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IED Plano de aula 10

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
ALUNO: Talvane Gomes Moraes – 1º Período Direito – Campus R9
Plano de Aula 10: Introdução ao Estudo do Direito
Aplicação Prática Teórica
Os conhecimentos apreendidos serão de fundamental importância para a reflexão teórica envolvendo a compreensão necessária de que o direito, para ser entendido e estudado enquanto fenômeno cultural e humano, precisa ser tomado enquanto sistema disciplinador de relações de poder, a partir da metodologia utilizada em sala com a aplicação dos casos concretos, a saber: 
Caso Concreto 1
Hermenêutica Jurídica e Interpretação do Direito numa abordagem Constitucional. Prof.ª Leila Beuttenmüller - Faculdade Integrada do Ceará – FIC. Em 1991, o escritor e editor de livros Siegfried Ellwanger, brasileiro, com cerca de sessenta anos de idade, foi processado criminalmente pelo Ministério Público – instituição titular das Ações Penais Públicas, de acordo com o art. 129, I, da Constituição Federal – pelo seguinte crime previsto na chamada Lei de Racismo (Lei nº 8081/90): Art.20. Praticar, induzir ou incitar, pelos meios de comunicação social ou por publicação de qualquer natureza, a discriminação ou preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional. Pena: reclusão de 2 a 5 anos. Isso ocorreu porque Ellwanger, na condição de sócio diretor da Revisão Editora Ltda., editou, distribuiu e vendeu diversas obras de autores estrangeiros e nacionais, de forte caráter antissemita (contra os judeus), além de uma obra própria, publicada sob o pseudônimo S.E. Castan, intitulada "Holocausto Judeu ou Alemão- Nos bastidores da mentira do Século", de mesmo caráter. Ellwanger foi absolvido em primeira instância – pelo juiz de direito -, mas condenado em segunda – pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul -, tendo sua condenação mantida por decisão do Supremo Tribunal Federal (instância máxima e última da organização judiciária brasileira). Assim, como o condenado não podia mais contestar a decisão da Corte Suprema (STF), seus advogados de defesa trouxeram uma nova argumentação aos nossos tribunais, com a finalidade de extinguir o direito de punir do Estado (punibilidade) em face do mesmo, por meio de uma das mais famosas ações penais, o habeas-corpus. Tal ação foi impetrada no Superior Tribunal de Justiça e, depois, no Supremo Tribunal Federal. Os novos argumentos trazidos foram o de que os judeus não são uma raça, não podendo assim Ellwanger ser condenado por racismo, mas, no máximo, por práticas discriminatórias. A grande artimanha desses advogados é a de que, com a mudança da condenação de Ellwanger – de racismo para práticas discriminatórias – o crime por ele praticado já estaria prescrito e, assim, extinto o direito de punir do Estado, pois aquele crime (racismo) é imprescritível, de acordo com o art. 5º, XLII, da nossa Constituição Federal, enquanto o crime de práticas discriminatórias, nesse caso concreto, já havia prescrevido. Essa argumentação não foi aceita nem pelo STJ e nem pelo STF, sendo, ao final, Ellwanger devidamente condenado. O interessante nessa história é que ,de acordo com a hermenêutica adotada para extrair o sentido das palavras ”raça” e “racismo”, podemos chegar a duas conclusões opostas, uma para beneficiar Ellwanger e outra – a adotada por nossos tribunais – para prejudicá-lo. Sendo assim, responda as perguntas a seguir: 
a) Que método interpretativo utilizaram os advogados de defesa para extrair o sentido da palavra “racismo” do art. 5º, XLII, da Constituição Federal?
RESPOSTA: A interpretação literal-gramatical dentro do âmbito da Hermenêutica Clássica. Eles omitiram o fato de que a Constituição Federal utiliza diversos termos em sentido vulgar, porque se destina ao POVO, que é o legitimo detentor do poder (art. 1º, parágrafo único, CF). 
No referido processo, inclusive, foram por eles juntadas diversas obras e teses de antropólogos, as quais retiram os judeus do conceito de raça, como, por exemplo, o seguinte excerto (trecho): 
Como parte de inegável importância de qualquer definição válida, deve-se dizer o que o judeu não é. Os judeus não são raça. Judeu é todo aquele que aceita a fé judaica. (obra do rabino Morris Kertzer)
Plano de Aula 10: Introdução ao Estudo do Direito
b) Qual a interpretação utilizada por nossos tribunais para manter condenado Ellwanger? 
RESPOSTA: A Interpretação Sistemática, dentro do âmbito da Hermenêutica Constitucional, prezando, inclusive e prioritariamente, o princípio da unidade da Constituição. Podemos embasar essa afirmação pelos seguintes argumentos, sem prejuízo de outros: 
Racismo, no art. 5º, XLII, CF, não está em sentido técnico-jurídico. O art.5º, XLI, da CF diz que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais, denotando, sem sombra de dúvida, o respeito às diferenças. Vivemos em um Estado Democrático de Direito onde a pluralidade é respeitada, sendo o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (art. 3º, IV, CF). Haveria afronta ao princípio constitucional da isonomia e o da Justiça, caso o réu fosse absolvido, vez que, se a discriminação fosse em relação a negros, ele, sem sombra de dúvidas, seria condenado.
Questão objetiva: 
Em sua teoria do ordenamento jurídico, Norberto Bobbio estuda os aspectos da unidade, da coerência e da completude do ordenamento. Relativamente ao aspecto da coerência do ordenamento jurídico, “a situação de normas incompatíveis entre si” refere-se ao problema 
(A) das lacunas. 
(B) da incompletude.
(C) das antinomias. 
(D) da analogia. 
(E) do espaço jurídico vazio.

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