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* * * Noções de Ética e Bioética Saúde Coletiva e Bioética FAR 02014 Prof. Stela Rates stela.rates@ufrgs.br 33085455 * * * * * * Diferente não é o mesmo que desigual. * * * * * * Ser humano é ter de viver no tempo sonhando com a eternidade. Ricardo Timm de souza * * * O ser humano Uma estrutura mortal que se consumará inexoravelmente, que já começa a se consumar desde o próprio dia do nascimento, dentro da dinâmica da insaciabilidade do desejo; Um intramundo a partir do qual podem ser gerados quaisquer valores que tenham possibilidades (mais ou menos bem sucedidas) de lutar contra a estrutura mortal do ser. (Cabrera, 2006: a partir de Heidgger/Schopenhhauer) * * * indivíduo espécie sociedade tempo tempo * * * Edgar Morin (2004) Todo olhar sobre a ética deve reconhecer o aspecto vital do egocentrismo assim como a potencialidade fundamental do desenvolvimento do altruísmo. O ato moral é um ato de religação: com o outro, com uma comunidade, com uma sociedade e, no limite, religação com a espécie humana. Quando se trata de obedecer a um dever simples e evidente, o problema não é ético, mas ter a coragem, a força de vontade de realizar o seu dever. O problema ético surge quando dois deveres antagônicos se impõem. * * * Adolfo Sanches Vasques caracterizou a ética como sendo a busca de justificativas para verificar a adequação ou não das ações humanas. A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Joaquim Clotet afirmou que a “ética tem por objetivo facilitar a realização das pessoas. Que o ser humano chegue a realizar-se a si mesmo como tal, isto é, como pessoa” Robert Veatch propõe a ética como “a realização de uma reflexão disciplinada das intuições morais e das escolhas morais que as pessoas fazem” * * * A moral refere-se aos costumes, aos princípios, normas e códigos que tentam regulamentar o agir das pessoas sob o ponto de vista do que é bom ou mau como uma maneira de garantir o seu viver-bem. A moral procura responder à pergunta: O que eu devo fazer? Em contrapartida o termo ética, muitas vezes usado em lugar da palavra moral, seria aqui considerado a ciência ou filosofia da moral. A ética procura justificar racionalmente os princípios que regulam o agir humano estudando o que é bom, mau, justo ou injusto. Ela tenta responder à pergunta: Por que devemos agir dessa maneira? CLOTET, Joaquim; FEIJÓ, Anamaria. Bioética: uma visão panorâmica, in: CLOTET, Joaquim; FEIJÓ, Anamaria; OLIVEIRA, Marília Gerhardt (Coord.). Bioética. Uma visão panorâmica. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005. p.15-16. * * * O apropriado (o correto segundo o estado da conhecimento) O bom (fazer o bem) O justo (este bem se generaliza para toda uma comunidade) * * * Bioética no tempo FRITZ JAHR, Bio=Ethik. Eine Umschau über die ethicen Beziehung des Menchen zu Tier and Pfanze. Kosmos, 24: 2 -4, 1927. Imperativo bioético: respeita todo o ser vivo essencialmente como um fim em si mesmo e trata-o, se possível, como tal. VAN RENSSELAER Potter.Bioethics: bridge to the future. Englewood Cliffs: Prenice-Hall, 1971. Bioética se refere à importância das ciências biológicas na melhoria da qualidade de vida. A ciência que garantiria a sobrevivência no planeta. * * * A partir da década de 70 Progresso das ciências biológica e biomédicas Socialização do atendimento médico Medicalização da vida Emancipação do paciente Criação de Comitês de ética hospitalar e ética em pesquisa em seres humanos Necessidade de um padrão moral que possa ser compartilhado por pessoas de moralidades diferentes Interesse em ética filosófica e ética teológica * * * Bioética Situações persistentes Discriminação de gênero, raça, sexualidade Direitos humanos Democracia Controle econômico da saúde Aborto Eutanásia * * * Bioética Situações emergentes Fecundação assistida Transplantes Células tronco Organismos geneticamente modificados Clonagem * * * Bioética no tempo Década de 70: Fundação Década de 80: Expansão e difusão Década de 1990: Consolidação e revisão crítica. Etapa atual: revisão e ampliação conceitual. Iniciada no IV congresso Mundial promovido pela International Association of Bioethics (Tóquio, 1998) e o VI Congresso Mundial de Bioética (Brasília, 2002) * * * Bioética Estudo sistemático da conduta humana na área das ciências da vida e cuidado da saúde, enquanto essa conduta é examinada à luz dos valores e princípios morais. Abordagem crítica dos assuntos relacionados com a vida sob a perspectiva do que é bom e do que é ruim. (Clotet, 2003) * * * Constitui uma tarefa da bioética fornecer meios para fazer uma opção racional de caráter moral referente à vida, saúde ou morte, em situações especiais, reconhecendo que esta determinação terá que ser dialogada, compartilhada e decidida entre pessoas com valores morais diferentes. (Clotet, 2003) * * * Princípios básicos da bioética (Beauchamp e Childress, EUA, 1979) Autonomia (eu) Beneficiência Não maleficência Justiça * * * Beneficência Negativa: evitar o Mal Positiva: fazer o Bem Respeito à pessoa Privacidade Veracidade Auto-determinação Voluntariedade Justiça Não-discriminação Distribuição de bens Princípios Deveres prima facie ©Goldim/2004 * * * * * * Pluralismo de valores (Garrafa, Brasil, 2005) Responsabilidade individual e pública Libertação Tolerância Solidariedade (nós) Prevenção (de possíveis danos e iatrogenias) Proteção (dos excluídos sociais, dos mais frágeis) Precaução (diante do uso indiscriminado de novas tecnologias) Prudência (frente ao desconhecido) * * * Pluralidade Pluralismo Amigos morais Estranhos morais Tolerância Respeito * * * Estruturação do discurso bioético Comunicação e linguagem (para se manifestar) Argumentação (primar pela homogeneidade e lógica) Coerência (na exposição das idéias) Tolerância (relativa ao convívio pacífico entre visões morais diferenciadas) * * * Reecantando o mundo: ciência e moral A tolerância é a porta da comunicação. A ação humana é motivada e se origina – mais que em determinações naturais, porém sem ignorá-las – nas limitações humanas como ser social, suas emoções, seu sentido de responsabilidade, contingência e finitude. (Vasquez, 2003: inspirado em Kant) * * * A BIOÉTICA É UMA REFLEXÃO COMPARTILHADA, COMPLEXA E INTERDISCIPLINAR SOBRE A ADEQUAÇÃO DAS AÇÕES QUE ENVOLVEM A VIDA E O VIVER. PENSAR BIOÉTICA É PENSAR DE FORMA SOLIDÁRIA, É ASSUMIR UMA POSTURA ÍNTEGRA FRENTE AO OUTRO E, CONSEQUENTEMENTE, FRENTE À SOCIEDADE E À NATUREZA. Goldim, J.R. Bioética: origens e complexidade. Rev HCPA, v. 26, n.2, p. 86 – 92, 2006. * * * Documentos de referência Declaração Universal dos Direitos Humanos. Res. 217 A (III). Assembléia Geral das Nações Unidas. 10.12.1948. Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos. 33ª Sessão da Conferência Geral da Unesco. 19.10.2005. Código de Nuremberg. Trials of war criminal before teh Nuremberg Military Tribunals. Control Council Law. v. 10, n.1: p. 181-182, 1949. Declaração de Helsinki VI. Associação Médica Mundial, 1964 – 2000. Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo Seres Humanos. Conselho Nacional de Saúde (Brasil). Resolução 196, 1996. Normas de Pesquisa com Novos Fármacos, Medicamentos, Vacinas e Testes Diagnósticos envolvendo Seres-Humanos (Brasil). Conselho Nacional de Saúde. Resolução 251, 07.08.1997. Brasil - Lei Procedimentos para o Uso Científico de Animais - Lei No 11.794 (08.10.2008) International Guiding Principles for Biomedical Research Involving Animals. Council for International Organizations of Medical Sciences (CIOMS), 1982 – 1984. Princípios Éticos para o Uso de Animais de Laboratório. Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA), 2007. * * * Para saber mais www.bioetica.ufrgs.br * * * GARRAFA, V.; KOTTOW, M.; SAADA, A. Bases conceituais da bioética: enfoque latinoamericano. São Paulo: Gaia, 2006. 284 p. STEPKE, F.L. Bioética e Medicina: aspectos de uma relação. São Paulo: Loyola, 2006. 175 p. STEPKE, F.L.; DRUMOND, J.G.F. Fundamentos de uma antropologia bioética: o apropriado, o bom e o justo. São Paulo: Loyola, 2007. 216 p. KIPPER, D. J. Ética: teoria e prática. Uma visão multidisciplinar. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006. 387 p. CLOTET, J. Bioética: uma aproximação. Porto alegre: EDIPUC- RS, 2003. 246 p. DINIZ, D. et al. Ética em Pesquisa: Temas Globais. Brasilia: UNB, 2008. 403 p. JUNGES, J.R. Bioética: perspectivas e desafios. São Leopoldo: Unisinos, 2008. 322 p. SIQUEIRA, J.E.; ZOBOLI, E.; KIPPER, D. Bioética clínica. São Paulo: Gaia, 2008. 256 p. GUILHEM, D. ; ZICKER, F. Ética na pesquisa em saúde. Brasília: Letars Livres/UNB, 2007. 227p.
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