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Biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação dos riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços. Estes riscos podem comprometer a saúde do homem e animais, o meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas foram classificados pelo Ministério da Saúde por meio da Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS). Os critérios de classificação têm como base diversos aspectos, tais como: virulência, modo de transmissão, estabilidade do agente, concentração e volume, origem do material potencialmente infeccioso, disponibilidade de medidas profiláticas eficazes, disponibilidade de tratamento eficaz, dose infectante, tipo de ensaio e fatores referentes ao trabalhador. Os agentes biológicos foram classificados em classes de 1 a 4, incluindo também a classe de risco especial. Agentes biológicos que oferecem baixo risco individual e para a coletividade, descritos na literatura como não patogênicos para as pessoas ou animais adultos sadios. Exemplos: • Lactobacillus spp. • Lactococcus spp • Saccharomyces • Bacillus subtilis • Bacillus polimyxa • Cepas não patogênicas de E. coli Agentes biológicos que oferecem moderado risco individual e limitado risco para a comunidade, que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no meio ambiente seja limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes. Exemplos: • Escherichia coli • Salmonella spp • Streptococcus spp • Staphylococcus aureus • Treponema pallidum • Vibrio cholerae • Trypanosoma cruzi • Candida albican Agentes biológicos que oferecem alto risco individual e moderado risco para a comunidade, que possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem usualmente medidas de tratamento e/ou de prevenção. Representam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa. Exemplos: • Bacillus anthracis • Coccidioides immitis • Clostridium botulinum • Escherichia coli enterohemorrágica • Shigella dysenteriae • Influenza A H5N1 e H1N1 Agentes biológicos que oferecem alto risco individual e para a comunidade, com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão desconhecida. Nem sempre está disponível um tratamento eficaz ou medidas de prevenção contra esses agentes. Causam doenças humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui principalmente os vírus. Exemplos: • Sabiá • Marburg • Ebola • Varíola (major) Herpesvírus Simiae. Agentes biológicos que oferecem alto risco de causar doença animal grave e de disseminação no meio ambiente de doença animal não existente no país e que, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de importância para o homem, podem gerar graves perdas econômicas e/ou na produção de alimentos. Alguns exemplos: • Vírus da cólera suína • Vírus da doença de Borna • Vírus da doença de Teschen • Vírus da influenza A aviária (amostras de epizootias) • Vírus da peste aviária • Vírus da peste bovina Biossegurança Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4 Classe de risco especial Os equipamentos de proteção individual, conhecidos como EPIs (Tabela 2), são utilizados para minimizar a exposição aos riscos ocupacionais e evitar possíveis acidentes no laboratório. Os equipamentos de proteção coletiva (EPCs) são utilizados com a finalidade de minimizar a exposição dos trabalhadores aos riscos e, em casos de acidentes, reduzir suas consequências. Exemplos: lava-olhos, chuveiro, extintor e cabines de proteção biológica. As barreiras secundárias dizem respeito à construção do laboratório, localização e instalações físicas. As instalações físicas são importantes para proporcionar uma barreira de proteção para pessoas dentro e principalmente fora do laboratório, bem como para o meio ambiente. Os tipos de barreiras secundárias dependerão do risco de transmissão dos agentes específicos manipulados no laboratório. São alguns exemplos de barreiras secundárias: a localização distante do acesso público, a presença de sistemas de ventilação especializados em assegurar o fluxo de ar uni direcionado, sistemas de tratamento de ar para a descontaminação ou remoção do ar liberado e câmaras pressurizadas como entradas de laboratório. Os laboratórios são divididos respeitando os níveis de biossegurança (NB) em que se enquadram, denominados NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4. Tais níveis estão relacionados aos requisitos crescentes de segurança para o manuseio dos agentes biológicos, terminando no maior grau de contenção e de complexidade do nível de proteção. O NB exigido para um ensaio será determinado pelo agente biológico de maior classe de risco envolvido no ensaio. As classificações são as seguintes: Nível de Biossegurança 1 (NB-1) É o nível necessário ao trabalho que envolva agentes biológicos da classe de risco 1. Representa um nível básico de contenção, que se fundamenta na aplicação das BPLs, na utilização de equipamentos de proteção e na adequação das instalações. O trabalho é conduzido, em geral, em bancada. Nível de Biossegurança 2 (NB-2) É o nível exigido para o trabalho com agentes biológicos da classe de risco 2. O acesso ao laboratório deve ser restrito a profissionais da área, mediante autorização do profissional responsável. Nível de Biossegurança 3 (NB-3) Este nível é aplicável aos locais onde forem desenvolvidos trabalhos com agentes biológicos da classe de risco 3. Nível de Biossegurança 4 (NB-4) Este nível é necessário a trabalhos que envolvam agentes biológicos da classe de risco 4 e agentes biológicos especiais. Nesse tipo de laboratório o acesso dos profissionais deve ser controlado por sistema de segurança rigoroso. Os Resíduos de Serviços de Saúde são classificados em: -Grupo A (Subgrupos A1, A2, A3, A4 e A5) – Risco biológico. -Grupo B (Resíduos Químicos) – Risco químico. -Grupo C (Resíduos Radioativos) – Risco radiológico. -Grupo D (Resíduos domésticos) – Não oferece risco. -Grupo E (Resíduos Perfuro cortantes) – Risco biológico. Grupo A1 Resíduos provenientes de manipulação de microrganismos, inoculação, manipulação genética, ampolas e frascos e todo material envolvido em vacinação, materiais envolvidos em manipulação laboratorial, material contendo sangue, bolsas de sangue ou contendo hemocomponentes. Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitados por contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta incompleta. Resíduos resultantes de ensino e pesquisa ou atenção à saúde de indivíduos ou animais, som suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes de classe de risco 4. Sobras de amostra de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos e na forma livre. Este resíduo deve ser acondicionado pelo gerador em saco branco leitoso com símbolo de risco infectante, devem ser submetidos a tratamento, utilizando processos que vierem a ser validados para a obtenção de redução ou eliminação da carga microbiana, em equipamento compatível com Nivel III de inativação microbiana (autoclave). Grupo A2 Corresponde a carcaças, peças anatômicas, vísceras animais e até mesmo animais que foram submetidos a processo de experimentação com microrganismos que possam causar epidemia. Como estes resíduos possuem um alto grau de risco, devem ser acondicionadosem sacos vermelhos contendo símbolo de risco infectante. Grupo A3 Peças anatômicas (membros humanos), produtos de fecundação sem sinais vitais, com peso inferior a 500 gramas e estatura menor que 25 cm, devem Medidas de contenção Classes de resíduos Grupo A ser acondicionados pelo gerador em saco vermelho com símbolo de risco infectante. Grupo A4 Kits de linha arteriais, filtros de ar e de gases aspirados de áreas contaminadas, sobras de laboratório contendo fezes, urina e secreções, tecidos e materiais utilizados em serviços de assistência à saúde humana ou animal, órgãos e tecidos humanos, carcaças, peças anatômicas de animais, cadáveres de animais e outros resíduos que não tenham contaminação ou mesmo suspeita de contaminação com doença ou microrganismos de importância epidemiológica. Estes resíduos devem ser acondicionados pelo gerador em sacos branco leitoso com símbolo de risco infectante. • Frascos contendo sêmen, líquido folicular ou oócitos contaminados podem ser esvaziados na rede coletora de esgotos com tratamento, desde que haja o consentimento, devidamente formalizado, da empresa de saneamento competente; os frascos vazios ou com volume residual são considerados do grupo A4; • Frascos descartados sem serem previamente esvaziados devem ser classificados no grupo A1 Grupo A5 Órgãos, tecidos, fluidos e todos os materiais envolvidos na atenção à saúde de indivíduos ou animais com suspeita ou certeza de contaminação por príons (agentes infecciosos compostos por proteínas modificadas). Estes materiais devem ser acondicionados pelo gerador em 2 sacos vermelhos (um dentro de outro) contendo símbolo de risco infectante. Trata-se de medicamentos, cosméticos, reagentes de laboratório, produtos saneantes domissanitários, produtos usados em revelação de exames e etc. No caso dos reagentes de laboratório ou outros materiais líquidos, o gerador deve efetuar a correta segregação, identificação (nome do produto) e o acondicionamento, que deverá ser feito levando em conta a incompatibilidade química dos materiais, para evitar acidentes. Devem ser descartados em galões coletores específicos. Resíduos radioativos (Cobalto, Lítio). Devem ser descartados em caixas blindadas. Resíduos comuns (Fraldas, frascos e garrafas pets vazias, marmitex, copos, papel toalha). Devem ser descartados em lixeiras revestidas com sacos pretos. Resíduos perfurocortantes como agulhas, lâmina de bisturi, frascos e ampolas de medicamentos. Devem ser descartados em coletor especifico no local de sua geração em embalagens estanques, resistentes a punctura, ruptura, vazamento e devidamente identificado através do símbolo de risco correspondente. Nunca devem ser colocados diretamente em sacos plásticos juntamente com outros resíduos infectantes, pois pode provocar acidentes. • Classes de risco 1 e 2 podem ser tratados fora da unidade geradora, desde que este tratamento ocorra nas dependências do serviço de saúde. • Classes de risco 3 e 4 devem ser tratados na unidade geradora. • Os RSS do Subgrupo A2 contendo microrganismos com alto risco de transmissibilidade, alto potencial de letalidade ou que representem risco, caso sejam disseminados no meio ambiente, devem ser submetidos, na unidade geradora, a tratamento que atenda ao Nível III de Inativação Microbiana. • Os recipientes de acondicionamento dos RSS do Grupo E devem ser substituídos de acordo com a demanda ou quando o nível de preenchimento atingir 3/4 (três quartos) da capacidade ou de acordo com as instruções do fabricante, sendo proibidos seu esvaziamento manual e seu reaproveitamento Grupo B Grupo C Grupo D Grupo E Observações Classe Bactéria Vírus Fungos Parasitas 1 Lactobacillus sp Bacillus sp X X X 2 Actinomadura madurae B. henselae; Chlamydia pneumoniae Enterobacter aerogenes Salmonella sp Staphylococcus aureus; Adenovirus humanos, caninos e de aves Dengue tipos 1, 2, 3 e 4 Febre Amarela vacinal Hantavirus Hepacivirus Herpesvirus Papilloma-virus Candida albicans C. tropicalis Penicillium marneffei Ancylostoma (humano e animal) A. duodenale Giardia sp. Leishmania sp Shistosoma sp. Strongyloides sp. Taenia saginata e solium Toxoplasma sp. Trichuris trichiura Trypanosomasp. 3 Bacillus anthracis Bartonella, exceto os listados na classe de risco 2 Chlamydia psittaci (cepas aviárias) Clostridium botulinum Escherichia coli, cepas verotoxigênicas como 0157:H7 ou O103 Mycobacterium bovis, exceto a cepa BCG M. tuberculosis; Pasteurella multocida tipo B, amostra buffalo e outras cepas virulentas Febre Amarela não vacinal príons – incluindo agentes de encefalopatias espongiformes transmis- síveis Retrovirus, incluindo os vírus da imunodeficiência humana (HIV-1 e HIV-2), vírus linfotrópico da célula T humana (HTLV-1 e HTLV- 2) e vírus da imunodeficiência de símios (SIV); Coccidioides immitis, culturas esporuladas; Histoplasma capsulatum, todos os tipos, inclusive a variedade duboisii e variedade capsulatum. X 4 Cowdria ruminatium Arenavirus agentes de febres hemorrágicas (Guanarito, Junin, Machupo e Sabiá); encefalites transmitidas por carrapatos; Filovirus(vírus Marburg, Ebola e outros relacionados);Herpesvirus do macaco (vírus B); vírus da febre catarral maligna de bovinos e cervos; vírus da doença hemorrágica de coelhos X Theileria annulata; T. bovis; T. hirci; T. parva e agentes relacionados Tabela Classes de risco
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