as ações 
preventivas se confundissem com as normas da 
igreja, que, por sua vez, sendo responsável pela 
“habilitação das pessoas perante Deus”, cuidava 
do batismo dos recém-nascidos e da unção dos 
enfermos, razão pela qual também detinha os re-
gistros de nascimentos e óbitos. 
Hogla Cardozo Murai
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8
A visão de processo saúde e doença de-
terminado por divindades foi contestada por 
Hipócrates (460–377 a.C.), que via na doença de 
origem sagrada a ignorância da população. Tam-
bém lhe é atribuído o texto denominado De ares, 
águas e lugares, que estabelece a relação entre 
o ambiente e o adoecimento das pessoas. Essa 
compreensão perdurou até meados do século 
XIX, incluindo o período da formação das cidades 
e da ocorrência das grandes epidemias, período 
em que se acreditava na saúde e doença relacio-
nadas ao ambiente em que as pessoas viviam, co-
nhecida como a Teoria Miasmática. 
No século XVII, um estudioso de nome 
Sydehan explicou o aparecimento de epidemias 
da seguinte forma: 
Elas [as epidemias] se originam, nem do 
calor nem do frio, nem da umidade nem 
da secura mas elas dependem de certas 
misteriosas e inexplicáveis alterações nas 
entranhas da Terra. Pelos seus eflúvios, a 
atmosfera torna-se contaminada e os or-
ganismos dos homens são predispostos e 
determinados.
 Logo, as más condições sanitárias expu-
nham as pessoas à inalação de maus ares, chama-
dos miasmas. Segundo essa teoria, os miasmas 
penetravam pelos poros e outras aberturas do 
corpo humano causando males internos. Nes-
se período, todos os tratamentos eram voltados 
para a adequação do ambiente (iluminação, ven-
tilação, temperatura, silêncio, hidratação e dieta) 
em que o doente se encontrava.
A Teoria Divina, entretanto, voltou a predo-
minar sobre a teoria dos miasmas na Idade Média, 
por força do poder que a Igreja exercia sobre a po-
pulação. No combate aos cultos pagãos, supostos 
bruxos foram perseguidos e queimados, entre 
eles, muitas pessoas que conheciam o poder de 
ervas e de chás que aliviavam sintomas dos doen-
tes. 
As ideias em torno do envolvimento do am-
biente no processo de adoecimento foram reto-
madas em diferentes momentos e por diferentes 
cientistas, mas nem a Teoria Divina nem a Teoria 
dos Miasmas eram suficientes para explicar algu-
mas epidemias que assolavam as cidades e, na 
metade do século XIX, surgiram importantes tra-
balhos científicos, entre eles o de John Snow, que 
demonstrava a transmissão da cólera por meio 
da água. A Teoria do Contágio e o uso da esta-
tística nos estudos do processo saúde e doença 
marcaram esse período. Nas décadas seguintes, 
a descoberta e isolamento de bactérias e fungos 
iniciada por Louis Pasteur deram início ao período 
bacteriológico e à Teoria Unicausal, segundo a 
qual para cada agravo haveria um microrganismo 
causador. A descoberta e uso de antibióticos não 
atendeu à expectativa de eliminação das doenças 
na época, impulsionando a formulação da Teoria 
Multicausal, que atribuía à influência concomi-
tante de diferentes fatores físicos, químicos, bio-
lógicos, socioeconômicos e culturais a determina-
ção da doença.
Somente na segunda metade do século 
XX é que a Teoria da Determinação Social da 
Doença foi amplamente aceita, após a divulga-
ção dos estudos de Asa Cristina Laurell (1983), 
uma sanitarista mexicana que definiu o processo 
de saúde e doença como 
o modo específico pelo qual ocorre, nos 
grupos, o processo biológico de desgas-
te e reprodução, destacando como mo-
mentos particulares a presença de um 
funcionamento biológico diferente com 
consequências para o desenvolvimento 
Saiba maisSaiba mais
As diferentes teorias sobre a origem do processo saú-
de e doença não se sucederam de forma sequencial, 
mas persistiram de forma concomitante ao longo do 
tempo. Alguns resquícios da Teoria Divina persistem 
até os dias atuais: por exemplo, quando dizemos que 
a saúde de alguém se restabeleceu “graças a Deus” ou 
que alguém morreu porque “Deus quis”. Do mesmo 
modo, osestudos atuais sobre a influência do aqueci-
mento global sobre a vida no planeta nos faz lembrar 
o que os pesquisadores do século XVII diziam sobre 
estranhas alterações nas entranhas da terra que con-
taminavam a atmosfera fazendo as pessoas adoecer.
Epidemiologia e Saúde Ambiental
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9
regular das atividades cotidianas, isto é, o 
surgimento da doença.
 Um exemplo da aplicação dessa teoria é 
dado por Martins et al. (1987), que demonstrou 
o vínculo entre as baixas condições sociais e eco-
nômicas (que privam os indivíduos do acesso a 
bens fundamentais de consumo, como alimentos 
e moradia digna) e o maior risco de ocorrência de 
anemia ferropriva em gestantes. A condição bio-
lógica da gestação isoladamente não determina 
a ocorrência desse tipo de anemia, cabendo ao 
desgaste social a condição favorecedora de seu 
desenvolvimento.
O entendimento da determinação social do 
processo saúde e doença está expresso na defi-
nição de saúde no art. 196 da Constituição Fede-
ral do Brasil, que afirma: “A saúde é um direito de 
todos e um dever do estado garantido mediante 
políticas sociais que visem a redução do risco de 
doenças e agravos e ao acesso universal e iguali-
tário às ações e serviços de proteção promoção e 
recuperação”.
Além da convicção da razão pela qual as 
pessoas adoecem, a explicação desse processo 
passo a passo também ocupou e ainda ocupa os 
estudiosos. Desses estudos, emergem as estraté-
gias para o enfrentamento das causas do adoeci-
mento ou de intervenção sobre o processo pro-
priamente dito. 
Para explicar a ocorrência da doença, são 
utilizados modelos que representam as relações 
e os fatores envolvidos na sua produção. A seguir, 
você conhecerá os principais modelos explicati-
vos do processo saúde e doença.
Modelo Biológico ou Biomédico é aque-
le que está centrado no processo fisiopatológico 
estrito, portanto nas alterações das estruturas e 
funcionamento do corpo. No Modelo Biomédico, 
a doença é entendida como falha nos mecanis-
mos de adaptação do organismo, então se aplica 
a todas as espécies e deve ser analisado exclusi-
vamente em termos biológicos. Utilizando como 
exemplo a anemia ferropriva em gestantes citada 
no item anterior, o Modelo Biológico restringe a 
explicação de sua ocorrência nos passos da fisio-
patologia da anemia, mostrando que o risco fica 
sobremaneira aumentado durante a gestação, 
porque ocorre a redução drástica das reservas de 
ferro da mulher devido não somente ao cresci-
mento fetal e placentário, como também ao au-
1.2 Os Modelos de Explicação do Processo Saúde e Doença
mento do volume sanguíneo corporal, próprio da 
gravidez. 
No Modelo Biológico, algumas definições 
e classificações são bastante importantes, como, 
por exemplo, a natureza do determinante da 
doença, o seu tempo de evolução, a manifestação 
de seus sinais e sintomas. 
Assim, se uma doença é causada pela pe-
netração, instalação e reprodução de um agente 
etiológico vivo (bactéria, vírus ou fungo), ela re-
sulta em uma infecção e, ao apresentar sinais e 
sintomas no organismo infectado, estamos dian-
te de uma doença infecciosa. Em uma doença in-
fecciosa, o agente vivo causador dela pode ser ou 
não transmitido a outra pessoa não infectada an-
teriormente, a quem chamamos suscetível. Se o 
agente for transmitido a outra pessoa, a doença 
será classificada como infecciosa e transmissível. 
Se a transmissão for direta, pessoa-pessoa, por via 
respiratória, por fluidos corporais, como sangue, 
saliva ou outros, chamamos a doença infecciosa, 
transmissível e contagiosa. 
Quando a transmissão do agente etiológi-
co vivo acontece com a mediação do ambiente, 
dizemos que a doença é infecciosa, transmissível e 
não contagiosa.
Para ficar mais claro, vamos exemplificar: 
o sarampo, a caxumba e a rubéola são doenças 
Hogla Cardozo Murai
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
10
infecciosas, transmissíveis e contagiosas, porque 
em cada uma delas o vírus responsável passa de 
uma pessoa doente para outra suscetível pela res-
piração ou por gotículas de saliva. Já na dengue, 
o vírus causador só é transmitido de um doente 
para um suscetível com a participação do mosqui-
to Aedes aegypti, que recolhe o vírus de um doen-
te ao sugar-lhe o sangue e o injeta no suscetível, 
na continuidade de sua prática alimentar. Nesse 
caso, a transmissão não ocorreu diretamente de 
um doente para um suscetível; eles nem precisam 
se conhecer ou ter estado juntos. O mosquito é o 
responsável pela intermediação. Nesse processo 
de transmissão, o mosquito tem a função de vetor 
do agente etiológico. 
Em outras situações, o agente infeccioso 
pode ser transmitido por um elemento inani-
mado da natureza. Um exemplo é o tétano. A 
bactéria causadora está disponível no ambiente, 
principalmente em metais enferrujados ou na 
terra úmida. Quando colocado em contato com 
a pele rompida de um suscetível, o agente etio-
lógico se instala, se reproduz e passa a produzir 
toxinas responsáveis pelo desencadeamento da 
doença. Nesse caso, a in-
termediação da infecção 
foi realizada pelo solo ou 
pelo metal oxidado, que 
representam o veículo na 
transmissão indireta. Só 
para lembrar: os vetores 
são intermediários vivos 
e os veículos são interme-
diários inanimados. 
Em relação ao período de evolução da 
doença no Modelo Biológico ou Biomédico, é 
denominado período de incubação o tempo de-
corrido entre a infecção e o aparecimento dos 
sintomas. Período de transmissibilidade é definido 
como o tempo em que o agente etiológico vivo é 
transmitido. Tanto o período de incubação quan-
to o de transmissão são variáveis entre os diferen-
tes agentes etiológicos. Outras características dos 
agentes etiológicos vivos e dos suscetíveis que 
podem influenciar e ou modificar a apresentação 
das doenças são descritas detalhadamente nos li-
vros de Epidemiologia.
Ainda de acordo com o Modelo Biomédi-
co, as doenças podem variar dependendo das 
características do agente etiológico (agente vivo 
causador da doença). Os agentes podem ter: ca-
pacidade maior ou menor de penetração e mul-
tiplicação no organismo suscetível, denominada 
infectividade; diferentes capacidades de, uma 
vez instalados no organismo, produzir sintomas, 
denominadas patogenicidades; a capacidade de 
produzir casos graves ou fatais, chamada de vi-
rulência; e a capacidade de induzir imunidade 
no indivíduo após o adoecimento, denominada 
imunogenicidade. Essas características do agente 
etiológico somadas às características dos indiví-
duos, incluindo seu status de suscetibilidade ao 
agravo, determinam diferentes comportamentos 
das doenças e agravos no meio ambiente.
Se a doença não tem a participação de um 
agente etiológico vivo, mas da ação de um ou 
mais fatores determinantes, individuais ou am-
bientais, dizemos que se trata de uma doença não 
infecciosa. São exemplos de doenças não infeccio-
sas as alergias, a artrose, o 
tabagismo, entre outras. 
No que diz respeito 
à duração, as doenças são 
classificadas em agudas, 
quando em curto espaço 
de tempo evoluem para 
um desfecho final (cura 
ou óbito), e crônicas, quando têm longa duração, 
podendo ou não ter cura. 
Modelo Processual é aquele que conside-
ra as relações mais amplas com o meio ambiente, 
incluindo as relações sociais. O exemplo mais co-
nhecido desse modelo é o da história natural das 
doenças, de Leavell e Clark (1950), definido como 
o “conjunto de processos interativos que cria o 
estímulo patológico no meio ambiente ou em 
qualquer outro lugar, passando pela resposta do 
homem ao estímulo, até às alterações que levam 
a um defeito, invalidez, recuperação ou morte.” 
AtençãoAtenção
Os modelos explicativos do processo saúde e 
doença têm a virtude de apresentar os elemen-
tos deuma dada visão do seu desenvolvimento e 
dentro dela indicar os aspectos relevantes para a 
elaboração de propostas de intervenção. 
Epidemiologia e Saúde Ambiental
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
11
Figura 1 – Esquema da história natural das doenças.
Fonte: Waldman e Rosa (1998).
O início do processo de adoecimento an-
tes que o homem seja afetado foi designado pe-
los autores como pré-patogênico e outro, que se 
inicia com o aparecimento dos sintomas clínicos, 
denominado período patogênico. Esse modelo 
tem sido muito criticado porque, por um lado, re-
força a ideia da unicausalidade e, por outro, induz 
a pensar que, uma vez desencadeado o processo 
de adoecimento, este não pode mais ser inter-
rompido.
Mesmo assim, esse modelo tem servido 
de referência para o estabelecimento de ações 
de prevenção e controle de doenças até os dias 
atuais. No período pré-patogênico, são indicadas 
medidas de redução do risco (gerais, de promo-
ção da saúde e específicas de prevenção de cada 
doença), chamadas medidas de prevenção pri-
mária. No período patogênico, estão situadas as 
medidas de prevenção secundária, que incluem 
diagnóstico precoce, tratamento, recuperação de 
incapacidades e prevenção da morte.
Modelo Sistêmico é aquele baseado no 
conjunto formado por agente, suscetível e am-
biente, dotado de uma organização interna que 
regula as interações entre os determinantes da 
produção da doença, juntamente aos fatores vin-
culados a cada um dos elementos do sistema. Esse 
modelo utiliza a definição de sistema como “um 
conjunto de elementos de tal forma relacionados 
que uma mudança de qualquer elemento provo-
ca mudança no estado dos demais elementos.” 
(ALMEIDA FILHO; ROUQUAYROL, 2006). Quando 
envolve seres vivos, costuma ser designado como 
ecossistema.
O entendimento de agente nesse modelo 
explicativo do processo saúde e doença é mais 
amplo do que no Modelo Biomédico. O agente, 
aqui, pode ser um microrganismo vivo, um po-
luente químico ou um gene. 
A ideia de multifatorialidade e da ação si-
nérgica entre fatores determinantes de um dado 
processo de saúde e doença busca descrever os 
eventos da saúde humana de diversas naturezas. 
Um indivíduo suscetível é exposto ao vírus do 
sarampo e desenvolve a doença, sabe-se que a 
determinação da doença foi a infecção pelo vírus 
do sarampo; em um indivíduo exposto ao amian-
to por determinado tempo diagnosticado com 
asbestose, considera-se a causa do adoecimento 
a deposição das fibras do amianto nos alvéolos 
pulmonares como determinante da doença; um 
indivíduo pertencente a uma família de hiperten-
sos tem chances comprovadamente maiores de 
desenvolver a mesma doença de seus pais deter-
minada pela carga genética familiar. Entretanto, 
há doenças cujo aparecimento resulta da con-
fluência de diferentes fatores capazes de criar um 
sistema favorável ao seu desenvolvimento. Como 
exemplo pode-se citar a depressão. Voltando ao 
exemplo da anemia ferropriva em gestantes, o 
Modelo Sistêmico envolveria o subsistema social 
no qual estão inseridas as gestantes na descrição 
do ambiente, o subsistema biológico para descre-
ver os processos fisiopatológicos de desencadea-
Hogla Cardozo Murai
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12
mento da anemia ferropriva e a gestação como o 
agente desencadeador do processo. 
Pelo Modelo Sistêmico, o homem é consi-
derado suscetível a grande número de agentes 
presentes no meio ambiente com os quais inte-
rage continuamente, desempenhando diferentes 
papéis nessa relação. 
O termo ‘suscetível’ é aplicado ao indivíduo 
no qual a doença tem oportunidade de se desen-
volver e se manifestar. Esse conceito é diferente 
de ‘hospedeiro’, que se aplica ao ser vivo, humano 
ou outros animais, que oferece em condições na-
turais subsistência ou alojamento a um agente 
infeccioso. Os seres vivos podem ser hospedeiros 
primários ou definitivos e hospedeiros secundá-
rios ou intermediários. Os hospedeiros primários 
são aqueles nos quais o parasito alojado atinge 
sua maturidade ou passa sua fase sexuada, en-
quanto, nos hospedeiros secundários, esses parasi-
tos se encontram na fase larvária e assexuada. Al-
guns parasitos passam alternadamente suas fases 
em diferentes espécies e o homem pode desem-
penhar papéis tanto de hospedeiro primário ou 
definitivo quanto secundário ou intermediário. 
Um exemplo dessa relação agente-indivíduo-am-
biente pode ser descrito quando um indivíduo é 
acometido por teníase (infecção pela forma adul-
ta da Taenia, um parasito intestinal) e atua como 
hospedeiro primário. Entretanto, se for infectado 
pela forma larvária da mesma Taenia, poderá de-
senvolver uma doença grave, chamada cisticerco-
se. Nesse caso, o homem terá atuado como hos-
pedeiro secundário ou intermediário. 
O terceiro componente descrito no Mo-
delo Sistêmico é o ambiente, compreendendo o 
ambiente físico – que abriga os seres vivos –, o 
ambiente biológico – que abrange todos os seres 
vivos – e o ambiente social – que abrange fatores 
e processos que podem estar associados a doen-
ças. Objetivamente, fazem parte do ambiente 
físico o solo, a água e o ar e suas variações, que 
podem ser de natureza geográfica, climática e de 
poluição.
O ambiente biológico é constituído por to-
dos os seres vivos que participam e influenciam 
a relação agente suscetível e ambiente, tendo 
maior importância os fatores do ambiente que 
interagem sobre os agentes e hospedeiros, favo-
recendo o aparecimento de doenças, principal-
mente aqueles que mantêm estoques de agentes 
patogênicos e os veiculam até o ser humano.
Para descrever a interação entre ambiente 
biológico, suscetível e agente, foram formulados 
alguns conceitos, como: reservatório, designação 
dada ao ser humano, animal, artrópode, planta, 
solo ou matéria inanimada ou uma combinação 
desses elementos que albergam agentes infec-
ciosos em condições de dependência primor-
dial para a sobrevivência, no qual se reproduz de 
modo que possa ser transmitido a um hospedeiro 
suscetível. 
As doenças nas quais somente o homem é 
o único a desempenhar papéis de reservatório, 
hospedeiro e suscetível, sem a participação de ne-
nhum outro elemento, são chamadas antropono-
ses. É o caso da gripe, do sarampo e das doenças 
sexualmente transmissíveis. As infecções comuns 
ao homem e outros animais são denominadas 
zoonoses. As antropozoonoses são as doenças nas 
quais os animais são os reservatórios. As fitonoses 
são as doenças nas quais as espécies vegetais são 
reservatório e o homem o suscetível. 
Além desses, há uma multiplicidade de con-
ceitos elaborados para descrever a interação dos 
elementos relativos ao agente, ambiente e sus-
cetível e que podem ser encontrados nos bons 
livros de epidemiologia. 
O conceito de saúde e doença acompa-
nhou as descobertas científicas, que, por sua vez, 
desencadearam a formulação de novos modelos 
explicativos para esse processo. A realização de 
estudos de observação, descritivos, de teste, de 
hipóteses e de relação causa e efeito, sobretudo a 
AtençãoAtenção
A alteração de qualquer um desses subsistemas 
não restringe as modificações em si próprias, mas 
interfere nos demais, provocando uma mudança 
em todo o processo de produção de saúde ou 
de doença.
Epidemiologia e Saúde Ambiental
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13
partir da segunda metade do século XVII, resulta-
ram no nascimento de uma nova área de estudos 
– a Epidemiologia –, que será o tema discutido 
em nosso próximo capítulo.
Complemente e revise seus conhecimentos:
Localize na internet e leia o texto a seguir.
SCLIAR, M. História do conceito de saúde. Phy-
sis: Revista Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 
2007, v. 17, n. 1, p. 29-41. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/physis/v17n1/v17n1a03.
pdf>. Acesso em:nov. 2012.
MultimídiaMultimídia
A compreensão do processo que dá origem à saúde e à doença historicamente evoluiu e resultou 
em formas correspondentes de enfrentamento dos riscos e problemas relacionados à saúde. Na Anti-
guidade, acreditava-se na origem sagrada da saúde como dádiva divina e a doença, o castigo. A partir 
das ideias de Hipócrates, passou-se a acreditar na origem miasmática, seguida da ideia de contágio evi-
denciado pelos estudos de Snow sobre a transmissão da cólera. Com o surgimento da bacteriologia, 
passou-se da Teoria Unicausal à Multicausal e, mais recentemente, à Teoria da Determinação Social. A 
explicação do processo de instalação da doença, da manutenção ou recuperação da saúde requereu 
modelos que paralelamente ofereceram uma grande quantidade de conceitos de cada elemento por 
ele envolvido. Os modelos Biomédico, Processual, Sistêmico e Sociocultural, discutidos neste capítulo, 
ajudam a compreensão e a distinção da visão atual e pregressa sobre a evolução do conceito de processo 
saúde e doença.
1.3 Resumo do Capítulo
1.4 Atividades Propostas
Agora, teste seus conhecimentos e responda:
1. Qual é a importância de conceituar saúde e doença? 
2. Como o conceito de saúde e doença interfere na vida da população?
3. Qual é a contribuição dos modelos explicativos do processo saúde e doença para a saúde das 
pessoas?
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Neste capítulo, discutiremos o conceito e 
aplicação da Epidemiologia, sua metodologia e 
tipos de estudo.
A Epidemiologia é definida como área de 
estudo da frequência e distribuição das doenças, 
agravos e eventos relacionados à saúde da popu-
lação, bem como de seus determinantes e fato-
res que influenciam essa distribuição. Ela difere 
da clínica porque o termo ‘agravo’ é empregado 
para designar qualquer evento externo que afete 
a saúde humana negativamente, como é o caso 
de acidentes e violência, e seus estudos sempre 
visam à população e não ao indivíduo. 
Como área de estudos, a Epidemiologia 
surgiu do acúmulo de conhecimentos e pesqui-
sas que tinham como objetivo principal explicar 
o comportamento de doenças e agravos na co-
letividade. Desde os primórdios da civilização, se 
buscava a explicação para a ocorrência de surtos 
e epidemias, chamadas então “pestes”. Nessa bus-
ca, os conhecimentos da clínica foram aliados à 
estatística, evidenciando alguns quadros que, 
para serem compreendidos, precisaram buscar os 
conceitos da área social. Desse tripé – a clínica, a 
estatística e a sociologia –, surgiu uma metodolo-
gia própria de investigação e raciocínio, que pas-
sou a ser conhecida como método epidemiológi-
co. Em 1850, jovens cientistas simpatizantes das 
ideias médico-sociais criaram a Sociedade Epide-
miológica de Londres, com o objetivo de reunir e 
divulgar os estudos e ideias em torno da união do 
saber clínico, estatístico e social, que teve grande 
importância na história da Epidemiologia. França, 
Espanha, Alemanha e Estados Unidos (EUA) tam-
bém participaram na construção dessa nova área 
do conhecimento, com participação de grandes 
cientistas e descobertas.
EPIDEMIOLOGIA2
Atualmente, são objetivos da epidemiolo-
gia:
ƒƒ descrever o comportamento de doen-
ças e agravos;
ƒƒ identificar agentes etiológicos, fatores e 
grupos de risco; 
ƒƒ estudar a história natural das doenças;
ƒƒ estudar os fatores que influenciam a 
distribuição dos agravos em uma popu-
lação;
ƒƒ propor e avaliar o impacto de medidas 
de prevenção;
ƒƒ avaliar medidas de intervenção;
ƒƒ avaliar o desempenho de testes diag-
nósticos;
ƒƒ produzir conhecimento e informações 
para a formulação de políticas públicas 
no setor saúde, entre outras (UENO; NA-
TAL, 2008).
Por sua amplitude, a epidemiologia passou 
a ser subdividida em áreas específicas de acordo 
com a metodologia predominantemente empre-
gada ou o campo específico de seu estudo. Assim, 
é comum encontrarmos referencia à epidemiolo-
gia descritiva e analítica, epidemiologia clínica, 
epidemiologia dos serviços, entre outras. 
Por ter sido o primeiro a publicar estudo sobre a 
transmissão da cólera contemplando todas as fa-
ses do método científico aplicado à investigação 
de uma epidemia, John Snow é considerado o pai 
da Epidemiologia. 
CuriosidadeCuriosidade
Hogla Cardozo Murai
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16
Para Foratini (1996), a Epidemiologia descri-
tiva se destina à resposta a três perguntas: quem, 
quando e onde é atingido por um agravo à saú-
de; ou seja, é a fase de descrição de um quadro 
epidemiológico (de agravo à saúde) em termos 
das variáveis relativas às pessoas, ao tempo e ao 
espaço. 
Leser et al. (2002) detalha melhor o conceito 
de epidemiologia descritiva como sendo “a des-
crição da distribuição, em termos de frequência, 
das condições de saúde e da ocorrência de doen-
ças, em diferentes populações ou grupos de uma 
mesma população, ou em tempos diferentes para 
uma mesma população.” 
Para os autores, a comparação entre essas 
distribuições permite a realização de estudos 
estatísticos de eventuais associações entre as 
variáveis e as características das populações es-
tudadas. Para tanto, ressaltam a importância da 
inclusão de dados: de observação individual ou 
das pessoas (sujeitos acometidos pela doença ou 
agravo); relativos ao tempo de ocorrência (ano, 
mês, semana, dia, estação); do local de ocorrência 
(país, estado, divisão político-administrativa, bair-
ro, rua, zona rural ou urbana, condições da habi-
tação, ambiente relativo ao saneamento, presen-
ça de insetos e outros animais, vegetação etc.); e 
dos atributos pessoais (idade, sexo, raça ou grupo 
étnico, estado civil, ocupação, nível socioeconô-
mico, hábitos alimentares, relacionamento com 
outros doentes etc.).
Os atributos das pessoas também podem 
ser descritos como:
ƒƒ características inerentes às pessoas: 
sexo, idade, etnia etc.; 
ƒƒ características adquiridas pelas pes-
soas: situação conjugal, imunidade etc.;
ƒƒ características derivadas das atividades, 
como lazer e profissão;
ƒƒ características derivadas das condições 
2.1 Epidemiologia Descritiva
de vida: renda e acesso a serviços e bens 
de consumo.
As respostas a essas perguntas servem para 
orientar a tomada de decisão na indicação das 
condutas para o enfrentamento daquele proble-
ma estudado. Por exemplo, decidir vacinar contra 
um agravo primeiro os profissionais de saúde e 
índios, depois gestantes e, por fim, os outros gru-
pos populacionais.
 Em relação ao tempo, a Epidemiologia des-
critiva contribui para o entendimento da frequên-
cia de uma doença ou agravo, contribuindo para o 
estabelecimento de padrões de normalidade e de 
alterações dela. Os conceitos relativos a variações 
cíclicas: doenças sazonais, que variam de forma 
coincidente com as estações do ano; endemia se 
refere à presença usual de uma doença dentro 
dos limites esperados para uma área geográfica 
por um período de tempo ilimitado. As endemias 
são observadas e descritas pela incidência média 
mensal ou anual. Uma epidemia é definida por 
Medronho et al. (2006) como sendo “a elevação 
brusca, temporária e significativamente acima 
do esperado para a incidência de uma determi-
nada doença.” Os mesmos autores definem surto 
como “ocorrência epidêmica onde todos os casos 
são relacionados entre si, atingindo uma área pe-
quena e delimitada como um bairro, uma creche, 
etc.” Os surtos frequentemente apresentam um 
número de casos com rápida progressão, atingin-
do um pico de incidência que entra em declínio 
logo a seguir. Com essas características, também 
AtençãoAtenção
À Epidemiologia descritiva cabe perguntar e 
responder: de que forma os agravos variam nas 
pessoas? Quem são as pessoas acometidas? O 
agravo é diferente em homens e mulheres? A 
ocorrênciadesse agravo se modifica de acordo 
com a idade ou com a condição individual?
Epidemiologia e Saúde Ambiental
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17
são chamados epidemias explosivas ou de fonte 
comum. 
Na epidemiologia descritiva, o elemento es-
paço foi o que recebeu mais atenção nas últimas 
décadas. Com o surgimento e disseminação dos 
computadores e as técnicas de geoprocessamen-
to, o mapeamento da ocorrência dos agravos, a 
análise exploratória utilizada para descrever os 
padrões espaciais e estabelecer comparações e 
as modelagens capazes detestar hipóteses de re-
lações entre determinada doença e as variáveis 
ambientais se tornaram possíveis e amplamente 
utilizadas. 
O estudo descritivo espacial das doenças 
com a tecnologia disponível permite, por exem-
plo, o estudo de migrantes, cujo objetivo é deter-
minar se o risco de uma doença se modifica quan-
do migrantes vão de uma área onde a ocorrência 
de uma doença é alta para uma região onde é 
baixa. Esse tipo de estudo elucida a importância 
dos fatores individuais (como carga genética) e 
fatores ambientais (como radiação solar, poluição 
etc.) sobre a distribuição dos agravos. 
A distribuição espacial também contribuiu 
com o conceito de pandemia, definida como 
uma epidemia progressiva que atinge a popula-
ção de diversas nações e continentes. Dois exem-
plos recentes de pandemias são a AIDS e a Gripe 
por Influenza A H1N1.
A chegada dos computadores permitiu, 
também, o avanço dos estudos epidemiológicos 
para além da descrição. A metodologia de análise 
estatística com amplo aperfeiçoamento da co-
leta, tratamento e análise de dados passou a ser 
chamada epidemiologia analítica. A ampliação 
dos métodos empregados e de novos objetos de 
conhecimento também avançou na direção de 
novas abordagens, como a epidemiologia clinica, 
epidemiologia molecular, a fármaco-epidemiolo-
gia, entre outras. 
De um modo bastante sintético e simplifi-
cado, podemos dizer que os dados gerados pe-
los estudos epidemiológicos precisam ser ana-
lisados, ou seja, passam pelas etapas de coleta, 
processamento, apresentação e interpretação. A 
epidemiologia analítica utiliza basicamente três 
medidas sequenciais: medidas de ocorrência; 
medidas de associação; e medidas de significân-
cia estatística. 
As medidas de ocorrência compreendem 
o cálculo de média, mediana e moda (medidas de 
tendência central), frequência absoluta e relativa 
(número e percentual), índices (taxas) e coeficien-
tes (proporção na população) de incidência e pre-
valência, que são tomados como indicadores.
As medidas de associação avaliam se há 
associação entre um fator determinante e uma 
doença ou agravo. Para isso, empregam testes es-
tatísticos que medem a intensidade dessa relação. 
São medidas de associação: a razão de médias ou 
correlação, a razão de prevalência, a diferença de 
2.2 Epidemiologia Analítica
prevalência, as medidas de Risco Relativo (RR), 
Risco Atribuível (RA), Risco Atribuível na Popula-
ção (RAP) e a razão de produtos cruzados, mais 
conhecida pela denominação inglesa Odds Ratio 
(OR). Todas essas medidas são objeto de estudo 
da Bioestatística, motivo pelo qual não serão dis-
cutidas aqui.
O terceiro grupo, das medidas de signifi-
cância estatística, tem como objetivo responder 
se a associação encontrada entre a doença estu-
dada e o fator determinante ocorre por acaso ou 
realmente existe. Os testes estatísticos emprega-
dos verificam se o grau de certeza de que a asso-
ciação encontrada não é devida ao acaso. Os tes-
tes mais utilizados são o teste qui-quadrado (X2), 
teste de diferenças de médias (teste Z e teste t) e 
Mantel-Haenszel (MH x2).
A escolha dos testes estatísticos é orienta-
da pelo tipo de estudo epidemiológico escolhido 
pelo pesquisador.
Hogla Cardozo Murai
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18
Os estudos epidemiológicos são distribuí-
dos em:
ƒƒ ecológicos: que abordam áreas geo-
gráficas bem delimitadas, analisando 
comparativamente indicadores de saú-
de e variáveis ambientais; 
ƒƒ seccionais ou transversais: nos quais 
o fator e o efeito são observados num 
mesmo momento histórico. Nesse gru-
po, estão os inquéritos ou surveys, am-
plamente utilizados em Saúde Coletiva; 
ƒƒ coorte prospectiva e coorte retros-
pectiva: observa grupos populacionais 
expostos a determinado fator conside-
rado como causa de uma doença para 
comprovar essa relação. Também são 
chamados estudos de seguimento ou 
follow-up. Podem partir de um grupo 
de pessoas saudáveis expostas a um 
risco, para medir quantos adoecem e 
estabelecer a associação causa-efeito 
(estudo prospectivo), ou de um gru-
po homogêneo com um determinado 
diagnóstico, para o qual se verificará a 
exposição anterior ao risco estudado e 
considerado hipoteticamente a causa 
da doença (estudo retrospectivo);
ƒƒ caso-controle: destinado à investi-
gação de associação etiológica com 
doenças de baixa incidência. Esse tipo 
de estudo se inicia com a seleção dos 
doentes (casos) e estabelece controles 
(sujeitos comparáveis aos casos, porém 
sabidamente não doentes) e investiga 
nos dois grupos os níveis de exposição 
a fatores de risco retrospectivamente. 
2.3 Os Tipos de Estudo Epidemiológico
Uma vez concluídos os estudos epidemio-
lógicos, os resultados dos testes analíticos devem 
ser interpretados e o julgamento da relação entre 
a suposta causa e o efeito (doença) deve obede-
cer a critérios, como a intensidade da associa-
ção (a doença é tantas vezes mais frequente na 
presença de tal fator do que na sua ausência); a 
sequência cronológica correta (a exposição ao 
fator de risco ocorre necessariamente antes do 
surgimento dos sinais e sintomas da doença); 
significância estatística (deve haver um alto grau 
de certeza de que a associação entre os fatores 
determinantes estudados e a doença não são 
devidas ao acaso); efeito dose-resposta (a intensi-
dade do fator de risco deve guardar concomitân-
cia com a intensidade de ocorrência da doença); 
consistência da associação (os resultados de um 
estudo devem ser reiterados ou confirmados por 
outros estudos similares em condições diferen-
tes); especificidade da associação (quanto mais 
específico é um fator em relação à doença, maior 
a probabilidade de se tratar de um fator causal); 
e coerência científica (os novos conhecimentos 
devem ser coerentes com os estudos anteriores 
ou, havendo incoerência, necessita de evidência 
sobre a validade do mesmo).
A interpretação dos resultados tanto na epi-
demiologia analítica quanto na epidemiologia 
descritiva tem grande importância, porque apoia 
as medidas de intervenção para o controle ou eli-
minação dos problemas de saúde. 
Epidemiologia e Saúde Ambiental
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19
Como vimos até aqui, a Epidemiologia in-
vestiga os determinantes do processo saúde e 
doença, procura entender as relações causais 
entre determinantes e agravos e, ao fazê-lo, con-
tribui na elaboração de medidas de redução dos 
riscos pela aplicação de medidas preventivas es-
pecíficas e gerais, que constituirão medidas de vi-
gilância em saúde aplicadas na forma de políticas 
públicas. 
O conceito de risco é central na Epidemio-
logia em todas as suas vertentes. Almeida Filho 
e Rouquayrol (2006) definem risco como “a pro-
babilidade de ocorrência de uma doença, um 
agravo, óbito ou condição relacionada à saúde 
(incluindo cura, recuperação ou melhora), em 
uma população ou grupo, durante um período 
de tempo determinado.”
Para descrever o comportamento das doen-
ças em uma população ou o risco de ela vir a ocor-
rer, são utilizadas medidas de frequência de mor-
bidade e de mortalidade.
ƒƒ Morbidade: é o conjunto dos indiví-
duos que adquiriram doenças num in-
tervalo de tempo, ou comportamento 
das doenças edos agravos à saúde em 
uma população exposta.
ƒƒ Mortalidade: é o conjunto dos indiví-
duos que morreram num dado interva-
lo de tempo.
Essas medidas são tomadas como indicado-
res para o acompanhamento da sua frequência. 
Qualquer que seja a medida de frequência utili-
zada, ela deve ser necessariamente referida às di-
mensões de tempo, espaço e da população. Para 
que se possa comparar o perfil epidemiológico 
dos agravos em diferentes populações e lugares, 
utilizam-se coeficientes, ou seja, a proporção dos 
casos descobertos de um agravo na população 
2.4 Risco, Fator de Risco e Marcador de Risco
exposta a ele. Os coeficientes indicam o risco de 
ocorrer determinado agravo em uma população.
Principais Medidas de Agravos
Incidência
É o número absoluto de casos novos de um 
agravo em uma população e em um determinado 
espaço geográfico. Quando a medida é expressa 
proporcionalmente à população exposta, a cha-
mamos coeficiente de incidência.
Prevalência
É a frequência de casos existentes (soma do 
número absoluto de casos novos e antigos) de 
um agravo em uma população em um determi-
nado momento. A prevalência é uma medida uti-
lizada preferencialmente para doenças crônicas e 
pode ser expressa proporcionalmente à popula-
ção exposta. Nesse caso, a chamamos coeficiente 
de prevalência.
Medidas de mortalidade
São as medidas que expressam com maior 
precisão a severidade de determinado agravo. Na 
forma de coeficientes, permitem a comparação 
de um evento em populações, áreas geográficas 
e ou períodos diferentes.
Letalidade
É uma medida da gravidade de uma doen-
ça. Representa o percentual de pessoas que mor-
reram por determinada doença entre as pessoas 
que adoeceram pela mesma causa. 
Hogla Cardozo Murai
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20
Coeficiente de mortalidade
Mede o risco de morrer segundo a idade, 
faixa etária, sexo, ou qualquer outra característica 
atribuída à pessoa; o local físico e geográfico da 
ocorrência; a causa do óbito.
Observa-se que essa formulação está inti-
mamente relacionada ao conceito matemático 
de estimativa de uma proporção, envolvendo 
necessariamente três elementos: a ocorrência de 
casos de um determinado evento (óbitos, doen-
ça ou saúde), compondo o numerador; uma base 
de referência populacional (na qual o evento do 
numerador incide), compondo o denominador; 
e uma base de referência temporal (período) co-
mum ao numerador e ao denominador. 
Se você desejar saber qual foi o risco de con-
trair Tuberculose (TB) no Município de São Paulo 
(MSP) em 2011, deverá conhecer:
1. a ocorrência do evento em 2011: foram 
notificados 5.990 casos novos no MSP; 
2. a população sobre a qual incidiu o even-
to: a população estimada para 2011 no 
MSP foi de 11.337.021 habitantes;
3. a referência temporal/período de ocor-
rência: ano 2011.
Algumas características ou circunstâncias 
acompanham o aumento da probabilidade de 
ocorrência de uma doença, um agravo, óbito ou 
condição relacionada à saúde, em uma popula-
ção ou grupo, durante um período de tempo de-
terminado. Essas características, ou fator de expo-
sição supostamente ligado ao desenvolvimento 
do evento, chamamos fator de risco. 
Os fatores de risco podem ser retirados ou 
controlados. Quando isso acontece, a ocorrência 
do evento estudado se modifica ou reduz. Um 
exemplo de fator de risco é a umidade do ar em 
relação ao desencadeamento de crises de asma. 
A OMS considera como ideal a umidade do ar 
acima de 60%. É considerado estado de atenção 
quando a umidade cai abaixo dos 30%. Quando a 
umidade atinge níveis entre 19% e 12%, é decre-
tado o estado de alerta, porque se eleva a chance 
de ocorrência de danos à saúde. Para contornar 
o fator de risco representado pela baixa umidade 
do ar, recomenda-se o uso de unificadores am-
bientais. Elevando artificialmente a umidade do 
ar, o risco de adoecimento por essa causa diminui. 
Saiba maisSaiba mais
O Coeficiente de Incidência de Tuberculose em 2011 é dado por:
Nº de casos novos de TB no MSP em 2011 x 100.000 hab.
 População residente no MSP em 2011
Logo, 
Coef. Inc. TB = 5.990 x 100.000 hab. = 52,8/100.000 habitantes.
11.337.021
Ou seja,
A probabilidade de adoecer com TB no MSP em 2011 foi de 52,8 em cada grupo de 100 mil habi-
tantes.
Alguns fatores são considerados de proteção por-
que quando estão presentes reduzem a chance 
de adoecimento, morte ou outro dano à saúde. 
CuriosidadeCuriosidade
Epidemiologia e Saúde Ambiental
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21
A Epidemiologia surgiu como ciência e área do conhecimento na metade do século XVIII, embora 
o objeto central de seu estudo já fosse discutido muito antes e o seu reconhecimento tenha sido muito 
posterior. Mesmo assim, a bibliografia tem como seu marco inicial a descrição da aplicação do método 
científico na investigação da ocorrência de uma doença em uma população realizada pelo londrino John 
Snow. Desde então, a Epidemiologia tem diversificado seu campo e ampliado seu campo e métodos de 
estudo. Inicialmente, se dedicava predominantemente à descrição dos eventos relacionados à saúde da 
população e, com o advento dos sistemas computacionais, avançou na aplicação da matemática como 
recurso para comprovação de suas hipóteses. Surge, então, a epidemiologia descritiva e analítica. Delas 
emerge uma nova terminologia, que conceitua e estabelece relações entre os elementos participantes 
de cada processo estudado, relativos ao agente, homem e ambiente. Em relação aos métodos epidemio-
lógicos, os estudos são classificados como ecológicos, transversais, de coorte e caso-controle. 
2.5 Resumo do Capítulo
Agora que você já estudou sobre Epidemiologia, teste seus conhecimentos:
1. Como a Epidemiologia pode contribuir para a atuação do engenheiro e do gestor ambiental?
2. O monitoramento do desmatamento florestal realizado por autoridades governamentais com 
o uso de imagens de satélite tem características de que tipo de estudo epidemiológico?
3. Qual é a diferença entre fator e marcador de risco? 
2.6 Atividades Propostas
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23
A vida e o ambiente são inseparáveis e o 
inter-relacionamento entre ambos é inti-
mo e constante. Em decorrência, a evolu-
ção dos seres vivos se dá à mercê de sua 
adaptação ao meio em que vivem, e que 
lhes determina as características estrutu-
rais, funcionais e de comportamento (FO-
RATTINI,1992). 
O que entendemos por ambiente? 
O AMBIENTE3
Podemos iniciar dizendo que o ambiente 
em que a espécie humana vive é o planeta Terra, 
que integra o sistema solar. Então, o ambiente em 
que vivemos inclui desde a energia solar ao solo e 
todos os organismos vivos e não vivos dispostos 
no planeta Terra, que pode ser denominado, ge-
nericamente, ecossistema. 
O ecossistema sofre modificações conside-
radas naturais, como parte de sua evolução his-
tórica, e outras, resultantes da atividade humana, 
denominadas antrópicas. Sobre o primeiro grupo 
de modificações do ecossistema, sabe-se que os 
rios, as rochas e outros componentes abióticos 
(inanimados, não vivos) em conjunto com o com-
ponente biótico (conjunto de seres vivos que par-
tilham o ambiente com a espécie humana) po-
dem sofrer e provocar alterações que repercutem 
na superfície terrestre. A essas alterações naturais, 
acrescentam-se as modificações produzidas pela 
3.1 O Ambiente Natural
atividade humana, resultando no conjunto deno-
minado paisagem. 
A paisagem natural é aquela livre da ação 
humana e a paisagem artificial ou antrópica, 
aquela que resulta da interferência do ser huma-
no em sua conformação. 
A bibliografia indica que o ser humano 
conviveu por um longo período com o ambiente 
natural, mantendo atividade de extração de ele-mentos necessários à sua alimentação e manu-
tenção da vida, sem modificar a paisagem. 
A descoberta do fogo, que teria ocorrido há 
700 mil anos, parece ter sido responsável pelo iní-
cio das alterações da paisagem natural pela ação 
do homem. A partir do surgimento da agricultura, 
cerca de 10 mil anos atrás, o ser humano passou a 
interferir de forma intencional sobre o crescimen-
3.2 O Ambiente sob a Ação do Homem ou Ambiente Antrópico
to e substituição de determinadas espécies vege-
tais de seu interesse, contribuindo para a modifi-
cação da paisagem e interferindo no equilíbrio do 
meio de forma muito mais intensa. Mais tarde, se 
perceberia que a alteração do solo pela ação das 
queimadas e a substituição das espécies vegetais 
Hogla Cardozo Murai
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24
na cobertura deste implicariam a modificação da 
evaporação da água dos mananciais, do curso 
dos ventos, da reprodução de outras espécies vi-
vas, entre outros impactos. 
A retirada dos elementos naturais de uma 
área geográfica destinada à introdução de novos 
elementos que modificam a topologia, a hidrolo-
gia e a composição do solo constitui um distúrbio 
antrópico do ecossistema. A introdução da agro-
pecuária, da indústria e a instalação das cidades 
que sucederam a agricultura produziram efeitos 
muito mais profundos e definitivos na paisagem. 
As alterações provocadas pelo desenvolvimento 
urbano-industrial segui-
ram de forma acelerada e, 
muitas vezes, não plane-
jada, retirando e modifi-
cando fontes energéticas 
naturais, devastando a 
paisagem natural e, prin-
cipalmente, devolvendo 
para a natureza os resí-
duos dessa atividade. En-
tre esses “resíduos”, está a 
produção de calor artificial liberado na atmosfera. 
Outro fenômeno modificador da paisagem 
natural foi a ocupação do território em conglome-
rados humanos cada vez mais adensados (muitas 
pessoas em menos espaço físico), gerando uma 
concentração espacial da interferência sobre o 
ambiente. 
A comunidade antrópica resultante do 
inter-relacionamento dos seres vivos no am-
biente modificado pela ação humana favorece 
o aparecimento de diferentes nichos e habitats 
e, consequentemente, o surgimento de riscos à 
saúde humana. No caso das doenças infecciosas, 
transmissíveis e contagiosas, estas encontraram 
em tais conglomerados as condições ideias para 
sua disseminação, constituindo as grandes epide-
mias. 
Por outro lado, as alterações ambientais 
propiciadas pela atividade urbano-industrial per-
mitiram a exposição a riscos de natureza física, 
química, radioativa, entre outras que passaram a 
desencadear doenças não infecciosas. O modo de 
produção e as condições de vida, incluindo o am-
biente como um todo, passou a responder pelo 
potencial desenvolvimento do processo de adoe-
cimento e morte humana. 
Além disso, o des-
locamento de grupos po-
pulacionais de uma área 
geográfica para outra se 
mostrou como forte ele-
mento de disseminação 
dos determinantes do 
processo saúde e doença. 
Assim foi com as doenças 
infecciosas, como a peste 
bubônica espalhada pelo mundo por roedores 
transportados de um lugar para outro nos porões 
dos navios e a Influenza A H1N1 disseminada por 
pessoas viajando de um país para outro após te-
rem sido infectadas. Ao implantar áreas de garim-
po de ouro, os humanos atiraram mercúrio aos 
leitos de rios e pela água, atingiram os peixes e a 
população humana em contato com o alimento e 
com a água. 
A história tem mostrado que a intervenção 
humana sobre a natureza produz transformações 
capazes de comprometer não só a saúde, mas 
também o futuro da humanidade. 
AtençãoAtenção
O desenvolvimento humano levou à formação 
das cidades que utilizam água, energia e mate-
riais retirados do meio natural para a transforma-
ção do meio. Em consequência desse processo, 
geram dejetos capazes de degradar o meio dire-
tamente ou indiretamente, rompendo o equilí-
brio do ecossistema.
Epidemiologia e Saúde Ambiental
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Embora os seres humanos façam parte da 
biota (componentes vivos que habitam a Ter-
ra) e estejam sujeitos às mesmas leis biológicas 
e ecológicas que regem as demais espécies, são 
dotados de grande capacidade de adaptação ao 
ambiente. Essa capacidade permite que ele migre 
continuamente e ocupe novos espaços territo-
riais, impondo a esses novos espaços a sua ação 
de modificação. Os movimentos de dispersão 
humana acontecem por diferentes motivos, com 
destaque para a determinação sociocultural. 
Os movimentos migratórios podem modifi-
car o tamanho de uma população. 
Entre os atributos da população, além da 
migração, estuda-se a densidade demográfi-
ca, as taxas de natalidade e de mortalidade e o 
potencial biótico. Vamos iniciar a discussão pelo 
conceito de densidade demográfica.
A densidade demográfica corresponde ao 
número de indivíduos em um determinado espa-
ço físico. A densidade de seres humanos é expres-
sa em indivíduos ou habitantes por quilometro 
quadrado (km2). Sua contagem ocorre a cada dez 
anos pelos censos demográficos. Seus resultados 
3.3 Dinâmica de Populações e sua Influência sobre o Ambiente
adquirem cada vez mais importância para o estu-
do da saúde humana e mostram aspectos com-
portamentais, socioculturais e econômicos das 
comunidades. Um exemplo disso foi a detecção 
da transição demográfica observada no Brasil, 
evidenciada pelo processo acelerado de envelhe-
cimento da população, antecedido pelo êxodo 
rural e adensamento das metrópoles. 
As modificações internas da composição 
de uma população podem ser determinadas pela 
alteração do padrão de natalidade (número de 
nascimentos em um período de tempo e área de-
limitada) e de mortalidade. A natalidade tende a 
aumentar o tamanho da população e a mortali-
dade tende a diminuí-la. Sempre que um desses 
eventos cresce de forma acentuada, o outro tende 
a compensá-lo. Historicamente, após as grandes 
guerras ou epidemias que resultaram em perda 
significativa de vidas, se observou movimentos 
de explosão demográfica (repentina alta da na-
talidade). Do mesmo modo, com o alargamento 
da expectativa de vida (as pessoas estão vivendo 
mais tempo), a natalidade tende a diminuir. 
O ambiente foi, aqui, definido como o espaço no qual a vida, a saúde e a doença acontecem. Sob a 
ação do homem, a paisagem natural se modifica num encadeamento de alterações correlatas. O ambien-
te alterado pela atividade humana, também chamada antrópica, ocorre pela retirada dos elementos da 
natureza para sobrevivência e em nome dela evoluiu para o acúmulo de riquezas, pelo desenvolvimento 
e uso de tecnologias que passaram a interferir de modo voluntário e involuntário sobre o solo, ar e recur-
sos hídricos, alterando a vegetação e as relações de manutenção da vida no ecossistema. Também par-
ticipam desse processo de intervenção antrópica os movimentos migratórios. Em seu conjunto, a ação 
do homem sobre o ambiente o modifica, produzindo ao mesmo tempo ganhos (a expectativa de vida 
e o conforto aumentaram) e perdas, pelos riscos impostos à saúde e à sustentabilidade desse processo.
3.4 Resumo do Capítulo
Hogla Cardozo Murai
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Agora que você já estudou sobre o Ambiente, teste seus conhecimentos:
1. De que forma os dejetos produzidos pelo homem e lançados na natureza podem afetar a sua 
saúde? 
2. Por que e quando a atividade extrativista influencia negativamente o equilíbrio ambiental?
3. Por que os movimentos migratórios podem modificar o ambiente natural e antrópico? 
3.5 Atividades Propostas
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O surgimento da Saúde Pública como cam-
po de intervenção sobre a saúde humana resul-
tou da organização das comunidades e de sua es-
trutura social.A transição do modo de produção 
feudal para mercantil trouxe muitas famílias do 
campo para as cidades, favorecendo a ocorrência 
de epidemias, porque as pessoas passaram a con-
viver com maior proximidade e esse fenômeno 
permitiu a disseminação de microrganismos cau-
sadores de doenças com maior velocidade. 
Estudiosos do assunto dão conta de que no 
final do século XVIII, quando a solidariedade dos 
vizinhos no atendimento às famílias acometidas 
principalmente por doenças infecciosas era in-
suficiente, as autoridades intervinham de forma 
complementar. Um exemplo desse tipo de inter-
venção foi a obrigatoriedade do sepultamento de 
mortos para evitar a contaminação da atmosfera 
pelas partículas provenientes da decomposição 
dos corpos. Do mesmo modo, eram prescritos 
cuidados de higiene pessoal e alimentar à popu-
lação, para evitar o contágio. 
Após a Revolução Industrial, com o surgi-
mento do capitalismo na segunda metade do 
século XIX, o Estado assumiu claramente a fun-
ção de zelar pela saúde da população, atuando 
muitas vezes de forma autoritária, no modelo de 
Polícia Médica. A ideia de prevenção foi ampliada 
na medida em que a vacinação e o isolamento de 
germes fizeram crer que tanto o adoecimento in-
dividual quanto o coletivo poderiam ser evitados. 
Para tanto, as políticas governamentais passaram 
a ser instituídas segundo o Modelo Processual da 
SAÚDE PÚBLICA4
4.1 Conceito de Evolução
saúde e doença: prevenção primária, para remo-
ver as causas das doenças, intervindo sobre o am-
biente (tratamento da água para consumo huma-
no, por exemplo) ou sobre o estilo de vida (dieta, 
exercícios, lazer); prevenção secundária, para im-
pedir o aparecimento de doenças mediante me-
didas específicas para cada agravo (como vaci-
nação, por exemplo); e terciária, com objetivo de 
reduzir os danos, incapacidades físicas, e dissemi-
nação das doenças (como serviços de reabilitação 
fisioterapêutica, laboral, entre outras). 
Considerados esses aspectos, fica evidente 
que o conhecimento que propicia o desenvolvi-
mento das populações também resulta na gera-
ção de riscos à sua saúde. A identificação, análise 
e monitoramento desses riscos produzido pela 
Epidemiologia subsidiam a tomada de decisão 
no planejamento, administração e avaliação de 
sistemas, programas, serviços e ações de saúde. 
Estes, por sua vez, constituem o campo de ação 
da Saúde Pública. 
As Políticas Públicas para o enfrentamento 
dos problemas e riscos à saúde da população são 
definidas a partir do diagnóstico das suas condi-
ções de vida e saúde, estabelecido pela análise 
de indicadores epidemiológicos e aplicação de 
critérios para eleição de prioridades. As priorida-
des eleitas pelos critérios de magnitude ou ex-
pressão de maior frequência e de transcendência 
caracterizada pela gravidade do dano e seu po-
tencial para produzir custos elevados, sequelas 
e mortes, e a vulnerabilidade dos agravos repre-
sentada pela sua capacidade de responder às me-
Hogla Cardozo Murai
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didas de controle são apresentadas na forma de 
objetivos e metas a serem alcançadas mediante 
ações governamentais implementadas direta e 
indiretamente pelos serviços de saúde pública. 
A produção de saúde, entendida como o conjun-
to de ações que visam à recuperação da saúde, 
a prevenção específica de agravos e a promoção 
da saúde são o objeto da Saúde Pública que atua 
em contextos políticos, econômicos, ambientais e 
socioculturais sobre os fatores e condições bioló-
gicas, modificando-as e transformando continua-
mente tais condições para torná-las favoráveis à 
saúde.
A relação entre a Saúde Pública e o ambien-
te está registrada num dos documentos mais an-
tigos sobre a intervenção sobre a saúde: o tratado 
De Ares, Águas e Lugares, atribuído a Hipócrates, 
escrito cerca de 400 anos a.C. Em seu raciocínio, 
Hipócrates partiu da observação das funções e 
manifestações do organismo e suas relações com 
o meio natural, incluindo a exposição às variações 
de tempo e temperatura (chuva, seca, frio, calor) e 
exposição a variações sociais, como trabalho, mo-
radia, relações sociais e estilo de vida, e definiu a 
saúde como resultado do equilíbrio entre o ho-
mem e seu meio. 
A teoria hipocrática teve forte relevância 
no desenvolvimento da saúde pública e inspirou 
movimentos teóricos que marcaram o curso da 
história, não só como objeto de conhecimento, 
mas como campo da prá-
tica sobre a saúde coleti-
va. Exemplo disso é obser-
vado na formulação dos 
modelos explicativos do 
processo saúde e doença 
onde o ambiente ocupa 
posição de destaque, seja 
albergando os agentes 
etiológicos responsáveis pela agressão do ser hu-
mano (Modelo Biomédico), se constituindo espa-
ço de interação entre o ser humano e os fatores 
determinantes da história natural da doença (Mo-
delo Processual), ou como terceiro subsistema na 
tríade agente, suscetível e ambiente (Modelo Sis-
têmico). 
4.2 Saúde Pública e o Ambiente
Ao estudar a distribuição dos eventos rela-
cionados ao processo saúde e doença em uma 
população e seus determinantes, a Epidemiolo-
gia evidencia que a ação humana sobre a nature-
za modifica e degrada o ambiente, favorecendo 
a influência de fatores determinantes físicos, quí-
micos, biológicos e sociais de doenças e outros 
agravos, reduzindo a qualidade de vida. 
Os determinantes físico-químicos são des-
critos por Philippi Jr. (2005) como fenômenos 
naturais que podem ser agravados pela ação an-
trópica. O desmatamento, a alteração do curso de 
rios e a emissão de gases na atmosfera modificam 
o clima, a incidência de chuvas, o aquecimento 
do solo, entre outros fenômenos. 
A disponibilidade de água potável está di-
retamente relacionada à 
qualidade de vida e saúde 
humana. Contraditoria-
mente, as regiões de alta 
densidade demográfica 
(habitantes/km2) alta-
mente industrializadas e 
urbanizadas consomem 
um volume maior de re-
cursos hídricos e, ao mes-
mo tempo, poluem os mananciais. Esse tipo de 
ocupação do território e estilo de vida também 
resulta na emissão de resíduos na forma de par-
tículas lançados na atmosfera ou de resíduos só-
lidos lançados no solo ou nas águas (rios mares e 
outras fontes hídricas). 
AtençãoAtenção
Os seres humanos impõem uma pressão cada vez 
maior sobre o ambiente, tanto pelo uso excessivo 
dos recursos naturais em um ritmo incompatível 
com a renovação natural quanto pela geração de 
resíduos em velocidade e quantidades superio-
res à capacidade de processamento. 
Epidemiologia e Saúde Ambiental
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29
As partículas lançadas na atmosfera, a que 
chamamos poluição atmosférica, constituem im-
portante determinante de doenças respiratórias e 
consequente elevação de seus índices de mortali-
dade. Do ponto de vista da saúde pública, soma-
-se ao custo representado pelas perdas sociais e 
econômicas (causam faltas ao trabalho, perdas 
no processo produtivo), da qualidade de vida e/
ou da própria vida um aumento significativo no 
custo de medidas de controle e tratamento des-
ses agravos. 
Os determinantes biológicos abrangem 
atributos individuais endógenos, como a carga 
genética, e os exógenos, pertinentes ao ambien-
te. A oferta de água, abrigo e alimento favorece 
o aparecimento e aumento da fauna sinantró-
pica, representada por espécies animais que se 
adaptam a viver junto ao homem a despeito de 
sua vontade. São espécies que se adaptaram ao 
modo de viver do homem em áreas antrópicas 
para sobreviver e que, no contato com os seres 
humanos, podem causar prejuízos à saúde de or-
dem física, econômica ou ambiental. 
O manejo inadequado do ambiente na-
tural altera o equilíbrio ecológico, extinguindo 
algumas espécies da biota e favorecendo o cres-
cimento desordenado de outras,requerendo in-
tervenções quase sempre muito agressivas para o 
controle de pragas urbanas e agrícolas. O uso de 
biocidas (venenos) tem sido objeto de estudos e 
preocupação não só de pesquisadores dos recur-
sos ambientais, mas também da saúde humana. 
Os determinantes sociais, relegados a um 
segundo plano durante muito tempo nas conside-
rações sobre o processo saúde e doença, ocupam 
lugar de destaque desde as últimas décadas do 
século XX. A dinâmica populacional, já discutida 
no capítulo anterior, e o adensamento das áreas 
mais urbanizadas, onde se concentram as opor-
tunidades de trabalho, fizeram surgir formas de 
ocupação do território classificadas como mora-
dias subanormais, também denominadas favelas 
e, mais recentemente, “comunidades”. A implan-
tação desses conglomerados humanos ocorre em 
áreas de infraestrutura insuficiente, saneamento 
básico deficitário ou inexistente, frequentemente 
na beira de córregos urbanos ou morros de decli-
ve acentuado e áreas de grande erosão, áreas de 
mananciais, margens de rodovias ou no entorno 
de aterros sanitários. As condições de vida dessas 
populações são precárias e, ao mesmo tempo, 
favorecem sua ação de degradação do ambiente 
em que vivem, desencadeando um ciclo vicioso, 
que torna ainda mais comprometida sua qualida-
de de vida e saúde. 
Nesse cenário, compete à Saúde Pública a 
proposições de ações de alcance coletivo, sua im-
plementação, monitoramento e avaliação do im-
pacto dos riscos, agravos e doenças identificados. 
Essas ações são dirigidas à população e/ou ao am-
biente, entendido como o espaço que reúne os 
determinantes do processo saúde e doença, con-
forme é explicitado na definição de saúde conti-
da no texto da Constituição Federal (1988), no art. 
196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, 
garantido mediante políticas sociais e econômi-
cas que visem à redução do risco de doença e de 
outros agravos e ao acesso universal e igualitário 
às ações e serviços para sua promoção, proteção 
e recuperação.” 
Da mesma forma, as ações de saneamento 
básico e saúde ambiental integram as diretrizes 
do Plano Nacional de Saúde e as metas do Pac-
to pela Saúde, dois documentos que pautam as 
ações de Saúde Pública e respectivo financiamen-
to público. Nesse âmbito, o objetivo é a promo-
ção da saúde e redução das desigualdades sociais 
de forma sustentável.
Hogla Cardozo Murai
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A Saúde Pública é discutida, neste capítulo, como campo de intervenção sobre a saúde humana, 
inicialmente subordinada às demandas apresentadas pela área econômica voltada à manutenção da for-
ça de trabalho, produtividade e relações internacionais. O controle de epidemias e endemias, foco inicial, 
foi ampliado na medida do alcance dos conhecimentos científicos e da concepção do processo saúde e 
doença. A relação entre a Saúde Pública e o ambiente, estabelecida por Hipócrates em cerca de 400 anos 
a.C., recomendava a consideração de aspectos geográficos, climáticos e sociais antes de intervir sobre a 
saúde humana. A Saúde Pública utiliza as ferramentas oferecidas pela Epidemiologia e intervém sobre os 
determinantes por ela evidenciados: os físico-químicos, os biológicos e os sociais. 
4.3 Resumo do Capítulo
Agora que você já estudou sobre Saúde Pública, teste seus conhecimentos:
1. Quais são os critérios utilizados para caracterizar um evento relacionado à saúde como proble-
ma de Saúde Pública?
2. Qual é a relação entre recursos hídricos e Saúde Pública?
3. De que forma o manejo inadequado do ambiente natural pode afetar a biota?
4.4 Atividades Propostas
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31
Assim como a saúde é um direito de todos 
os brasileiros, o meio ambiente equilibrado tam-
bém o é. 
O caput do art. 225 da Constituição Federal 
de 1988 diz: “Todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum 
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para presentes 
e futuras gerações.” 
A saúde ambiental é definida pelo Ministé-
rio da Saúde como 
a área da saúde pública afeta ao conhe-
cimento científico e a formulação de po-
líticas públicas relacionadas à interação 
entre a saúde humana e os fatores do 
meio ambiente natural e antrópico que a 
determinam, condicionam e influenciam, 
com vistas a melhorar a qualidade de 
vida do ser humano, sob o ponto de vista 
da sustentabilidade. (BRASIL, 2005a).
SAÚDE AMBIENTAL5
5.1 Conceito e Implicações
Sendo uma área da saúde pública, a saúde 
ambiental nasceu da necessidade de interromper 
ou mudar o processo de adoecimento da popula-
ção por meio do manejo das condições ambien-
tais em que ele se desenvolve. Para isso, é neces-
sário conhecer os fatores e os contextos em que 
se rompe o equilíbrio saúde/doença para propor 
intervenções eficazes. 
Na saúde ambiental, como na saúde públi-
ca, as ferramentas para o diagnóstico situacional, 
monitoramento e avaliação das intervenções pro-
vêm da epidemiologia. A história natural da doen-
ça proposta no Modelo Processual do processo 
saúde e doença, ou a tríade agente suscetível e 
ambiente do Modelo Sistêmico, ou os elementos 
presentes na determinação social da doença apli-
cados à saúde ambiental levaram à descrição de 
novos termos e medidas capazes de estimar os 
riscos da interação homem-ambiente. 
Após a Segunda Guerra Mundial, houve a 
aceleração da produção industrial com vistas à 
recomposição econômica dos países, contexto 
em que as estimativas de risco ganharam evidên-
cia. Também a preocupação com a qualidade do 
ambiente e com o risco de acidente industrial e 
de exposição a poluentes e produtos perigosos 
levaram a Organização das Nações Unidas (ONU) 
e outros organismos internacionais a incorporar 
em suas agendas as questões relativas aos riscos 
ambientais. 
Nardocci et al. (2008) afirmam que, para ca-
racterizar a existência de risco, é necessária a exis-
Saiba maisSaiba mais
A defesa do meio ambiente e o reconhecimento de 
sua importância para as gerações presentes e futuras 
representaram um fato novo na Constituição brasilei-
ra. Do período Pré-Colonial até o Republicano, o extra-
tivismo e a ocupação desordenada do território aten-
dendo a interesses econômicos e de acomodação 
política, incluindo submissão a pressões internacio-
nais, resultaram em um modelo de desenvolvimento 
que se voltou contra o meio ambiente e a saúde da 
população.
Hogla Cardozo Murai
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32
tência simultânea de dois elementos: um perigo e 
um sujeito. Sendo assim, os riscos ambientais não 
são exclusivamente relacionados à ação antró-
pica, mas podem ocorrer também no ambiente 
natural. Tendo como finalidade melhorar a quali-
dade de vida do ser humano, sob o ponto de vista 
da sustentabilidade, a saúde ambiental considera 
tanto os riscos para a saúde humana quanto para 
o ecossistema. 
Os riscos para a saúde humana, por sua vez, 
são caracterizados como de efeito imediato (aci-
dentes naturais ou tecnológicos) e de efeito em 
longo prazo (contaminação ambiental, poluição 
do ar, da água do solo etc.). 
A avaliação dos riscos ambientais inclui a 
identificação do perigo, a avaliação da relação 
entre dose de exposição e a incidência de efeitos 
sobre a saúde humana, a avaliação do tipo de ex-
posição e a caracterização do risco. 
A identificação do perigo corresponde 
à análise da substância envolvida, para saber se 
apresenta algum efeito adverso sobre a saúde hu-
mana. 
A avaliação dose-resposta determina qual 
potencial a substância envolvida tem de causar 
efeito sobre a saúde humana e em que nível de 
exposição.
A avaliação da exposição estima o grau 
provável de exposição humana à substância en-
volvida

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