Transtorno do Jogo

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Júlia Figueirêdo – PROBLEMAS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO 
TRANSTORNO DO JOGO: 
O transtorno de jogo é marcado por uma 
série de comportamentos mal-adaptativos 
envolvendo apostas, que causam diversos 
problemas econômicos, profissionais e 
interpessoais. 
Esse quadro se assemelha aos 
transtornos por uso de substâncias 
ao cursar com desenvolvimento de 
tolerância (apostas cada vez 
maiores) e abstinência (irritabilidade 
ao tentar controlar o hábito. 
Nota-se uma maior prevalência desse 
transtorno entre homens e jovens adultos, 
sendo ainda mais comum em associação 
com dependência de substâncias. 
Os tipos mais comuns de jogo 
associado a padrões patológicos são 
loterias, máquinas caça-níqueis e 
jogos de azar. 
 
 
 
ETIOLOGIA: 
O desenvolvimento de transtorno de jogo é 
associado a diversos fatores 
psicossociais, como abandono ou 
separação dos pais antes da adolescência, 
disciplina inadequada na infância ou 
ênfase familiar em bens materiais. 
Para a psicanálise, o jogo pode ser 
reflexo de uma personalidade 
narcisista, que leva o indivíduo a crer 
que pode controlar seus resultados 
em apostas. 
Biologicamente, observa-se que pacientes 
com esse transtorno apresentam depleção 
de 3-metoxi-4-hidroxifenil glicol sérico 
(com aumento de sua concentração no 
líquor), um metabólito ligado à 
norepinefrina. 
Outra alteração relevante é a 
disfunção nos sistemas de 
regulação serotoninérgica, que 
possuem capacidade de inibição 
reduzida. 
QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO: 
Além das características relacionadas a 
dependência pelo jogo, o portador desse 
transtorno apresenta uma postura 
excessivamente confiante e energética, 
talvez um pouco ofensiva, porém também 
mostra sinais de estresse pessoal, 
ansiedade e depressão. 
Com o avanço do quadro, o indivíduo passa 
a mentir com o intuito de continuar jogando, 
encobrindo a extensão real de seu 
comprometimento, resultando, por fim, no 
comprometimento de relações sociais. 
O planejamento financeiro é raro, levando ao 
rápido esgotamento de fontes de 
empréstimo, de forma que o paciente 
comece a engajar em atividades criminosas 
não violentas como fraude ou falsificação. 
Esses comportamentos podem 
implicar em consequências legais, 
mesmo que o indivíduo tenha a 
intenção de retornar os valores 
obtidos. 
Os critérios diagnósticos estabelecidos 
pelo DSMV para esse tipo de transtorno são: 
A. Comportamento problemático 
persistente e recorrente associado ao 
jogo, causando comprometimento 
clinicamente significativo. É 
necessário apresentar pelo menos 
quatro dos seguintes em um período de 
12 meses: 
 Necessidade de apostar quantias de 
dinheiro cada vez maiores a fim de 
atingir a excitação desejada; 
Histórico familiar de jogadores 
compulsivos está associado não só a 
replicação desse comportamento, como 
também a depressão e alcoolismo 
Júlia Figueirêdo – PROBLEMAS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO 
 Inquietude ou irritabilidade ao tentar 
controlar o hábito de jogo; 
 Presença de esforços repetidos e 
malsucedidos nas tentativas de 
diminuir a frequência de jogo; 
 Preocupação frequente associada a 
estratégias de jogo; 
 Uso do jogo como mecanismo de 
escape para sensações de angústia; 
 Necessidade de voltar ao jogo após 
perder dinheiro de forma a recuperar 
o prejuízo; 
 Mentira como estratégia de 
mascaramento do comportamento de 
jogo patológico; 
 8. Prejudicou ou perdeu um 
relacionamento significativo, o 
emprego ou uma oportunidade 
educacional ou profissional em razão 
do jogo. 9. Depende de outras 
pessoas para obter dinheiro a fim de 
saldar situações financeiras 
desesperadoras causadas pelo jogo 
B. Essas manifestações não são melhor 
explicadas por episódios de mania. 
No que se refere ao curso do transtorno, é 
possível observar quatro fases distintas, a 
saber: 
 Fase de vitória: marcada por grandes 
ganhos, cativando o paciente; 
 Fase de perda progressiva: ocorre a 
estruturação da vida em função do 
jogo, o que torna o indivíduo mais 
propenso a riscos; 
 Fase de desespero: o paciente aposta 
quantidades massivas de dinheiro e 
inicia com comportamentos fraudulentos; 
 Estágio de desesperança: o jogo 
continua devido a sensação de excitação 
associada a ele, mas não há mais 
expectativa de recuperar os prejuízos. 
TRATAMENTO: 
A chegada de um paciente com transtorno do 
jogo dificilmente é voluntária, pois a 
motivação normalmente recai sobre a 
pressão de familiares ou amigos, 
transtornos psiquiátricos comórbidos ou 
problemas com a Lei. 
Terapias de grupo podem ser bastante úteis 
no combate a essa forma de dependência, 
possibilitando a formação de redes de 
suporte e o compartilhamento de 
vivências. 
Técnicas cognitivo-
comportamentais também são 
excelentes aliadas nesse processo, 
devendo, no entanto, ser iniciadas 
após ao menos 3 meses longe dos 
jogos. 
 
O transtorno do jogo associado a 
videogames tem ganho importância 
significativa na atualidade 
Por fim, fármacos representam importantes 
aliados no tratamento desses indivíduos, 
havendo bons resultados com 
antidepressivos (principalmente ISRS e 
bupropiona), estabilizadores de humor 
(lítio), antiepiléticos (topiramato) e 
antagonistas opioides (naltrexona).