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Osseointegração CONCEITO DA OSSEOINTEGRAÇÃO A partir de estudos do médico sueco P-I Brånemark (Brånemark et al, 1985), a osseointegração pôde ser definida como: A criação e manutenção da osseointegração dependem dos seguintes fatores: Correto entendimento das respostas teciduais no que se refere a cicatrização Reparo e remodelação do tecido ósseo A obtenção da osseointegrac ̧ão é fundamentada no princípio de estabilidade do implante no momento da sua instalação, e a sua manutenção ao longo do tempo está diretamente vinculada ao planejamento cirúrgico- protético criterioso e ao controle periódico da oclusão do paciente. Definição de acordo com diferentes pontos de vista: DO PACIENTE : Um implante está osseointegrado se ele promove estabilidade e aparente imobilidade ao suportar uma prótese sob carga funcional, sem provocar dor, inflamação ou perda do ele- mento protético. DA BIOLOGIA : A osseointegrac ̧ão de um implante ocorre com a aposição de osso neoformado e remodelado em congruência com o implante, incluindo as irregularidades de superfície, mesmo à luz da microscopia ótica, de modo que não haja interposição de tecido conjuntivo ou fibroso, e desde que uma direta conexão estrutural e funcional seja estabelecida, capaz de suportar a carga fisiológica normal sem sofrer grandes deformações nem iniciar qualquer mecanismo de infecção. BIOMECÂNICO MACROSCÓPICO : Um implante está osseointegrado se não houver mobilidade relativa progressiva entre o implante fixado e o tecido ósseo ao redor, em condições de carga funcional, durante toda a vida do paciente. Também requer que o grau de deformac ̧ão seja da mesma magnitude quando uma mesma carga for aplicada diretamente sobre o osso. BIOFÍSICO : A osseiontegração requer que, à luz da microscopia ótica e eletrônica, os componentes teciduais que formam a fina camada que recobre o implante sejam compostos por osso normal e por componentes medulares capazes de se diferenciarem formando estrutura óssea normal para envolver o implante. Isto implica que o tecido mineralizado esteja em contato direto com o im- plante, ao longo de toda a sua superfície sem que exista tecido fibroso significante nesta interface. FUNDAMENTOS DA OSSEOINTEGRAÇÃO BIOCOMPATIBILIDADE O titânio foi descoberto em 1790, mas só foi isolado como material em 1910 devido à grande complexidade de sua metalurgia, o que justifica ser um metal bastante caro, embora o elemento seja o 9º mais abundante na crosta terrestre. Conexão direta, estrutural e funcional entre um implante e o tecido ósseo, sem a ocorrência de crescimento de tecido fibroso na interface osso- implante, e com a possibilidade de submeter a prótese sobre implantes à carga funcional. Características do material • BIOCOMPATIBILIDADE : Metal instável, que, em decorrência das interações com atividades metabólicas locais ou mesmo pelo simples contato com o oxigênio do ar, forma uma camada de óxidos em sua superfície, composta principalmente por TiO2 O titânio possui energia superficial que faz com que o sangue se espalhe de forma homogênea sobre a superfície do implante, melhorando as condições para uma boa adesão da rede de fibrina, favorecendo a proliferação celular e confere um bom prognóstico de osseointegrac ̧ão. • RESISTENCIA A CORROSÃO . • RESISTENTE A TRAÇÃO . • MÓDULO DE ELASTICIDADE SEMELHANTE AO OSSO COMPACTO : Apresenta um comportamento mecânico de deformação semelhante ao osso, quando submetido às forças fisiológicas da mastigação. Desenho do implante • PRÉ-REQUISITOS : Estabilidade inicial adequada: é fundamental que o implante permaneça imóvel no período de cicatrização para que não ocorra formação de tecido de cicatrização fibroso na interface osso-implante. • TIPOS : Parafuso: são mais vantajosos em relação aos antigos implantes cilíndricos e sem espiras, pela facilidade de realizar sua implantação e ser de fácil remoção, quando necessário. Proporcionam mais estabilidade inicial, maior área de contato e melhor dissipação de cargas para o tecido ósseo. Cônicos: chamados auto fixantes ou de espiras compressivas, são utilizados quando se instalam implantes logo após a exodontia e estão indicados para implantação em locais com osso de má́ qualidade, pois proporcionam uma estabilidade maior. Superfície do implante O preparo de superfície do implante visa aprimorar a qualidade da interface e diminuir o período não-funcional do implante. Obtêm-se resultados positivos para adesão celular e deposição de matriz orgânica por osteoblastos, com diferença expressiva no contato osso-implante entre superfícies texturizadas e lisas. As superfícies dos implantes podem ser classificadas de acordo com o processo de texturizac ̧ão a que o metal é submetido: Superfícies lisas ou usinadas: conseguidas através da usinagem simples de um bloco metálico. Superfícies tratadas por diversos métodos, sendo os mais comuns o jateamento de partículas, duplo ataque ácido e anodizac ̧ão. Os implantes de superfícies lisas não recebem nenhum tipo de tratamento especial, resultando em uma superfície anisotrópica. As superfícies tratadas podem ser conseguidas através do jateamento de óxidos de titânio ou de alumínio, que deforma a superfície do implante e aumenta as irregularidades e a área de contato. MECANISMOS DA OSSEINTEGRAÇÃO O osso é um tecido vascularizado, dinâmico e vivo; é um dos chamados tecidos conjuntivos do corpo. O desenho do implante associado aos fatores clínicos de densidade óssea e técnica cirúrgica proporciona a estabilidade inicial do implante que pode ser medida clinicamente pelo uso do torquímetro manual, pelo torquímetro do motor ou pelo aparelho de frequência de ressonância. Pode ser dividido em duas formas microarquiteturas: osso trabecular e osso cortical. A regeneração relativamente lenta típica do osso cortical peri implantar deve-se ao remodelamento lamelar fisiológico, enquanto a criação de osso trabeculado peri implantar não se limita apenas ao remodelamento, mas inclui a rápida formação de novo trabeculado, pelo recrutamento de nova população de células osteogênicas (derivadas das superfícies trabeculares endósseas e da medula) para a área do implante. A combinação de recrutamento e migração de células osteogênicas resulta na osseointegrac ̧ão, que pode ser, dependendo da superfície do implante, promovida pela osteogênese por contato (superfícies tratadas) e osteogênese à distância (superfície lisa ou usinada). OSTEOGÊNESE E OSTEOCONDUÇÃO OSTEOGÊNESE À DISTÂNCIA Ocorre a distância nos implantes usinados; A superfície do osso antigo é colonizada por células osteogênicas, que passam a secretar matriz óssea sobre osso preexistente, resultando em neoformação óssea que se aproxima de modo gradativo da superfície do implante, juntamente com a camada de osteoblastos. Haverá células se interpondo entre osso neoformado e o implante até que a osteogênese seja concluída, pois em determinado momento os osteoblastos acabam encurralados pela própria matriz, tornando- se osteócitos e perdendo sua capacidade de mi- grac ̧ão e secreção. OSTEOGÊNESE POR CONTATO Ocorre nos implantes de superfície tratada O osso é primeiramente depositado na superfície do implante, que é colonizada por células antes do início da deposição de matriz. Neste caso, ocorre aposição óssea sobre o implante, resultando na formação da chamada “linha de cemento” na interface osso-implante, e distanciamento gradativo da camada de osteoblastos. É semelhante ao remodelamento ósseo fisiológico, quando a superfície de osso que sofre reabsorção por açao dos osteoclastos torna-se colonizada por células osteogênicas, ocorrendoformação de novo osso em local apropriado. Para que a osteogênese seja desencadeada, é necessária a ocorrência de determinados fenômenos para que haja o recrutamento de populações de células osteogênicas provenientes da medula e migração destas para a região do implante (osteoconduc ̧ão) OSTEOCONDUÇÃO Migração de células osteogênicas atraídas por quimiotaxia para a superfície do implante, ocorre por meio do coágulo sanguíneo formado em decorrência da intervenção cirúrgica, quando vasos sanguíneos são lesados, produzindo uma hemorragia que resulta na formação de um coágulo. Formação da matriz de fibrina como produto da cascata de coagulação desencadeada e atua como ponte para as células osteogênicas chegarem até a superfície do implante. RESPOSTA ÓSSEA AO OSSO ESPONJOSO • FORMAÇÃO DO COÁGULO : Processo que desencadeia a osteocondução de células As plaquetas liberam várias substâncias importantes para a divisão celular • FORMAÇÃO DE REDE DE FIBRINA : A rede de fibrina dá origem à angiogênese Células mesenquimatosas indiferenciadas se aderem ao fibrinogênio e dão origem aos osteoblastos • PRIMEIRA APOSIÇÃO ÓSSEA : As células osteogênicas vão secretar uma matriz proteica não colagênica que se mineralizará Há aposição óssea, produzindo osso trançado Os osteoblastos são incluídos na matriz óssea e se diferenciam em osteócitos • APOSIÇÃO ÓSSEA E OSSEOINTEGRAÇÃO : O tecido ósseo passa por todas as fases da maturação e remodelagem, promovendo propriedades mecânicas satisfatórias FATORES QUE INFLUENCIAM A NEOFORMAÇÃO ÓSSEA • Qualidade óssea; • Biocompatibilidade material do implante e sua forma • Técnica cirúrgica atraumática • Tempo de cicatrização • Estado da superfície do implante TIPOLOGIA ÓSSEA (CLASSIFICAÇÃO DE LEKHOLM E ZARB) O tecido ósseo pode ser dividido em duas formas microarquiteturas: ossos trabecular e cortical, divisão esta que possibilitou a criação de uma classificação clínica do tecido ósseo quanto a sua densidade e aplicação em Implantodontia. • TIPO I : osso predominantemente cortical, como o encontrado na região anterior da mandíbula (denso) • TIPO I I : possui uma camada mais espessa de osso cortical circundando o osso trabecular denso, como o encontrado na mandíbula na qual ainda está presente o processo alveolar (cortical e esponjoso). • TIPO I I I : possui uma camada delgada de osso cortical circundada por osso trabecular denso com resistência favorável, como o encontrado predominantemente na maxila até a região dos pré- molares e primeiro molar (cortical fina e esponjoso) • TIPO IV : possui uma camada fina de osso cortical circundando um núcleo de osso trabecular com baixa densidade, como o encontrado na região da tuberosidade maxilar (cortical finíssima e osso esponjoso pouco denso) CONDIÇÕES ÓSSEAS NECESSÁRIAS A REGENERAÇÃO ÓSSEA • Uma superfície estável • Presença de células adequadas • Nutrição adequada • Ambiente biomecânico apropriado CUIDADOS DURANTE A CIRURGIA O sucesso de uma reabilitação através de implantes requer a ocorrência de uma ancoragem óssea capaz de suportar as cargas funcionais. Cuidados na preparação do paciente Eliminação de possíveis focos de infecção Evitar superaquecimento do osso que pode haver com: poder de corte da broca, a pressão exercida sobre o tecido ósseo, a forma da broca, a velocidade e a irrigação durante a fresagem. Sentir a densidade óssea mensurada por sua resistência ao corte, o que determina se há necessidade de utilizar toda a sequência de fresas preconizada pelo fabricante do sistema de implantes ou se a técnica da subfresagem é a mais indicada Rotação do motor de 20 a 30 rpm durante a colocação do implante Utilização do guia cirúrgico O osso tipo IV é também conhecido como osso de “qualidade pobre”.
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