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Introdução à Antropologia Cultural

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ANTROPOLOGIA CULTURAL
ALINE REIS
Rio de Janeiro, 14 de novembro de 2011
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AULA DE REVISÃO
 1.Etimologicamente, a palavra Antropologia, significa o quê? Deriva da junção dos vocábulos de origem grega anthropos (homem) e logia (estudo, pensamento, discurso racional), e significa “o estudo do homem”.
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 2. A origem da Antropologia e da sua aquisição do estatuto de ciência remonta a que século? Suas “raízes” remotem ao século XVI, a Antropologia se estabelece como ciência no século XVIII, mas somente no século XIX que se organiza como disciplina científica.
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3. Podemos identificar que a Antropologia foi dividida em duas principais áreas de estudo. São elas: A antropologia biológica e a antropologia cultural.
4. Qual é objetivo principal da Antropologia Sócio-Cultural? Compreender o homem enquanto ser cultural e social.
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 5. O que faz o Arqueólogo? O arqueólogo interpreta os vestígios materiais que encontra, contextualizá-los e cruzar informações com uma grande variedade de áreas, utilizando uma abordagem interdisciplinar (através do conhecimento de outras áreas de conhecimento), de modo que encontre respostas que possa construir conhecimento a respeito das sociedades que estuda. 
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 6. Qual é o objetivo da Antropologia biológica?
 Desenvolver um conhecimento antropológico com ênfase nas características físico-biológicas das populações humanas, tanto antigas como modernas, levando em conta também a interação entre biologia e cultura.
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 7. Quais são os sub-campos da Antropologia biológica? Paleoantropologia (estudo dos hominídeos antigos, com base em seus fósseis e artefatos), Antropologia forense (a aplicação da antropologia biológica no âmbito legal), Osteologia (estudo dos ossos), Antropologia Nutricional (com base da nutrição humana), Primatologia (estudo dos primatas), Genética das populações humanas, Variação biológica humana, Paleopatologia (patologia dos antigos hominídeos), Bioarqueologia
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 8. A antropologia sócio-cultural também é chamada de que nomes?Qual é o objetivo da Antropologia sócio-cultural? A antropologia sócio-cultural também é denominada de Antropologia Social, Antropologia Cultural ou Etnologia.A Antropologia sócio-cultural estuda as adaptações sócio-culturais dos grupos humanos, tanto contemporâneos quanto extintos, aos diversos estímulos que encontraram no decorrer de sua história. 
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Em outras palavras, a antropologia cultural estuda a diversidade cultural humana, sejam elas contemporâneas ou extintas, procurando compreender o homem enquanto ser cultural e social.
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9. Qual o foco da Antropologia sócio-cultural?
A Antropologia sócio-cultural estuda principalmente a produção cultural, agrupamentos e relações sociais, comportamento e desenvolvimento social. Sua ênfase está no estudo antropológico tendo por base os sistemas simbólicos desenvolvidos pelos agrupamentos humanos em suas dinâmicas interações. 
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10. Quais são os sub-campos da Antropologia sócio-cultural? São eles: Antropologia da Música e Etnomusicologia, Antropologia das Religiões, Mitologia, Antropologia histórica, Antropologia Lingüística, Etnografia e Etnologia (estudos étnico-culturais), Folclorologia (estudos folclóricos), entre outros estudos do âmbito cultural.
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11. Quais foram os sub-campos da antropologia biológica e sócio-cultural que mais se destacaram a ponto de atualmente serem considerados por muitos profissionais como campos propriamente ditos da antropologia?
 A arqueologia e a lingüística ou antropologia lingüística.
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12. O que é Arquelologia? A arqueologia é a investigação das sociedades humanas através do estudo de vestígios materiais por elas deixados (artefatos).
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13. Qual é a importância da Antropologia pré-histórica? Estuda os vestígios materiais deixados por agrupamentos humanos ágrafos (sem escrita), conseguindo informações acerca dessas sociedades, das quais a maioria não podem ser observadas e estudadas através de técnicas etnográficas normais, pelo fato das mesmas não existirem mais, nem deixaram vestígios escritos.
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14. E nos grupos humanos que possuíam escrita, a Arqueologia histórica é importante?Sim, pois mesmo muitos vestígios escritos de sociedades extintas que temos hoje foram descobertos através de escavações arqueológicas, como tábuas de argila com escrita cuneiforme da Mesopotâmia.
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15. Como se caracteriza a Antropologia lingüística?
 O estudo da Antropologia lingüística tem seu ponto fundamental na busca da compreensão das particularidades da comunicação humana e no estudo das relações de linguagem em suas estruturas, origens e variações/diversidades. Ela é uma ferramenta de análise sócio-cultural de um grupo ou conjunto de grupos humanos e suas interações.
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16. Quais são as características das Ciências Naturais? Simplicidade, sincronia e repetitividade que podem ser vistos, isolados e, assim, reproduzidos dentro de condições de controle razoáveis, num laboratório. Por que? Os fatos são simples porque presumivelmente têm causas simples e são facilmente isoláveis. A sincronia diz respeito ao fato de que estariam ocorrendo nesse momento e que se repetem com constância.
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 17. A prova ou teste de determinada teoria nas Ciências Naturais pode ser feita por dois observadores diferentes, situados em locais distintos? E em relação ao laboratório?
Sim. Os fenômenos podem ser percebidos, divididos, classificados e explicado dentro de relativo controle em um laboratório.
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18. É desse jeito que ocorre nas Ciências Sociais? Por que?Não. As condições de percepção, classificação e interpretação são complexas. A matéria prima das Ciências Sociais são eventos com determinações complicadas e que podem ocorrer em ambientes diferenciados tendo, por causa disso, a possibilidade de mudar seu significado de acordo com o ator, as relações existentes num dado momento e, ainda, com sua posição numa cadeia de eventos anteriores e posteriores.
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19. Faz parte das Ciências Sociais que tipo de profissionais? O Antropólogo, o Sociólogo, o Historiador, o Cientista Político, o Economista o Psicólogo.
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20. Qual é a diferença mais fundamental entre as Ciências Naturais e as Ciências Sociais?
As ciências sociais trabalham com fenômenos que estão bem perto de nós, pois pretendemos estudar eventos humanos, fatos que nos pertencem integralmente, então é possível jogar com a dicotomia clássica da ciência, a relação entre sujeito (que conhece ou busca conhecer) e objeto (a realidade ou fenômeno sob estudo do cientista). Nessa perspectiva, as teorias e métodos científicos são os mediadores que permitem uma aproximação entre o sujeito e o objeto de estudo.
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21. O que quer dizer colocar a Antropologia no centro epistemológico de um movimento relativizador? No dizer de DaMatta, quando há a possibilidade de diálogo com o informante ( o objeto investigado) para rever o que foi conhecido.
22. É possível fazer isso nas Ciênciais naturais? Não, pois os cientistas estudam as coisas inanimadas ou passíveis de serem submetidas a uma objetividade total (os objetos do mundo da natureza). 
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23. Pode haver cultura sem sociedade, embora não possa existir uma sociedade sem cultura. Isso significar dizer que... Podemos dizer que sociedades sem cultura apenas acontecem com “animais sociais”. No caso do homem, a cada sociedade corresponde a uma tradição que se assenta no tempo e se projeta no espaço.
 
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Sociedades sem tradição são sistemas coletivos sem cultura. Estão submetidos a leis e normas universais, impermeáveis à passagem do tempo e das gerações. As sociedades de formigas e abelhas nada deixam que as individualize. Quando desaparecem, sobra apenas a ação violenta sobre o ambiente natural. Mas dessas sobras é impossível reconstruir o comportamento de seus indivíduos e de seus grupos.
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24. Qual é a conceituação de cultura?
 A cultura trabalha sempre com formas puras, perfeitas, que se ajustam
ou não à sua reprodução concreta no mundo da sociedade, o mundo expressivo das realizações e realidades concretas, sendo que cada grupo humano situa o real e o ideal em seus esquemas conceituais.
25. De que forma posso pensar a cultura em relação à sociedade?
 A perspectiva da realidade humana a partir da noção de sociedade remete inevitavelmente a uma orientação sincrônica, integrada, sistêmica e concreta de pessoas, grupos, papéis e ações sociais que são muitas vezes vistos como um organismo ou uma máquina.
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26. Por que o conceito de sociedade (e de social) parecem prestar-se mais a uma percepção mecânica do mundo humano? 
 O mundo humano põe claramente problemas de inter-relação entre grupos, segmentos pessoas, papéis sociais, etc., já que é virtualmente impossível estudar uma sociedade concreta em pleno funcionamento, sem buscar interligar seus domínios e segmentos entre si. Dado que é essencial, que na discussão da realidade humana, o conceito de sociedade deve ser sempre complementado pela sua outra face, a noção de cultura. 
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27. O “conteúdo” dos papéis sociais que variam enormemente de grupo pra grupo? Sim, e até de sociedade para sociedade visto que ele é dado pelas ideologias e valores contidos nas relações sociais observáveis de um dado grupo e são eles que irão nos ajudar a compor aquilo que é coberto pela noção de cultura. Não existe coletividade humana que não se utilize substantivamente de uma noção de sociedade ou de cultura para exprimir partes de sua realidade social.
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28.Pela perspectiva adotada, qual é a distinção entre a realidade social e a realidade cultural?Pode-se dizer que o antropólogo tem a cultura e que, por meio do seu estudo detalhado, espera chegar à sociedade. Por outro lado, o antropólogo social tem o sistema social (ou a sociedade), e, observando-o e entendendo por meio de entrevistas e conversas as motivações que o sustentam, espera poder chegar aos seus valores e ideologias. 
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29. É possível entender a Antropologia como uma forma de conhecimento sobre a diversidade cultural? Sim, pois é a busca de respostas para entendermos o que somos a partir do espelho fornecido pelo “Outro”. Uma maneira de se situar na fronteira de vários mundos sociais e culturais, abrindo janelas entre eles, através das quais podemos alargar nossas possibilidades de sentir, agir e refletir sobre o que, afinal de contas, nos torna seres singulares, humanos.
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 30. A Antropologia estuda as adaptações sócio-culturais dos grupos humano aos diversos estímulos que encontram no decorrer de sua história? Sim, a Antropologia estuda a diversidade cultural humana. As formas e os métodos para essa investigação foram se modificando e avançando com o tempo. Entender a trajetória histórica da Antropologia Cultural é de fundamental importância para se entender como se configura hoje a Antropologia e como que essa pode ser utilizada para a compreensão das vicissitudes da sociedade contemporânea.
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Principais paradigmas e escolas de pensamento antropológico: Formação de uma literatura “etnográfica” sobre a diversidade cultural Período: Séculos XVI-XIX - Características Relatos de viagens (Cartas, Diários, Relatórios etc.) feitos por missionários, viajantes, comerciantes, exploradores, militares, administradores coloniais etc.Temas e Conceitos.Descrições das terras (fauna, flora, topografia) e dos povos “descobertos” (hábitos e crenças).
Primeiros relatos sobre a alteridade. 
Alguns  Representantes e obras de referência:
Pero Vaz Caminha (“Carta do Descobrimento do Brasil” - séc. XVI). Hans Staden (“Duas Viagens ao Brasil” - séc. XVI). Jean de Léry (“Viagem a Terra do Brasil” - séc. XVI). Jean Baptiste Debret (“Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil” - séc. XIX).
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Escola/Paradigma Evolucionismo Social Período: Século XIX - Características: Sistematização do conhecimento acumulado sobre os “povos primitivos”.; Predomínio do trabalho de gabinete.
Temas e Conceitos: Unidade psíquica do homem, Evolução das sociedades das mais “primitivas” para as mais “civilizadas”, Busca das origens (perspectiva diacrônica), Estudos de Parentesco /Religião /Organização Social, Substituição conceito de raça pelo de cultura.
Alguns representantes e obras de referência:
Maine (“Ancient Law” - 1861). Herbert Spencer (“Princípios de Biologia” - 1864). E. Tylor (“A Cultura Primitiva” - 1871). L. Morgan (“A Sociedade Antiga” - 1877). James Frazer (“O Ramo de Ouro” - 1890).
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Escola Sociológica Francesa: Século XIX
Definição dos fenômenos sociais como objetos de investigação socio-antropológica. Definição das regras do método sociológico.Representações coletivas, Solidariedade orgânica e mecânica, formas primitivas de classificação (totemismo) e teoria do conhecimento., busca pelo fato social total (biológico + psicológico + sociológico), a troca e a reciprocidade como fundamento da vida social (dar, receber, retribuir).
Émile Durkheim:“Regras do método sociológico”- 1895; “Algumas formas primitivas de classificação” - c/ Marcel Mauss - 1901; 
“As formas elementares da vida religiosa” - 1912. Esboço de uma teoria geral da magia” - c/ Henri Hubert - 1902-1903; “Ensaio sobre a dádiva” - 1923-1924; “Uma categoria do espírito humano: a noção de pessoa, a noção de eu”- 1938).
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Escola/Paradigma Funcionalismo: PeríodoSéculo XX -anos 20Características Modelo de etnografia clássica (Monografia), Ênfase no trabalho de campo (Observação participante), Sistematização do conhecimento acumulado sobre uma cultura.
Temas e ConceitosCultura como totalidade, Interesse pelas Instituições e suas funções para a manutenção da totalidade cultural, enfase na sincronia x diacronia.
Alguns representantes e obras de referência:
Bronislaw Malinowski (“Argonautas do Pacífico Ocidental” -1922).Radcliffe Brown (“Estrutura e função na sociedade primitiva” – 1952) Evans-Pritchard (“Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande” - 1937; “Os Nuer” - 1940). Edmund Leach - (“Sistemas políticos da Alta Birmânia” - 1954).
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Escola/ParadigmaCulturalismo Norte-Americano PeríodoSéc. XX - anos 30 
 Características:Método comparativo, busca de leis no desenvolvimento das culturas., relação entre cultura e personalidade.Temas e ConceitosÊnfase na construção e identificação de padrões culturais (“patterns of culture”) ou estilos de cultura (“ethos”).Alguns  Representantes e obras de referência:
 Franz Boas (“Os objetivos da etnologia” - 1888; “Raça, Língua e Cultura” - 1940). Margaret Mead (“Sexo e temperamento em três sociedades primitivas” - 1935). Ruth Benedict (“Padrões de cultura” - 1934; “O Crisântemo e a espada” - 1946).
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 Escola/Paradigma Estruturalismo
 PeríodoSéculo XX -  anos 40
 CaracterísticasBusca das regras estruturantes das culturas presentes na mente humana, teoria do parentesco/lógica do mito/classificação primitiva, Distinção Natureza x Cultura. Temas e ConceitosPrincípios de organização da mente humana: pares de oposição e códigos binários. Reciprocidade Alguns Representantes e obras de referência:
 Claude Lévi-Strauss:“As estruturas elementares do parentesco” - 1949. “Tristes Trópicos”- 1955.;“Pensamento selvagem” - 1962. ;“Antropologia estrutural” – 1958; “O cru e o cozido” - 1964 ;“O homem nu” - 1971
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 Escola/Paradigma Antropologia Interpretativa PeríodoSéculo XX - anos 60
 Características: Cultura como hierarquia de significados Busca da “descrição densa”. Interpretação x Leis.  Inspiração Hermenêutica.
 Temas e Conceitos: Interpretação antropológica, Leitura da leitura que os “nativos” fazem de sua própria cultura.
 Alguns Representantes e obras de referência:
 Clifford Geertz: “A interpretação das culturas” - 1973. “Saber local” - 1983.
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Antropologia Pós-Moderna ou Crítica
Período e obra Século XX - nos 80
Características: Preocupação com os recursos retóricos presentes no
modelo textual das etnografias clássicas e contemporâneas. Politização da relação observador-observado na pesquisa antropológica. Critica dos paradigmas teóricos e da “autoridade etnográfica” do antropólogo.Temas e Conceitos Cultura como processo polissêmico, Etnografia como representação polifônica da polissemia cultural., Antropologia como experimentação/arte da crítica cultural.
Alguns  Representantes e obras de referência:  James Clifford e Georges Marcus (“Writing culture - The poetics and politics of ethnography” - 1986). Michel Taussig (“Xamanismo, colonialismo e o homem selvagem”- 1987). James Clifford (“The predicament of culture” - 1988).
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