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Citopatologia Ginecológica - Aspectos da Normalidade

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57
 O colo uterino é representado pela ectocérvice e pela endocérvice. A ectocérvice é revestida por 
epitélio escamoso estratificado não queratinizado e a endocérvice, pelo epitélio colunar simples mucosse-
cretor. O ponto de ligação entre os dois tipos de epitélio é chamado junção escamocolunar (JEC). A vagina 
é revestida por epitélio escamoso estratificado não queratinizado, similar àquele da ectocérvice.
Junção escamocolunar
(JEC)
Endocérvice
Corpo 
uterino
 Vagina
Ectocérvice
Epitélio escamoso estratificado 
não queratinizado
Colo 
uterino
Epitélio colunar simples
[
Figura 50 - Porções do colo uterino (a) e seus respectivos epitélios (b).
a
b
Epitélio colunar simples
Endocérvice
Epitélio escamoso estratificado 
não queratinizado
Ectocérvice
4 Características Citológicas nos Esfregaços Cervicovaginais Normais
• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
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58
Caderno de Referência 1
• • • • • • • • • • • • • • • • • • • 
4.1 Histologia e citologia da mucosa vaginal e ectocérvice
 A vagina e o colo do útero (ectocérvice) são revestidos pelo epitélio escamoso estratificado não 
queratinizado. Este epitélio, quando maduro (durante a fase reprodutiva da mulher), é representado por 
quatro diferentes camadas. A mais profunda, situada logo acima da membrana basal, é constituída por 
células cuboidais pequenas, arredondadas, com elevada relação nucleocitoplasmática (camada basal). 
Esta é recoberta por várias camadas de células arredondadas maiores, basofílicas (camada parabasal). A 
seguir, encontramos células poligonais bem maiores, com núcleos redondos vesiculares, citoplasma rico 
em glicogênio, contendo pontes intercelulares (camada intermediária). Finalmente, próximo à superfície, 
o epitélio é representado por camadas de células aplanadas com citoplasma abundante e núcleos picnóti-
cos (camada superficial). A camada basal, ou germinativa, é responsável em condições fisiológicas pela 
regeneração (replicação celular). As outras camadas representam apenas diferentes estágios na maturação 
das células basais. A seguir, as características das células do epitélio escamoso quando observadas nos 
esfregaços cervicovaginais:
4.1.1 Células basais
 Essas células são excepcionalmente vistas nos esfregaços cervicovaginais de mulheres com atro-
fia acentuada na pós-menopausa ou quando há ulceração da mucosa. As células basais correspondem às 
menores células epiteliais, aproximadamente o tamanho de um leucócito. A sua forma é redonda ou oval, 
com citoplasma escasso, corado intensamente em azul ou verde. O núcleo é redondo, central, com croma-
tina grosseiramente granular uniformemente distribuída, às vezes revelando um pequeno nucléolo. Essas 
células geralmente descamam em pequenos agrupamentos.
4.1.2 Células parabasais
 Essas células são raras nos esfregaços de mulheres na fase reprodutiva, podendo ocorrer em dis-
túrbios hormonais e em casos de erosão ou ulceração da mucosa. Por outro lado, predominam em situ-
ações de deficiência estrogênica (epitélio atrófico), como na infância, lactação e menopausa. As células 
parabasais com 15-20 micrômetros são bem maiores que as células basais, arredondadas ou ovaladas, 
com citoplasma denso, cianofílico (corado em azul ou verde), relativamente escasso. O núcleo redondo 
ou ovalado mede entre 8 e 13 micrômetros, ocupando aproximadamente a metade do volume da célula. A 
cromatina é granular, sem evidência de nucléolo.
4.1.2 Células intermediárias
 São as células mais comuns nos esfregaços cervicovaginais no período pós-ovulatório do ciclo 
menstrual, durante a gravidez e no início da menopausa. O seu predomínio é relacionado à ação da pro-
gesterona ou aos hormônios adenocorticais. O tamanho das células intermediárias varia de 30 a 60 mi-
crômetros, e o citoplasma é abundante, transparente, poligonal e cianofílico, com uma coloração menos 
intensa do que aquela observada nas células parabasais. As células intermediárias mostram tendência a 
pregueamento das bordas citoplasmáticas. Os núcleos dessas células são vesiculares, medindo cerca de 10 
a 12 micrômetros, redondos ou ovais, com membrana cromatínica ou borda nuclear claramente visível e 
cromatina finamente granular regularmente distribuída com cromocentros. O corpúsculo de Barr (croma-
tina sexual) é ocasionalmente identificado. 
 As células naviculares representam uma variante das células intermediárias. Elas são elipsoides, 
com bordas citoplasmáticas espessadas e ricas em glicogênio, que se cora habitualmente em castanho. 
Os núcleos são excêntricos. As células naviculares são comuns na gravidez e podem aparecer em outras 
condições onde há acentuado estímulo progestacional.
 
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59
 A abundância do citoplasma e o núcleo de tamanho menor diferenciam as células intermediárias 
das parabasais. 
4.1.3 Células Superficiais
 Correspondem às células mais comuns em esfregaços cervicovaginais no período ovulatório do 
ciclo menstrual, após terapêutica estrogênica e nas pacientes com tumor ovariano funcionante (produtor 
de estrógeno). O tamanho dessas células varia de 40 a 60 micrômetros, são poligonais, o citoplasma é 
transparente, eosinofílico, e apresentam núcleo picnótico. O núcleo picnótico é caracterizado pela con-
densação da cromatina que se torna escura. O diâmetro nuclear raramente excede 5 micrômetros. Desde 
que a completa maturação do epitélio ocorre como resultado da atuação dos estrógenos, a picnose nuclear 
em células maduras superficiais representa a evidência morfológica da atividade estrogênica. 
 A propriedade do citoplasma corar em rosa é relacionada a sua afinidade química com a eosina, 
um corante ácido utilizado na técnica de Papanicolaou. Contudo, a coloração eosinofílica não é específi-
ca, e o citoplasma pode assumir as cores azul ou verde. No citoplasma das células superficiais podem ser 
vistos grânulos pequenos (grânulos querato-hialinos) escuros, considerados precursores de queratina, que 
contudo não é produzida em condições normais.
 Para diferenciar uma célula intermediária de uma superficial é fundamental a análise da estrutura 
nuclear. Enquanto o núcleo da célula intermediária é vesicular com cromatina delicada uniformemente 
distribuída e cromocentros (condensações de cromatina), o núcleo da célula superficial é picnótico, ou 
seja, com cromatina condensada, sem evidência de granulação.
4 Características Citológicas nos Esfregaços Cervicovaginais Normais
• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
superficial
intermediária
parabasal
basal
Figura 51 - Epitélio escamoso estratificado da ectocérvice. Histologia, HE, 100x.
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Caderno de Referência 1
• • • • • • • • • • • • • • • • • • • 
parabasal intermediária superfi cial escamas
a
b
Figura 52 - Epitélio escamoso estratifi cado da ectocérvice. 
a - Desenho representando as diferentes camadas do epitélio. 
b - Células das diferentes camadas do epitélio. Esfregaços cervicovaginais. Papanicolaou, 400x.
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Figura 53 - Células escamosas das diferentes camadas do epitélio da ectocervical.
a; b - Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. Células escamosas parabasais. Observar o formato arredondado das 
células na fi gura a. Na fi gura b as células parabasais são agrupadas em arranjo pseudossincial.
c - Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. Células escamosas intermediárias. São células poligonais, maiores que as 
células parabasais, e os núcleos são centrais, vesiculares.
d - Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. Células escamosas intermediárias, do tipo navicular. Observar o citoplas-
ma corado em castanho devido ao acúmulo de glicogênio, as bordas citoplasmáticas espessas e os núcleos rechaçados 
para a periferia.
e - Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. Células superfi ciais. Observara sua forma poligonal, o citoplasma eosi-
nofílico e os núcleos picnóticos.
f - Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. Células escamosas superfi ciais às vezes com grânulos querato-hialinos 
(setas).
4.2 Histologia e citologia da mucosa endocervical – o epitélio colunar simples mucossecretor
 A endocérvice e as glândulas endocervicais são revestidas por epitélio colunar simples, mucosse-
cretante, com núcleos localizados na região basal. Podem ser encontradas raras células colunares ciliadas. 
As glândulas endocervicais não se constituem de ácinos ou ductos, portanto não são glândulas verdadei-
ras. Representam criptas formadas por invaginação e pregueamentos profundos do epitélio superfi cial. 
 Abaixo das células endocervicais e repousando sobre a membrana basal, identifi camos algumas 
células de reserva que apresentam duplo potencial de diferenciação: em direção às células endocervicais 
colunares ou alternativamente conduzindo a epitélio escamoso através de um processo de metaplasia.
4.2.1 Características citológicas das células endocervicais
 Nos esfregaços, as células glandulares endocervicais podem ser observadas em agrupamentos 
monoestratifi cados (quando vistas de frente) ou representando arranjos em paliçada ou tira quando vis-
tas lateralmente. O citoplasma é delicado, semitransparente, cianofílico corando fracamente, fi namente 
vacuolizado ou mais raramente apresentando vacúolo único, evidenciando-se às vezes fi nos grânulos aci-
dófi los. Na segunda fase do ciclo menstrual (fase progestacional), o citoplasma pode se tornar distendido, 
globoso, pelo acúmulo de muco. Quando as células são ciliadas, o que acontece raramente, elas exibem ci-
toplasma corado mais intensamente. O núcleo é localizado na região basal, redondo ou oval, com discreta 
a b c
fed
4 Características Citológicas nos Esfregaços Cervicovaginais Normais
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Figura 54 - Epitélio glandular endocervical.
a - Mucosa endocervical. Histologia, HE, 100x. Epitélio colunar simples. As células são mucossecretoras, exibindo citoplas-
ma claro e núcleos localizados na região basal.
b - Mucosa endocervical. Histologia, HE, 100x. Criptas endocervicais que se originam de invaginação e pregueamento do 
epitélio superfi cial. Exibem as mesmas características citológicas já descritas na fi gura anterior.
c - Células endocervicais, visão frontal. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. As células endocervicais são arranja-
das em monocamada, com o aspecto em “favo de mel”.
d - Células endocervicais, visão lateral. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. As células endocervicais são arran-
jadas em “paliçada”. Nesta perspectiva, as células exibem a sua forma colunar característica com núcleos na região basal.
e - Células endocervicais ciliadas. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. As células endocervicais mostram na re-
gião apical do citoplasma uma linha escura (placa terminal) onde se inserem os cílios.
f - Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 100x. Células endocervicais degeneradas aparecendo sob a forma de núcleos 
desnudos em meio a substância mucoide.
 As células endocervicais devem ser diferenciadas dos histiócitos, já que estes também exibem 
citoplasma vacuolizado. A forma cilíndrica e a ausência de partículas fagocitadas apontam a origem endo-
cervical. As células endocervicais também devem ser distinguidas das células glandulares endometriais. 
As primeiras apresentam maior tamanho, e o citoplasma é mais abundante. 
a b c
ed f
variação do tamanho, cromatina fi namente granular com cromocentros ou nucléolo. Devido à fragilidade 
do citoplasma das células endocervicais, às vezes ocorre a sua ruptura no momento da confecção dos es-
fregaços com o aparecimento de núcleos desnudos com alterações degenerativas, imersos em muco. 
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4.3 Metaplasia escamosa
 O ponto de ligação entre o epitélio glandular endocervical e o epitélio escamoso da ectocérvice é 
chamado junção escamocolunar (JEC).
Endocérvice: epitélio 
colunar simples
Orifício cervical 
externo (JEC)
Ectocérvice: epitélio escamoso 
estratificado não queratinizado
a
b c
b1
b2
c1
c2
Figura 55 - Porções do colo uterino e seus respectivos epitélios.
a - Desenho representando o colo uterino macroscopicamente. Na fase reprodutiva da mulher, na altura do 
orifício cervical externo localiza-se habitualmente a junção escamocolunar (JEC).
b - Desenho representando do ponto de vista histológico o epitélio escamoso da ectocérvice (b1), o epité-
lio colunar simples da endocérvice (b2) e a junção escamocolunar (JEC), indicada pela seta preta. Já a seta 
verde aponta as células de reserva. 
c - Colo uterino, Histopatológico, HE, 100x. Epitélio escamoso da ectocérvice (c1), epitélio colunar simples 
mucossecretor da endocérvice (c2) e junção escamocolunar (JEC) (seta). Foto gentilmente cedida pela Dra. 
Liliane Andrade, Unicamp.
4.3.1 Mecanismo de desenvolvimento
 Durante a puberdade e na primeira gravidez, o colo aumenta de volume em resposta a alterações 
hormonais. Nessa ocasião há eversão (ectopia) do epitélio endocervical, que fica então exposto ao pH 
ácido da vagina. Essa alteração do pH representa o estímulo para o processo de metaplasia escamosa, um 
fenômeno adaptativo do epitélio colunar. Na metaplasia do colo, há a transformação do epitélio colunar 
endocervical em epitélio escamoso estratificado não queratinizado.
4 Características Citológicas nos Esfregaços Cervicovaginais Normais
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 Histologicamente são reconhecidos três estágios do processo de metaplasia escamosa. A primeira 
manifestação morfológica é o aparecimento de uma e depois várias camadas de células muito imaturas, as 
células de reserva (hiperplasia das células de reserva), que se situam abaixo das células glandulares endo-
cervicais. As células de reserva exibem progressivamente evidência de diferenciação escamosa sob a apa-
rência de células com maior quantidade de citoplasma e limites mais bem defi nidos (metaplasia escamosa 
imatura). O epitélio colunar ainda pode persistir por algum tempo. Depois desse estágio há uma perda das 
células colunares e o epitélio se torna mais diferenciado (metaplasia escamosa madura). Posteriormente o 
epitélio torna-se praticamente indistinguível do epitélio escamoso original. 
a b c
Figura 56 - Desenho representando a fase inicial do processo de metaplasia escamosa
a - Células colunares endocervicais.
b - Hiperplasia de células de reserva.
c - Metaplasia escamosa imatura.
Figura 57 - Desenho representando o processo de metaplasia escamosa.
hiperplasia de células 
de reserva
células 
endocervicais
metaplasia escamosa 
imatura
metaplasia escamosa 
madura
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Figura 59 - As diversas localizações da JEC nas diferentes fases da vida e o desenvolvimento da zona de transformação 
(ZT).
a - Localização da JEC na endocérvice antes da puberdade. 1. Epitélio escamoso original; 2. Epitélio colunar endocervical; 
3. Junção escamocolunar (JEC).
b - Eversão do epitélio endocervical na puberdade e na primeira gravidez. 2. Epitélio colunar endocervical; 4. Eversão do 
epitélio endocervical.
c - Alteração metaplásica do epitélio endocervical na zona de transformação. 5. Metaplasia escamosa na zona de 
transformação.
d - Mudança da localização da JEC para o nível do orifício cervical esterno. 1. Epitélio escamoso; 2. Epitélio colunar 
endocervical; 3. Junção escamocolunar (JEC).
Figura 58 - Metaplasia escamosa do colo uterino.
a; b - Metaplasia escamosa madura. Epitélio escamoso estratificado não queratinizado idêntico ao original.As criptas endocervicais abaixo (seta) comprovam a ocorrência do processo de metaplasia escamosa. His-
topatológico, HE, 100x .A foto a foi cedida por Dra. Liliana Andrade, Unicamp.
4.3.2 Significado clínico da metaplasia escamosa 
 A área do colo (previamente representada pelo epitélio colunar) onde ocorreu a alteração 
metaplásica é chamada zona de transformação (ZT). Numerosos estudos mostram que as células 
metaplásicas imaturas dessa região são mais suscetíveis à ação de agentes carcinogênicos, especialmente 
o papiloma vírus humano (HPV). É exatamente nessa região onde se desenvolvem a grande maioria das 
lesões pré-cancerosas e o carcinoma escamoso do colo.
a b c d
a b
4 Características Citológicas nos Esfregaços Cervicovaginais Normais
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4.3.3 Características citológicas
Células de reserva endocervicais
 Essas células são raramente vistas nos esfregaços. Elas são de pequeno tamanho (menores que as 
células parabasais), com citoplasma escasso, cianofílico e finamente vacuolizado. O núcleo é redondo ou 
oval, centralmente localizado, com elevada relação nucleocitoplasmática, e a cromatina é fina uniforme-
mente distribuída. As células de reserva podem se mostrar isoladas ou dispostas em pequenos conjuntos, 
às vezes nas proximidades das células endocervicais. As células de reserva quando estão isoladas podem 
ser confundidas com histiócitos e células estromais endometriais. 
Células metaplásicas 
 As células metaplásicas escamosas imaturas são do tamanho aproximado das células parabasais 
e são redondas a ovais, com discreto aumento da relação nucleocitoplasmática devido à relativa imaturi-
dade celular. Elas apresentam citoplasma delicado ou denso, às vezes com vacúolos. Os núcleos são um 
pouco maiores que aqueles das células intermediárias, redondos ou ovais, paracentrais ou centrais, com 
cromatina finamente granular regularmente distribuída e às vezes nucléolo. Essas células se dispõem fre-
quentemente em agrupamentos frouxos, lembrando um calçamento de pedras.
As células metaplásicas maduras são do tamanho aproximado das células intermediárias, porém as pri-
meiras apresentam citoplasma levemente mais denso e bordas citoplasmáticas mais arredondadas. As 
células metaplásicas maduras também podem se distribuir em conjuntos frouxos. 
Às vezes as células metaplásicas tanto imaturas como maduras revelam prolongamentos citoplasmáticos 
assumindo um aspecto estrelado. Outra característica é a presença de uma coloração dupla citoplasmática 
sob a aparência de um citoplasma dividido em duas zonas, uma mais externa densa (ectoplasma) e uma 
mais interna perinuclear, relativamente pálida.
Figura 60 - Desenhos representando células glandulares endocervicais e metaplásia escamosa.
a - Células endocervicais vistas lateralmente com a sua forma colunar típica e agrupadas em monocamada. Há células 
metaplásicas escamosas exibindo prolongamentos citoplasmáticos (seta).
b - Agrupamento frouxo lembrando uma “calçada de pedras” de células metaplásicas escamosas. Há frequentes prolon-
gamentos citoplasmáticos e discreto aumento nuclear. Alguns núcleos exibem alterações degenerativas sob a forma de 
cariorrexe (setas). 
a b
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67
Figura 61 - Características das célu-
las de reserva e metaplásicas esca-
mosas.
a - Esfregaço cervicovaginal, Papa-
nicolaou, 400x. Células de reserva. 
Correspondem a células pequenas, 
com relação nucleocitoplasmática 
aumentada.
b - Esfregaço cervicovaginal, Papa-
nicolaou, 400x. Células metaplásicas 
escamosas imaturas. Elas exibem 
citoplasma mais abundante que as 
células de reserva, com citoplasma 
anfofílico nesta figura devido a fenô-
menos degenerativos.
c - Esfregaço cervicovaginal, Papani-
colaou, 400x. Células metaplásicas 
escamosas imaturas. Apresentam ci-
toplasma delicado, com bordas mal 
delimitadas.
d - Esfregaço cervicovaginal, Papa-
nicolaou, 400x. Células metaplásicas 
escamosas imaturas com citoplasma 
exibindo prolongamentos, conferin-
do-lhes um aspecto estrelado.
a b
c
e
d
g h
4 Características Citológicas nos Esfregaços Cervicovaginais Normais
• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
f
e - Células metaplásicas escamosas imaturas agrupadas. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 100x. O agrupamento 
frouxo das células metaplásicas lembra um calçamento de pedras.
f - Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. Células metaplásicas escamosas maduras. Elas exibem coloração citoplas-
mática dupla (anfofilia) e vacuolização citoplasmática.
g - Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x.Células metaplásicas escamosas em maturação. As células mostram cito-
plasma com duas áreas distintas, o ectoplasma mais denso e o endoplasma mais pálido.
h - Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. Células metaplásicas escamosas maduras. Elas apresentam tamanho 
aproximado ao das células intermediárias, mas com maior densidade citoplasmática e limites mais arredondados.
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• • • • • • • • • • • • • • • • • • • 
4.4 Endométrio 
 O endométrio corresponde à camada mais interna do copo do útero e é constituído por epitélio 
cilíndrico simples e lâmina própria (estroma) que contém inúmeras glândulas tubulares simples (glândulas 
endometriais). Sob a ação dos hormônios ovarianos (estrógeno e progesterona), o endométrio sofre 
modificações cíclicas, representando o ciclo menstrual.O primeiro dia do ciclo corresponde ao primeiro 
dia do sangramento menstrual.
 Nos esfregaços cervicovaginais em condições normais, as células endometriais são observadas 
até o 12º dia do ciclo menstrual, no início da gravidez quando ocorre implantação do ovo, durante aborto 
e no período de pós-parto imediato. Em mulheres usuárias de DIU pode ocorrer descamação de células 
endometriais às vezes atípicas, em qualquer fase do ciclo menstrual. Em mulheres pós-menopausadas 
que fazem reposição hormonal, células endometriais também podem ser encontradas. Em qualquer outra 
ocasião, a presença destas células pode indicar lesão endometrial, como pólipo, endometrite, endometriose, 
hiperplasia endometrial ou mesmo neoplasia maligna (adenocarcinoma). 
4.4.1 Características citológicas
 As células glandulares são redondas, com citoplasma escasso, delicado, transparente, com 
bordas indistintas. Os núcleos são redondos, hipercromáticos, com cromatina grosseiramente granular 
uniformemente distribuída. Em condições normais, não se identifica nucléolo. 
 Entre o 6º e o 10º dia do ciclo menstrual, há frequente descamação de células endometriais sob a 
forma de conjuntos esféricos com uma área central representada por células estromais profundas, pequenas, 
alongadas, amontoadas e um anel periférico de células glandulares. O fundo contém células do estroma 
superficial do endométrio que são similares a histiócitos, com variação do tamanho, exibindo citoplasma 
vacuolizado, cianofílico, com bordas indistintas e um núcleo excêntrico com cromatina granular. Esse 
quadro citológico é referido como êxodo menstrual. 
 As células estromais profundas mostram citoplasma escasso, pobremente preservado, são 
fusiformes ou estreladas e têm núcleos ovalados.
 As células glandulares endometriais se diferenciam das células endocervicais pelo seu menor 
tamanho, citoplasma mais escasso com bordas menos definidas, núcleos menores com cromatina mais 
grosseira. As células endometriais também diferem das endocervicais pela descamação em conjuntos 
muito pequenos, onde há frequente sobreposição nuclear.
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a b
c
fe
d
g h
Figura 62 - Características das célu-
las endometriais.
a; b - Esfregaço cervicovaginal, Pa-
panicolaou, 100x e 400x. Conjuntos 
esféricos de células endometriais.Observar a área central do conjun-
to representado por células estro-
mais pequenas, amontoadas. Há 
um anel mais periférico de células 
com núcleos maiores que corres-
pondem às células glandulares.
c - Pequeno conjunto de células 
glandulares endometriais. Esfrega-
ço cervicovaginal, Papanicolaou, 
400x. Na periferia do conjunto de 
células glandulares, há numerosas 
células que se assemelham a histi-
ócitos que representam células do 
estroma endometrial superficial. 
Esse quadro citológico é referido 
como “êxodo” menstrual e ocorre 
nos primeiros dias do ciclo.
d - Esfregaço cervicovaginal, Papa-
nicolaou, 400x. Células glandulares 
endometriais em arranjos tubulares 
ramificados. Esse tipo de agrupa-
mento é raramente visto. 
e - Esfregaço cervicovaginal, Papa-
nicolaou, 400x. Células do estroma 
endometrial superficial. Elas apre-
sentam citoplasma delicado, às ve-
zes microvacuolizado.
f - Esfregaço cervicovaginal, Papa-
nicolaou, 400x. Células do estroma 
endometrial profundo. Observar o 
citoplasma indistinto e os núcleos 
alongados das células. 
g; h - Esfregaços cervicovaginais, 
400x. Células glandulares endome-
triais e endocervicais. Observar que 
as células endometriais à esquerda 
são menores, apresentam-se sobre-
postas e descamam em conjuntos 
pequenos quando comparadas às 
células endocervicais.
4 Características Citológicas nos Esfregaços Cervicovaginais Normais
• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
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4.5 Células do segmento uterino inferior
 Correspondem às células do terço superior do colo que histologicamente são idênticas às células 
endometriais. Contudo, nos esfregaços as células do segmento uterino inferior apresentam uma aparência 
diferente das células endometriais descritas no tópico anterior. Essa modificação do seu aspecto mor-
fológico se dá em função do desalojamento forçado com a escovinha das células do segmento inferior, 
enquanto as células endometriais vistas habitualmente nos esfregaços descamam espontaneamente. As 
células do segmento uterino inferior são encontradas nas amostras cervicovaginais numa frequência em 
torno de 7% sob a forma de elementos glandulares e/ou estromais. Essas células são mais comuns nos 
esfregaços de mulheres submetidas previamente à conização por lesões pré-cancerosas de alto grau. Tal 
procedimento torna o colo mais curto que o normal. Como consequência, há uma maior chance de a es-
covinha, durante a colheita da amostra cervical, atingir as porções mais altas do canal com obtenção de 
células do segmento inferior. 
4.5.1 Características citológicas 
 As células do tipo glandular são pequenas, têm citoplasma escasso, núcleos hipercromáticos com 
bordas regulares e cromatina granular. Elas são distribuídas em arranjos tubulares com ou sem ramifi-
cação e podem conter aberturas glandulares na sua intimidade. Na margem desses arranjos, as células 
assumem muitas vezes uma disposição em paliçada. 
 As células estromais descamam em agregados frouxos, similares a sincícios. Elas exibem citoplas-
ma escasso, mal delimitado, núcleos arredondados ou ovalados. É muito comum o encontro de capilares 
entre as células estromais, o que auxilia na sua identificação. As células estromais se distribuem na peri-
feria das células glandulares quando estas últimas são presentes.
	
  
a c
	
  
b
Figura 63 - Células do segmento uterino inferior. 
a - Células glandulares. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou 100x. Agrupamento celular contendo abertura glandular 
(seta). Na periferia, há células do estroma (seta vermelha).
b - Abertura glandular. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. As células são uniformes, com núcleos redondos, 
exibindo cromatina granular. Não há estratificação nuclear no revestimento da abertura glandular (seta).
c - Células glandulares e estromais. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 100x. As células glandulares representam ar-
ranjo tubular. As células estromais são vistas na periferia (setas). 
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Figura 64 - Células do segmento uterino inferior. 
a - Células glandulares. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. Células glandulares com núcleos redondos, sobre-
postos. Há disposição dos núcleos em “paliçada na margem do agrupamento tubular.
b - Células estromais. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 100x. As células se distribuem frouxamente. Presença de 
capilar seccionando as células (seta).
c - Células estromais. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. O citoplasma dessas células é escasso e mal definido, 
com núcleos redondos ou ovais exibindo cromatina finamente granular. Presença de característico capilar no centro (seta).
cba
4.6 Células não epiteliais
4.6.1 Hemácias
 São células redondas, medindo de 6 a 7 micrômetros, anucleadas, alaranjadas pela ação do orange 
usado no método de coloração de Papanicolaou. Têm pouco significado clínico, podendo indicar trauma 
na colheita da amostra cervicovaginal. Por outro lado, o encontro de hemácias degeneradas, lisadas, deve 
alertar o examinador, uma vez que podem se associar a carcinomas invasivos. 
4.6.2 Leucócitos polimorfonucleares neutrófilos
 O tamanho dessas células é muito constante, em torno de 10 micrômetros, 1,5 vez maior que o 
tamanho das hemácias. Apresentam citoplasma mal definido. Os seus núcleos são lobulados, conectados 
uns aos outros.
 Quando se apresentam em pequeno número são comuns nos esfregaços, originando-se 
principalmente da endocérvice. Essa relação é bem estabelecida quando se examina os esfregaços de 
mulheres pós-histerectomizadas, onde os neutrófilos são ausentes ou escassos. Nos processos inflamatórios 
agudos, os neutrófilos são numerosos. Quando se sobrepõem às células epiteliais em mais de 75% do 
esfregaço, comprometem a pesquisa das lesões pré-cancerosas e malignas. É esta a razão de considerar 
essas amostras como insatisfatórias para a avaliação, sendo indicada a repetição do exame após tratamento. 
4 Características Citológicas nos Esfregaços Cervicovaginais Normais
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ba
Figura 65 - Neutrófi los.
a - “Fundo” purulento. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 100x. Há incontáveis neutrófi los e piócitos reco-
brindo amplamente as células epiteliais. Em tal situação, a amostra é considerada insatisfatória para a avaliação, 
já que o principal objetivo do exame é a investigação das lesões pré-cancerosas que comprometem as células 
epiteliais.
b - Neutrófi los e piócitos. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. Observar os limites citoplasmáticos indis-
tintos e os núcleos multilobulados.
4.6.3 Linfócitos
 O linfócito maduro é levemente maior que uma hemácia. O seu núcleo é circundado por escasso 
citoplasma basofílico. A presença de linfócitos em diferentes estágios de maturação traduz o diagnóstico 
de cervicite crônica folicular. 
Figura 66 - Cervicite crônica folicular.
a; b - Esfregaços cervicovaginais, Papanicolaou, 400x. Linfócitos pequenos e grandes. Esta população celular he-
terogênea caracteriza a cervicite crônica folicular. Precaução deve ser tomada para não confundir os linfócitos 
grandes (ativados) com células malignas.
a b
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73
	
  	
  
	
  
4.6.4 Plasmócitos 
 São incomuns nos esfregaços cervicovaginais e exibem núcleo excêntrico, redondo ou oval, com 
cromatina arranjada em grumos no padrão de roda de leme. Quando presentes são geralmente associados 
a linfócitos, caracterizando processo inflamatório crônico.
4.6.5 Histiócitos 
 Os histiócitos são geralmente redondos ou ovais, mas podem ser alongados, poligonais, fusifor-
mes ou triangulares. Exibem citoplasma escasso ou abundante, semitransparente, espumoso,podendo 
conter múltiplos vacúolos pequenos ou grandes, com ou sem partículas estranhas fagocitadas. As bordas 
citoplasmáticas são geralmente indistintas e delicadas. O núcleo é excêntrico e pode ser reniforme, redon-
do, triangular ou irregular; mitoses podem ser evidenciadas. A cromatina é finamente granular, dispersa 
uniformemente, mas em alguns casos pode se apresentar irregularmente distribuída, confundindo-se com 
a cromatina anormal das células malignas. Devido as suas características incomuns, os histiócitos podem 
representar uma fonte importante de diagnósticos falso-positivos. 
 Os histiócitos mononucleados e multinucleados podem se associar a menopausa, radioterapia, 
corpos estranhos, processos inflamatórios e às vezes não são relacionados a nenhuma causa aparente.
	
  
Figura 67 - Características dos histiócitos
a - Histiócitos pequenos. Esfregaço cervicovaginal. 400x. Observar o citoplasma escasso, deli-
cado, às vezes espumoso. 
b - Histiócitos, um deles apresentando mitose. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. 
Vários histiócitos, um deles exibindo mitose (seta).
c - Histiócitos. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. O citoplasma dessas células é de-
licado, de aspecto espumoso, e os núcleos exibem formas variadas, podendo ser excêntricos.
d - Histiócito multinucleado. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. O citoplasma é 
espumoso, e os núcleos são uniformes com padrão de cromatina similar entre eles.
a b
dc
4 Características Citológicas nos Esfregaços Cervicovaginais Normais
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4.7 Alterações fisiológicas de natureza hormonal sobre o epitélio
 Vários estímulos, especialmente os hormônios, infl uenciam os epitélios do colo uterino e da vagi-
na. Os hormônios ovarianos, o estrógeno e a progesterona, têm uma participação ativa nas características 
do epitélio. A variação das suas taxas no transcorrer do ciclo menstrual resulta em diferentes padrões 
morfológicos refl etidos nas amostras citológicas cervicovaginais. 
Fases do ciclo menstrual
 A primeira metade do ciclo menstrual é chamada fase proliferativa, ou estrogênica. Como o nome 
indica, esse período é caracterizado pela elevação dos níveis de estrógeno que é produzido pelos folículos 
ovarianos em crescimento atingindo o clímax por ocasião da ovulação. O estrógeno por sua vez determina 
o amadurecimento do epitélio escamoso cervicovaginal, culminando na diferenciação em células superfi -
ciais. Depois da ovulação, o folículo ovariano roto se transforma em corpo-lúteo, que produz progestero-
na. Esse período dominado pela ação da progesterona corresponde à fase secretória do ciclo menstrual. Se 
ocorrer fertilização e gravidez, a progesterona após a involução do corpo-lúteo continuará a ser produzida 
pela placenta. A progesterona atua no epitélio escamoso cervicovaginal com o amadurecimento até as 
células intermediárias, inibindo contudo a diferenciação em células superfi ciais. 
Figura 68 - Representação do ciclo mens-
trual e dos efeitos hormonais sobre o epité-
lio escamoso do colo e da vagina.
Ciclo ovariano. Observar as alterações cí-
clicas sob a infl uência do estrógeno (fase 
proliferativa) e da progesterona (fase se-
cretória, ou luteínica). O pico máximo das 
taxas de estrógeno ocorre na ovulação. 
Com o desenvolvimento do corpo-lúteo 
há a produção crescente de progestero-
na. O esfregaço cervicovaginal apresenta 
um predomínio de células superfi ciais na 
fase proliferativa (a), com substituição por 
células intermediárias na fase luteínica 
(b). 
a b
c
Ovulação
Pico de LH
Ovulação
Fase proliferativa Fase luteal
FSH Estradiol
75
4.7.1 Padrões citológicos associados ao ciclo menstrual
 Toda a dinâmica é refl etida na variação dos padrões citológicos. Para um melhor entendimento 
do processo, o ciclo menstrual padrão de 28 dias é subdivido em fases correlacionando-as com o quadro 
citológico respectivo.
 
1º ao 6º dia
 Deve ser lembrado que o 1º dia do ciclo menstrual corresponde ao 1º dia do sangramento menstru-
al. Nesse período o esfregaço é dominado pelas células escamosas intermediárias. É comum o encontro de 
células endometriais, tanto glandulares como estromais. O fundo contém hemácias, bactérias e leucócitos. 
6º ao 14º dia
 Há a substituição progressiva das células intermediárias por células superfi ciais sob a ação do 
estrógeno em ascensão. Essas células superfi ciais se apresentam isoladas ou agrupadas frouxamente. O 
esfregaço é limpo, com poucos leucócitos e bactérias. 
14º ao 24º dia
 Nesta fase, com a produção da progesterona em níveis crescentes, o esfregaço mostra um predo-
mínio de células escamosas intermediárias, que tendem a apresentar pregueamento citoplasmático e se 
agrupam em conjuntos compactos. Podem aparecer células naviculares, que representam uma variante 
das células intermediárias. Há geralmente numerosas bactérias (lactobacilos). A ação dos lactobacilos 
sobre as células intermediárias resulta na sua degradação (citólise), com o aparecimento de numerosos 
núcleos desnudos e restos citoplasmáticos. 
24º ao 28º dia
 Há ainda o predomínio de células intermediárias, e as células naviculares são mais comuns. Nesta 
fase, há características similares àquelas descritas no item anterior. Porém o pregueamento das bordas 
citoplasmáticas é mais acentuado, e os agrupamentos celulares são mais compactos e frequentes.
Figura 69 - Padrões citológicos as-
sociados às diferentes fases do ciclo 
menstrual.
a; b - Fase proliferativa do ciclo 
menstrual. Citologia de meio líqui-
do, Papanicolaou, 100x e 400x. Es-
fregaço limpo, com predomínio de 
células superfi ciais distribuídas em 
agrupamentos frouxos.
c - Fase secretória do ciclo mens-
trual. Esfregaço cervicovaginal, Pa-
panicolaou, 100x. Células interme-
diárias com bordas citoplasmáticas 
pregueadas distribuídas em agru-
pamento compacto. 
d - Fase secretória, citologia de 
meio líquido, Papanicolaou, 400x. 
Agrupamento de células interme-
diárias, algumas delas contendo 
depósitos de glicogênio e bordas 
citoplasmáticas espessas.
a b
dc
4 Características Citológicas nos Esfregaços Cervicovaginais Normais
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• • • • • • • • • • • • • • • • • • • 
4.7.2 Citologia hormonal - índices 
 Considerando os diferentes quadros citológicos e a sua relação com os níveis dos hormônios 
ovarianos, fundamentou-se o procedimento conhecido como citologia hormonal. A colheita das amostras 
com esse objetivo é realizada na porção proximal das paredes laterais da vagina, considerada a área mais 
sensível aos efeitos hormonais. A avaliação cito-hormonal é realizada mediante índices, dentre os quais os 
mais comuns são o índice picnótico (IP) e o índice de maturação (IM). Para a obtenção desses indicadores, 
conta-se aproximadamente 300 células isoladas. A partir daí calcula-se o percentual relativo a cada tipo de 
célula, registrando-se os resultados sob a forma da seguinte relação: células parabasais % / intermediárias 
% / superficiais %. 
 O índice picnótico corresponde ao percentual de células escamosas superficiais já determinado 
na avaliação do IM. Exemplificando, o IM por ocasião da ovulação seria aproximadamente 0/40/60, e 
o IP= 60; na gravidez 0/100/0, o IP= 0; na menopausa 80/20/0, e o IP= 0. A citologia hormonal é um 
método em desuso, especialmente devido à vulnerabilidade dos índices em relação a fatores externos e 
também à inflamação. Também é pouco prático e incômodo para a paciente, uma vez que é necessária, 
para uma maior confiabilidade dos resultados, a colheita seriada das amostras durante o ciclo menstrual. 
Sem dúvida, a aferição direta dos níveis hormonais no sangue é muito mais sensível e específica,o que 
contribuiu definitivamente para o declínio da citologia hormonal.
4.7.3 Atrofia
 Em determinadas fases da vida da mulher não há produção de estrógenos, e consequentemente 
o esfregaço é representado pelo predomínio de células escamosas parabasais. Esses esfregaços são 
chamados atróficos e ocorrem na infância, no pós-parto imediato, na lactação e na pós-menopausa. Outras 
condições associadas a esfregaços atróficos são a castração cirúrgica (remoção dos ovários), radio e/ou 
quimioterapia. 
 Habitualmente os esfregaços atróficos da menopausa exibem predomínio de células parabasais, que 
podem ser isoladas ou se agrupar em arranjos que lembram sincícios (limites citoplasmáticos indistintos 
e sobreposição nuclear). São comuns as alterações inflamatórias, uma vez que o epitélio fino se torna 
mais suscetível às agressões externas. Outra característica dos esfregaços atróficos é o frequente encontro 
de núcleos desnudos devido à fragilidade do citoplasma das células parabasais. Por causa da falta de 
lubrificação da vagina e do colo pela menor produção de secreções glandulares, é comum o aparecimento 
de artefatos celulares de dessecação. Os núcleos podem se apresentar aumentados de volume, com aspecto 
borrado. Essas alterações podem dificultar o estudo oncológico. 
 Em caso de incerteza quanto à origem das modificações celulares, é indicada a administração local 
de estrógeno por curto período de tempo. Após o término da aplicação do hormônio, um novo esfregaço 
obtido mostrará de forma inequívoca a natureza das alterações, com o desaparecimento das mesmas 
quando representarem artefato de dessecação. Outra dificuldade na interpretação dos esfregaços atróficos 
é a eventual escassez de células epiteliais, resultando em amostras insatisfatórias para avaliação. Também 
nesse caso, a aplicação do estrógeno local trará benefícios, e um novo esfregaço habitualmente contém 
maior celularidade. Em algumas mulheres pós-menopausadas, mesmo há longo tempo, não se estabelece 
o padrão atrófico típico dessa fase e os esfregaços mantêm o predomínio de células intermediárias, 
provavelmente devido à produção hormonal pelas suprarrenais. No entanto, quando as células superficiais 
são dominantes no esfregaço de mulheres pós-menopausadas sem reposição hormonal, pode ter relação 
com outras causas, entre elas tumor de ovário produtor de estrógeno, o uso de digitálicos por mais de dois 
anos ou o tratamento com tamoxifeno para câncer de mama. 
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a b c
fd
	
  
e
Figura 70 - Atrofia. Características citológicas.
a - Agrupamento pseudossincial de células parabasais. Amostra cervical, citologia de meio líquido, Papanicolaou, 400x. 
b - Agrupamentos pseudossinciais de células parabasais. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 100x. 
c - Células escamosas parabasais exibindo modificações inflamatórias. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. 
d - Predomínio de células parabasais com modificações inflamatórias. Amostra cervical, citologia de meio líquido, Papani-
colaou, 400x. 
e - Glóbulos azuis. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. Observar os detritos no fundo do esfregaço, comuns na 
atrofia. Há uma condensação azul-escura (seta) conhecida como glóbulo azul de natureza indeterminada. Os glóbulos 
azuis podem ocorrer na atrofia acentuada e não devem ser confundidos com núcleos desnudos de células malignas. Nos 
primeiros, não há estrutura cromatínica.
f - Dessecação do esfregaço. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. Devido à dessecação, o citoplasma assume 
uma coloração rósea intensa, e os núcleos se mostram aumentados de volume, claros, com cromatina mal definida (setas).
 Raramente, no esfregaço atrófico pós-menopausa as células parabasais evidenciam abundante 
glicogênio, o que pode ser causado pela produção de andrógeno pelas suprarrenais. Essa condição é 
referida como atrofia androgênica.
Figura 71 - Atrofia. 
a; b - Amostras cervicais, 
citologia de meio líquido, 
Papanicolaou, 400x. Predo-
mínio de células parabasais 
com abundante depósito de 
glicogênio, mais evidente na 
figura b. Esse padrão é co-
nhecido como atrofia andro-
gênica.
4 Características Citológicas nos Esfregaços Cervicovaginais Normais
• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
a b
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 No pós-parto e na lactação, o esfregaço é atrófi co e permanece assim por algumas semanas, ape-
sar de não ser incomum a permanência desse padrão citológico durante vários meses. Nos esfregaços as 
células parabasais geralmente contêm abundante glicogênio.
	
  
Figura 72 - Atrofi a na lactação.
a; b - Esfregaços cervicovaginais, Papanicolaou, 100x e 400x. Padrão citológico na lactação com pre-
domínio de células parabasais ricas em glicogênio. O glicogênio assume uma coloração acastanhada, 
e as bordas celulares são espessas.
 Na gravidez há o predomínio absoluto de células intermediárias. A partir do fi nal do 2º mês de ges-
tação, as células intermediárias são frequentemente do tipo navicular. Essas células são consideradas uma 
variante das células intermediárias. O citoplasma contém abundante glicogênio, que se cora em castanho. 
As bordas citoplasmáticas são espessas, dobradas, e os núcleos são excêntricos. As células naviculares 
são muito frequentes, mas não exclusivas da gravidez. São associadas a níveis elevados de progesterona 
e assim podem ser vistas na fase secretória do ciclo menstrual.
a b
a b
Figura 73 - Células escamosas intermediárias do tipo navicular.
a - Células naviculares. Amostra cervical, citologia de meio líquido, Papanicolaou, 100x. 
b - Células naviculares. Esfregaço cervicovaginal, Papanicolaou, 400x. Células naviculares em agrupa-
mento compacto. 
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