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SISTEMA URINÁRIO: REABSORÇÃO - A cada dia, 180 L de líquido são filtrados dos capilares glomerulares para dentro dos túbulos renais, todavia, apenas cerca de 1,5 L é excretado na urina; - Assim, mais de 99% do líquido que entra nos túbulos é reabsorvido para o sangue à medida que o filtrado percorre os néfrons. A maior parte dessa reabsorção ocorre no túbulo proximal, com uma quantidade menor de reabsorção nos segmentos distais do néfron; - A reabsorção no néfron distal é finamente regulada, possibilitando aos rins reabsorverem seletivamente íons e água de acordo com as necessidades do organismo para a manutenção da homeostasia; - Uma questão que você pode estar se perguntando é: “Por que se preocupar em filtrar 180 L/dia e depois reabsorver 99% disso? Por que não simplesmente filtrar e excretar o 1% que precisa ser eliminado?”; * Existem duas razões: 1. Muitas substâncias exógenas são filtradas nos túbulos, mas não são reabsorvidas para o sangue. - A alta taxa diária de filtração ajuda a retirar essas substâncias do plasma muito rapidamente; - Uma vez que uma substância é filtrada para o interior do lúmen da cápsula de Bowman, ela não faz mais parte do meio interno corpora; - O lúmen do néfron faz parte do ambiente externo, e todas as substâncias presentes no filtrado estão destinadas a deixarem o corpo através da urina, a não ser que exista algum mecanismo de reabsorção tubular para impedir que isso ocorra; - Muitos nutrientes pequenos, como a glicose e intermediários do ciclo do ácido cítrico, são filtrados, porém são reabsorvidos de maneira muito eficiente no túbulo proximal. 2. A filtração de íons e água para dentro dos túbulos simplifica a sua regulação. - Se uma porção do filtrado que alcança o néfron distal não é necessária para manter a homeostasia, ela passa para a urina; - Com uma alta TFG, essa excreção pode ocorrer de forma bastante rápida. Contudo, se os íons e a água são necessários, eles são reabsorvidos. ATIVA OU PASSIVA - A reabsorção de água e solutos do lúmen tubular para o líquido extracelular depende de transporte ativo; - O filtrado que flui da cápsula de Bowman para o túbulo proximal tem a mesma concentração de solutos do líquido extracelular; - Portanto, para transportar soluto para fora do lúmen, as células tubulares precisam usar transporte ativo para criar gradientes de concentração ou eletroquímicos. A água segue osmoticamente os solutos, à medida que eles são reabsorvidos. A figura abaixo é uma vista geral da reabsorção renal. - O transporte ativo de Na do lúmen tubular para o líquido extracelular cria um gradiente elétrico transepitelial, no qual o lúmen é mais negativo do que o LEC; - Os ânions, então, seguem o Na positivamente carregado para fora do lúmen. A saída de Na e de ânions do lúmen para o LEC dilui o fluido luminal e aumenta a concentração do LEC, de forma que a água deixa o túbulo renal por osmose; - A redução do volume do lúmen tubular aumenta a concentração de solutos (incluindo K , Ca2 e ureia) que permaneceram no filtrado: a mesma quantidade de soluto em um volume menor equivale a uma concentração mais alta de soluto; Uma vez que as concentrações de soluto no lúmen são mais altas do que as concentrações de soluto no líquido extracelular, os solutos difundem-se para fora do lúmen se o epitélio do túbulo for permeável a eles; - A reabsorção envolve tanto o transporte transepitelial quanto o transporte paracelular. No transporte transepitelial (também chamado de transporte transcelular), as substâncias atravessam as membranas apical e basolateral das células tubulares epiteliais para chegar ao líquido intersticial. Na via paracelular, as substâncias passam através de junções celulares entre células vizinhas; - O caminho seguido pelo soluto depende da permeabilidade das junções epiteliais e do seu gradiente eletroquímico; - Para solutos que se movem através do transporte transepitelial, suas concentrações ou seus gradientes eletroquímicos determinam seus mecanismos de transporte. Solutos que se movem a favor do seu gradiente de concentração usam canais de vazamento ou carreadores de difusão facilitada para cruzarem a membrana celular; - As moléculas que necessitam se deslocar contra seu gradiente de concentração são transportadas por mecanismos de transporte ativo primário ou indiretos (normalmente secundários). O sódio está direta ou indiretamente envolvido em muitos exemplos de transporte passivo e ativo. TRANSPORTE ATIVO DO SÓDIO - A reabsorção ativa de Na é a força motriz primária para a maior parte dos mecanismos de reabsorção renal; - Como já mencionado, a composição do filtrado que entra no túbulo proximal é semelhante à composição iônica plasmática, com uma concentração maior de Na do que a encontrada nas células; - Dessa forma, o Na presente no filtrado pode entrar nas células tubulares passivamente, de acordo com seu gradiente eletroquímico; - O transporte apical do Na utiliza várias proteínas transportadoras por simporte e antiporte ou de canais de vazamento abertos; - No túbulo proximal, o trocador Na� -H (NHE) desempenha um papel fundamental na reabsorção do Na, assim como o canal de Na epitelial (ENaC) na membrana apical; - Uma vez no interior da célula tubular, o Na é ativamente transportado para seu exterior através da membrana basolateral em uma troca com o K pela Na -K –ATPase; - Um canal de vazamento de K impede o acúmulo de K no interior da célula. O resultado final é a reabsorção de Na através do epitélio tubular. TRANSPORTE ATIVO SECUNDÁRIO: SIMPORTE COM O SÓDIO - O transporte ativo secundário acoplado ao sódio é responsável pela reabsorção de muitas substâncias, incluindo a glicose, aminoácidos, íons e vários metabólitos orgânicos; - Um exemplo: a reabsorção de glicose acoplada ao Na através do epitélio do túbulo proximal; - A membrana apical contém o cotransportador de Na-glicose (SGLT) que leva a glicose para o citoplasma contra seu gradiente de concentração através do uso da energia do Na, que se move a favor de seu gradiente eletroquímico; - Na superfície basolateral da célula, o Na é bombeado para fora pela Na -K - ATPase, ao passo que a glicose se difunde para fora através de um mecanismo de difusão facilitada envolvendo o uso de transportadores GLUT; - O mesmo padrão básico é utilizado por outras moléculas que são transportadas acopladas ao Na: uma proteína de simporte apical e um carreador para difusão facilitada ou um trocador iônico na membrana basolateral. Outras moléculas que são reabsorvidas por mecanismos similares incluem os aminoácidos, o lactato, intermediários do ciclo do ácido cítrico, como o -cetoglutarato (CG), e íons, como o fosfato e o sulfato; - Alguns dos transportadores apicais utilizam o H no lugar do Na. REABSORÇÃO PASSIVA: UREIA - A ureia, um resíduo nitrogenado, não possui mecanismos de transporte ativo no túbulo proximal, mas pode se deslocar através das junções celulares epiteliais por difusão, se houver um gradiente de concentração da ureia. Inicialmente, as concentrações de ureia no filtrado e no líquido extracelular são iguais; - Entretanto, o transporte ativo de Na e de outros solutos para fora do lúmen tubular proximal gera um gradiente de concentração através do processo descrito a seguir; - Quando o Na e outros solutos são reabsorvidos no túbulo proximal, a transferência de partículas osmoticamente ativas torna o líquido extracelular mais concentrado que o filtrado que permaneceu no lúmen tubular; - Em resposta ao gradiente osmótico, a água move-se por osmose através do epitélio; - Até esse ponto, nenhumamolécula de ureia foi transportada para fora do lúmen, uma vez que não havia nenhum gradiente de concentração da ureia; - Quando a água é reabsorvida, a concentração de ureia no lúmen tubular aumenta – a mesma quantidade de ureia está presente em um volume menor de água; - Uma vez que o gradiente de concentração de ureia existe, a ureia move-se do lúmen tubular para o líquido extracelular, sendo transportada através das células ou pela via paracelular. ENDOCITOSE: PROTEÍNAS PLASMÁTICAS - A filtração do plasma nos glomérulos normalmente deixa a maior parte das proteínas plasmáticas no sangue, mas algumas proteínas menores e peptídeos podem passar através da barreira de filtração; - A maioria das proteínas filtradas é removida do filtrado no túbulo proximal, de forma que normalmente apenas traços de proteínas aparecem na urina; - Mesmo sendo pequenas, as proteínas filtradas são muito grandes para serem reabsorvidas pelos transportadores ou por canais; - A maior parte delas entra nas células do túbulo proximal por endocitose mediada por receptores na membrana apical. Uma vez no interior das células, as proteínas são digeridas nos lisossomos; - Os aminoácidos resultantes são transportados através da membrana basolateral e absorvidos no sangue; - A digestão renal de pequenas proteínas filtradas, na verdade, é um método importante pelo qual peptídeos sinalizadores podem ser removidos da circulação. O TRANSPORTE RENAL PODE ATINGIR SATURAÇÃO - A maior parte dos transportes no néfron usa proteínas de membrana e exibe as três características do transporte mediado: saturação, especificidade e competição; - A saturação refere-se à taxa de transporte máximo, que ocorre quando todos os transportadores disponíveis estão ocupados (saturados com) pelo substrato. Em concentrações abaixo do ponto de saturação, a taxa de transporte é diretamente relacionada à concentração do substrato; - Em concentrações de substrato iguais ou acima do ponto de saturação, o transporte ocorre a uma taxa máxima; - A taxa de transporte no ponto de saturação é o transporte máximo (Tm); - A reabsorção da glicose no néfron é um excelente exemplo das consequências da saturação. Em concentrações normais de glicose no plasma, toda a glicose que entra no néfron é reabsorvida antes de alcançar o final do túbulo proximal; - O epitélio tubular é bem suprido de transportadores para capturar a glicose à medida que o filtrado flui através dele; - Todavia, o que acontece se a concentração de glicose no sangue se torna excessiva, como ocorre no diabetes melito? Nesse caso, a glicose é filtrada mais rapidamente do que os transportadores podem a reabsorver; - Esses transportadores se tornam saturados e são incapazes de reabsorver toda a glicose que flui ao longo do túbulo; - Como resultado, parte da glicose não é reabsorvida e é excretada na urina; - Considere a seguinte analogia: assuma que os transportadores são como assentos de um trem da Disneylândia. Em vez de embarcar no trem estacionado a partir de uma plataforma parada, os passageiros sobem em uma esteira rolante que os carrega pelo trem. Quando os passageiros veem um assento livre, eles sentam nele; - Entretanto, se há mais pessoas na esteira rolante do que o número de assentos existentes no trem, algumas pessoas não encontrarão lugar para sentar. Como a esteira está levando as pessoas em direção à saída, elas não podem esperar pelo próximo trem. Em vez disso, acabam sendo transportadas para a saída. - Saturação do transporte mediado: A taxa de transporte de uma substância é proporcional à concentração da substância no plasma, até o ponto no qual os transportadores se tornam saturados. Uma vez que a saturação ocorre, a taxa de transporte alcança um máximo. A concentração do substrato no plasma, na qual o transporte máximo ocorre, é chamada de limiar renal. - As moléculas de glicose que são filtradas na cápsula de Bowman são como os passageiros sobre a esteira rolante; - Para serem reabsorvidas, cada molécula de glicose deve ligar-se a um transportador conforme o filtrado flui através do túbulo proximal; - Se apenas algumas moléculas entram no túbulo de cada vez, cada uma pode encontrar um transportador livre e ser reabsorvida, como ocorre quando há um pequeno número de pessoas na esteira rolante, e todas encontram assento no trem; - Contudo, se as moléculas de glicose são filtradas mais rapidamente para dentro do túbulo do que os transportadores de glicose podem as transportar, parte da glicose permanece no lúmen tubular e é excretada na urina; - A figura a é uma representação gráfica do manejo renal da glicose, mostra que a taxa de filtração da glicose do plasma para dentro da cápsula de Bowman é proporcional à concentração de glicose no plasma; - Devido à filtração não ser saturável, o gráfico continua em uma linha reta até o infinito: a concentração de glicose no filtrado é sempre igual à sua concentração plasmática; - A figura b mostra a taxa de reabsorção da glicose no túbulo proximal em função da concentração de glicose; - A reabsorção exibe uma taxa de transporte máximo (Tm) quando os carreadores são saturados. Observe que as concentrações plasmáticas normais de glicose estão bem abaixo do ponto de saturação; - A figura c mostra a taxa de excreção da glicose em relação à concentração de glicose no plasma. Lembre-se que a excreção é igual à filtração menos a reabsorção (E � F R); - Quando as concentrações plasmáticas de glicose são baixas o bastante para que 100% da glicose filtrada seja reabsorvida, nenhuma glicose é excretada. Uma vez que os transportadores alcançam a saturação, começa a excreção da glicose; - A concentração plasmática, na qual a glicose começa a aparecer na urina, é denominada limiar renal para a glicose. - Sob condições normais, toda a glicose filtrada é reabsorvida. Em outras palavras, a filtração é igual à reabsorção; - Observe, na Figura 19.10d, que as linhas que representam a filtração e a reabsorção são idênticas até a concentração da glicose no plasma alcançar o limiar renal. Se a filtração é igual à reabsorção, a diferença algébrica entre as duas é zero, e não há excreção; - Uma vez que o limiar renal é alcançado, a filtração começa a exceder a reabsorção. Observe, no gráfico, que as linhas da filtração e da reabsorção divergem nesse ponto; - A diferença entre a linha da filtração e a da reabsorção representa a taxa de excreção: - A excreção de glicose na urina é chamada de glicosúria e, em geral, indica a presença de uma concentração de glicose elevada no sangue; - Raramente, a glicose aparece na urina mesmo que a concentração de glicose no sangue seja normal. Essa situação é ocasionada por uma alteração genética, na qual o néfron não pode produzir transportadores suficientes; AS PRESSÕES NOS CAPILARES PERITUBULARES FAVORECEM A REABSORÇÃO - A reabsorção refere-se ao movimento de solutos e água do lúmen tubular para o líquido intersticial. De que maneira, então, o líquido reabsorvido entra no capilar? - A resposta é que a pressão hidrostática que existe ao longo de toda a extensão dos capilares peritubulares é menor do que a pressão coloidosmótica, de modo que a pressão resultante favorece a reabsorção; - Os capilares peritubulares têm uma pressão hidrostática média de 10 mmHg (em contraste com os capilares glomerulares, em que a pressão hidrostática média é de 55 mmHg); - A pressão coloidosmótica, que favorece o movimento do líquido para dentro dos capilares, é de 30 mmHg; - Como resultado, o gradiente de pressão nos capilares peritubulares é de 20 mmHg, favorecendo a absorçãodo líquido para dentro dos capilares; - O líquido que é reabsorvido passa dos capilares para a circulação venosa e retorna ao coração. SECREÇÃO - Secreção é a transferência de moléculas do líquido extracelular para o lúmen do néfron; -A secreção, assim como a reabsorção, depende principalmente de sistemas de transporte de membrana; - A secreção de K e H pelo néfron distal é importante na regulação da homeostasia desses íons. Além disso, muitos compostos orgânicos são secretados; - Esses compostos incluem tanto metabólitos produzidos no corpo quanto substâncias provenientes do meio externo, conhecidas como xenobióticos; - A secreção torna o néfron capaz de aumentar a excreção de uma substância. Se uma substância filtrada não é reabsorvida, ela é excretada com muita eficácia; - Se, no entanto, a substância filtrada para dentro do túbulo não é reabsorvida, e ainda é secretada para dentro do túbulo a partir dos capilares peritubulares, a excreção é ainda mais eficaz; - A secreção é um processo ativo, uma vez que requer transporte de substratos contra seus gradientes de concentração; - A maioria dos compostos orgânicos é secretada através do epitélio do túbulo proximal para o interior do lúmen tubular por transporte ativo secundário; - Analisaremos como o túbulo realiza a secreção de ânions orgânicos; - Os transportadores responsáveis pela secreção de solutos orgânicos apresentam pouca especifidade. * Por exemplo: a família do transportador de ânions orgânicos (OAT), mostrado nessa figura, é capaz de transportar uma grande variedade de ânions endógenos e exógenos, desde sais biliares até benzoato, utilizado como conservante em refrigerantes, salicilato, proveniente do ácido acetilsalicílico, e o adoçante artificial sacarina. - A secreção de ânions orgânicos pelo OAT é um exemplo de transporte ativo terciário, em que o uso da energia do ATP é removido em duas etapas do OAT. * Vejamos como isso funciona: 1. Na primeira etapa desse processo, que é um transporte ativo direto, o túbulo proximal usa ATP para manter a baixa concentração intracelular de Na; 2. Na segunda etapa, o gradiente de Na é, então, usado para concentrar o dicarboxilato dentro da célula tubular, utilizando um cotransportador Na-dicarboxilato, chamado de NaDC; - O NaDC é encontrado tanto na membrana apical quanto na membrana basolateral das células do túbulo proximal; - Dicarboxilatos são as formas iônicas dos ácidos dicarboxílicos, que possuem dois grupos (OCOOH). A maior parte dos intermediários do ciclo do ácido cítrico, incluindo o citrato, o oxaloacetato e o �-cetoglutarato (�CG), são dicarboxilatos. A Figura 19.12 ilustra o �CG como o dicarboxilato. - A concentração de dicarboxilato dentro da célula tubular determina o terceiro passo da secreção de ânions orgânicos; - O OAT é um transportador ativo indireto, que utiliza o movimento do dicarboxilato a favor do seu gradiente de concentração para deslocar um ânion orgânico contra o seu gradiente, transferindo-o para o interior da célula; - No passo final, uma vez que o ânion orgânico está concentrado no interior da célula tubular, ele pode ser facilmente transportado por difusão facilitada para o interior do lúmen tubular; - Os transportadores apicais ainda não foram completamente identificados, mas parecem ser trocadores de ânions.
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