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Muito se tem discutido a respeito do SARS-Cov-19, que é o vírus causador da Covid-19, doença que alcançou níveis globais de infecções, sendo considerada uma pandemia. Tal poder de infecção do vírus é devido a proteína S do SARS-Cov-19 interagir com enzima transmembrana ACE 2 possibilitando, assim, a fusão com a membrana celular e a liberação do RNA viral na célula. A ACE 2 está presente principalmente no epitélio das vias respiratórias, o que explica o porquê do vírus ser tão eficiente na sua transmissão e causar problemas respiratórios. Nessa perspectiva, é possível analisar os efeitos histopatológicos causados pelo vírus da Covid-19. Sendo assim, vale abordar, primeiramente, a respeito de quando os sintomas da doença são mais amenos, ou seja, podem se confundir com uma gripe e em seguida o retrate da doença com sinais mais graves, quando ataca a região pulmonar. Vias aéreas superiores O sistema respiratório consiste no trato respiratório superior e no trato respiratório inferior. O vírus entra no corpo humano pela cavidade nasal, e a cavidade nasal e a garganta juntas constituem o trato respiratório superior. Existem dobras chamadas de concha nasal na cavidade nasal, que têm a função de circular o ar, e existem células sensoriais no topo da cavidade nasal, que são responsáveis pelo sentido do olfato. Próximo à cavidade nasal fica o seio paranasal, que é um pequeno túnel conectado à cavidade nasal. Normalmente, esses seios paranasais estão cheios de ar, mas quando o trato respiratório é afetado por infecção da mucosa, como mostra um dos sintomas da fisiopatologia de Covid-19, esses seios podem estar cheios de muco e pus e podem ser bloqueados, causando dores de cabeça comum em resfriados e Covid-19 Cavidades nasais A cavidade nasal é revestida por uma mucosa. Na região vestibular nasal, o epitélio é estratificado e não queratinizado, o que estenderá o epitélio facial, e esse será queratinizado. No entanto, a maioria das fossas nasais é formada por epitélio respiratório pseudoestratificado ciliado colunar com células caliciformes. O tecido da mucosa nasal é composto de células ciliadas colunares, células glandulares que produzem muco e outras secreções; células nervosas em escova; células basais; células de suporte; células do sistema vascular; células do sistema imunológico. Todos esses tecidos estão acima da própria camada basal, e a camada basal está acima do tecido conjuntivo. As células caliciformes produzem muco e, juntamente com as células ciliadas, atuam como filtros para patógenos, como os coronavírus, e transportam o ar para o trato respiratório inferior. O primeiro sintoma da Covid-19 é o "estado de gripe", que se manifesta como coriza, congestão nasal e espirros. Esses sintomas são causados pelo contato do vírus com a membrana mucosa e subsequente inflamação que faz com que as células produzam muco em excesso, o que torna o nariz congestionado e escorrendo. Os mastócitos também liberam histamina, que estimula as vias nervosas que provocam os espirros. Mucosa olfatória No topo da cavidade nasal, concha superior e a parte superior do septo nasal são compostas por uma mucosa olfatória. O epitélio é pseudoestratificado colunar, composto por células olfativas, células de suporte, células em escova e células basais. As células olfatórias são neurônios bipolares. Além do suporte físico, eles também secretam proteínas que ligam o odor. As células em escova também são colunares e microvilares, mas a superfície basal está em contato sináptico com as fibras nervosas do nervo trigêmeo. As células basais são pequenas e redondas. São células-tronco, derivadas de células olfativas e células de suporte. As secreções serosas das glândulas olfativas dissolvem odorantes e permitem que as células olfativas os percebam; contém IgA, lactoferrina, lisozima e proteínas de ligação de odor e remove compostos estimuladores de odor por meio de fluxo contínuo. Prepara o receptor para um novo estímulo. O coronavírus e o resto da mucosa respiratória podem se ligar à mucosa olfatória, causando inflamação e prejudicando a função olfatória, levando a sintomas de perda do olfato e paladar nos pacientes. Faringe Outro meio de entrada do vírus é pela garganta. Ela corresponde à faringe, especificamente a orofaringe e laringofaringe. A faringe é o encontro do nariz com a boca, onde ficam localizadas amígdalas, próximas à cavidade oral; a adenóide, na parte superior e a tonsila lingual, na parte posterior da língua. Ela é rica em vasos e nervos, sendo formada principalmente de tecido muscular do tipo esquelético revestida por uma mucosa. A nasofaringe é composta por epitélio pseudoestratificado colunar ciliado com células caliciformes. As células do tecido linfóide identificam antígenos inalados, como o vírus da Covid-19, e desencadeiam a resposta imunológica. A orofaringe é revestida por epitélio estratificado pavimentoso e apresenta lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo com glândulas mistas. Esses tecidos celulares quando em contato com o vírus, causa uma infecção podendo causar inflamação e irritação, que sugestiona sintomas comuns relatados nos casos de Covid-19: dor de garganta e tosse seca, ou seja, sem produção de catarro. Laringe Continuando pela via respiratória superior, o vírus pode infectar a laringofaringe, última porção da faringe, já em contato com a laringe, e a própria laringe, que é constituída de epitélio respiratório, tecido conjuntivo, cartilagem hialina e elástica, ligamentos e músculos esqueléticos. Ainda na laringe, existe a epiglote, que é um prolongamento que se estende na direção da faringe, responsável por abri-la e fechá-la; e as pregas vocais, que são de tecido epitelial pavimentoso estratificado não queratinizado. Além disso, a laringe possui lâmina própria rica em fibras elásticas e com pequenas glândulas mistas. Sem submucosa bem definida. Outro sintoma que o covid-19 pode causar que é semelhante ao da gripe, é a laringite com possível rouquidão.Células de revestimento alveolar As células de revestimento alveolar, pneumócitos 1, e as do tecido epitelial de revestimento dos capilares pulmonares são as primeiras a serem atacadas pelo SARS-Cov-2, causando uma lesão celular que permite um aumento da permeabilidade dos dois tipos de células, tendo a passagem de fluidos e proteína para a superfície alveolar. No início, as proteínas plasmáticas extravasadas encobrem os alvéolos formando membranas hialinas que, posteriormente, é fagocitada. Tais pneumócitos 1 prejudicados são substituídos por pneumócitos 2 levando a um quadro de hiperplasia. Verde: Membrana Hialina; Amarelo: Pneumócito 2 Hiperplasia de pneumócito 2 Pneumócito 2 é uma célula histologicamente mais clara, ou seja, ela não se cora com os corantes, porque produz uma substância tensoativa lipídica que impede o colabamento dos alvéolos devido a pressão dentro deles. É possível perceber que uma pessoa com Covid- 19 tem hiperplasia de pneumócitos 2, o que acarreta em um revestimento dos alvéolos como se fosse um epitélio. Como são células maiores e cúbicas, elas dificultam as trocas gasosas levando a um quadro de dispnéia. Fibrose intersticial e infiltrados inflamatórios, principalmente por linfócitos Segundo a Dasa, 40% dos pacientes com Covid-19 desenvolveram fibrose pulmonar. Esta é a proliferação do tecido conjuntivo (fibroblastos que produzem colágeno) no pulmão, o que torna ele mais rígido impedindo a troca gasosa com eficiência. Ademais, junto a fibrose é possível observar reação inflamatória crônica, causada pelo Covid- 19, é associada com a rapidez da replicação viral e infiltração de células inflamatórias caracterizada pela presença de linfócitos, células de defesa de núcleo volumoso e pouco citoplasma que produzem citocinas. Os linfócitos do tipo B, quando estimulados, se proliferam e se diferenciam em plasmócitos, células responsáveis pela produção de anticorpos contra o Covid-19 e os linfócitos T ativam os macrófagos, que produzem mais citocinas, resultando em uma interação de modo bidirecional entre linfócitos e macrófagos, abastecendo e mantendo a inflamação crônica. A maneira que a interação ocorre inicia com o macrófago apresentando o antígeno para o Linfócito T que produz a citocina que recruta e estimula mais macrófagos, que por sua vez estimula mais Linfócitos T e secreção de citocinas resultando,assim, em um ciclo de reações celulares que tendem a manter a inflamação crônica, resultando em dano de órgãos internos e de síndrome do stress respiratório. Células gigantes multinucleadas apareceram perto de grandes pneumócitos atípicos. Acredita-se que as células gigantes multinucleadas são a associação de macrófagos ativados que junto a linfócitos e macrófagos formam granuloma. Os granulomas formam-se quando o caso de infecção pela Covid-19 é mais grave, e neles é possível perceber uma resposta imunológica, na qual as células ali presentes têm grânulos proteicos que liberam citocinas. Os macrófagos ativados podem apresentar formas modificadas, aumentando o seu citoplasma e, assim, sendo chamados de células epitelióides pela semelhança com as células epiteliais. Granuloma Trombo Pulmonar O trombo, acontece quando um coágulo obstrui um vaso no pulmão, impedindo a passagem sanguínea, total ou parcial. Novo coronavírus podem apresentar distúrbios de coagulação, aumentando o risco de trombose. Apesar de ser uma condição grave, a notícia boa é que existem formas de prevenção e tratamento, caso ela seja descoberta precocemente. A artéria que apresenta uma trombose, a luz que seria original do vaso é está praticamente preenchida por células conjuntivas, que é revestida pelo endotélio, a canalização não é suficiente para o restabelecimento do fluxo sanguíneo abundante.. A massa que forma a trombose é constituída por hemácias, neutrófilos e tem em abundância a fibrina, que formam grumos em várias direções, e em algumas paredes dos vasos o trombo se adere neste local, células endoteliais e mesenquimais começam a se proliferar e envolver este trombo, se organizam, e formam pequenos lumens vasculares. Está presente também os macrófagos e a hemossiderina, ambos consequência da ruptura da parede das hemácias. À trombose caracteriza-se, pela infecção pode levar à coagulação em vasos muitos finos, que ficam nas extremidades dos alvéolos, onde se leva a uma oxigenação inadequada e altos níveis de dímero-D, é um produto que faz a degradação da fibrina, que é uma proteína envolvida com a formação do coágulo, e pela fibrose intimal, decorrente da migração de miofibroblastos para a camada elástica interna, podendo com o tempo ocasionar a oclusão da artéria acometida, presença do trombo, que nem sempre é identificável, a recanalização do trombo, proliferação de canais capilares, resposta intrínseca, mais característica da hipertensão pulmonar, e hipertrofia da íntima. Referências: ABRAHAMSOHN, Paulo. Histologia. 1. ed. - Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2016. BASTOS, Camille; LOPES, Isabela; ALVES, Gabriel; ALVES, Arthur. Uma revisão sistemática da epidemiologia e achados histopatológicos de trombos pulmonares na covid-19. Research, Society and Development , v.10, n.8, e0410816983, 2021. Disponível em: View of A systematic review of the epidemiology and histopathological findings of pulmonary thrombi at covid-19 (rsdjournal.org) . Acesso em: 15 out. 2021. https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/16983/15151 https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/16983/15151 Covid-19 pode causar trombose e embolia pulmonar, diz cirurgião. CNN Brasil , maio 2020. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/covid-19-pode-causar-trombose-e-embolia-pulm onar-diz-cirurgiao/ . Acesso: 15/10/2021. GITIRANA, Lycia de Brito. Histologia: conceitos básicos dos tecidos. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2007. JUNQUEIRA, LC; CARNEIRO, J. Histologia básica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. LORRAN, Marcos; CAVALCANTE, João Pedro; AITA, Michele; BRANDO, Júlio. Alterações histopatológicas em portadores do novo coronavírus (SARS-CoV-2). Acervo Saúde,v. Sup., n. 54, p. 54-55, ago. 2020. Disponível em: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/5071 . 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