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RESUMO AVI DE RESPONSABILIDADE Distinção entre responsabilidade civil e a responsabilidade penal No que se refere a responsabilidade civil e criminal, como preleciona Carlos Roberto Gonçalves, “ Durante muito tempo não havia nenhuma distinção entre ambas, de modo que tudo inclusive a compensação pecuniária não passava de uma pena ao causador do dano. No entanto, com o surgimento da Lex Aquila, iniciou-se uma distinção entre ambas responsabilidades.” ( GONÇALVES, 2016, p. 41) Dentro desse contexto, podemos afirmar que, durante os séculos essa distinção entre responsabilidade civil e criminal ficaram mais notórias, de modo que atualmente, a responsabilidade é independente da criminal, tanto que um mesmo ato pode gerar uma outra espécie, não havendo BIS IDEM, já vez que bens jurídicos distintos foram violados. Assim, podemos citar como exemplos de distinções: I – Quanto a norma válida: Segundo Gonçalves (2016, p. 42), “ A responsabilidade penal decorre da ofensa à norma de direito público, tendo em vista que o bem jurídico lesado é a ordem social. Por outro lado, a responsabilidade civil decorre da lesão a um interesse privado podendo o prejudicado postular a reparação dos danos.” II – Quanto a natureza da responsabilidade: A responsabilidade penal é pessoal, podendo o agente sofrer uma pena privativa de liberdade, restritiva de direito ou multa. Ao passo que, a responsabilidade civil é patrimonial, uma vez que o sujeito será compelido a reparar o dano. III – A responsabilidade penal decorre de um fato previamente previsto como ilícito, a isso denominamos de tipicidade. Já, a responsabilidade civil, como exposto no Código Civil, “decorre de qualquer ação ou omissão culposa que violar direito e causar dano a outrem. IV – Quanto a Imputabilidade: Segundo Gonçalves (2016 p. 44), “ Somente os maiores de 18 anos poderão ser responsáveis, civil e criminalmente, por seus avós. Conquanto, na esfera cível, os menores de 18 anos poderão ser responsabilizados se as pessoas encarregadas de sua guarda ou vigilância não puderem fazê-lo, desde que não fiquem privados do necessário. Já, na Seara criminal, os meus de 18 anos estão sujeitos apenas às medidas de proteção e socioeducativas do ECA.” V – A responsabilidade penal é intransferível, podendo ser aplicada apenas ao autor do ilícito. Ao passo que, no direito civil, diferentemente, existem várias hipóteses de responsabilidade pelo fato de terceiros. Referências: GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro: responsabilidade civil, v. 4/ Carlos Roberto Gonçalves – 11, ed. São Paulo, Saraiva, 2016. Diferença entre dever, obrigação e responsabilidade. O Dever surge no direito como um comando imposto pelo direito objetivo, de modo que o sujeito deve observar determinada conduta, seu pena de sanção. Dentro desse contexto, como bem leciona Carlos Roberto Gonçalves, “ A obrigação configura-se como um dever jurídico originário, ou seja, um vínculo jurídico que confere ao credor o direito de exigir do devedor o cumprimento de determinada prestação. Além disso, a obrigação nasce de diversa fontes e deve ser cumprida livre e espontaneamente, de modo que quando não ocorre, sobrevém o inadimplemento e surge a responsabilidade.” ( GONÇALVES, 2016, p. 20 e 21) Dessa forma, a obrigação e a responsabilidade não se confundem, pois a responsabilidade só surge se o devedor não cumpre espontaneamente a primeira. Logo, infere-se que a responsabilidade configura como um dever jurídico sucessivo, ou seja, consequência jurídica do descumprimento da relação obrigacional. Ademais, segundo Gonçalves (2016, p. 21), “ A obrigação pode existir sem responsabilidade e vice versa, como por exemplo nos casos de dívidas prescritas de jogo, onde o devedor nestes casos, não pode ser condenado a cumprir a prestação, embora continue devedor. Além disso, também podemos ter a responsabilidade sem obrigação como, por exemplo no caso de fiador.” Referências: GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro: responsabilidade civil, v. 4/ Carlos Roberto Gonçalves – 11, ed. São Paulo, Saraiva, 2016. Principais espécies de responsabilidade civil Segundo entendimento adotado na Doutrina de Carlos Roberto Gonçalves, as principais espécies de responsabilidade civil são as seguintes: I – Responsabilidade Contratual e Extracontratual: A responsabilidade decorre do descumprimento de uma prestação fixada no contrato. Assim, como leciona Gonçalves (2016, p. 44), “ Quando o comodatário não devolve a coisa emprestada, porque, por sua culpa, ela pereceu. Configura-se nesse caso o inadimplemento do contrato e consequentemente o surgimento da responsabilidade contratual.” Assim, pode-se ter como consequências do inadimplemento da obrigação, a responsabilização do devedor no que se refere a perdas e danos, por exemplo. Ao passo em que, a responsabilidade Extracontratual, decorre do descumprimento do dever geral de não lesar. Dessa forma, segundo Gonçalves (2016, p. 45), “ A responsabilidade Extracontratual compreende, a violação dos deveres gerais de abstenção ou omissão, como os que correspondem aos diretos reais, aos direitos de personalidade ou aos direitos do autor.” II – Responsabilidade subjetiva e Responsabilidade objetiva: Basicamente, a diferença entre a responsabilidade civil objetiva e subjetiva reside no elemento culpa. Assim, a premissa da responsabilidade subjetiva é no sentido de que não havendo culpa, não há dever de reparação, pois como leciona Gonçalves (2016, p. 48), “ Na responsabilidade subjetiva, a prova da culpa do agente é pressuposto necessário para indenização do dano.” Em sentido oposto, a responsabilidade objetiva é aquela que prescinde da demonstração de dolo ou culpa, bastando apenas o dano e nexo de causalidade. Ademais tal afirmação está fundamentada no ART. 927, “Único” Código Civil, no qual afirma que, “Haverá obrigação de reparar o dano independente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza risco para os direitos de outrem.” III – Responsabilidade Solidária e Responsabilidade Subsidiária: Na hipótese de responsabilidade solidária, existe excepcionalmente, uma multiplicidade de devedores, com a possibilidade do credor exigir o cumprimento da prestação de um, alguns ou todos eles. Diferentemente, na responsabilidade Subsidiária a obrigação não é compartilhada. Assim, há apenas um devedor principal, todavia, caso não ocorra o cumprimento da obrigação por parte deste, outro sujeito responderá pela obrigação. Referências: GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro: responsabilidade civil, v. 4/ Carlos Roberto Gonçalves – 11, ed. São Paulo, Saraiva, 2016. Código Civil Brasileiro Princípios da Responsabilidade Civil Segundo a Doutrina de Cristiano Chaves de Farias os princípios que orientam a responsabilidade civil são os seguintes: I – Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: Segundo Farias (2017 p. 40 ), “ O direito deve ser entendido não apenas com uma ordem de valores garantidores de um de um âmbito de liberdade em face do Estado, mas também como um sistema de normas indispensáveis para o acesso e preservação da Dignidade da Pessoa Humana. Desse modo, são notórias as aplicações desse princípio na disciplina em questão, pois como afirma Farias, (2017, p. 41), “ Há um compromisso do Estado Democrático de Direito em prover mecanismos de indenidade da pessoa humana.” II – Princípio da Solidariedade: É um dos princípios expressos na CF e inerentes a responsabilidade civil, que por sua vez, afirma que, deve-se preservar as relações humanas, bem como a própria condição de ser humano do indivíduo, logo, soa como uma obrigação a observância de cuidado com os semelhantes. III – Princípio da Reparação Integral: Segundo Farias, (2017,p. 49),” Esse princípio tem em como finalidade repor ao ofendido o Estado anterior à eclosão coreano injusto, assumindo a função de transferir ao patrimônio do ofensor as consequências do evento lesivo, de forma a reparar a vítima.” IV – Princípio da Prevenção: Segundo Farias, (2017, p. 45), “ A prevenção é o cerne da responsabilidade civil contemporânea, de modo que deve-se conservar e proteger os bens existentes e patrimoniais.” Logo, a pessoa tem como dever evitar causar algum dano injusto. Referências: FARIAS, Cristiano Chaves de, Curso de direito civil: responsabilidade civil / Cristiano Chaves de Farias, Nelson Rosenvald, Felipe Peixoto Braga Netto – ed. Rev e atual – Salvador: De. JusPodivm, 2017. Responsabilizar alguém significa, necessariamente, condená-lo a pagar uma soma em dinheiro ? Não, pois como está previsto no ART. 947 do Código Civil, “ o devedor que não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente.” Nesse sentido, como afirma Cristiano Chaves de Farias, “ Além da reparação em pecúnia, existe também a possibilidade de reparação natural, ou seja, a restituição ao ofendido do mesmo bem em substituição ao outro, de forma que se tenha a cessação dos efeitos danosos. Conquanto, no caso dessa se for a excessivamente onerosa para o devedor, a indenização deverá prevalecer.” ( FARIAS, 2017, p. 49). Referências: FARIAS, Cristiano Chaves de, Curso de direito civil: responsabilidade civil / Cristiano Chaves de Farias, Nelson Rosenvald, Felipe Peixoto Braga Netto – ed. Rev e atual – Salvador: De. JusPodivm, 2017. Código Civil Brasileiro. Funções da responsabilidade civil Segundo a Doutrina de Cristiano Chaves de Farias, as funções da responsabilidade civil são as seguintes: I – Função Reparatória: “ A função respiratória é a clássica função de transferência dos danos do patrimônio do lesante ao lesado como forma de equilíbrio patrimonial.” (FARIAS, 2017, p. 62). II – Função Punitiva: “ Corresponde a sanção consistente na aplicação de uma pena civil ao ofensor como forma de desistimulo de comportamento reprovável.” (FARIAS, 2017, p. 62). III – Função Precacional: “ Possui como objetiva, inibir atividades potencialmente danosas.” (FARIAS, 2017,p. 62). Ademais, como leciona Cristiano Chaves, há também uma função preventiva subjacente às três anteriores, conquanto, a mesma é considerada como um princípio do direito de danos e não propriamente uma quarta função. FARIAS, Cristiano Chaves de, Curso de direito civil: responsabilidade civil / Cristiano Chaves de Farias, Nelson Rosenvald, Felipe Peixoto Braga Netto – ed. Rev e atual – Salvador: De. JusPodivm, 2017. Abuso de direito Inicialmente, deve-se ressaltar que: “ A expressão correta é abuso do direito e não abuso de direito”, pois se considera o exercício concreto de algum direito.” (LÔBO, 2015, p. 316). Nesse sentido, pode-se afirmar que quem abusa do direito deve, sim, ser responsabilizado, pois como está previsto no Código Civil: “ ART. 187: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pela bons costumes.” Pode-se visualizar então com esse dispositivo a teoria do abuso do direito, fundamentada no ato ilícito, que por sua vez, é um fato jurídico, sendo o ato ilícito civil fonte de responsabilidade, logo enseja indenização. Referências: LÔBO, Paulo, Direito Civil: parte geral / Paulo Lôbo. – 5 ed. – São Paulo: Saraiva, 2015. Código Civil Brasileiro Pressupostos ( elementos ) do dever de indenizar. São elementos do dever de indenizar ou mais precisamente da responsabilidade civil: I – Ato ilícito: É um fato jurídico, que no âmbito civil é fonte de responsabilidade, logo enseja responsabilização. II – Culpa: “É o elemento nuclear da responsabilidade civil e justificativa da teoria subjetiva.” (FARIAS,2017, p. 190). III – Dano: “ É o fato jurídico desencadeador da responsabilidade civil, pois não há responsabilidade civil sem dano. Logo, o dano é o elemento que dispara o mecanismo ressarcitório.” (FARIAS, 2017, p. 235) IV – Nexo causal: Configura-se como sendo o vínculo ou liame entre a conduta humana e o resultado danoso. Referências: FARIAS, Cristiano Chaves de, Curso de direito civil: responsabilidade civil / Cristiano Chaves de Farias, Nelson Rosenvald, Felipe Peixoto Braga Netto – ed. Rev e atual – Salvador: De. JusPodivm, 2017. Principais transformações que ocorreram no campo da responsabilidade civil desde o advento da CF/88. Aproveite para explicar por que alguns autores preferem denominar a disciplina como "direito de danos". Segundo Gonçalves (2016, p. 27) “ Buscando-se atender às determinações da Constituição do Império, o Código Penal de 1830, transformou-se em um Código Civil e Criminal, fixando-se nas bases de equidade e justiça, previu a reparação natural, quando possível, ou a indenização, bem como a integridade de reparação, até onde possível.” Nesse diapasão, podemos afirmar que até a independência da jurisdição civil e criminal, a reparação era condicionada a uma condenação criminal. Ademais, com o Código Civil de 1916, ocorre a adoção da teoria subjetiva, onde exige-se a prova de culpa ou dolo do causador do dano para que seja obrigado a repará-lo. Conquanto, nos últimos tempos ganhou relevância na ordem jurídica, a denominada teoria do risco, que sem substituir a teoria da culpa, visa tutelar direitos que esta não consegue alcançar. Assim como bem leciona Gonçalves (2016, p 28), “ A responsabilidade é encarada num aspecto objetivo, dessa forma se um operário, sofre um acidente de trabalho, terá sempre direito à indenização, havendo ou não culpa do patrão. Pois, o patrão indeniza não porque teve culpa, mas porque é dono da Maquinaria ou dos instrumentos de trabalho que provocaram o infortúnio.” Ademias, podemos afirmar que a teoria do risco está inserida como uma das faces da responsabilidade o objetiva, que funda-se no princípio de equidade existente desde o direito romano: Aquele que lucra com a situação deve responder pelos riscos e pelas desvantagens dela resultantes. Logo, infere-se que, desde que exista um dano, deve haver o ressarcimento, independentemente de culpa. Nesse contexto, podemos afirmar que, atualmente a tendência é fundamentar a responsabilidade na ideia de culpa, mas sendo esta insuficiente para atender os anseios da sociedade, no que se refere à busca por um direito e a resolução de conflito com uma indenização, o legislador também previu a possibilidade de aplicação da responsabilidade objetiva. Sendo assim, leis esparsas puderam adotaram os princípios da responsabilidade objetiva. Ademais, com advento do Código Civil de 2002, temos como regra a responsabilidade na base da culpa, definida no ato ilícito ART. 186: “Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Por conseguinte, o código civil de 2002, também adotou a tendência moderna, ou seja, a responsabilidade objetiva, prevista no Art. 927, parágrafo único: “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”. Dessa forma, segundo Gonçalves (2016, p. 30), “O referido Artigo 927, além de não revogar as leis especiais existentes, e de ressaltar as que vierem a ser promulgadas, permite que a jurisprudência considere determinadas atividades já existentes, ou que virem a existir, como perigosas ou de risco”. Assim, essa é sem dúvida a principal inovação do Código Civil de 2002, no campo da responsabilidade.Além disso, em relação a expressão “direito dos danos”, Tartuce esclarece que, “Após CF/88, o campo da responsabilidade civil deixou de fundamentar-se apenas na culpa e responsabilização do agente causador do dano e passou a utilizar novas ferramentas argumentativas, a saber: I - interdisciplinaridade; II) o diálogo das fontes; III) a visão constitucionalizada do Direito Privado e a aplicação dos princípios constitucionais nas relações entre particulares; IV) a personalização do Direito Civil; V) a ponderação de princípios e valores, sobretudo constitucionais.” Assim, o sistema de cunho individualista que havia anteriormente, foi substituído por princípios de justiça distributiva e de solidariedade social, conforme explicam Gonçalves e Valadares. Desse modo, a nova denominação de “direito de danos” tem por motivação a modificação do paradigma da disciplina, que passou a ter o foco na “valorização da pessoa; multiplicação dos riscos; e a incapacidade das concepções do individualismo para regular os problemas sociais.” Elementos essenciais (pressupostos) da responsabilidade civil. É possível falar de responsabilidade civil sem ocorrência de dano? São elementos essenciais da responsabilidade civil, a Conduta, ou seja, a ação ou omissão que cause dano a outrem; Culpa, presente somente na responsabilidade subjetiva; Dolo, que é a violação de direito; Nexo causal, sendo o liame entre causa e efeito; Dano, que segundo Gonçalves (2016 p. 366), “Dano é, em sentido, estrito a lesão do patrimônio, além disso, embora possa haver responsabilidade sem culpa, não se pode falar em responsabilidade civil ou em dever de indenizar se não houve dano. Pois, ação de indenização sem dano é pretensão sem objeto”. Dentro desse contexto, se um motorista, por exemplo, comete várias infrações de trânsito, mas não causa prejuízo em nada, nem a ninguém, nenhuma indenização será devida, apenas estaríamos diante da ilicitude da sua conduta. Nesse sentido, evidencia-se que os pressupostos da responsabilidade civil estão concatenados, de forma que o nexo causal seria como preleciona Tartuce (2020, p. 461), “ Como um cano virtual que liga a conduta ao resultado danoso”. Dessa forma, como afirma Gonçalves, (2016, p. 359), “O dano só pode gerar responsabilidade quando for possível estabelecer um nexo causal entre ele e seu autor, ou seja, um dano só produz responsabilidade, quando ele tem por causa uma falta cometida ou um risco legalmente sancionado”. Ademais, em face da responsabilidade subjetiva, podemos afirmar que o nexo de causalidade é formado pela culpa genérica ou lato sensu, que inclui o dolo e a culpa estrita. Ao passo em que, na responsabilidade objetiva o nexo de causalidade é formado pela conduta, cumulada com a previsão legal de responsabilização sem culpa ou pela atividade de risco. Distinção entre culpa presumida e responsabilidade objetiva. Aproveite para distinguir a responsabilidade objetiva direta da indireta. De certo que existe uma grande diferença entre culpa presumida e responsabilidade objetiva, principalmente no se refere ao elemento culpa e ao ônus da prova. Pois, como leciona Farias (2017, p. 196), “ Pode- se conceituar a culpa presumida como uma técnica processual de inversão do ônus da prova”. Ou seja, em regra, cabe ao autor provar o dano. Conquanto, no que se refere a culpa presumida, o ônus da prova é invertido, ficando o ofensor responsável por provar que não causou o dano. Ademais, segundo Gonçalves (2016, p. 330 e 331), “ Nos casos de presunções juris tantum, ocorre a inversão do ônus da prova, melhorando a situação da vítima, pois está não terá de provar a culpa psicológica, subjetiva, do agente, que é presumida. Basta a prova da relação de causa e efeito entre o ato por este praticado e o dano experimentado. Assim, para livrar-se da presunção de culpa, o causador da lesão patrimonial ou moral é que terá de produzem prova de inexistência de culpa ou de caso fortuito. Ao passo em que, na responsabilidade objetiva, haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando normalmente a atividade desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para a direitos de outrem. Assim, infere-se que na responsabilidade objetiva o dever de indenizar o dano causado independe de culpa. Dessa forma, como bem leciona Gonçalves (2016, p. 29), “ Na responsabilidade objetiva, o agente, não terá a possibilidade mediante a inversão do ônus da prova, exonerar-se da responsabilidade se provar que adotou todas as medidas aptas a evitar o dano. Pois, a responsabilidade civil funda-se num princípio de equidade, existente desde o direito romano: Quem aufere os cômodos (ou lucros), deve suportar os incômodos (ou riscos)”. Por conseguinte, a responsabilidade objetiva se subdivide em responsabilidade objetiva direta e indireta. Nesse sentido, a primeira também é denominada de simples ou por ato próprio, ocorrendo quando o agente do dano é responsável por sua reparação. Ao passo em que, a segunda também denominada de responsabilidade civil indireta ou complexa, ocorre quando o responsável pela reparação do dano é pessoa distinta da causadora direta da lesão, ou seja, é a que decorre de ato de terceiro, com o qual o agente tem vínculo legal de responsabilidade, além das situações de fato de animal ou fato de coisa. Dessa forma, o Código Civil disciplinou em relação a responsabilidade de terceiro, que: “ART. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua responsabilidade e em sua companhia; II – o tutor e o curador, pelos curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir ou em razão dele; IV – os donos de hotéis, hospedados, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; Ademais, em relação a responsabilidade pelo fato animal o CC/2002, esclarece que, “ART. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. Por fim, no que se refere a responsabilidade pelo fato da coisa, o CC/2002, menciona que, “ ART. 937. O dono de edifico ou construção responde pelos danos que resultado de ruína, se esta provier por falta de reparos, fuma necessidade fosse manifesta; ART. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em seu indevido”. Como o CC/02 disciplinou a responsabilidade do “amentais” e dos menores? Se o pagamento da indenização pelos danos comprometer a subsistência do representante legal do incapaz ou de sua família, pode ele pleitear a redução do valor da indenização, aplicando por analogia o disposto no parágrafo único do art. 928? Em relação a amentais, compreende-se que eles tem capacidade plena de exercício de direitos e obrigações. Logo, considerando a plena capacidade da pessoa com deficiência – com a revogação de parte dos artigos 3º e 4º do Código Civil – há a presunção de discernimento e imputabilidade dessas pessoas que se encontram nesta específica condição. Assim, elas serão responsáveis por atos causadores de danos. Por isso, o amental será responsável pelos danos que causar, baseando-se esta obrigação de indenizar na análise da culpa. Ademais, a responsabilidade civil da pessoa com deficiência psíquica ou intelectual e impossibilitada de manifestar sua vontade (artigo 4º, III, CC) será analisada com base no artigo 928, do Código Civil. Assim, responsabilidade do deficiente psíquico ou intelectual relativamente incapaz será estabelecida de forma subsidiária a de seus responsáveis, e determinadade forma equitativa. Dentro desse contexto, infere-se que a responsabilidade civil da pessoa com deficiência psíquica ou intelectual, capaz, será baseada nos artigos 186 e 927, do Código Civil, respondendo o indivíduo por culpa. A principal, senão única diferenciação entre os dois tipos de responsabilidade – a do artigo 927 e a do artigo 928, do Código Civil – refere-se à subsidiariedade da obrigação de indenizar. Na primeira hipótese – responsabilidade do deficiente capaz – haverá obrigação de indenizar de forma direta. No segundo caso – responsabilidade do deficiente relativamente incapaz – haverá a obrigação de indenizar de forma subsidiária. Por conseguinte, em relação ao incapaz, leciona Gonçalves (2016, p 122), que “O Código Civil de 2002, em seu artigo 928 e parágrafo único, assevera que, a responsabilidade do incapaz, é subsidiária e mitigada, pois só responde pelos prejuízos que causar a terceiros se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê- lo ou não dispuserem de meios suficientes. Nesse caso, a indenização deverá ser equitativa, não tendo cabimento se privar o necessário ao seu sustento o incapaz ou as pessoas que dele dependem”. Nesse diapasão, podemos afirmar que a indenização se mede pela extensão do dano. Conquanto, o parágrafo único do art. 928 do CC apresenta uma exceção a essa regra, ao afirmar que a indenização deverá ser equitativa, o que significa que encontra limite na capacidade do responsável de pagar tal indenização sem comprometer o sustento das necessidades do incapaz ou das pessoas que dele dependam. Desse modo, “A impossibilidade de privação do necessário a pessoa, prevista no art. 928, traduz um dever de indenização equitativa, informado pelo princípio constitucional da proteção a dignidade da pessoa humana. Como consequência, também os pais, tutores, curadores serão beneficiados pelo limite humanitário do dever de indenizar, de modo que a passagem ao patrimônio do incapaz se dará não quando esgotados todos os recursos do responsável, mas se reduzidos estes ao montante necessário à manutenção de sua dignidade”.(ENUNCIADO 39 DA I JORNADA DE DIREITO CIVIL). Considerando o advento do Estatuto das Pessoas com deficiência, analise se existe alguma incompatibilidade deste em relação ao disposto no art. 928 do CC/02. É possível afirmar que toda pessoa com deficiência é incapaz? É notório que, o Estatuto da Pessoa com Deficiência produziu mudanças significativas mudanças no que se refere à incapacidade. Uma vez que, atualmente, são considerados absolutamente incapazes somente os menores de 16 anos (art. 3° do CC/2002). Ademais, o art. 4° determina quem são os relativamente incapazes, sendo assim considerados: os maiores de 16 anos e menores de 18 anos, aqueles que são alcóolatras e viciados em tóxicos, pessoas que por causa transitória ou definitiva não puderem exprimir sua vontade e os pródigos. Dessa forma, podemos notar que a referida lei permitiu a exclusão dos deficientes mentais e enfermos da condição de não discernimento para a prática de atos da vida civil. Então, o artigo 928, do Código Civil, que versa sobre a responsabilidade civil do incapaz – situação que, a princípio, não mais se aplica aos deficientes psíquicos ou intelectuais, tendo em vista o disposto nos artigos 6º e 84, do Estatuto da Pessoa com Deficiência, e a consequente revogação do artigo 3º e modificação da redação do artigo 4º, ambos do Código Civil. Assim sendo, a pessoa com deficiência é responsável direta e integralmente, com seus próprios bens, pelos danos que causar a terceiros, afastando-se a responsabilidade subsidiária estabelecida no artigo 928 do CC. Pela sistemática do Código Civil, quem responde precipuamente pelos danos causados pelos incapazes são seus representantes legais (pais, tutores e curadores). No entanto, no que tange os deficientes psíquicos ou intelectuais, relativamente incapazes, serão responsáveis pelos danos que causarem, subsidiariamente e com base na regra equitativa do parágrafo único, do artigo 928, do Código Civil, com o objetivo de proteger a subsistência e manutenção do incapaz. Destarte, podemos afirmar que, em regra, toda pessoa com deficiência é considerada capaz, podendo ser em determinados casos relativamente incapaz, mas em nenhuma será considerada absolutamente incapaz, pois a incapacidade civil absoluta decore apenas do critério etário, ou seja, recai apenas sobre os menores de 16 anos. Josefa, uma senhora de 60 anos de idade, que sempre se pautou pela retidão nas obrigações que assumiu, viu-se em situação constrangedora quando, na busca de efetuar a compra de uma nova geladeira financiada, recebeu a negativa do lojista por estar com seu nome incluído nos cadastros de restrição ao crédito, saindo da loja sem o tão almejado produto. Diante disso, procurou saber o que originara a negativação de seu nome e recebeu a informação de que a empresa que lhe fornecia o serviço de TV à cabo havia inscrito seu nome no SPC e SERASA sob a alegação de ausência de pagamento das três últimas mensalidades. Sabedora de que isto não correspondia à realidade, diligenciou no sentido de localizar os comprovantes de pagamento das faturas que a empresa dizia estarem em aberto e, alcançando seu intento, entrou em contato com a empresa noticiando o ocorrido e repassando os dados dos comprovantes de pagamento, sendo informada pela empresa que, rapidamente, seu problema estaria resolvido. Confiando nas informações que lhe haviam sido prestadas, Dona Josefa encaminhou-se, após duas semanas, à mesma loja. Contudo, a situação constrangedora repetiu-se, fato que motivou o ajuizamento de ação de indenização pela Dona Josefa em face da empresa de TV à cabo. Diante dos fatos narrados, pergunta-se: a) Na situação em epígrafe, estão configurados os pressupostos do dever de indenizar? Fundamente. b) Trata-se de responsabilidade subjetiva ou objetiva? Contratual ou extracontratual? A – Evidentemente, podemos afirmar que estão presentes na questão o pressupostos necessários para que a empresa de TV à cabo seja responsável por indenizar a Dona Josefa. Pois, como bem leciona Gonçalves (2016, p. 21), “A responsabilidade configura- se como um dever jurídico sucessivo, ou seja, consequência jurídica do descumprimento da relação obrigacional”. Ademais, segundo Diniz, (2009, p. 34), “A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal”. Assim, aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. (CC, ART.186). Destarte, indubitavelmente, a conduta da empresa de TV à cabo de inserir indevidamente o nome de Dona Josefa no SERASA, causou um dano a ela e por consequência o dever de indenizar, ou seja, existe nitidamente um liame entre a conduta da empresa e dano sofrido por Josefa, portanto estaríamos diante sim de uma responsabilização. B - Como evidenciado na questão, estamos diante de uma relação de consumo entre a Dona Josefa e a empresa de TV à cabo, prestadora do serviço. Nesse sentido, de acordo com Código de Defesa do consumidor, “Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.”. Logo, aplica-se a ao caso a teoria objetiva, uma vez que, a responsabilidade objetiva é aquela que prescinde da demonstração de dolo ou culpa, bastando apenas o dano e nexo de causalidade.Além disso, podemos afirmar que a Dona Josefa, poderá pleitear danos morais em face da respectiva empresa, pois como leciona Gonçalves (2016, p. 387, 398 e 399), “Entende-se como dano moral aquele que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. Assim, é uma lesão de bem que íntegra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, o bom nome etc. Ademais, o dano moral, salvo nos casos especiais dispensa prova em concreto, pois se passa no interior da personalidade e existe in re ipsa”. Por conseguinte, notoriamente, existe entre a Dona Josefa e a empresa de TV à cabo um vínculo jurídico, que origina no contrato, assim estaríamos diante de uma responsabilidade contratual, sendo esta decorrente do descumprimento de uma prestação fixada no contrato. Diariamente, Roberta utiliza-se do transporte público (ônibus) para se dirigir ao seu local de trabalho. Certo dia, porém, quando estava em seu trajeto, foi atingida por uma pedra, ficando gravemente ferida. Quando se restabeleceu, Roberta decidiu ajuizar uma ação de indenização pelos danos morais e materiais sofridos em face da empresa de transporte, ressaltando que se tratava de contrato de transporte oneroso, apto a ensejar responsabilização da transportadora. Pergunta-se: Existe responsabilidade da empresa de transporte? Responda fundamentadamente. Inicialmente faz-se mister ressaltar que são consideradas como excludentes do dever de indenizar: a legítima defesa (art. 188, I do CC/2002); o estado de necessidade ou a remoção do perigo eminente ( art. 188, II do CC/2002) e o exercício regular de direito ou das próprias funções. Além disso, são consideradas como cláusulas excludentes do nexo causal e por consequência do dever de indenizar: a culpa ou fato exclusivo da vítima, a culpa ou fato exclusivo de terceiro, e ainda, o caso fortuito e a FORÇA MAIOR. Ademais, outros apontamentos para resolução do caso são necessários. Assim, como leciona Gonçalves (2016, p. 226 e 230), “Com a promulgação do Decreto n. 2681, em 1912, a responsabilidade do transportador no que diz respeito as estradas de ferro, seria objetiva, dessa forma o transportador teria a o obrigação, de levar, são e salvo, o passageiro até o local de seu destino, sendo tal obrigação apenas elidível pelo caso fortuito, FORÇA MAIOR ou culpa exclusiva da vítima. Por conseguinte, tal decreto foi ampliado jurisprudencialmente, tendo sua aplicação estendida a qualquer outro tipo de transporte: ônibus, táxis, lotações, automóveis etc”. Além disso, no que diz respeito Código Civil, seu art. 734 afirma que, “ O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de FORÇA MAIOR, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade”. Nesse diapasão, utilizando o como fonte de argumentação a Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça - RT, 642/150, 643/219; RSTJ,781/176 – pode-se afirmar que a empresa de transporte não deverá ser responsabilizada pelo fato ocorrido com Roberta, uma vez que, o STJ entende que é considerado causa estranha ao transporte, EQUIPARÁVEL À FORÇA MAIOR, dentre outras coisas, pedras que são atiradas nas janelas ferindo passageiros. Dessa forma, com já citado anteriormente, tanto o Decreto Decreto n. 2.681, quanto do o próprio Código Civil, consideram como causa excludente do dever de indenizar A FORÇA MAIOR. Portanto, no caso em questão não haveria a empresa transportadora o dever de indenizar Roberta. João, após efetuar uma ultrapassagem indevida, colidiu com o carro de José, que se deslocava em sentido contrário. Do acidente resultaram múltiplas fraturas de natureza grave em José, que, em tratamento médico, indicavam para a recuperação plena. Acontece que, nove meses depois do acidente, José veio a falecer. O laudo pericial apontou que o óbito decorreu de complicação na cirurgia ortopédica, realizada em face da refratura da perna lesionada no acidente de trânsito. Ocorre que a queda que ocasionou a refratura deveu-se ao uso de muletas, necessárias em face da primeira lesão. Diante disso, pergunta- se: Está configurado o dever de João de reparar os danos causados à família de José em decorrência do seu falecimento? Utilize como fundamento para sua resposta as teorias adotadas para explicar o nexo de causalidade, ressaltando qual a teoria predominante. É sabido que, um dos pressupostos da responsabilidade civil é a existência de um nexo causal entre o fato ilícito e o dano produzido. Ou seja, deve-se ter um elo que uma a conduta do agente ao resultado por ele praticado. Logo, o nexo causal é indispensável para qualquer espécie de responsabilidade. Dentro desse contexto, leciona Gonçalves ( 2016, p. 360), “ Três são as principais teorias formuladas a respeito dessa questão: Teoria da equivalência das condições; Teoria da causalidade adequada e a Teoria que exige que o dano seja consequência imediata do fato que o produziu”. Assim, relacionando tais teorias com o caso em questão, teríamos as seguintes hipóteses: I – Teoria da Equivalência das condições: Segundo Gonçalves (2016, p.360), “Pela teoria da equivalência das condições, toda e qualquer circunstância que haja concorrido para produzir o dano é considerada como causa”. Assim, de acordo com essa teoria a conduta de João seria suficiente para que ele tivesse o deve de indenizar a família de José pelo seu falecimento. No entanto, como afirma Gonçalves (2016, p. 360), “Essa teoria pode conduzir a resultados absurdos dentro do direito”. Por essa razão, a mesma não é aplicável na responsabilidade civil atualmente. II – Teoria da causalidade adequada: Como leciona Gonçalves (2016, p. 361), “Segundo a teoria da causalidade adequada, somente considera como causadora do dano a condição por si só apta a produzi-lo”. Ademais, de acordo com o Professor Marcos Ehrhardt Júnior, essa seria a teoria recepcionada por ele, uma vez que, “A Teoria da causalidade adequada, aplica-se a conduta decisiva que deu causa ao resultado”. Assim, nesse diapasão, podemos afirmar que a conduta de João não seria suficiente para que ele tivesse o deve de indenizar a família de José pelo seu falecimento. Uma vez que, o falecimento de José, ocorreu 9 meses depois do acidente envolvendo o João, tendo como causa da morte uma complicação na segunda cirurgia ortopédica, em razão de uma refratura de José. III – Teoria dos danos diretos e imediatos: Segundo Gonçalves (2016, p. 361), “Requer a teoria dos danos diretos e imediatos que haja, entre a conduta e o dano, uma relação de causa e efeito direta e imediata. Assim, é indenizável todo dano que se filia a uma causa desde que está seja necessária, por não existir outra que explique o mesmo dano. Desse modo, quer a lei que o dano seja efeito direto e imediato da inscrição. Assim, infere-se que, assim como na Teoria da causalidade adequada, a conduta de João não seria suficiente para que ele tivesse o deve de indenizar a família de José pelo seu falecimento. Pois, sua conduta direta e imediata causou lesões, mas a morte de José ocorreu 9 meses depois, em face de outro fato, ou seja, as complicações cirúrgicas em face da refratura. Assim, podemos afirmar com veemência que João responderia pelas lesões, mas não pela morte. Por conseguinte, de acordo com Gonçalves (2016, p. 362), ‘Das várias teorias sobre o nexo causal, o nosso Código Civil adotou, indiscutivelmente, a dano direto e imediato, como está expresso no Art. 403, “ Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual'. Logo, não é, portanto, indenizável o chamado dano remoto, que seria consequência indireta do inadimplemento, envolvendo lucros cessantes para fins caracterização tivessem deconcorrer com outros fatores”. Bruno, 17 anos, emancipado, mas que ainda residia com seus pais, dirigia em alta velocidade quando perdeu o controle do carro e abalroou (bateu) o automóvel de Roberto, que veio a falecer em decorrência do acidente. Os familiares de Roberto, viúva e filhos, ajuizaram ação de indenização por danos morais e materiais em face de José e Marta, pais de Bruno. Constatada a culpa de Bruno pelo acidente, responda: Há legitimidade dos pais para figurarem no pólo passivo da demanda? Justifique. Conforme leciona Gonçalves (2016, p. 118), “A responsabilidade Civil é, em princípio, individual, consoante se vê do Art. 942 do Código Civil. Responsável pela reparação do dano é todo aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência haja causado prejuízo a outrem. Todavia, há casos em que a pessoa pode responder não pelo ato próprio, mas pelo ato de terceiro”. Nesse sentido, podemos citar como exemplo de responsabilidade por ato de terceiro, a responsabilidade dos pais pelos danos causados pelos seus filhos menores, pois consoante o Art. 932, I do Código Civil Brasileiro, “São responsáveis pela reparação civil os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia”. Ademais, a responsabilidade paterna independe de culpa (CC, Art. 933). Dessa forma, como bem leciona Gonçalves (2016, p. 120), “ Está sujeito a reparação do dano, o pai que permite ao filho menor de 18 anos sair de automóvel. Então, se o filho, culposamente, provoca acidente de trânsito, o lesado tem direito de acionar os pais, para obter a indenização”. Nesse diapasão, indubitavelmente, os pais de Bruno podem figurar no pólo passivo da ação indenizatória movida pela esposa e filhos da vítima acometida pela conduta do jovem. Pois, o ato ilícito do menor foi comprovado e dele decorre, consequentemente e independentemente de culpa dos pais, a responsabilidade destes. Ademais, no que se refere a emancipação do jovem, é imprescindível esclarecer que para conduzir veículo automotor o Código de trânsito impõe os seguintes requisitos: Art 140 do CTB - A habilitação para conduzir veículo automotor e elétrico será apurada por meio de exames que deverão ser realizados junto ao órgão ou entidade executivos do Estado ou do Distrito Federal, do domicílio ou residência do candidato, ou na sede estadual ou distrital do próprio órgão, devendo o condutor preencher os seguintes requisitos: I - ser penalmente imputável; II - saber ler e escrever; III - possuir Carteira de Identidade ou equivalente. Dessa forma, infere-se que para que se possa preencher o inciso I do Art. 140 do CTB, a pessoa deve ser considerada imputável e de acordo com o Código Penal Brasileiro, “Art. 27. Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas está estabelecidas em legislação especial”. Portanto, apesar de emancipado e poder gozar de plena capacidade CIVIL, Bruno apenas será considerado imputável penalmente quando completar 18 anos. Sendo assim, a emancipação não poderá ser levantada de forma alguma para eximir os pais da responsabilidade pelo dano causado pelo seu filho. Além disso, mesmo Bruno sendo emancipado, ainda se encontrava sob autoridade e companhia dos pais, logo, como bem esclarece Gonçalves apoiado pelo que está disposto no Art. 932, I do CC, “Os pais responderam pelo dano causado pelo filho que não educa bem ou não exerce vigilância sobre ele, possibilitando-lhe a prática de algum delito, como incêndio, lesão corporal e outros”. Durante dez anos, empregados de uma fabricante de extrato de tomate distribuíram, gratuitamente, sementes de tomate entre agricultores de uma certa região. A cada ano, os empregados da fabricante procuravam os agricultores, na época da colheita, para adquirir a safra produzida. No ano de 2009, a fabricante distribuiu as sementes, como sempre fazia, mas não retornou para adquirir a safra. Procurada pelos agricultores, a fabricante recusou-se a efetuar a compra. Assim, os agricultores ajuizaram ação de indenização em face da fabricante pelos danos advindos da perda da produção, já que não tiveram a quem vender os tomates colhidos naquela safra. Na função de julgador da demanda, verifique se a pretensão dos agricultores deve ser tida como procedente. Fundamente sua resposta com os conceitos pertinentes. Inicialmente vale destacar que, durante dez anos, a empresa manteve a prática de distribuir as sementes para os agricultores a fim de comprar a safra produzida pelos mesmos, logo, podemos visualizar a existência de uma negociação preliminar e, por conseguinte a existência de um contrato preliminar, onde, a distribuição das sementes, configurou como promessa de compra e venda da safra produzida. Nesse sentido, infere-se que, no ano de 2009, quando a empresa distribuiu as sementes, gerou a expectativa de que iria comprar a safra de tomates, como de costume. Conquanto , a compra não foi realizada e tal fato ocasionou os respectivos dano aos agricultores pela perda de produção e quebra de expectativa. Dentro desse contexto, como bem leciona Gonçalves (2016, p. 72), “Embora as negociações preliminares não gerem por si mesmas, obrigações para qualquer dos participantes, elas fazem surgir, entretanto, deveres jurídicos para os contrastes, decorrentes da incidência do princípio da boa-fé. Assim, a violação desses deveres durante o transcurso das negociações gera a responsabilidade do contraente, tenha sido ou não celebrado o contrato. Essa responsabilidade decorre no campo da culpa contratual, mas da aquilina, no caso de um deles induzir no outro a crença de o contrato seria celebrado, levando-o a despesas, e depois recuar causando-lhe dano”. Ademais, segundo Antônio Chaves, “Há responsabilidade pré-contratual quando ocorre a ruptura arbitrária e intempestiva das negociações contrariando o consentimento dado na sua elaboração, de tal modo que a outra parte se soubesse que ocorria o risco de uma retirada repentina, não teria tomado as medidas que adotou”. Destarte, diante de tais afirmações, podemos concluir que os agricultores deveram ter sua tutela em juízo julgada procedente contra a fabricante, visto que, a fabricante gerou expectativas de firmar um contrato definitivo para a compra da safra em questão. Conquanto, não realizou a compra, logo a mesma deverá ser responsabilizada pelos danos causados aos agricultores. Nesse diapasão, o órgão julgador deverá reconhecer a responsabilidade pré-contratual da fabricante para com os agricultores, fazendo valer assim o princípio da boa-fé objetiva. Comente o que sabe sobre as teorias adotadas para explicar o nexo causal e qual a sua influência para definição da responsabilidade do agente num caso concreto. Segundo Gonçalves (2016, p. 359), “ O nexo causal é um dos pressupostos para existência da responsabilidade civil, pois ele é o liame entre o fato ilícito e o dano produzido”. Por isso, só é passível de responsabilização aquele cujo comportamento tenha dado causa a um prejuízo. Nesse sentido, Gonçalves afirma que três são as teorias formuladas a respeito dessa questão, sendo elas: I – Teoria da Equivalência das condições: Segundo Gonçalves (2016, p.360), “Pela teoria da equivalência das condições, toda e qualquer circunstância que haja concorrido para produzir o dano é considerada como causa, assim a sua equivalência resulta de que, suprimida uma delas, o dano não se verificaria”. Conquanto, segundo raciocínio do próprio autor, essa teoria pode produzir resultados absurdos dentro do direito, por isso, ela recebe tantas críticas, como, por exemplo, a de que o nascimento de uma pessoa não pode, absolutamente, ser tudo como causa do acidente de que foi vítima, embora possa ser havido como condição sine qua non do evento. Por essa razão,a mesma não é aplicável na responsabilidade civil atualmente. II – Teoria da causalidade adequada: Como leciona Gonçalves (2016, p. 361), “Segundo a teoria da causalidade adequada, somente considera como causadora do dano a condição por si só apta a produzi-lo”. Ademais, de acordo com o Professor Marcos Ehrhardt Júnior, essa seria a teoria recepcionada por ele, uma vez que, “A Teoria da causalidade adequada, aplica-se a conduta decisiva que deu causa ao resultado”. Nesse sentido, se João deu uma pancada ligeira na cabeça de José, que seria insuficiente para causar o menor ferimento num indivíduo normal, mas, por ser José portador de uma fraqueza muscular nós ossos do crânio, isto é lhe causou uma fratura que resultou sua morte. Segundo a teoria da causalidade adequada, não haveria responsabilização. III – Teoria dos danos diretos e imediatos: Segundo Gonçalves (2016, p. 361), “Requer a teoria dos danos diretos e imediatos que haja, entre a conduta e o dano, uma relação de causa e efeito direta e imediata. Assim, é indenizável todo dano que se filia a uma causa desde que está seja necessária, por não existir outra que explique o mesmo dano. Desse modo, quer a lei que o dano seja efeito direto e imediato da inexecução”. Ademais, de acordo com Gonçalves (2016, p. 362), “Das várias teorias sobre o nexo causal, o nosso Código Civil adotou, indiscutivelmente, a dano direto e imediato, como está expresso no Art. 403, “ Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual”. O que é necessário para caracterização da responsabilidade por ato ou fato de terceiros? Quais as hipóteses previstas pelo CC/02 ? Utilizar a excludente do fato de terceiro equivale a alegar a existência de culpa concorrente? A responsabilidade por fato de terceiro é caracterizada, no caso concreto, por falha de quem tinha o deveres legais de cuidados. Nesse diapasão, segundo Cavalieri, “Em apertada síntese, a responsabilidade pelo fato de terceiro se constituiu pela infração do dever de vigilância. Não se trata, em outras palavras, de responsabilidade por fato alheio, mas por fato próprio decorrente da violação do dever de vigilância. Por isso, alguns autores preferem falar em responsabilidade por infração dos deveres de vigilância, em lugar de responsabilidade pelo fato de terceiro.” Nesse sentido, em consonância com Código Civil, temos as seguintes hipóteses, em que o agente suportará as consequências de fato de terceiro: Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. Por conseguinte, em complementação, prescreve o Art. 933 do CC, “As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos”. Ademais, quando ocorre o fato de terceiro, há a quebra do nexo causal na responsabilidade civil, pois este fato é inevitável e imprevisível, sendo este fato motivo de afastar o dever de indenizar daquele que causaria o dano a vitima, mas pelo fato de terceiro, o dano foi outro. Em relação a culpa concorrente, podemos afirmar que é aquela em que ocorre quando há divisão na responsabilidade pelo dano, ou seja, a vítima também participa da conduta causadora do dano. Daí dizer que a vítima concorreu para o resultado danoso. Esta concorrência pode ser dar por imprudência, negligência ou imperícia. Portanto, alegar como excludente de responsabilidade o fato de terceiro, não é alegar que há culpa concorrente, pois para esta é necessário que os sujeitos estejam concorrendo para a pratica do ato que vai derivar em um dano. Se não há essa concorrência, não há em que se falar dessa alegação de culpa presumida. Distinção entre concausas anteriores e concausas supervenientes no que se refere a configuração ou não do dever de indenizar. Como leciona Gonçalves (2016,p. 364), “ Entende-se como concausas preexistentes aquelas que já existiam quando da conduta do agente e que não eliminam a relação causal. Assim, por exemplo, as condições pessoais de saúde da vítima, embora às vezes agravem o resultado, em nada diminuem a responsabilidade do agente”. Dessa forma, se de uma facada, resultam complicações por ser a vítima hemofílica, o agente responde pelo resultado mais grave, independentemente de ter ou não conhecimento da concausa antecedente que agravou o dano. Ademais, em relação as concausas supervenientes, podemos conceiutá-las como aquelas posteriores a conduta do agente. Por conseguinte, segundo Gonçalves (2016, p. 364), “Embora concorram as causa supervenientes para o agravamento do resultado, em nada favorece o agente. Nesse diapasão, se, por exemplo, a vítima de um atropelamento não é socorrida em tempo e perde muito sangue, vindo a falecer, essa causa superveniente, apesar de ter concorrido para a morte da vítima, será irrelevante em relação ao agente, porque, por si só, não produziu o resultado, mas apenas o reforçou”. Conquanto, como afirma Gonçalves (2016, p. 364), “ A causa superveniente só terá relevância quando, rompendo o nexo de causalidade anterior, exige-se em causa direta e imediata do novo dano”. Dessa forma, faz-se mister diferenciar as concausas supervenientes independentes e aquelas que não são. Pois, nas primeiras, o dever de indenizar é excluído quanto ao evento que resultou no dano não causado pelo agente. Ao passo em que, nas segundas, como explicitado acima, são irrelevantes para o agente, já que não produziu por si só o resultado. Diferença entre caso fortuito e força maior? Comente e exemplifique. Inicialmente vale destacar que o Código Civil não diferencia caso fortuito e força maior. No entanto, temos diferenciações doutrinárias que por sua vez são divergentes em determinados aspectos. Nesse sentido, de acordo com Flávio Tartuce, “Do ponto de vista didático e categórico, o caso fortuito define-se como um evento totalmente imprevisível decorrente de ato humano ou de evento natural. Ao passo em que a força maior constitui um evento previsível, mas inevitável ou irresistível, resultante de uma ou outra causa”. Por conseguinte, segundo Maria Helena Diniz, “Na força maior por ser um fato da natureza, pode-se conhecer o motivo ou a causa que deu origem ao acontecimento, como um raio que provoca um incêndio, inundação que danifica produtos ou intercepta as vias de comunicação, impedindo a entrega da mercadoria prometida ou um terremoto que ocasiona grandes prejuízos, etc. Por outro lado, o caso fortuito tem origem em causa desconhecida, como um cabo elétrico aéreo que sem saber o motivo se rompe e cai sobre fios telefônicos causando incêndio explosão de caldeira de usina, provocando morte”. Ademias, como leciona Gonçalves, “O art. 393, parágrafo único, do Código Civil, não faz distinção entre o caso fortuito e a força maior, definindo-os da seguinte forma: O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar, ou impedir. A inevitabilidade é, pois, a sua principal característica. O caso fortuito geralmente decorre de fato ou ato alheio à vontade das partes: greve, motim, guerra. Forçamaior é a derivada de acontecimentos naturais: raio, inundação, terremoto. Ambos, equiparados no dispositivo legal supratranscrito, constituem excludentes da responsabilidade porque afetam a relação de causalidade, rompendo-a, entre o ato do agente e o dano sofrido pela vítima. Assim, por exemplo, se um raio romper os fios de alta-tensão e inutilizar os isolantes, não será a empresa fornecedora da energia elétrica responsabilizada se alguém neles esbarrar e perecer eletrocutado. A menos que, informada do evento, não tome urgentes providências para sanar o problema. Se há caso fortuito, não pode haver culpa, à medida que um exclui o outro.” Destarte, diante do exposto, infere-se que o caso fortuito é o evento que não se pode prever e que não podemos evitar. Já os casos de força maior seriam os fatos humanos ou naturais, que podem até ser previstos, mas da mesma maneira não podem ser impedidos; por exemplo, os fenômenos da natureza, tais como tempestades, furacões, raios, etc ou fatos humanos como guerras, revoluções, e outros. A ocorrência da pandemia da covid-19 poderia ser enquadrada como uma excludente do dever de indenizar? Justifique sua resposta e exemplifique. Como leciona TARTUCE, “São considerados excludentes do dever de indenizar: a legítima defesa (art. 188, Inc. I, CC/2002), o estado de necessidade ou remoção do perigo iminente (art. 188, Inc. II) e o exercício regular de direito ou das próprias funções. Ademais, são cláusulas excludentes do nexo causal, a culpa ou fato exclusivo da vítima, a culpa ou fato exclusivo de terceiro, e ainda, o caso fortuito e força maior. Nesse sentido, a pandemia de Covid-19 se encaixa justamente na última hipótese, de caso fortuito ou de força maior, pois, sendo o caso fortuito algo que decorre de evento natural ou de ato humano, e que se caracteriza pela sua total imprevisibilidade e a força maior seria evento previsível, mas que caracteriza-se pela sua inevitabilidade ou irresistibilidade. Dessa modo, de acordo com os termos do art. 393, o devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Conquanto, o art. 399 expõe a existência de exceções quanto a isso, a exemplo do caso de devedor em mora. Diz o artigo: “O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente Como distinguir danos patrimoniais dos danos extrapatrimoniais? Como bem lecionado pelo Professor Ehrhardt, no que tange as espécies de danos, podemos distingui-las da seguinte forma: I – Danos Patrimoniais: São aqueles que podemos definir o valor em dinheiro ao dano causado, assim, estamos diante de uma coisa fungível. Ademais, se a coisa tem valor econômico significa dizer que pode-se indenizar, ou seja, devolver a pessoa a situação anterior. II – Danos Extrapatrimoniais: Não se tem um preço específico, nesse sentido, estamos diante de coisas que não podem ser substituídas, ou seja, coisas infungíveis, assim, diante dessas coisas que não se tem preço, o que deve ser feito é a busca pela compensação. Por conseguinte, segundo Gonçalves (2016, p. 368 e 369), “ Danos patrimoniais são aqueles que afetam somente o patrimônio do ofendido. Ao passo em que, danos Extrapatrimoniais são aqueles que só ofende o devedor como ser humano, não lhe atingindo o patrimônio.” Podemos considerar a expressão "danos materiais" como sinônima de "danos patrimoniais"? Justifique sua resposta e exemplifique. R A denominação: dano patrimonial, é utilizada por muitos como sinônimo de dano material, expressão prevista na Constituição Federal. Nesse sentido, podemos classificar o dano patrimonial como lucro cessante ou dano emergente. Este reflete a diminuição efetiva do patrimônio, enquanto aquele representa a frustração de um ganho (Pessoa Jorge, 1999, p. 377), pouco importando o momento da verificação do prejuízo – não se exige a atualidade do dano; ou seja, posto que o lucro cessante frequentemente somente esteja configurado no futuro, ele será indenizado, pois impedir o aumento do patrimônio também é considerado dano para fins de reparação civil. Conquanto, segundo o Professor Marcos Ehrhardt, dano patrimonial é gênero do qual dano material é espécie. Assim, patrimonial equivale a algo com valor econômico. Ao passo em que, quando nos referimos a algo material seria algo tangível ou corpóreo. Nesse sentido, o professor esclarece que não existe uma semelhança total entre essas expressões, pois o conteúdo patrimonial acaba sendo mais amplo do que o conteúdo de direito material. Sendo assim, poderíamos citar como exemplo de dano patrimonial que não se configura como dano material, pois não é tangível, os danos perpetrados em face direitos autorais. Espécies de danos patrimoniais Segundo o Professor Marcos Ehrhardt, temos como espécie de danos patrimoniais: os danos emergentes, que correspondem aos danos, e os lucros cessantes que correspondem as perdas. Nesse diapasão, como leciona Gonçalves (2016, p. 372 e 373), “Danos emergentes são os efetivos prejuízos, ou seja, a diminuição patrimonial sofrida pela vítima. Ao passo em que, lucros cessantes compreende a frustração da expectativa do lucro, ou seja, é perda de um ganho esperado.” Nesse sentido, para elucidar e diferenciar de fato as espécies de danos patrimoniais, podemos citar como exemplo hipotético o seguinte caso: João impudentemente bate seu carro no de José, que por sua vez, experimenta nesse momento o prejuízo e com esse dano, uma diminuição imediata do valor do seu carro, ou seja, um dano emergente. Todavia, João repara do dano causado ao veículo de José, mandando seu carro para o conserto. Conquanto, José trabalha como motorista de aplicativo e pelo fato de seu carro ficar no conserto por uma semana, ele não pôde trabalhar e por consequência lucrar, por isso José poderá ainda pleitear em face de João, indenização pelos lucros que deixou de ganhar, ou seja, os lucros cessantes. Dentro desse contexto, podemos afirmar que corresponde a dano emergente tudo aquilo que se perdeu, importando "efetiva e imediata diminuição no patrimônio da vítima", devendo a indenização "ser suficiente para a restitutio in integrum" (Cavalieri F.º, 2005, p. 97). Ao passo em que, o lucro cessante reflete a "perda do ganho esperável, na frustração da expectativa de lucro" e decorre "não só da paralisação da atividade lucrativa ou produtiva da vítima (...), como, também, da frustração daquilo que era razoavelmente esperado", desde que se configure como consequência necessária da conduta do agente (Cavalieri F.º, 2005, p. 97-100). Diferença entre dano moral e dano estético Como bem esclareceu o professor Marcos Ehrhardt, os Danos Extrapatrimoniais se referem a danos à dignidade humana. Ademais, no CC a dignidade humana está relacionada aos direitos de personalidade e tais direitos nos protegem, pois estão relacionados a proteção da nossa integridade física, psíquica e moral. Nesse sentido, temos as seguintes espécies de danos extrapatrimoniais: I – Dano Moral: Refere-se aos prejuízos que irão atingir a reputação ou equilíbrio emocional de uma pessoa. Assim, como leciona Gonçalves (2016, p. 368), “O dano moral é aquele de atinge o ofendido como pessoa, não lesionando o patrimônio. Logo, é a lesão de bem que íntegra os direitos da personalidade, como honra, dignidade, intimidade, imagem, o bom nome etc. II – Dano Estético: Refere-se a qualquer lesão de natureza física, ou seja, a proteção do corpo. Assim, dizemos que haverá dano estético quando uma pessoa fica com uma cicatriz, bem como quando ocorre a merda de um dos membros, em faceda lesão que sofreu. Portanto, como afirma Teresa Ancona Lopez, “ Dano estético, corresponde a lesão à beleza física, ou seja, à harmonia das formas”. Em outras palavras, é qualquer deformação, marca ou defeito, que possam gerar na vítima motivo de exposição ao ridículo ou complexo de inferioridade, como por exemplo, amputações, cicatrizes, a perda de um dente, uma ferida etc. Ademais, como afirmou o professor Marcos Ehrhardt esses danos podem ocorrer simultaneamente. Podemos considerar as expressões "dano existencial" e "dano extrapatrimonial" como sinônimas Preliminarmente, vale ressaltar que, como bem lecionou o Professor Marcos Ehrhardt em aula, os danos extrapatrimoniais estão relacionados diretamente a pessoa do ofendido, podendo ser caracterizado quando houver uma lesão que ofenda a integridade física, psíquica ou moral do ser humano. Assim, podemos inferir que tais danos afetam direitos da personalidade e são portanto infungíveis, logo deve-se ter a busca por uma compensação. Ademais, faz-se mister destacar que os danos existenciais estão inseridos na categoria de “novos danos”, ou seja, aqueles que ingressaram no mundo jurídico não pelo Código Civil, mas sim por outros ramos do direito, como a doutrina, pois visualizou-se a necessidade da criação de novas espécies de danos para que se pudesse solucionar as demandas que chegavam no judiciário e não necessariamente se enquadraram dentro das categorias de danos previsto no ordenamento, mas que precisavam ser solucionadas, uma vez que, notadamente tinha-se uma lesão passível de indenização ou compensação. Nesse diapasão, é compreensível entender que não há entendimentos doutrinários que correm de forma paralela e pacífica para explicar qual a natureza jurídica desses novos danos. Sendo assim, podemos inferir que, atualmente há uma divergência doutrinária no que diz respeito a natureza jurídica do dano existencial. Dessa forma, parte da doutrina entende que os danos existenciais é uma espécie da qual os danos extrapatrimoniais é gênero, assim, segundo Marco Aurélio Bezerra de Melo, “O dano existencial ocorre quando, após a lesão, há uma perda da qualidade de vida do indivíduo, que fica impossibilitado ou encontra grandes dificuldades em manter suas atividades cotidianas. Ao sofrer o dano existencial, o indivíduo fica privado de usufruir e gozar dos prazeres da vida, tal como o lazer.” Dessa forma, podemos inferir que o dano existencial estaria abarcado como espécie dos danos extrapatrimoniais, mais especificamente no que diz respeito a integridade psíquica, uma vez que, ele decorre principalmente de uma mudança no cotidiano da pessoa, podendo alterar a sua relação com a sociedade, amigos, família, e até com si mesma, atingindo sua felicidade e satisfação pessoal, sendo discutíveis até problemas psicológicos graves, como depressão e ansiedade. Todavia, há autores que encaram os danos existenciais como uma categoria autônoma de dano, como, por exemplo, Flaviana Rampazzo Soares, que entende o dano existencial como, ‘Uma lesão a um conjunto de relações que fazem parte do desenvolvimento da personalidade de um indivíduo, de ordem pessoal ou social, sendo uma afetação “negativa, total ou parcial, permanente ou temporária” a uma determinada atividade ou até mesmo mais de uma que faça parte do cotidiano do sujeito.’ Destarte, diante do exposto, podemos concluir que os danos existenciais podem ser encarados como espécie de dano extrapatrimonial ou como um dano autônomo, dependendo do doutrinador em questão. Conquanto, o dano existencial não pode ser entendido como sinônimo de dano extrapatrimonial, uma vez que este abrange um maior leque de questões que não somente as psíquicas "danos pela perda de uma oportunidade" A responsabilidade civil pela perda de uma chance tem origem na França, no final do século XIX, onde surgiu a expressão perte d’une chance. Ademais, o caso mais antigo registrado referente à reponsabilidade pela perda de uma chance foi em 1911, um caso inglês conhecido como Chaplin V. Hicks, em que a autora da ação estava entre as cinquenta finalistas de um concurso de beleza, e teve sua chance interrompida pelo réu, uma vez que o mesmo não a deixou participar da última etapa do concurso; e, em razão disso um dos juízes alegou que a autora teria 25% de chances de ser a vencedora, aplicando a doutrina da proporcionalidade. Por conseguinte, doutrinariamente, a teoria da responsabilidade civil pela perda de uma chance foi estudada pela vez primeira, na década de 40, na Itália, quando Giovani Pacchioni tratou do assunto na obra Diritto Civile Italiano, reportando-se aos casos trazidos pela doutrina francesa. Assim, a teoria da perda de uma chance é fruto da construção doutrinária francesa e italiana, e que no Brasil, entretanto, o Código Civil de 2002 não fez menção a essa modalidade de responsabilidade civil, ficando a cargo da doutrina e da jurisprudência, que busca a sua aplicação com base na analogia e no direito comparado. Nesse sentido, perda da chance pode ser compreendida como, a perda da possibilidade de se obter o resultado esperado ou de se evitar um possível dano, valorizando as possibilidades que se tinha para conseguir o resultado, para, aí sim, serem ou não relevantes para o direito. Diferença entre danos pela perda de oportunidade dos lucros cessantes. Inicialmente, faz-se mister compreendermos que lucros cessantes é uma espécie de dano patrimonial, sendo caracterizado segundo Gonçalves como, “Uma frustração da expectativa do lucro, ou seja, é perda de um ganho esperado”. (2016, p. 373). Ou seja, temos uma certeza que no caso concreto, a conduta do agente que provocou a lesão, teve como consequências, danos experimentados imediatamente – danos emergentes – bem como danos futuros que são resultados da lesão causadas ao sujeito. Por conseguinte, no que tange os danos pela perda de uma oportunidade ou perda de uma chance, Cavalieri Filho esclarece que, “perda da chance deve ser vista como a perda da possibilidade de se obter o resultado esperado ou de se evitar um possível dano, valorizando as possibilidades que se tinha para conseguir o resultado, para, aí sim, serem ou não relevantes para o direito.” Nesse sentido, infere-se que, diferentemente do lucro cessante, a perda de uma oportunidade não precisa de uma prova concreta. Ao passo em que, o lucro cessante incide sobre o que o indivíduo razoavelmente deixa de ganhar, assim, necessita que haja uma comprovação e, que aponte quais seriam as perdas, a quantia perdida, de onde seria proveniente, etc. Ademais, segundo Savi, “ No que diz respeito a natureza dos interesses violados. A perda de uma chance decorre de uma violação a um mero interesse de fato, enquanto o lucro cessante deriva de uma lesão a um direito subjetivo.” Dessa forma, diante do exposto, conclui-se que a perda de uma oportunidade e os lucros cessantes são institutos que não se confundem, pois ao contrário deste, no dano provocado pela perda da chance ou oportunidade há uma probabilidade e não uma certeza absoluta em As expressões "dano por ricochete", "dano reflexo" e "dano indireto são sinônimas? Do ponto de vista de boa parte da doutrina o dano por ricochete, indireto ou reflexo são expressados como sinônimos e compreendidos como o direito de indenização das pessoas intimamente ligadas à vítima direta ao evento danoso, que sofreram de forma reflexa, os efeitos dos danos experimentada por esta. Ou seja, seria uma nova categoria de dano, em que uma pessoa sofre as consequências de uma conduta que não foi direcionada a ela e nem ao seu patrimônio, e sim direcionada a outrem, mas que de forma indireta pôde ser experimentada por essa terceira pessoa. Dentro desse contexto, podemos visualizar tal questão com o seguinte caso hipotético:João é dono de um cachorro Pitbull extremamente bravo e certo dia caminhando no parque com seu cachorro, ele por um ato de negligência acaba soltando o animal, que imediatamente parte pra cima de Maria, uma criança de 5 anos, que depois do ataque do cachorro acaba ficando internada por um período de 6 meses. Durante tal período a Mãe de Maria sendo a única responsável pela filha, acaba tendo que ficar com a criança e por consequência sendo demitida do seu emprego. Assim, nesse diapasão, a Mãe de Maria, poderá pleitear uma indenização que vai além do dano experimentado por sua filha, pois de forma indireta a mesma também sofreu consequências do evento danoso, isto é a perda do seu emprego. Logo, podemos identificar um dano por ricochete. Conquanto, Gonçalves destoando, de certo modo, desse entendimento, leciona que, “O dano indireto consiste na lesão a um interesse tendente à satisfação ou gozo de bens jurídicos patrimoniais, que produz um menoscabo a um bem extrapatrimonial, ou melhor, é aquele que provoca prejuízo a qualquer interesse não patrimonial, devido a uma lesão a um bem patrimonial da vítima. Deriva, portanto, do fato lesivo a um interesse patrimônio. É a hipótese, por exemplo, da perda de objeto de valor afetivo.” (2016, p. 387 e 388). Nesse sentido, Gonçalves entende que o dano indireto não seria um sinônimo de dano por ricochete e dano reflexo, mas que dano indireto seria a reparação de natureza extrapatrimonial do valor sentimental de um objeto fungível. Como, por exemplo, a perda de um animal de estimação por um ato provocado por terceiro, que neste caso, além de gerar direito à indenização por dano material, produziria também o direito de indenização por dano indireto. Teoria do "desvio produtivo do consumidor" A teoria do desvio produtivo do consumidor é de autoria do advogado Marcos Dessaune, o qual a define da seguinte maneira, “O desvio produtivo caracteriza-se quando o consumidor, diante de uma situação de mau atendimento, precisa desperdiçar o seu tempo e desviar as suas competências — de uma atividade necessária ou por ele preferida — para tentar resolver um problema criado pelo fornecedor, a um custo de oportunidade indesejado, de natureza irrecuperável”. Ademais, aduz o mesmo autor: “A minha tese é que o fornecedor, ao atender mal, criar um problema de consumo potencial ou efetivamente danoso e se esquivar da responsabilidade de saná-lo espontânea, rápida e efetivamente, induz o consumidor em estado de carência e condição de vulnerabilidade a incorrer em um dano extrapatrimonial de natureza existencial, que deve ser indenizado in re ipsa pelo fornecedor que o causou, independentemente da existência de culpa. O desvio produtivo do consumidor, portanto, é um fato ou evento danoso que não se amolda à jurisprudência tradicional, segundo a qual represente ‘mero dissabor, aborrecimento, percalço ou contratempo normal na vida do consumidor’”. Dessa forma, para Dessaune, o tempo constitui um bem jurídico que merece tutela. Além disso, o autor fala em tempo vital, existencial ou produtivo, como um dos objetos do direito fundamental à vida, baseado no valor fundamental da dignidade humana, retirado do art. 1.º, inc. III, da Constituição Federal, e do rol aberto dos direitos da personalidade. Destarte, haverá o desvio produtivo do consumidor quando houver uma perda de tempo livre por parte deste, causada pelo fornecedor. Assim, podemos citar como exemplo, uma loja diz que você não pagou a fatura, mas você pagou, isso faz com que você perca bastante tempo ligando para ela e juntando documentos para provar que, na verdade, está tudo pago. Desse modo, diante do exposto, infere-se que o lesado poderia usar esse tempo para outras coisas, mas não usou porque a outra parte não cumpriu com suas obrigações no tempo e da forma determinada. Logo, segundo a teoria em questão, pode ser gerado dano por desvio produtivo do consumidor. "dano à vida em relação" Como bem já mencionado no decorrer dessa atividade, parte da doutrina considera os danos existenciais como uma espécie nova de dano extrapatrimonial. Assim, são considerados como parte dos “novos danos”. Ademais, como já mencionado, os danos existências ocorrem quando após a lesão, o indivíduo fica impossibilitado ou encontra grandes dificuldades para retomar ou manter suas relações sociais cotidianas. Nesse diapasão, os danos existenciais podem ser podem ser divididos das seguinte forma: Dano à vida em relação e Dano ao projeto de vida. Em relação ao dano à vida em relação, segundo Matilde Zavala de Gonzalez, é “aquele em que há impossibilidade ou grande dificuldade do indivíduo em se reinserir nas relações sociais, ou mantê-las em sua normalidade.” Dessa forma, o dano à vida em relação acaba por interferir direta ou indiretamente nas relações sociais do indivíduo, e isso engloba seu relacionamento com a sociedade ou pessoas íntimas, como familiares, amigos, e até com si próprio. Sendo assim, tal situação pode atingir sua felicidade e satisfação pessoal, impedindo que a vítima venha a desfrutar dos prazeres da vida; circunstância esta muito preocupante, uma vez que, pode gerar problemas de saúde ou de ordem psicológica, como ansiedade e depressão. Um dos exemplos mais recorrentes de dano à vida em relação está presente no ramo do Direito do Trabalho, nas diversas situações onde o empregador submete o empregado a jornadas exaustivas de trabalho em horários inconvenientes, as quais o impedem de manter relações cotidianas normais com sua família e pessoas queridas, deixando até mesmo de acompanhar o crescimento dos filhos ou prejudicando sua vida conjugal. FUNÇÃO PROMOCIONAL DO DIREITO E COMO ELA SE APLICA À RESPONSABILIDADE CIVIL De acordo com o Professor Antônio dos Reis, a função promocional da responsabilidade pôde se observada na prática pela primeira vez no Brasil, no caso MTV X Ministério Público. De acordo com o Professor, no caso em questão os causadores dos danos buscaram solucionar a questão antes da judicialização e a esse fato denominamos de função promocional. Nesse sentido, a MTV espontaneamente realizou uma reunião com a sociedade civil, que culminou numa elaboração de uma carta que foi enviada inclusive para a comissão de direitos humanos, com objetivo de compensar os danos sofridos pela sociedade autista de forma geral. Ademais, a Emissora de TV, espontaneamente, também veiculou em suas vinhetas, propagandas institucionais sugeridas pela sociedade civil que se tratava do tema: autismo, além disso, financiou também a produção de seis livros sobre o assunto, bem como a produção de um documentário sobre os debates que foram travados. Assim, diante de tantas coisas feitas, o Ministério Público entendeu que se havia algum dano causado em face da sociedade autista, ele já tinha sido reparado de forma espontânea, logo arquivaram o caso. Nesse diapasão, podemos visualizar a função promocional da responsabilidade sendo aplicada no Brasil, configurando-se como aquela que ocorre antes da judicialização e com objetivo de reparação espontânea do dano causado, demonstrando-se assim uma maior celeridade e consequentemente uma satisfação do interesse da vítima. Além disso, de acordo com Professor Antônio dos Reis, a função promocional se relaciona com a responsabilidade civil na medida em que, a função promocional se configura uma sanção positiva que busca dar um “prêmio” aquele que realiza um valor do ordenamento. Dentro desse contexto, Antônio dos Reis tentou aplicar tal função à responsabilidade civil, de forma que a função promocional estaria presente na responsabilidade civil, no sentido que se a função primária da responsabilidade é reparar o dano, a função promocional só poderia estar relacionada a uma finalidade útil. Nesse sentido, se o dano precisa ser resolvido, ele poderia ser
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