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Apostila_saude ambiental e Epidemiologia
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mentos necessários à sua alimentação e manu- tenção da vida, sem modificar a paisagem. A descoberta do fogo, que teria ocorrido há 700 mil anos, parece ter sido responsável pelo iní- cio das alterações da paisagem natural pela ação do homem. A partir do surgimento da agricultura, cerca de 10 mil anos atrás, o ser humano passou a interferir de forma intencional sobre o crescimen- 3.2 O Ambiente sob a Ação do Homem ou Ambiente Antrópico to e substituição de determinadas espécies vege- tais de seu interesse, contribuindo para a modifi- cação da paisagem e interferindo no equilíbrio do meio de forma muito mais intensa. Mais tarde, se perceberia que a alteração do solo pela ação das queimadas e a substituição das espécies vegetais Hogla Cardozo Murai Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 na cobertura deste implicariam a modificação da evaporação da água dos mananciais, do curso dos ventos, da reprodução de outras espécies vi- vas, entre outros impactos. A retirada dos elementos naturais de uma área geográfica destinada à introdução de novos elementos que modificam a topologia, a hidrolo- gia e a composição do solo constitui um distúrbio antrópico do ecossistema. A introdução da agro- pecuária, da indústria e a instalação das cidades que sucederam a agricultura produziram efeitos muito mais profundos e definitivos na paisagem. As alterações provocadas pelo desenvolvimento urbano-industrial segui- ram de forma acelerada e, muitas vezes, não plane- jada, retirando e modifi- cando fontes energéticas naturais, devastando a paisagem natural e, prin- cipalmente, devolvendo para a natureza os resí- duos dessa atividade. En- tre esses “resíduos”, está a produção de calor artificial liberado na atmosfera. Outro fenômeno modificador da paisagem natural foi a ocupação do território em conglome- rados humanos cada vez mais adensados (muitas pessoas em menos espaço físico), gerando uma concentração espacial da interferência sobre o ambiente. A comunidade antrópica resultante do inter-relacionamento dos seres vivos no am- biente modificado pela ação humana favorece o aparecimento de diferentes nichos e habitats e, consequentemente, o surgimento de riscos à saúde humana. No caso das doenças infecciosas, transmissíveis e contagiosas, estas encontraram em tais conglomerados as condições ideias para sua disseminação, constituindo as grandes epide- mias. Por outro lado, as alterações ambientais propiciadas pela atividade urbano-industrial per- mitiram a exposição a riscos de natureza física, química, radioativa, entre outras que passaram a desencadear doenças não infecciosas. O modo de produção e as condições de vida, incluindo o am- biente como um todo, passou a responder pelo potencial desenvolvimento do processo de adoe- cimento e morte humana. Além disso, o des- locamento de grupos po- pulacionais de uma área geográfica para outra se mostrou como forte ele- mento de disseminação dos determinantes do processo saúde e doença. Assim foi com as doenças infecciosas, como a peste bubônica espalhada pelo mundo por roedores transportados de um lugar para outro nos porões dos navios e a Influenza A H1N1 disseminada por pessoas viajando de um país para outro após te- rem sido infectadas. Ao implantar áreas de garim- po de ouro, os humanos atiraram mercúrio aos leitos de rios e pela água, atingiram os peixes e a população humana em contato com o alimento e com a água. A história tem mostrado que a intervenção humana sobre a natureza produz transformações capazes de comprometer não só a saúde, mas também o futuro da humanidade. AtençãoAtenção O desenvolvimento humano levou à formação das cidades que utilizam água, energia e mate- riais retirados do meio natural para a transforma- ção do meio. Em consequência desse processo, geram dejetos capazes de degradar o meio dire- tamente ou indiretamente, rompendo o equilí- brio do ecossistema. Epidemiologia e Saúde Ambiental Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 Embora os seres humanos façam parte da biota (componentes vivos que habitam a Ter- ra) e estejam sujeitos às mesmas leis biológicas e ecológicas que regem as demais espécies, são dotados de grande capacidade de adaptação ao ambiente. Essa capacidade permite que ele migre continuamente e ocupe novos espaços territo- riais, impondo a esses novos espaços a sua ação de modificação. Os movimentos de dispersão humana acontecem por diferentes motivos, com destaque para a determinação sociocultural. Os movimentos migratórios podem modifi- car o tamanho de uma população. Entre os atributos da população, além da migração, estuda-se a densidade demográfi- ca, as taxas de natalidade e de mortalidade e o potencial biótico. Vamos iniciar a discussão pelo conceito de densidade demográfica. A densidade demográfica corresponde ao número de indivíduos em um determinado espa- ço físico. A densidade de seres humanos é expres- sa em indivíduos ou habitantes por quilometro quadrado (km2). Sua contagem ocorre a cada dez anos pelos censos demográficos. Seus resultados 3.3 Dinâmica de Populações e sua Influência sobre o Ambiente adquirem cada vez mais importância para o estu- do da saúde humana e mostram aspectos com- portamentais, socioculturais e econômicos das comunidades. Um exemplo disso foi a detecção da transição demográfica observada no Brasil, evidenciada pelo processo acelerado de envelhe- cimento da população, antecedido pelo êxodo rural e adensamento das metrópoles. As modificações internas da composição de uma população podem ser determinadas pela alteração do padrão de natalidade (número de nascimentos em um período de tempo e área de- limitada) e de mortalidade. A natalidade tende a aumentar o tamanho da população e a mortali- dade tende a diminuí-la. Sempre que um desses eventos cresce de forma acentuada, o outro tende a compensá-lo. Historicamente, após as grandes guerras ou epidemias que resultaram em perda significativa de vidas, se observou movimentos de explosão demográfica (repentina alta da na- talidade). Do mesmo modo, com o alargamento da expectativa de vida (as pessoas estão vivendo mais tempo), a natalidade tende a diminuir. O ambiente foi, aqui, definido como o espaço no qual a vida, a saúde e a doença acontecem. Sob a ação do homem, a paisagem natural se modifica num encadeamento de alterações correlatas. O ambien- te alterado pela atividade humana, também chamada antrópica, ocorre pela retirada dos elementos da natureza para sobrevivência e em nome dela evoluiu para o acúmulo de riquezas, pelo desenvolvimento e uso de tecnologias que passaram a interferir de modo voluntário e involuntário sobre o solo, ar e recur- sos hídricos, alterando a vegetação e as relações de manutenção da vida no ecossistema. Também par- ticipam desse processo de intervenção antrópica os movimentos migratórios. Em seu conjunto, a ação do homem sobre o ambiente o modifica, produzindo ao mesmo tempo ganhos (a expectativa de vida e o conforto aumentaram) e perdas, pelos riscos impostos à saúde e à sustentabilidade desse processo. 3.4 Resumo do Capítulo Hogla Cardozo Murai Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 Agora que você já estudou sobre o Ambiente, teste seus conhecimentos: 1. De que forma os dejetos produzidos pelo homem e lançados na natureza podem afetar a sua saúde? 2. Por que e quando a atividade extrativista influencia negativamente o equilíbrio ambiental? 3. Por que os movimentos migratórios podem modificar o ambiente natural e antrópico? 3.5 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 O surgimento da Saúde Pública como cam- po de intervenção sobre a saúde humana resul- tou da organização das comunidades e de sua es- trutura social.