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RESUMO AV1 DE RESPONSABILIDADE

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RESUMO AVI DE RESPONSABILIDADE 
 
Distinção entre responsabilidade civil e a responsabilidade penal 
 No que se refere a responsabilidade civil e criminal, como preleciona Carlos Roberto Gonçalves, 
“ Durante muito tempo não havia nenhuma distinção entre ambas, de modo que tudo inclusive 
a compensação pecuniária não passava de uma pena ao causador do dano. No entanto, com o 
surgimento da Lex Aquila, iniciou-se uma distinção entre ambas responsabilidades.” ( 
GONÇALVES, 2016, p. 41) 
 Dentro desse contexto, podemos afirmar que, durante os séculos essa distinção entre 
responsabilidade civil e criminal ficaram mais notórias, de modo que atualmente, a 
responsabilidade é independente da criminal, tanto que um mesmo ato pode gerar uma outra 
espécie, não havendo BIS IDEM, já vez que bens jurídicos distintos foram violados. 
 Assim, podemos citar como exemplos de distinções: 
I – Quanto a norma válida: Segundo Gonçalves (2016, p. 42), “ A responsabilidade penal decorre 
da ofensa à norma de direito público, tendo em vista que o bem jurídico lesado é a ordem social. 
Por outro lado, a responsabilidade civil decorre da lesão a um interesse privado podendo o 
prejudicado postular a reparação dos danos.” 
II – Quanto a natureza da responsabilidade: A responsabilidade penal é pessoal, podendo o 
agente sofrer uma pena privativa de liberdade, restritiva de direito ou multa. Ao passo que, a 
responsabilidade civil é patrimonial, uma vez que o sujeito será compelido a reparar o dano. 
III – A responsabilidade penal decorre de um fato previamente previsto como ilícito, a isso 
denominamos de tipicidade. Já, a responsabilidade civil, como exposto no Código Civil, “decorre 
de qualquer ação ou omissão culposa que violar direito e causar dano a outrem. 
IV – Quanto a Imputabilidade: Segundo Gonçalves (2016 p. 44), “ Somente os maiores de 18 
anos poderão ser responsáveis, civil e criminalmente, por seus avós. Conquanto, na esfera cível, 
os menores de 18 anos poderão ser responsabilizados se as pessoas encarregadas de sua guarda 
ou vigilância não puderem fazê-lo, desde que não fiquem privados do necessário. Já, na Seara 
criminal, os meus de 18 anos estão sujeitos apenas às medidas de proteção e socioeducativas 
do ECA.” 
V – A responsabilidade penal é intransferível, podendo ser aplicada apenas ao autor do ilícito. 
Ao passo que, no direito civil, diferentemente, existem várias hipóteses de responsabilidade 
pelo fato de terceiros. 
Referências: GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro: responsabilidade civil, v. 4/ 
Carlos Roberto Gonçalves – 11, ed. São Paulo, Saraiva, 2016. 
 
Diferença entre dever, obrigação e responsabilidade. 
 O Dever surge no direito como um comando imposto pelo direito objetivo, de modo que o 
sujeito deve observar determinada conduta, seu pena de sanção. Dentro desse contexto, como 
bem leciona Carlos Roberto Gonçalves, “ A obrigação configura-se como um dever jurídico 
originário, ou seja, um vínculo jurídico que confere ao credor o direito de exigir do devedor o 
cumprimento de determinada prestação. Além disso, a obrigação nasce de diversa fontes e deve 
ser cumprida livre e espontaneamente, de modo que quando não ocorre, sobrevém o 
inadimplemento e surge a responsabilidade.” ( GONÇALVES, 2016, p. 20 e 21) 
 Dessa forma, a obrigação e a responsabilidade não se confundem, pois a responsabilidade só 
surge se o devedor não cumpre espontaneamente a primeira. Logo, infere-se que a 
responsabilidade configura como um dever jurídico sucessivo, ou seja, consequência jurídica do 
descumprimento da relação obrigacional. 
 Ademais, segundo Gonçalves (2016, p. 21), “ A obrigação pode existir sem responsabilidade e 
vice versa, como por exemplo nos casos de dívidas prescritas de jogo, onde o devedor nestes 
casos, não pode ser condenado a cumprir a prestação, embora continue devedor. Além disso, 
também podemos ter a responsabilidade sem obrigação como, por exemplo no caso de fiador.” 
Referências: GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro: responsabilidade civil, v. 4/ 
Carlos Roberto Gonçalves – 11, ed. São Paulo, Saraiva, 2016. 
 
Principais espécies de responsabilidade civil 
 Segundo entendimento adotado na Doutrina de Carlos Roberto Gonçalves, as principais 
espécies de responsabilidade civil são as seguintes: 
I – Responsabilidade Contratual e Extracontratual: A responsabilidade decorre do 
descumprimento de uma prestação fixada no contrato. Assim, como leciona Gonçalves (2016, 
p. 44), “ Quando o comodatário não devolve a coisa emprestada, porque, por sua culpa, ela 
pereceu. Configura-se nesse caso o inadimplemento do contrato e consequentemente o 
surgimento da responsabilidade contratual.” Assim, pode-se ter como consequências do 
inadimplemento da obrigação, a responsabilização do devedor no que se refere a perdas e 
danos, por exemplo. 
 Ao passo em que, a responsabilidade Extracontratual, decorre do descumprimento do dever 
geral de não lesar. Dessa forma, segundo Gonçalves (2016, p. 45), “ A responsabilidade 
Extracontratual compreende, a violação dos deveres gerais de abstenção ou omissão, como os 
que correspondem aos diretos reais, aos direitos de personalidade ou aos direitos do autor.” 
II – Responsabilidade subjetiva e Responsabilidade objetiva: Basicamente, a diferença entre a 
responsabilidade civil objetiva e subjetiva reside no elemento culpa. Assim, a premissa da 
responsabilidade subjetiva é no sentido de que não havendo culpa, não há dever de reparação, 
pois como leciona Gonçalves (2016, p. 48), “ Na responsabilidade subjetiva, a prova da culpa do 
agente é pressuposto necessário para indenização do dano.” 
 Em sentido oposto, a responsabilidade objetiva é aquela que prescinde da demonstração de 
dolo ou culpa, bastando apenas o dano e nexo de causalidade. Ademais tal afirmação está 
fundamentada no ART. 927, “Único” Código Civil, no qual afirma que, “Haverá obrigação de 
reparar o dano independente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade 
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza risco para os direitos 
de outrem.” 
III – Responsabilidade Solidária e Responsabilidade Subsidiária: Na hipótese de responsabilidade 
solidária, existe excepcionalmente, uma multiplicidade de devedores, com a possibilidade do 
credor exigir o cumprimento da prestação de um, alguns ou todos eles. 
 Diferentemente, na responsabilidade Subsidiária a obrigação não é compartilhada. Assim, há 
apenas um devedor principal, todavia, caso não ocorra o cumprimento da obrigação por parte 
deste, outro sujeito responderá pela obrigação. 
Referências: GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro: responsabilidade civil, v. 4/ 
Carlos Roberto Gonçalves – 11, ed. São Paulo, Saraiva, 2016. 
Código Civil Brasileiro 
Princípios da Responsabilidade Civil 
 Segundo a Doutrina de Cristiano Chaves de Farias os princípios que orientam a 
responsabilidade civil são os seguintes: 
I – Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: Segundo Farias (2017 p. 40 ), “ O direito deve ser 
entendido não apenas com uma ordem de valores garantidores de um de um âmbito de 
liberdade em face do Estado, mas também como um sistema de normas indispensáveis para o 
acesso e preservação da Dignidade da Pessoa Humana. Desse modo, são notórias as aplicações 
desse princípio na disciplina em questão, pois como afirma Farias, (2017, p. 41), “ Há um 
compromisso do Estado Democrático de Direito em prover mecanismos de indenidade da 
pessoa humana.” 
II – Princípio da Solidariedade: É um dos princípios expressos na CF e inerentes a 
responsabilidade civil, que por sua vez, afirma que, deve-se preservar as relações humanas, bem 
como a própria condição de ser humano do indivíduo, logo, soa como uma obrigação a 
observância de cuidado com os semelhantes. 
III – Princípio da Reparação Integral: Segundo Farias, (2017,p. 49),” Esse princípio tem em como 
finalidade repor ao ofendido o Estado anterior à eclosão coreano injusto, assumindo a função 
de transferir ao patrimônio do ofensor as consequências do evento lesivo, de forma a reparar a 
vítima.” 
IV – Princípio da Prevenção: Segundo Farias, (2017, p. 45), “ A prevenção é o cerne da 
responsabilidade civil contemporânea, de modo que deve-se conservar e proteger os bens 
existentes e patrimoniais.” Logo, a pessoa tem como dever evitar causar algum dano injusto. 
Referências: FARIAS, Cristiano Chaves de, Curso de direito civil: responsabilidade civil / Cristiano 
Chaves de Farias, Nelson Rosenvald, Felipe Peixoto Braga Netto – ed. Rev e atual – Salvador: De. 
JusPodivm, 2017. 
 
Responsabilizar alguém significa, necessariamente, condená-lo a pagar uma soma em dinheiro 
? 
 Não, pois como está previsto no ART. 947 do Código Civil, “ o devedor que não puder cumprir 
a prestação na espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente.” Nesse 
sentido, como afirma Cristiano Chaves de Farias, “ Além da reparação em pecúnia, existe 
também a possibilidade de reparação natural, ou seja, a restituição ao ofendido do mesmo bem 
em substituição ao outro, de forma que se tenha a cessação dos efeitos danosos. Conquanto, 
no caso dessa se for a excessivamente onerosa para o devedor, a indenização deverá 
prevalecer.” ( FARIAS, 2017, p. 49). 
Referências: FARIAS, Cristiano Chaves de, Curso de direito civil: responsabilidade civil / Cristiano 
Chaves de Farias, Nelson Rosenvald, Felipe Peixoto Braga Netto – ed. Rev e atual – Salvador: De. 
JusPodivm, 2017. 
Código Civil Brasileiro. 
 
 
Funções da responsabilidade civil 
 Segundo a Doutrina de Cristiano Chaves de Farias, as funções da responsabilidade civil são as 
seguintes: 
I – Função Reparatória: “ A função respiratória é a clássica função de transferência dos danos do 
patrimônio do lesante ao lesado como forma de equilíbrio patrimonial.” (FARIAS, 2017, p. 62). 
II – Função Punitiva: “ Corresponde a sanção consistente na aplicação de uma pena civil ao 
ofensor como forma de desistimulo de comportamento reprovável.” (FARIAS, 2017, p. 62). 
III – Função Precacional: “ Possui como objetiva, inibir atividades potencialmente danosas.” 
(FARIAS, 2017,p. 62). 
 Ademais, como leciona Cristiano Chaves, há também uma função preventiva subjacente às 
três anteriores, conquanto, a mesma é considerada como um princípio do direito de danos e 
não propriamente uma quarta função. 
FARIAS, Cristiano Chaves de, Curso de direito civil: responsabilidade civil / Cristiano Chaves de 
Farias, Nelson Rosenvald, Felipe Peixoto Braga Netto – ed. Rev e atual – Salvador: De. JusPodivm, 
2017. 
 
Abuso de direito 
 Inicialmente, deve-se ressaltar que: “ A expressão correta é abuso do direito e não abuso de 
direito”, pois se considera o exercício concreto de algum direito.” (LÔBO, 2015, p. 316). 
 Nesse sentido, pode-se afirmar que quem abusa do direito deve, sim, ser responsabilizado, 
pois como está previsto no Código Civil: “ ART. 187: Também comete ato ilícito o titular de um 
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico 
ou social, pela boa-fé ou pela bons costumes.” 
 Pode-se visualizar então com esse dispositivo a teoria do abuso do direito, fundamentada no 
ato ilícito, que por sua vez, é um fato jurídico, sendo o ato ilícito civil fonte de responsabilidade, 
logo enseja indenização. 
Referências: LÔBO, Paulo, Direito Civil: parte geral / Paulo Lôbo. – 5 ed. – São Paulo: Saraiva, 
2015. 
Código Civil Brasileiro 
 
Pressupostos ( elementos ) do dever de indenizar. 
 São elementos do dever de indenizar ou mais precisamente da responsabilidade civil: 
I – Ato ilícito: É um fato jurídico, que no âmbito civil é fonte de responsabilidade, logo enseja 
responsabilização. 
II – Culpa: “É o elemento nuclear da responsabilidade civil e justificativa da teoria subjetiva.” 
(FARIAS,2017, p. 190). 
III – Dano: “ É o fato jurídico desencadeador da responsabilidade civil, pois não há 
responsabilidade civil sem dano. Logo, o dano é o elemento que dispara o mecanismo 
ressarcitório.” (FARIAS, 2017, p. 235) 
IV – Nexo causal: Configura-se como sendo o vínculo ou liame entre a conduta humana e o 
resultado danoso. 
Referências: FARIAS, Cristiano Chaves de, Curso de direito civil: responsabilidade civil / Cristiano 
Chaves de Farias, Nelson Rosenvald, Felipe Peixoto Braga Netto – ed. Rev e atual – Salvador: De. 
JusPodivm, 2017. 
 
Principais transformações que ocorreram no campo da responsabilidade civil desde 
o advento da CF/88. Aproveite para explicar por que alguns autores preferem 
denominar a disciplina como "direito de danos". 
 Segundo Gonçalves (2016, p. 27) “ Buscando-se atender às determinações da 
Constituição do Império, o Código Penal de 1830, transformou-se em um Código Civil 
e Criminal, fixando-se nas bases de equidade e justiça, previu a reparação natural, 
quando possível, ou a indenização, bem como a integridade de reparação, até onde 
possível.” 
 Nesse diapasão, podemos afirmar que até a independência da jurisdição civil e 
criminal, a reparação era condicionada a uma condenação criminal. Ademais, com o 
Código Civil de 1916, ocorre a adoção da teoria subjetiva, onde exige-se a prova de 
culpa ou dolo do causador do dano para que seja obrigado a repará-lo. 
 Conquanto, nos últimos tempos ganhou relevância na ordem jurídica, a 
denominada teoria do risco, que sem substituir a teoria da culpa, visa tutelar direitos 
que esta não consegue alcançar. Assim como bem leciona Gonçalves (2016, p 28), “ A 
responsabilidade é encarada num aspecto objetivo, dessa forma se um operário, sofre 
um acidente de trabalho, terá sempre direito à indenização, havendo ou não culpa do 
patrão. Pois, o patrão indeniza não porque teve culpa, mas porque é dono da 
Maquinaria ou dos instrumentos de trabalho que provocaram o infortúnio.” 
 Ademias, podemos afirmar que a teoria do risco está inserida como uma das faces 
da responsabilidade o objetiva, que funda-se no princípio de equidade existente desde 
o direito romano: Aquele que lucra com a situação deve responder pelos riscos e pelas 
desvantagens dela resultantes. Logo, infere-se que, desde que exista um dano, deve 
haver o ressarcimento, independentemente de culpa. 
 Nesse contexto, podemos afirmar que, atualmente a tendência é fundamentar a 
responsabilidade na ideia de culpa, mas sendo esta insuficiente para atender os 
anseios da sociedade, no que se refere à busca por um direito e a resolução de conflito 
com uma indenização, o legislador também previu a possibilidade de aplicação da 
responsabilidade objetiva. 
 Sendo assim, leis esparsas puderam adotaram os princípios da responsabilidade 
objetiva. Ademais, com advento do Código Civil de 2002, temos como regra a 
responsabilidade na base da culpa, definida no ato ilícito ART. 186: “Aquele que por 
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano 
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. 
 Por conseguinte, o código civil de 2002, também adotou a tendência moderna, ou 
seja, a responsabilidade objetiva, prevista no Art. 927, parágrafo único: “Haverá 
obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa nos casos especificados 
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, 
por sua natureza, risco para os direitos de outrem”. 
 Dessa forma, segundo Gonçalves (2016, p. 30), “O referido Artigo 927, além de não 
revogar as leis especiais existentes, e de ressaltar as que vierem a ser promulgadas, 
permite que a jurisprudência considere determinadas atividades já existentes, ou que 
virem a existir, como perigosas ou de risco”. Assim, essa é sem dúvida a principal 
inovação do Código Civil de 2002, no campo da responsabilidade.Além disso, em relação a expressão “direito dos danos”, Tartuce esclarece que, 
“Após CF/88, o campo da responsabilidade civil deixou de fundamentar-se apenas na 
culpa e responsabilização do agente causador do dano e passou a utilizar novas 
ferramentas argumentativas, a saber: I - interdisciplinaridade; II) o diálogo das fontes; 
III) a visão constitucionalizada do Direito Privado e a aplicação dos princípios 
constitucionais nas relações entre particulares; IV) a personalização do Direito Civil; V) a 
ponderação de princípios e valores, sobretudo constitucionais.” 
 Assim, o sistema de cunho individualista que havia anteriormente, foi substituído por 
princípios de justiça distributiva e de solidariedade social, conforme explicam Gonçalves 
e Valadares. Desse modo, a nova denominação de “direito de danos” tem por motivação 
a modificação do paradigma da disciplina, que passou a ter o foco na “valorização da 
pessoa; multiplicação dos riscos; e a incapacidade das concepções do individualismo 
para regular os problemas sociais.” 
 
Elementos essenciais (pressupostos) da responsabilidade civil. É possível falar de 
responsabilidade civil sem ocorrência de dano? 
 São elementos essenciais da responsabilidade civil, a Conduta, ou seja, a ação ou 
omissão que cause dano a outrem; Culpa, presente somente na responsabilidade 
subjetiva; Dolo, que é a violação de direito; Nexo causal, sendo o liame entre causa e 
efeito; Dano, que segundo Gonçalves (2016 p. 366), “Dano é, em sentido, estrito a 
lesão do patrimônio, além disso, embora possa haver responsabilidade sem culpa, não 
se pode falar em responsabilidade civil ou em dever de indenizar se não houve dano. 
Pois, ação de indenização sem dano é pretensão sem objeto”. 
 Dentro desse contexto, se um motorista, por exemplo, comete várias infrações de 
trânsito, mas não causa prejuízo em nada, nem a ninguém, nenhuma indenização será 
devida, apenas estaríamos diante da ilicitude da sua conduta. Nesse sentido, 
evidencia-se que os pressupostos da responsabilidade civil estão concatenados, de 
forma que o nexo causal seria como preleciona Tartuce (2020, p. 461), “ Como um 
cano virtual que liga a conduta ao resultado danoso”. Dessa forma, como afirma 
Gonçalves, (2016, p. 359), “O dano só pode gerar responsabilidade quando for possível 
estabelecer um nexo causal entre ele e seu autor, ou seja, um dano só produz 
responsabilidade, quando ele tem por causa uma falta cometida ou um risco 
legalmente sancionado”. 
 Ademais, em face da responsabilidade subjetiva, podemos afirmar que o nexo de 
causalidade é formado pela culpa genérica ou lato sensu, que inclui o dolo e a culpa 
estrita. Ao passo em que, na responsabilidade objetiva o nexo de causalidade é 
formado pela conduta, cumulada com a previsão legal de responsabilização sem culpa 
ou pela atividade de risco. 
 
Distinção entre culpa presumida e responsabilidade objetiva. Aproveite para 
distinguir a responsabilidade objetiva direta da indireta. 
 De certo que existe uma grande diferença entre culpa presumida e responsabilidade 
objetiva, principalmente no se refere ao elemento culpa e ao ônus da prova. Pois, 
como leciona Farias (2017, p. 196), “ Pode- se conceituar a culpa presumida como uma 
técnica processual de inversão do ônus da prova”. Ou seja, em regra, cabe ao autor 
provar o dano. Conquanto, no que se refere a culpa presumida, o ônus da prova é 
invertido, ficando o ofensor responsável por provar que não causou o dano. Ademais, 
segundo Gonçalves (2016, p. 330 e 331), “ Nos casos de presunções juris tantum, 
ocorre a inversão do ônus da prova, melhorando a situação da vítima, pois está não 
terá de provar a culpa psicológica, subjetiva, do agente, que é presumida. Basta a 
prova da relação de causa e efeito entre o ato por este praticado e o dano 
experimentado. Assim, para livrar-se da presunção de culpa, o causador da lesão 
patrimonial ou moral é que terá de produzem prova de inexistência de culpa ou de 
caso fortuito. 
 Ao passo em que, na responsabilidade objetiva, haverá obrigação de reparar o 
dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando 
normalmente a atividade desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, 
risco para a direitos de outrem. Assim, infere-se que na responsabilidade objetiva o 
dever de indenizar o dano causado independe de culpa. 
 Dessa forma, como bem leciona Gonçalves (2016, p. 29), “ Na responsabilidade 
objetiva, o agente, não terá a possibilidade mediante a inversão do ônus da prova, 
exonerar-se da responsabilidade se provar que adotou todas as medidas aptas a evitar 
o dano. Pois, a responsabilidade civil funda-se num princípio de equidade, existente 
desde o direito romano: Quem aufere os cômodos (ou lucros), deve suportar os 
incômodos (ou riscos)”. 
 Por conseguinte, a responsabilidade objetiva se subdivide em responsabilidade 
objetiva direta e indireta. Nesse sentido, a primeira também é denominada de simples 
ou por ato próprio, ocorrendo quando o agente do dano é responsável por sua 
reparação. Ao passo em que, a segunda também denominada de responsabilidade civil 
indireta ou complexa, ocorre quando o responsável pela reparação do dano é pessoa 
distinta da causadora direta da lesão, ou seja, é a que decorre de ato de terceiro, com 
o qual o agente tem vínculo legal de responsabilidade, além das situações de fato de 
animal ou fato de coisa. 
 Dessa forma, o Código Civil disciplinou em relação a responsabilidade de terceiro, 
que: “ART. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I – os pais, pelos filhos 
menores que estiverem sob sua responsabilidade e em sua companhia; II – o tutor e o 
curador, pelos curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III – o empregador 
ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho 
que lhes competir ou em razão dele; IV – os donos de hotéis, hospedados, casas ou 
estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos 
seus hóspedes, moradores e educandos; 
 Ademais, em relação a responsabilidade pelo fato animal o CC/2002, esclarece que, 
“ART. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não 
provar culpa da vítima ou força maior. Por fim, no que se refere a responsabilidade 
pelo fato da coisa, o CC/2002, menciona que, “ ART. 937. O dono de edifico ou 
construção responde pelos danos que resultado de ruína, se esta provier por falta de 
reparos, fuma necessidade fosse manifesta; ART. 938. Aquele que habitar prédio, ou 
parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem 
lançadas em seu indevido”. 
 
Como o CC/02 disciplinou a responsabilidade do “amentais” e dos menores? Se o 
pagamento da indenização pelos danos comprometer a subsistência do 
representante legal do incapaz ou de sua família, pode ele pleitear a redução do 
valor da indenização, aplicando por analogia o disposto no parágrafo único do art. 
928? 
 Em relação a amentais, compreende-se que eles tem capacidade plena de exercício 
de direitos e obrigações. Logo, considerando a plena capacidade da pessoa com 
deficiência – com a revogação de parte dos artigos 3º e 4º do Código Civil – há a 
presunção de discernimento e imputabilidade dessas pessoas que se encontram nesta 
específica condição. Assim, elas serão responsáveis por atos causadores de danos. Por 
isso, o amental será responsável pelos danos que causar, baseando-se esta obrigação 
de indenizar na análise da culpa. 
 Ademais, a responsabilidade civil da pessoa com deficiência psíquica ou intelectual e 
impossibilitada de manifestar sua vontade (artigo 4º, III, CC) será analisada com base no 
artigo 928, do Código Civil. Assim, responsabilidade do deficiente psíquico ou intelectual 
relativamente incapaz será estabelecida de forma subsidiária a de seus responsáveis, e 
determinadade forma equitativa. 
 Dentro desse contexto, infere-se que a responsabilidade civil da pessoa com 
deficiência psíquica ou intelectual, capaz, será baseada nos artigos 186 e 927, do Código 
Civil, respondendo o indivíduo por culpa. A principal, senão única diferenciação entre os 
dois tipos de responsabilidade – a do artigo 927 e a do artigo 928, do Código Civil – 
refere-se à subsidiariedade da obrigação de indenizar. Na primeira hipótese – 
responsabilidade do deficiente capaz – haverá obrigação de indenizar de forma direta. 
No segundo caso – responsabilidade do deficiente relativamente incapaz – haverá a 
obrigação de indenizar de forma subsidiária. 
 Por conseguinte, em relação ao incapaz, leciona Gonçalves (2016, p 122), que “O 
Código Civil de 2002, em seu artigo 928 e parágrafo único, assevera que, a 
responsabilidade do incapaz, é subsidiária e mitigada, pois só responde pelos prejuízos 
que causar a terceiros se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-
lo ou não dispuserem de meios suficientes. Nesse caso, a indenização deverá ser 
equitativa, não tendo cabimento se privar o necessário ao seu sustento o incapaz ou as 
pessoas que dele dependem”. 
 Nesse diapasão, podemos afirmar que a indenização se mede pela extensão do dano. 
Conquanto, o parágrafo único do art. 928 do CC apresenta uma exceção a essa regra, ao 
afirmar que a indenização deverá ser equitativa, o que significa que encontra limite na 
capacidade do responsável de pagar tal indenização sem comprometer o sustento das 
necessidades do incapaz ou das pessoas que dele dependam. 
 Desse modo, “A impossibilidade de privação do necessário a pessoa, prevista no art. 
928, traduz um dever de indenização equitativa, informado pelo princípio constitucional 
da proteção a dignidade da pessoa humana. Como consequência, também os pais, 
tutores, curadores serão beneficiados pelo limite humanitário do dever de indenizar, de 
modo que a passagem ao patrimônio do incapaz se dará não quando esgotados todos 
os recursos do responsável, mas se reduzidos estes ao montante necessário à 
manutenção de sua dignidade”.(ENUNCIADO 39 DA I JORNADA DE DIREITO CIVIL). 
 
Considerando o advento do Estatuto das Pessoas com deficiência, analise se existe 
alguma incompatibilidade deste em relação ao disposto no art. 928 do CC/02. É 
possível afirmar que toda pessoa com deficiência é incapaz? 
 É notório que, o Estatuto da Pessoa com Deficiência produziu mudanças significativas 
mudanças no que se refere à incapacidade. Uma vez que, atualmente, são considerados 
absolutamente incapazes somente os menores de 16 anos (art. 3° do CC/2002). 
Ademais, o art. 4° determina quem são os relativamente incapazes, sendo assim 
considerados: os maiores de 16 anos e menores de 18 anos, aqueles que são alcóolatras 
e viciados em tóxicos, pessoas que por causa transitória ou definitiva não puderem 
exprimir sua vontade e os pródigos. Dessa forma, podemos notar que a referida lei 
permitiu a exclusão dos deficientes mentais e enfermos da condição de não 
discernimento para a prática de atos da vida civil. 
 Então, o artigo 928, do Código Civil, que versa sobre a responsabilidade civil do 
incapaz – situação que, a princípio, não mais se aplica aos deficientes psíquicos ou 
intelectuais, tendo em vista o disposto nos artigos 6º e 84, do Estatuto da Pessoa com 
Deficiência, e a consequente revogação do artigo 3º e modificação da redação do artigo 
4º, ambos do Código Civil. 
 Assim sendo, a pessoa com deficiência é responsável direta e integralmente, com 
seus próprios bens, pelos danos que causar a terceiros, afastando-se a responsabilidade 
subsidiária estabelecida no artigo 928 do CC. Pela sistemática do Código Civil, quem 
responde precipuamente pelos danos causados pelos incapazes são seus 
representantes legais (pais, tutores e curadores). 
 No entanto, no que tange os deficientes psíquicos ou intelectuais, relativamente 
incapazes, serão responsáveis pelos danos que causarem, subsidiariamente e com base 
na regra equitativa do parágrafo único, do artigo 928, do Código Civil, com o objetivo de 
proteger a subsistência e manutenção do incapaz. 
 Destarte, podemos afirmar que, em regra, toda pessoa com deficiência é considerada 
capaz, podendo ser em determinados casos relativamente incapaz, mas em nenhuma 
será considerada absolutamente incapaz, pois a incapacidade civil absoluta decore 
apenas do critério etário, ou seja, recai apenas sobre os menores de 16 anos. 
 
 Josefa, uma senhora de 60 anos de idade, que sempre se pautou pela retidão 
nas obrigações que assumiu, viu-se em situação constrangedora quando, na 
busca de efetuar a compra de uma nova geladeira financiada, recebeu a negativa 
do lojista por estar com seu nome incluído nos cadastros de restrição ao crédito, 
saindo da loja sem o tão almejado produto. Diante disso, procurou saber o que 
originara a negativação de seu nome e recebeu a informação de que a empresa 
que lhe fornecia o serviço de TV à cabo havia inscrito seu nome no SPC e 
SERASA sob a alegação de ausência de pagamento das três últimas 
mensalidades. Sabedora de que isto não correspondia à realidade, diligenciou 
no sentido de localizar os comprovantes de pagamento das faturas que a 
empresa dizia estarem em aberto e, alcançando seu intento, entrou em contato 
com a empresa noticiando o ocorrido e repassando os dados dos comprovantes 
de pagamento, sendo informada pela empresa que, rapidamente, seu problema 
estaria resolvido. Confiando nas informações que lhe haviam sido prestadas, 
Dona Josefa encaminhou-se, após duas semanas, à mesma loja. Contudo, a 
situação constrangedora repetiu-se, fato que motivou o ajuizamento de ação de 
indenização pela Dona Josefa em face da empresa de TV à cabo. Diante dos fatos 
narrados, pergunta-se: a) Na situação em epígrafe, estão configurados os 
pressupostos do dever de indenizar? Fundamente. b) Trata-se de 
responsabilidade subjetiva ou objetiva? Contratual ou extracontratual? 
 A – Evidentemente, podemos afirmar que estão presentes na questão o pressupostos 
necessários para que a empresa de TV à cabo seja responsável por indenizar a Dona 
Josefa. Pois, como bem leciona Gonçalves (2016, p. 21), “A responsabilidade configura-
se como um dever jurídico sucessivo, ou seja, consequência jurídica do descumprimento 
da relação obrigacional”. 
 Ademais, segundo Diniz, (2009, p. 34), “A responsabilidade civil é a aplicação de 
medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causado a 
terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, 
por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal”. Assim, aquele que, 
por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano 
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. (CC, ART.186). 
 Destarte, indubitavelmente, a conduta da empresa de TV à cabo de inserir 
indevidamente o nome de Dona Josefa no SERASA, causou um dano a ela e por 
consequência o dever de indenizar, ou seja, existe nitidamente um liame entre a 
conduta da empresa e dano sofrido por Josefa, portanto estaríamos diante sim de uma 
responsabilização. 
B - Como evidenciado na questão, estamos diante de uma relação de consumo entre a 
Dona Josefa e a empresa de TV à cabo, prestadora do serviço. Nesse sentido, de acordo 
com Código de Defesa do consumidor, “Art. 14. O fornecedor de serviços responde, 
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por 
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.”. Logo, aplica-se a 
ao caso a teoria objetiva, uma vez que, a responsabilidade objetiva é aquela que 
prescinde da demonstração de dolo ou culpa, bastando apenas o dano e nexo de 
causalidade.Além disso, podemos afirmar que a Dona Josefa, poderá pleitear danos morais em 
face da respectiva empresa, pois como leciona Gonçalves (2016, p. 387, 398 e 399), 
“Entende-se como dano moral aquele que atinge o ofendido como pessoa, não lesando 
seu patrimônio. Assim, é uma lesão de bem que íntegra os direitos da personalidade, 
como a honra, a dignidade, o bom nome etc. Ademais, o dano moral, salvo nos casos 
especiais dispensa prova em concreto, pois se passa no interior da personalidade e 
existe in re ipsa”. 
 Por conseguinte, notoriamente, existe entre a Dona Josefa e a empresa de TV à cabo 
um vínculo jurídico, que origina no contrato, assim estaríamos diante de uma 
responsabilidade contratual, sendo esta decorrente do descumprimento de uma 
prestação fixada no contrato. 
 Diariamente, Roberta utiliza-se do transporte público (ônibus) para se dirigir ao 
seu local de trabalho. Certo dia, porém, quando estava em seu trajeto, foi 
atingida por uma pedra, ficando gravemente ferida. Quando se restabeleceu, 
Roberta decidiu ajuizar uma ação de indenização pelos danos morais e materiais 
sofridos em face da empresa de transporte, ressaltando que se tratava de 
contrato de transporte oneroso, apto a ensejar responsabilização da 
transportadora. Pergunta-se: Existe responsabilidade da empresa de 
transporte? Responda fundamentadamente. 
 Inicialmente faz-se mister ressaltar que são consideradas como excludentes do 
dever de indenizar: a legítima defesa (art. 188, I do CC/2002); o estado de necessidade 
ou a remoção do perigo eminente ( art. 188, II do CC/2002) e o exercício regular de 
direito ou das próprias funções. Além disso, são consideradas como cláusulas 
excludentes do nexo causal e por consequência do dever de indenizar: a culpa ou fato 
exclusivo da vítima, a culpa ou fato exclusivo de terceiro, e ainda, o caso fortuito e a 
FORÇA MAIOR. 
 Ademais, outros apontamentos para resolução do caso são necessários. Assim, 
como leciona Gonçalves (2016, p. 226 e 230), “Com a promulgação do Decreto n. 2681, 
em 1912, a responsabilidade do transportador no que diz respeito as estradas de ferro, 
seria objetiva, dessa forma o transportador teria a o obrigação, de levar, são e salvo, 
o passageiro até o local de seu destino, sendo tal obrigação apenas elidível pelo caso 
fortuito, FORÇA MAIOR ou culpa exclusiva da vítima. Por conseguinte, tal decreto foi 
ampliado jurisprudencialmente, tendo sua aplicação estendida a qualquer outro tipo 
de transporte: ônibus, táxis, lotações, automóveis etc”. 
 Além disso, no que diz respeito Código Civil, seu art. 734 afirma que, “ O 
transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas 
bagagens, salvo motivo de FORÇA MAIOR, sendo nula qualquer cláusula excludente da 
responsabilidade”. 
 Nesse diapasão, utilizando o como fonte de argumentação a Jurisprudência do 
Superior Tribunal de Justiça - RT, 642/150, 643/219; RSTJ,781/176 – pode-se afirmar 
que a empresa de transporte não deverá ser responsabilizada pelo fato ocorrido com 
Roberta, uma vez que, o STJ entende que é considerado causa estranha ao transporte, 
EQUIPARÁVEL À FORÇA MAIOR, dentre outras coisas, pedras que são atiradas nas 
janelas ferindo passageiros. Dessa forma, com já citado anteriormente, tanto o 
Decreto Decreto n. 2.681, quanto do o próprio Código Civil, consideram como causa 
excludente do dever de indenizar A FORÇA MAIOR. Portanto, no caso em questão não 
haveria a empresa transportadora o dever de indenizar Roberta. 
João, após efetuar uma ultrapassagem indevida, colidiu com o carro de José, que se 
deslocava em sentido contrário. Do acidente resultaram múltiplas fraturas de 
natureza grave em José, que, em tratamento médico, indicavam para a 
recuperação plena. Acontece que, nove meses depois do acidente, José veio a 
falecer. O laudo pericial apontou que o óbito decorreu de complicação na 
cirurgia ortopédica, realizada em face da refratura da perna lesionada no 
acidente de trânsito. Ocorre que a queda que ocasionou a refratura deveu-se ao 
uso de muletas, necessárias em face da primeira lesão. Diante disso, pergunta-
se: Está configurado o dever de João de reparar os danos causados à família de 
José em decorrência do seu falecimento? Utilize como fundamento para sua 
resposta as teorias adotadas para explicar o nexo de causalidade, ressaltando 
qual a teoria predominante. 
 É sabido que, um dos pressupostos da responsabilidade civil é a existência de um 
nexo causal entre o fato ilícito e o dano produzido. Ou seja, deve-se ter um elo que 
uma a conduta do agente ao resultado por ele praticado. Logo, o nexo causal é 
indispensável para qualquer espécie de responsabilidade. 
 Dentro desse contexto, leciona Gonçalves ( 2016, p. 360), “ Três são as principais 
teorias formuladas a respeito dessa questão: Teoria da equivalência das condições; 
Teoria da causalidade adequada e a Teoria que exige que o dano seja consequência 
imediata do fato que o produziu”. Assim, relacionando tais teorias com o caso em 
questão, teríamos as seguintes hipóteses: 
I – Teoria da Equivalência das condições: Segundo Gonçalves (2016, p.360), “Pela 
teoria da equivalência das condições, toda e qualquer circunstância que haja 
concorrido para produzir o dano é considerada como causa”. Assim, de acordo com 
essa teoria a conduta de João seria suficiente para que ele tivesse o deve de indenizar 
a família de José pelo seu falecimento. No entanto, como afirma Gonçalves (2016, p. 
360), “Essa teoria pode conduzir a resultados absurdos dentro do direito”. Por essa 
razão, a mesma não é aplicável na responsabilidade civil atualmente. 
II – Teoria da causalidade adequada: Como leciona Gonçalves (2016, p. 361), “Segundo 
a teoria da causalidade adequada, somente considera como causadora do dano a 
condição por si só apta a produzi-lo”. Ademais, de acordo com o Professor Marcos 
Ehrhardt Júnior, essa seria a teoria recepcionada por ele, uma vez que, “A Teoria da 
causalidade adequada, aplica-se a conduta decisiva que deu causa ao resultado”. 
Assim, nesse diapasão, podemos afirmar que a conduta de João não seria suficiente 
para que ele tivesse o deve de indenizar a família de José pelo seu falecimento. Uma 
vez que, o falecimento de José, ocorreu 9 meses depois do acidente envolvendo o 
João, tendo como causa da morte uma complicação na segunda cirurgia ortopédica, 
em razão de uma refratura de José. 
III – Teoria dos danos diretos e imediatos: Segundo Gonçalves (2016, p. 361), “Requer 
a teoria dos danos diretos e imediatos que haja, entre a conduta e o dano, uma relação 
de causa e efeito direta e imediata. Assim, é indenizável todo dano que se filia a uma 
causa desde que está seja necessária, por não existir outra que explique o mesmo 
dano. Desse modo, quer a lei que o dano seja efeito direto e imediato da inscrição. 
Assim, infere-se que, assim como na Teoria da causalidade adequada, a conduta de 
João não seria suficiente para que ele tivesse o deve de indenizar a família de José pelo 
seu falecimento. Pois, sua conduta direta e imediata causou lesões, mas a morte de 
José ocorreu 9 meses depois, em face de outro fato, ou seja, as complicações cirúrgicas 
em face da refratura. Assim, podemos afirmar com veemência que João responderia 
pelas lesões, mas não pela morte. 
 Por conseguinte, de acordo com Gonçalves (2016, p. 362), ‘Das várias teorias sobre 
o nexo causal, o nosso Código Civil adotou, indiscutivelmente, a dano direto e 
imediato, como está expresso no Art. 403, “ Ainda que a inexecução resulte de dolo 
do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes 
por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual'. Logo, 
não é, portanto, indenizável o chamado dano remoto, que seria consequência indireta 
do inadimplemento, envolvendo lucros cessantes para fins caracterização tivessem deconcorrer com outros fatores”. 
Bruno, 17 anos, emancipado, mas que ainda residia com seus pais, dirigia em 
alta velocidade quando perdeu o controle do carro e abalroou (bateu) o 
automóvel de Roberto, que veio a falecer em decorrência do acidente. Os 
familiares de Roberto, viúva e filhos, ajuizaram ação de indenização por danos 
morais e materiais em face de José e Marta, pais de Bruno. Constatada a culpa 
de Bruno pelo acidente, responda: Há legitimidade dos pais para figurarem no 
pólo passivo da demanda? Justifique. 
 Conforme leciona Gonçalves (2016, p. 118), “A responsabilidade Civil é, em 
princípio, individual, consoante se vê do Art. 942 do Código Civil. Responsável pela 
reparação do dano é todo aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência haja causado prejuízo a outrem. Todavia, há casos em que a pessoa pode 
responder não pelo ato próprio, mas pelo ato de terceiro”. 
 Nesse sentido, podemos citar como exemplo de responsabilidade por ato de 
terceiro, a responsabilidade dos pais pelos danos causados pelos seus filhos menores, 
pois consoante o Art. 932, I do Código Civil Brasileiro, “São responsáveis pela 
reparação civil os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em 
sua companhia”. Ademais, a responsabilidade paterna independe de culpa (CC, Art. 
933). 
 Dessa forma, como bem leciona Gonçalves (2016, p. 120), “ Está sujeito a reparação 
do dano, o pai que permite ao filho menor de 18 anos sair de automóvel. Então, se o 
filho, culposamente, provoca acidente de trânsito, o lesado tem direito de acionar os 
pais, para obter a indenização”. Nesse diapasão, indubitavelmente, os pais de Bruno 
podem figurar no pólo passivo da ação indenizatória movida pela esposa e filhos da 
vítima acometida pela conduta do jovem. Pois, o ato ilícito do menor foi comprovado 
e dele decorre, consequentemente e independentemente de culpa dos pais, a 
responsabilidade destes. 
 Ademais, no que se refere a emancipação do jovem, é imprescindível esclarecer que 
para conduzir veículo automotor o Código de trânsito impõe os seguintes requisitos: 
Art 140 do CTB - A habilitação para conduzir veículo automotor e elétrico será apurada 
por meio de exames que deverão ser realizados junto ao órgão ou entidade executivos 
do Estado ou do Distrito Federal, do domicílio ou residência do candidato, ou na sede 
estadual ou distrital do próprio órgão, devendo o condutor preencher os seguintes 
requisitos: 
I - ser penalmente imputável; 
II - saber ler e escrever; 
III - possuir Carteira de Identidade ou equivalente. 
 Dessa forma, infere-se que para que se possa preencher o inciso I do Art. 140 do 
CTB, a pessoa deve ser considerada imputável e de acordo com o Código Penal 
Brasileiro, “Art. 27. Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, ficando 
sujeitos às normas está estabelecidas em legislação especial”. 
 Portanto, apesar de emancipado e poder gozar de plena capacidade CIVIL, Bruno 
apenas será considerado imputável penalmente quando completar 18 anos. Sendo 
assim, a emancipação não poderá ser levantada de forma alguma para eximir os pais 
da responsabilidade pelo dano causado pelo seu filho. Além disso, mesmo Bruno 
sendo emancipado, ainda se encontrava sob autoridade e companhia dos pais, logo, 
como bem esclarece Gonçalves apoiado pelo que está disposto no Art. 932, I do CC, 
“Os pais responderam pelo dano causado pelo filho que não educa bem ou não exerce 
vigilância sobre ele, possibilitando-lhe a prática de algum delito, como incêndio, lesão 
corporal e outros”. 
 
Durante dez anos, empregados de uma fabricante de extrato de tomate 
distribuíram, gratuitamente, sementes de tomate entre agricultores de uma certa 
região. A cada ano, os empregados da fabricante procuravam os agricultores, 
na época da colheita, para adquirir a safra produzida. No ano de 2009, a 
fabricante distribuiu as sementes, como sempre fazia, mas não retornou para 
adquirir a safra. Procurada pelos agricultores, a fabricante recusou-se a efetuar 
a compra. Assim, os agricultores ajuizaram ação de indenização em face da 
fabricante pelos danos advindos da perda da produção, já que não tiveram a 
quem vender os tomates colhidos naquela safra. Na função de julgador da 
demanda, verifique se a pretensão dos agricultores deve ser tida como 
procedente. Fundamente sua resposta com os conceitos pertinentes. 
 Inicialmente vale destacar que, durante dez anos, a empresa manteve a prática de 
distribuir as sementes para os agricultores a fim de comprar a safra produzida pelos 
mesmos, logo, podemos visualizar a existência de uma negociação preliminar e, por 
conseguinte a existência de um contrato preliminar, onde, a distribuição das sementes, 
configurou como promessa de compra e venda da safra produzida. 
 Nesse sentido, infere-se que, no ano de 2009, quando a empresa distribuiu as 
sementes, gerou a expectativa de que iria comprar a safra de tomates, como de 
costume. Conquanto , a compra não foi realizada e tal fato ocasionou os respectivos 
dano aos agricultores pela perda de produção e quebra de expectativa. 
 Dentro desse contexto, como bem leciona Gonçalves (2016, p. 72), “Embora as 
negociações preliminares não gerem por si mesmas, obrigações para qualquer dos 
participantes, elas fazem surgir, entretanto, deveres jurídicos para os contrastes, 
decorrentes da incidência do princípio da boa-fé. Assim, a violação desses deveres 
durante o transcurso das negociações gera a responsabilidade do contraente, tenha sido 
ou não celebrado o contrato. Essa responsabilidade decorre no campo da culpa 
contratual, mas da aquilina, no caso de um deles induzir no outro a crença de o contrato 
seria celebrado, levando-o a despesas, e depois recuar causando-lhe dano”. 
 Ademais, segundo Antônio Chaves, “Há responsabilidade pré-contratual quando 
ocorre a ruptura arbitrária e intempestiva das negociações contrariando o 
consentimento dado na sua elaboração, de tal modo que a outra parte se soubesse que 
ocorria o risco de uma retirada repentina, não teria tomado as medidas que adotou”. 
 Destarte, diante de tais afirmações, podemos concluir que os agricultores deveram 
ter sua tutela em juízo julgada procedente contra a fabricante, visto que, a fabricante 
gerou expectativas de firmar um contrato definitivo para a compra da safra em 
questão. Conquanto, não realizou a compra, logo a mesma deverá ser responsabilizada 
pelos danos causados aos agricultores. Nesse diapasão, o órgão julgador deverá 
reconhecer a responsabilidade pré-contratual da fabricante para com os agricultores, 
fazendo valer assim o princípio da boa-fé objetiva. 
 
Comente o que sabe sobre as teorias adotadas para explicar o nexo causal e qual a sua 
influência para definição da responsabilidade do agente num caso concreto. 
 Segundo Gonçalves (2016, p. 359), “ O nexo causal é um dos pressupostos para 
existência da responsabilidade civil, pois ele é o liame entre o fato ilícito e o dano 
produzido”. Por isso, só é passível de responsabilização aquele cujo comportamento 
tenha dado causa a um prejuízo. Nesse sentido, Gonçalves afirma que três são as teorias 
formuladas a respeito dessa questão, sendo elas: 
I – Teoria da Equivalência das condições: Segundo Gonçalves (2016, p.360), “Pela 
teoria da equivalência das condições, toda e qualquer circunstância que haja 
concorrido para produzir o dano é considerada como causa, assim a sua equivalência 
resulta de que, suprimida uma delas, o dano não se verificaria”. Conquanto, segundo 
raciocínio do próprio autor, essa teoria pode produzir resultados absurdos dentro do 
direito, por isso, ela recebe tantas críticas, como, por exemplo, a de que o nascimento 
de uma pessoa não pode, absolutamente, ser tudo como causa do acidente de que foi 
vítima, embora possa ser havido como condição sine qua non do evento. Por essa razão,a mesma não é aplicável na responsabilidade civil atualmente. 
II – Teoria da causalidade adequada: Como leciona Gonçalves (2016, p. 361), “Segundo 
a teoria da causalidade adequada, somente considera como causadora do dano a 
condição por si só apta a produzi-lo”. Ademais, de acordo com o Professor Marcos 
Ehrhardt Júnior, essa seria a teoria recepcionada por ele, uma vez que, “A Teoria da 
causalidade adequada, aplica-se a conduta decisiva que deu causa ao resultado”. 
 Nesse sentido, se João deu uma pancada ligeira na cabeça de José, que seria 
insuficiente para causar o menor ferimento num indivíduo normal, mas, por ser José 
portador de uma fraqueza muscular nós ossos do crânio, isto é lhe causou uma fratura 
que resultou sua morte. Segundo a teoria da causalidade adequada, não haveria 
responsabilização. 
III – Teoria dos danos diretos e imediatos: Segundo Gonçalves (2016, p. 361), “Requer 
a teoria dos danos diretos e imediatos que haja, entre a conduta e o dano, uma relação 
de causa e efeito direta e imediata. Assim, é indenizável todo dano que se filia a uma 
causa desde que está seja necessária, por não existir outra que explique o mesmo 
dano. Desse modo, quer a lei que o dano seja efeito direto e imediato da inexecução”. 
 Ademais, de acordo com Gonçalves (2016, p. 362), “Das várias teorias sobre o nexo 
causal, o nosso Código Civil adotou, indiscutivelmente, a dano direto e imediato, como 
está expresso no Art. 403, “ Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as 
perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela 
direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual”. 
 
O que é necessário para caracterização da responsabilidade por ato ou fato de 
terceiros? Quais as hipóteses previstas pelo CC/02 ? Utilizar a excludente do fato de 
terceiro equivale a alegar a existência de culpa concorrente? 
A responsabilidade por fato de terceiro é caracterizada, no caso concreto, por falha de 
quem tinha o deveres legais de cuidados. Nesse diapasão, segundo Cavalieri, “Em 
apertada síntese, a responsabilidade pelo fato de terceiro se constituiu pela infração do 
dever de vigilância. Não se trata, em outras palavras, de responsabilidade por fato 
alheio, mas por fato próprio decorrente da violação do dever de vigilância. Por isso, 
alguns autores preferem falar em responsabilidade por infração dos deveres de 
vigilância, em lugar de responsabilidade pelo fato de terceiro.” 
 Nesse sentido, em consonância com Código Civil, temos as seguintes hipóteses, em 
que o agente suportará as consequências de fato de terceiro: 
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; 
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas 
condições; 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no 
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; 
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por 
dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; 
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a 
concorrente quantia. 
 Por conseguinte, em complementação, prescreve o Art. 933 do CC, “As pessoas 
indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, 
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos”. 
 Ademais, quando ocorre o fato de terceiro, há a quebra do nexo causal na 
responsabilidade civil, pois este fato é inevitável e imprevisível, sendo este fato motivo 
de afastar o dever de indenizar daquele que causaria o dano a vitima, mas pelo fato de 
terceiro, o dano foi outro. 
 Em relação a culpa concorrente, podemos afirmar que é aquela em que ocorre 
quando há divisão na responsabilidade pelo dano, ou seja, a vítima também participa da 
conduta causadora do dano. Daí dizer que a vítima concorreu para o resultado danoso. 
Esta concorrência pode ser dar por imprudência, negligência ou imperícia. Portanto, 
alegar como excludente de responsabilidade o fato de terceiro, não é alegar que há 
culpa concorrente, pois para esta é necessário que os sujeitos estejam concorrendo para 
a pratica do ato que vai derivar em um dano. Se não há essa concorrência, não há em 
que se falar dessa alegação de culpa presumida. 
 
Distinção entre concausas anteriores e concausas supervenientes no que se refere a 
configuração ou não do dever de indenizar. 
 Como leciona Gonçalves (2016,p. 364), “ Entende-se como concausas preexistentes 
aquelas que já existiam quando da conduta do agente e que não eliminam a relação 
causal. Assim, por exemplo, as condições pessoais de saúde da vítima, embora às vezes 
agravem o resultado, em nada diminuem a responsabilidade do agente”. Dessa forma, 
se de uma facada, resultam complicações por ser a vítima hemofílica, o agente responde 
pelo resultado mais grave, independentemente de ter ou não conhecimento da 
concausa antecedente que agravou o dano. 
 Ademais, em relação as concausas supervenientes, podemos conceiutá-las como 
aquelas posteriores a conduta do agente. Por conseguinte, segundo Gonçalves (2016, 
p. 364), “Embora concorram as causa supervenientes para o agravamento do resultado, 
em nada favorece o agente. Nesse diapasão, se, por exemplo, a vítima de um 
atropelamento não é socorrida em tempo e perde muito sangue, vindo a falecer, essa 
causa superveniente, apesar de ter concorrido para a morte da vítima, será irrelevante 
em relação ao agente, porque, por si só, não produziu o resultado, mas apenas o 
reforçou”. 
 Conquanto, como afirma Gonçalves (2016, p. 364), “ A causa superveniente só terá 
relevância quando, rompendo o nexo de causalidade anterior, exige-se em causa direta 
e imediata do novo dano”. Dessa forma, faz-se mister diferenciar as concausas 
supervenientes independentes e aquelas que não são. Pois, nas primeiras, o dever de 
indenizar é excluído quanto ao evento que resultou no dano não causado pelo agente. 
Ao passo em que, nas segundas, como explicitado acima, são irrelevantes para o agente, 
já que não produziu por si só o resultado. 
 
Diferença entre caso fortuito e força maior? Comente e exemplifique. 
 Inicialmente vale destacar que o Código Civil não diferencia caso fortuito e força maior. 
No entanto, temos diferenciações doutrinárias que por sua vez são divergentes em 
determinados aspectos. Nesse sentido, de acordo com Flávio Tartuce, “Do ponto de 
vista didático e categórico, o caso fortuito define-se como um evento totalmente 
imprevisível decorrente de ato humano ou de evento natural. Ao passo em que a força 
maior constitui um evento previsível, mas inevitável ou irresistível, resultante de uma 
ou outra causa”. 
 Por conseguinte, segundo Maria Helena Diniz, “Na força maior por ser um fato da 
natureza, pode-se conhecer o motivo ou a causa que deu origem ao acontecimento, 
como um raio que provoca um incêndio, inundação que danifica produtos ou intercepta 
as vias de comunicação, impedindo a entrega da mercadoria prometida ou um 
terremoto que ocasiona grandes prejuízos, etc. Por outro lado, o caso fortuito tem 
origem em causa desconhecida, como um cabo elétrico aéreo que sem saber o motivo 
se rompe e cai sobre fios telefônicos causando incêndio explosão de caldeira de usina, 
provocando morte”. 
 Ademias, como leciona Gonçalves, “O art. 393, parágrafo único, do Código Civil, não 
faz distinção entre o caso fortuito e a força maior, definindo-os da seguinte forma: O 
caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era 
possível evitar, ou impedir. A inevitabilidade é, pois, a sua principal característica. O caso 
fortuito geralmente decorre de fato ou ato alheio à vontade das partes: greve, motim, 
guerra. Forçamaior é a derivada de acontecimentos naturais: raio, inundação, 
terremoto. Ambos, equiparados no dispositivo legal supratranscrito, constituem 
excludentes da responsabilidade porque afetam a relação de causalidade, rompendo-a, 
entre o ato do agente e o dano sofrido pela vítima. Assim, por exemplo, se um raio 
romper os fios de alta-tensão e inutilizar os isolantes, não será a empresa fornecedora 
da energia elétrica responsabilizada se alguém neles esbarrar e perecer eletrocutado. A 
menos que, informada do evento, não tome urgentes providências para sanar o 
problema. Se há caso fortuito, não pode haver culpa, à medida que um exclui o outro.” 
 Destarte, diante do exposto, infere-se que o caso fortuito é o evento que não se pode 
prever e que não podemos evitar. Já os casos de força maior seriam os fatos humanos 
ou naturais, que podem até ser previstos, mas da mesma maneira não podem ser 
impedidos; por exemplo, os fenômenos da natureza, tais como tempestades, furacões, 
raios, etc ou fatos humanos como guerras, revoluções, e outros. 
 
A ocorrência da pandemia da covid-19 poderia ser enquadrada como uma excludente 
do dever de indenizar? Justifique sua resposta e exemplifique. 
 Como leciona TARTUCE, “São considerados excludentes do dever de indenizar: a 
legítima defesa (art. 188, Inc. I, CC/2002), o estado de necessidade ou remoção do perigo 
iminente (art. 188, Inc. II) e o exercício regular de direito ou das próprias funções. 
Ademais, são cláusulas excludentes do nexo causal, a culpa ou fato exclusivo da vítima, 
a culpa ou fato exclusivo de terceiro, e ainda, o caso fortuito e força maior. 
 Nesse sentido, a pandemia de Covid-19 se encaixa justamente na última hipótese, de 
caso fortuito ou de força maior, pois, sendo o caso fortuito algo que decorre de evento 
natural ou de ato humano, e que se caracteriza pela sua total imprevisibilidade e a força 
maior seria evento previsível, mas que caracteriza-se pela sua inevitabilidade ou 
irresistibilidade. Dessa modo, de acordo com os termos do art. 393, o devedor não 
responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente 
não se houver por eles responsabilizado. 
 Conquanto, o art. 399 expõe a existência de exceções quanto a isso, a exemplo do 
caso de devedor em mora. Diz o artigo: “O devedor em mora responde pela 
impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou 
de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, 
ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente 
Como distinguir danos patrimoniais dos danos extrapatrimoniais? 
 Como bem lecionado pelo Professor Ehrhardt, no que tange as espécies de danos, 
podemos distingui-las da seguinte forma: 
I – Danos Patrimoniais: São aqueles que podemos definir o valor em dinheiro ao dano 
causado, assim, estamos diante de uma coisa fungível. Ademais, se a coisa tem valor 
econômico significa dizer que pode-se indenizar, ou seja, devolver a pessoa a situação 
anterior. 
II – Danos Extrapatrimoniais: Não se tem um preço específico, nesse sentido, estamos 
diante de coisas que não podem ser substituídas, ou seja, coisas infungíveis, assim, 
diante dessas coisas que não se tem preço, o que deve ser feito é a busca pela 
compensação. 
 Por conseguinte, segundo Gonçalves (2016, p. 368 e 369), “ Danos patrimoniais são 
aqueles que afetam somente o patrimônio do ofendido. Ao passo em que, danos 
Extrapatrimoniais são aqueles que só ofende o devedor como ser humano, não lhe 
atingindo o patrimônio.” 
Podemos considerar a expressão "danos materiais" como sinônima de "danos 
patrimoniais"? Justifique sua resposta e exemplifique. 
R A denominação: dano patrimonial, é utilizada por muitos como sinônimo de dano 
material, expressão prevista na Constituição Federal. Nesse sentido, podemos classificar 
o dano patrimonial como lucro cessante ou dano emergente. Este reflete a diminuição 
efetiva do patrimônio, enquanto aquele representa a frustração de um ganho (Pessoa 
Jorge, 1999, p. 377), pouco importando o momento da verificação do prejuízo – não se 
exige a atualidade do dano; ou seja, posto que o lucro cessante frequentemente 
somente esteja configurado no futuro, ele será indenizado, pois impedir o aumento do 
patrimônio também é considerado dano para fins de reparação civil. Conquanto, 
segundo o Professor Marcos Ehrhardt, dano patrimonial é gênero do qual dano 
material é espécie. Assim, patrimonial equivale a algo com valor econômico. Ao passo 
em que, quando nos referimos a algo material seria algo tangível ou corpóreo. Nesse 
sentido, o professor esclarece que não existe uma semelhança total entre essas 
expressões, pois o conteúdo patrimonial acaba sendo mais amplo do que o conteúdo 
de direito material. Sendo assim, poderíamos citar como exemplo de dano patrimonial 
que não se configura como dano material, pois não é tangível, os danos perpetrados 
em face direitos autorais. 
 Espécies de danos patrimoniais 
 Segundo o Professor Marcos Ehrhardt, temos como espécie de danos patrimoniais: os 
danos emergentes, que correspondem aos danos, e os lucros cessantes que 
correspondem as perdas. Nesse diapasão, como leciona Gonçalves (2016, p. 372 e 
373), “Danos emergentes são os efetivos prejuízos, ou seja, a diminuição patrimonial 
sofrida pela vítima. Ao passo em que, lucros cessantes compreende a frustração da 
expectativa do lucro, ou seja, é perda de um ganho esperado.” 
 Nesse sentido, para elucidar e diferenciar de fato as espécies de danos patrimoniais, 
podemos citar como exemplo hipotético o seguinte caso: João impudentemente bate 
seu carro no de José, que por sua vez, experimenta nesse momento o prejuízo e com 
esse dano, uma diminuição imediata do valor do seu carro, ou seja, um dano 
emergente. Todavia, João repara do dano causado ao veículo de José, mandando seu 
carro para o conserto. Conquanto, José trabalha como motorista de aplicativo e pelo 
fato de seu carro ficar no conserto por uma semana, ele não pôde trabalhar e por 
consequência lucrar, por isso José poderá ainda pleitear em face de João, indenização 
pelos lucros que deixou de ganhar, ou seja, os lucros cessantes. 
 Dentro desse contexto, podemos afirmar que corresponde a dano emergente tudo 
aquilo que se perdeu, importando "efetiva e imediata diminuição no patrimônio da 
vítima", devendo a indenização "ser suficiente para a restitutio in integrum" (Cavalieri 
F.º, 2005, p. 97). Ao passo em que, o lucro cessante reflete a "perda do ganho 
esperável, na frustração da expectativa de lucro" e decorre "não só da paralisação da 
atividade lucrativa ou produtiva da vítima (...), como, também, da frustração daquilo 
que era razoavelmente esperado", desde que se configure como consequência 
necessária da conduta do agente (Cavalieri F.º, 2005, p. 97-100). 
 
Diferença entre dano moral e dano estético 
 Como bem esclareceu o professor Marcos Ehrhardt, os Danos Extrapatrimoniais se 
referem a danos à dignidade humana. Ademais, no CC a dignidade humana está 
relacionada aos direitos de personalidade e tais direitos nos protegem, pois estão 
relacionados a proteção da nossa integridade física, psíquica e moral. Nesse sentido, 
temos as seguintes espécies de danos extrapatrimoniais: 
I – Dano Moral: Refere-se aos prejuízos que irão atingir a reputação ou equilíbrio 
emocional de uma pessoa. Assim, como leciona Gonçalves (2016, p. 368), “O dano 
moral é aquele de atinge o ofendido como pessoa, não lesionando o patrimônio. Logo, 
é a lesão de bem que íntegra os direitos da personalidade, como honra, dignidade, 
intimidade, imagem, o bom nome etc. 
II – Dano Estético: Refere-se a qualquer lesão de natureza física, ou seja, a proteção 
do corpo. Assim, dizemos que haverá dano estético quando uma pessoa fica com uma 
cicatriz, bem como quando ocorre a merda de um dos membros, em faceda lesão que 
sofreu. Portanto, como afirma Teresa Ancona Lopez, “ Dano estético, corresponde a 
lesão à beleza física, ou seja, à harmonia das formas”. Em outras palavras, é qualquer 
deformação, marca ou defeito, que possam gerar na vítima motivo de exposição ao 
ridículo ou complexo de inferioridade, como por exemplo, amputações, cicatrizes, a 
perda de um dente, uma ferida etc. 
 Ademais, como afirmou o professor Marcos Ehrhardt esses danos podem ocorrer 
simultaneamente. 
 
Podemos considerar as expressões "dano existencial" e "dano extrapatrimonial" 
como sinônimas 
 Preliminarmente, vale ressaltar que, como bem lecionou o Professor Marcos Ehrhardt 
em aula, os danos extrapatrimoniais estão relacionados diretamente a pessoa do 
ofendido, podendo ser caracterizado quando houver uma lesão que ofenda a 
integridade física, psíquica ou moral do ser humano. Assim, podemos inferir que tais 
danos afetam direitos da personalidade e são portanto infungíveis, logo deve-se ter a 
busca por uma compensação. 
 Ademais, faz-se mister destacar que os danos existenciais estão inseridos na 
categoria de “novos danos”, ou seja, aqueles que ingressaram no mundo jurídico não 
pelo Código Civil, mas sim por outros ramos do direito, como a doutrina, pois 
visualizou-se a necessidade da criação de novas espécies de danos para que se pudesse 
solucionar as demandas que chegavam no judiciário e não necessariamente se 
enquadraram dentro das categorias de danos previsto no ordenamento, mas que 
precisavam ser solucionadas, uma vez que, notadamente tinha-se uma lesão passível 
de indenização ou compensação. 
 Nesse diapasão, é compreensível entender que não há entendimentos doutrinários 
que correm de forma paralela e pacífica para explicar qual a natureza jurídica desses 
novos danos. Sendo assim, podemos inferir que, atualmente há uma divergência 
doutrinária no que diz respeito a natureza jurídica do dano existencial. 
 Dessa forma, parte da doutrina entende que os danos existenciais é uma espécie 
da qual os danos extrapatrimoniais é gênero, assim, segundo Marco Aurélio Bezerra de 
Melo, “O dano existencial ocorre quando, após a lesão, há uma perda da qualidade de 
vida do indivíduo, que fica impossibilitado ou encontra grandes dificuldades em manter 
suas atividades cotidianas. Ao sofrer o dano existencial, o indivíduo fica privado de 
usufruir e gozar dos prazeres da vida, tal como o lazer.” Dessa forma, podemos inferir 
que o dano existencial estaria abarcado como espécie dos danos extrapatrimoniais, mais 
especificamente no que diz respeito a integridade psíquica, uma vez que, ele decorre 
principalmente de uma mudança no cotidiano da pessoa, podendo alterar a sua relação 
com a sociedade, amigos, família, e até com si mesma, atingindo sua felicidade e 
satisfação pessoal, sendo discutíveis até problemas psicológicos graves, como depressão 
e ansiedade. 
 Todavia, há autores que encaram os danos existenciais como uma categoria 
autônoma de dano, como, por exemplo, Flaviana Rampazzo Soares, que entende o dano 
existencial como, ‘Uma lesão a um conjunto de relações que fazem parte do 
desenvolvimento da personalidade de um indivíduo, de ordem pessoal ou social, sendo 
uma afetação “negativa, total ou parcial, permanente ou temporária” a uma 
determinada atividade ou até mesmo mais de uma que faça parte do cotidiano do 
sujeito.’ 
 Destarte, diante do exposto, podemos concluir que os danos existenciais podem ser 
encarados como espécie de dano extrapatrimonial ou como um dano autônomo, 
dependendo do doutrinador em questão. Conquanto, o dano existencial não pode ser 
entendido como sinônimo de dano extrapatrimonial, uma vez que este abrange um 
maior leque de questões que não somente as psíquicas 
"danos pela perda de uma oportunidade" 
A responsabilidade civil pela perda de uma chance tem origem na França, no final do 
século XIX, onde surgiu a expressão perte d’une chance. Ademais, o caso mais antigo 
registrado referente à reponsabilidade pela perda de uma chance foi em 1911, um 
caso inglês conhecido como Chaplin V. Hicks, em que a autora da ação estava entre as 
cinquenta finalistas de um concurso de beleza, e teve sua chance interrompida pelo 
réu, uma vez que o mesmo não a deixou participar da última etapa do concurso; e, em 
razão disso um dos juízes alegou que a autora teria 25% de chances de ser a 
vencedora, aplicando a doutrina da proporcionalidade. 
 Por conseguinte, doutrinariamente, a teoria da responsabilidade civil pela perda de 
uma chance foi estudada pela vez primeira, na década de 40, na Itália, quando Giovani 
Pacchioni tratou do assunto na obra Diritto Civile Italiano, reportando-se aos casos 
trazidos pela doutrina francesa. Assim, a teoria da perda de uma chance é fruto da 
construção doutrinária francesa e italiana, e que no Brasil, entretanto, o Código Civil 
de 2002 não fez menção a essa modalidade de responsabilidade civil, ficando a cargo 
da doutrina e da jurisprudência, que busca a sua aplicação com base na analogia e no 
direito comparado. 
 Nesse sentido, perda da chance pode ser compreendida como, a perda da 
possibilidade de se obter o resultado esperado ou de se evitar um possível dano, 
valorizando as possibilidades que se tinha para conseguir o resultado, para, aí sim, 
serem ou não relevantes para o direito. 
 
Diferença entre danos pela perda de oportunidade dos lucros cessantes. 
Inicialmente, faz-se mister compreendermos que lucros cessantes é uma espécie de 
dano patrimonial, sendo caracterizado segundo Gonçalves como, “Uma frustração da 
expectativa do lucro, ou seja, é perda de um ganho esperado”. (2016, p. 373). Ou seja, 
temos uma certeza que no caso concreto, a conduta do agente que provocou a lesão, 
teve como consequências, danos experimentados imediatamente – danos emergentes 
– bem como danos futuros que são resultados da lesão causadas ao sujeito. 
 Por conseguinte, no que tange os danos pela perda de uma oportunidade ou perda 
de uma chance, Cavalieri Filho esclarece que, “perda da chance deve ser vista como a 
perda da possibilidade de se obter o resultado esperado ou de se evitar um possível 
dano, valorizando as possibilidades que se tinha para conseguir o resultado, para, aí sim, 
serem ou não relevantes para o direito.” 
 Nesse sentido, infere-se que, diferentemente do lucro cessante, a perda de uma 
oportunidade não precisa de uma prova concreta. Ao passo em que, o lucro cessante 
incide sobre o que o indivíduo razoavelmente deixa de ganhar, assim, necessita que haja 
uma comprovação e, que aponte quais seriam as perdas, a quantia perdida, de onde 
seria proveniente, etc. 
 Ademais, segundo Savi, “ No que diz respeito a natureza dos interesses violados. A 
perda de uma chance decorre de uma violação a um mero interesse de fato, enquanto 
o lucro cessante deriva de uma lesão a um direito subjetivo.” 
 Dessa forma, diante do exposto, conclui-se que a perda de uma oportunidade e os 
lucros cessantes são institutos que não se confundem, pois ao contrário deste, no dano 
provocado pela perda da chance ou oportunidade há uma probabilidade e não uma 
certeza absoluta em 
As expressões "dano por ricochete", "dano reflexo" e "dano indireto são sinônimas? 
Do ponto de vista de boa parte da doutrina o dano por ricochete, indireto ou reflexo 
são expressados como sinônimos e compreendidos como o direito de indenização das 
pessoas intimamente ligadas à vítima direta ao evento danoso, que sofreram de 
forma reflexa, os efeitos dos danos experimentada por esta. Ou seja, seria uma nova 
categoria de dano, em que uma pessoa sofre as consequências de uma conduta que 
não foi direcionada a ela e nem ao seu patrimônio, e sim direcionada a outrem, mas 
que de forma indireta pôde ser experimentada por essa terceira pessoa. 
 Dentro desse contexto, podemos visualizar tal questão com o seguinte caso 
hipotético:João é dono de um cachorro Pitbull extremamente bravo e certo dia 
caminhando no parque com seu cachorro, ele por um ato de negligência acaba 
soltando o animal, que imediatamente parte pra cima de Maria, uma criança de 5 
anos, que depois do ataque do cachorro acaba ficando internada por um período de 
6 meses. Durante tal período a Mãe de Maria sendo a única responsável pela filha, 
acaba tendo que ficar com a criança e por consequência sendo demitida do seu 
emprego. Assim, nesse diapasão, a Mãe de Maria, poderá pleitear uma indenização 
que vai além do dano experimentado por sua filha, pois de forma indireta a mesma 
também sofreu consequências do evento danoso, isto é a perda do seu emprego. 
Logo, podemos identificar um dano por ricochete. 
 Conquanto, Gonçalves destoando, de certo modo, desse entendimento, leciona 
que, “O dano indireto consiste na lesão a um interesse tendente à satisfação ou gozo 
de bens jurídicos patrimoniais, que produz um menoscabo a um bem 
extrapatrimonial, ou melhor, é aquele que provoca prejuízo a qualquer interesse não 
patrimonial, devido a uma lesão a um bem patrimonial da vítima. Deriva, portanto, 
do fato lesivo a um interesse patrimônio. É a hipótese, por exemplo, da perda de 
objeto de valor afetivo.” (2016, p. 387 e 388). 
 Nesse sentido, Gonçalves entende que o dano indireto não seria um sinônimo de 
dano por ricochete e dano reflexo, mas que dano indireto seria a reparação de 
natureza extrapatrimonial do valor sentimental de um objeto fungível. Como, por 
exemplo, a perda de um animal de estimação por um ato provocado por terceiro, que 
neste caso, além de gerar direito à indenização por dano material, produziria também 
o direito de indenização por dano indireto. 
 
 Teoria do "desvio produtivo do consumidor" 
A teoria do desvio produtivo do consumidor é de autoria do advogado Marcos 
Dessaune, o qual a define da seguinte maneira, “O desvio produtivo caracteriza-se 
quando o consumidor, diante de uma situação de mau atendimento, precisa 
desperdiçar o seu tempo e desviar as suas competências — de uma atividade 
necessária ou por ele preferida — para tentar resolver um problema criado pelo 
fornecedor, a um custo de oportunidade indesejado, de natureza irrecuperável”. 
 Ademais, aduz o mesmo autor: “A minha tese é que o fornecedor, ao atender mal, 
criar um problema de consumo potencial ou efetivamente danoso e se esquivar da 
responsabilidade de saná-lo espontânea, rápida e efetivamente, induz o consumidor 
em estado de carência e condição de vulnerabilidade a incorrer em um dano 
extrapatrimonial de natureza existencial, que deve ser indenizado in re ipsa pelo 
fornecedor que o causou, independentemente da existência de culpa. O desvio 
produtivo do consumidor, portanto, é um fato ou evento danoso que não se amolda à 
jurisprudência tradicional, segundo a qual represente ‘mero dissabor, aborrecimento, 
percalço ou contratempo normal na vida do consumidor’”. 
 Dessa forma, para Dessaune, o tempo constitui um bem jurídico que merece tutela. 
Além disso, o autor fala em tempo vital, existencial ou produtivo, como um dos objetos 
do direito fundamental à vida, baseado no valor fundamental da dignidade humana, 
retirado do art. 1.º, inc. III, da Constituição Federal, e do rol aberto dos direitos da 
personalidade. 
 Destarte, haverá o desvio produtivo do consumidor quando houver uma perda de 
tempo livre por parte deste, causada pelo fornecedor. Assim, podemos citar como 
exemplo, uma loja diz que você não pagou a fatura, mas você pagou, isso faz com que 
você perca bastante tempo ligando para ela e juntando documentos para provar que, 
na verdade, está tudo pago. Desse modo, diante do exposto, infere-se que o lesado 
poderia usar esse tempo para outras coisas, mas não usou porque a outra parte não 
cumpriu com suas obrigações no tempo e da forma determinada. Logo, segundo a 
teoria em questão, pode ser gerado dano por desvio produtivo do consumidor. 
 
"dano à vida em relação" 
 Como bem já mencionado no decorrer dessa atividade, parte da doutrina considera 
os danos existenciais como uma espécie nova de dano extrapatrimonial. Assim, são 
considerados como parte dos “novos danos”. Ademais, como já mencionado, os danos 
existências ocorrem quando após a lesão, o indivíduo fica impossibilitado ou encontra 
grandes dificuldades para retomar ou manter suas relações sociais cotidianas. Nesse 
diapasão, os danos existenciais podem ser podem ser divididos das seguinte forma: 
Dano à vida em relação e Dano ao projeto de vida. 
 Em relação ao dano à vida em relação, segundo Matilde Zavala de Gonzalez, é 
“aquele em que há impossibilidade ou grande dificuldade do indivíduo em se reinserir 
nas relações sociais, ou mantê-las em sua normalidade.” Dessa forma, o dano à vida 
em relação acaba por interferir direta ou indiretamente nas relações sociais do 
indivíduo, e isso engloba seu relacionamento com a sociedade ou pessoas íntimas, 
como familiares, amigos, e até com si próprio. Sendo assim, tal situação pode atingir 
sua felicidade e satisfação pessoal, impedindo que a vítima venha a desfrutar dos 
prazeres da vida; circunstância esta muito preocupante, uma vez que, pode gerar 
problemas de saúde ou de ordem psicológica, como ansiedade e depressão. Um dos 
exemplos mais recorrentes de dano à vida em relação está presente no ramo do 
Direito do Trabalho, nas diversas situações onde o empregador submete o empregado 
a jornadas exaustivas de trabalho em horários inconvenientes, as quais o impedem de 
manter relações cotidianas normais com sua família e pessoas queridas, deixando até 
mesmo de acompanhar o crescimento dos filhos ou prejudicando sua vida conjugal. 
 
 FUNÇÃO PROMOCIONAL DO DIREITO E COMO ELA SE APLICA À RESPONSABILIDADE 
CIVIL 
 De acordo com o Professor Antônio dos Reis, a função promocional da 
responsabilidade pôde se observada na prática pela primeira vez no Brasil, no caso 
MTV X Ministério Público. De acordo com o Professor, no caso em questão os 
causadores dos danos buscaram solucionar a questão antes da judicialização e a esse 
fato denominamos de função promocional. Nesse sentido, a MTV espontaneamente 
realizou uma reunião com a sociedade civil, que culminou numa elaboração de uma 
carta que foi enviada inclusive para a comissão de direitos humanos, com objetivo de 
compensar os danos sofridos pela sociedade autista de forma geral. Ademais, a 
Emissora de TV, espontaneamente, também veiculou em suas vinhetas, propagandas 
institucionais sugeridas pela sociedade civil que se tratava do tema: autismo, além 
disso, financiou também a produção de seis livros sobre o assunto, bem como a 
produção de um documentário sobre os debates que foram travados. Assim, diante de 
tantas coisas feitas, o Ministério Público entendeu que se havia algum dano causado 
em face da sociedade autista, ele já tinha sido reparado de forma espontânea, logo 
arquivaram o caso. Nesse diapasão, podemos visualizar a função promocional da 
responsabilidade sendo aplicada no Brasil, configurando-se como aquela que ocorre 
antes da judicialização e com objetivo de reparação espontânea do dano causado, 
demonstrando-se assim uma maior celeridade e consequentemente uma satisfação 
do interesse da vítima. Além disso, de acordo com Professor Antônio dos Reis, a 
função promocional se relaciona com a responsabilidade civil na medida em que, a 
função promocional se configura uma sanção positiva que busca dar um “prêmio” 
aquele que realiza um valor do ordenamento. Dentro desse contexto, Antônio dos Reis 
tentou aplicar tal função à responsabilidade civil, de forma que a função promocional 
estaria presente na responsabilidade civil, no sentido que se a função primária da 
responsabilidade é reparar o dano, a função promocional só poderia estar relacionada 
a uma finalidade útil. Nesse sentido, se o dano precisa ser resolvido, ele poderia ser

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