Buscar

O Pedagogo e as suas áreas de Atuação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 108 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 108 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 108 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

1
O PEDAGOGO E SUAS
ÁREAS DE ATUAÇÃO
Ronald Álex Santos Reis
Marilene Nunes
EDUCAÇÃO A 
DISTÂNCIAFACULDADE ÚNICA
1
O PEDAGOGO E SUAS
ÁREAS DE ATUAÇÃO
RONALD ÁLEX SANTOS REIS
MARILENE NUNES
1
Ronald Álex Santos Reis
Pedagogo (Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, UNILESTE-MG) e Especia-
lista em Inspeção Escolar e Docência no Ensino Superior (Faculdade Única de Ipatin-
ga). Atua como professor do Curso de Pedagogia (EAD) da Faculdade Única e como 
pro-fessor da Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental na rede pública.
Marilene Nunes
Pedagoga (Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, UNILESTE-MG), Especialista em 
Gestão Estratégica de Recursos Humanos (Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, 
UNILESTE-MG) e Mestre em Administração com ênfase em Gestão do Conhecimento (Fa-
culdades Integradas de Pedro Leopoldo, FIPEL). Possui mais de 20 anos de experiência nas 
áreas de docência (Educação Infantil e Ensino Superior), coordenação e supervisão peda-
gógica. Atua como Coordenadora e professora do Curso de Pedagogia (EAD) da Faculdade 
Única.
2
O PEDAGOGO E SUAS
ÁREAS DE ATUAÇÃO
1° edição
Ipatinga, MG
Faculdade Única
2021
3
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL
Diretor Geral:
Diretor Executivo:
Ger. do Núcleo de Educação à Distância:
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: 
Revisão Gramatical e Ortográfica:
Revisão/Diagramação/Estruturação:
Design:
Valdir Henrique Valério
William José Ferreira
Cristiane Lelis dos Santos
Gilvânia Barcelos Dias Teixeira
Izabel Cristina da Costa
Bruna Luíza Mendes Leite
Carla Jordânia G. de Souza
Aline de Paiva Alves 
Bárbara Carla Amorim O. Silva
Élen Cristina Teixeira Oliveira 
Taisser Gustavo Soares Duarte
.NEaD – Núcleo de Educação as Distancia FACULDADE ÚNICA 
Rua Salermo, 299
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300
www.faculdadeunica.com.br
© 2021, Faculdade Única.
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização 
escrita do Editor
Reis, Ronald Álex Santos 
O pedagogo e suas áreas de atuação / Ronald Álex Santos Reis, Marile-
ne Gonçalves Nunes. – 1. ed. Ipatinga, MG: Editora Única, 2020. 
137 p. il.
Inclui referências. 
 
 ISBN: 978-65-990786-3-7
 1. Pedagogia – Áreas de Atuação. 2. Pedagogo. I. Reis, Ronald Álex San-
tos. II. Nunes, Marilene Gonçalves. III. Título.
CDD: 371.422
 CDU:37.04 
R375p
 Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
http://www.faculdadeunica.com.br
4
LEGENDA DE
Ícones
Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas 
quais você precisa ficar atento.
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do 
conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones 
ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado 
trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a 
seguir:
São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca 
virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, 
associando-os a suas ações.
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos 
conteúdos abordados no livro.
Apresentação dos significados de um determinado termo ou 
palavras mostradas no decorrer do livro.
 
 
 
FIQUE ATENTO
BUSQUE POR MAIS
VAMOS PENSAR?
FIXANDO O CONTEÚDO
GLOSSÁRIO
5
SUMÁRIO
1.1 Introdução...............................................................................................................................................................8
1.2 De onde vem a pedagogia?........................................................................................................................8
1.3 Fatos e marcos da história da pedagogia.......................................................................................12
1.4 As concepções e contribuições da pedagogia............................................................................16
2.1 Introdução...........................................................................................................................................................23
2.2 Comenius: o pai da pedagogia e das didáticas modernas...............................................23
2.3 Rousseau: o pai da pedagogia contemporânea e suas concepções.........................26
2.4 Teóricos tradicionais e suas concepções pedagógicas.......................................................29
2.5 Destrinchando o método de Paulo Freire.....................................................................................37
3.1 Introdução...........................................................................................................................................................48
3.2 Percurso percorrido durante a construção das diretrizes curriculares....................50
3.3 Estado atual dos cursos de pedagogia...........................................................................................52
UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
PERCURSO HISTÓRICO DA PEDAGOGIA: IDENTIDADE EPISTEMOLÓGICA E 
PROFISSIONAL
OS GRANDES TEÓRICOS DA PEDAGOGIA: DOS TRADICIONAIS AOS 
CONTEMPORÂNEOS
4.1 Introdução............................................................................................................................................................61
4.2 Características essenciais do bom pedagogo............................................................................61
4.3 Dismistificando o senso comum: o pedagogo é apenas professor?.........................62
4.4 Construção da identidade profissional dos pedagogos....................................................63
UNIDADE 4
DIRETRIZES QUE FUNDAMENTAM A PROFISSÃO DO PEDAGOGO
A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO: COMPETÊNCIAS E HABILIDADES PARA
ATUAÇÃO PROFISSIONAL
UNIDADE 5
ATUAÇÃO DO PEDAGOGO: ÁREAS, ATRIBUIÇÕES E PRINCÍPIOS ÉTICOS
5.1 Introdução...........................................................................................................................................................72
5.2 Pedagogia: ampliando o olhar sobre o mercado de trabalho........................................72
5.3 A atuação do pedagogo em espaços não escolares.............................................................73
UNIDADE 6
A PEDAGOGIA COMO CAMPO INVESTIGATIVO TEÓRICO-PRÁTICO DA 
EDUCAÇÃO
6.1 Introdução............................................................................................................................................................91
6.2 As múltiplas faces da pedagogia.........................................................................................................91
6.3 Relação entre teoria e a prática dentro da pedagogia........................................................93
6.4 A face política da pedagogia.................................................................................................................95
6
UNIDADE 1
Nesta unidade, serão apresentadas informações acerca das origens da Pedagogia, 
que remontam ao século V, na Grécia antiga, que teve em Platão a primeira idealização 
de um Sistema educacional, que tinha como premissa rejeitar a educação que se 
praticava na Grécia até então.
UNIDADE 2
A segunda unidade apresentará nomes e pensamentos de grandes teóricos da 
Pedagogia, desde os tradicionais até os contemporâneos, brasileiros e estrangeiros. 
Os pensamentos dessas figuras, consideradas como fundamentais no processo de 
construção do conceito de Pedagogia, serão abordados, bem como suas contribuições 
para a sociedade em diferentes épocas
UNIDADE 3
Na unidade três, serão analisadas as DCN´s (Diretrizes Curriculares Nacionais) dos 
cursos de Pedagogia no Brasil e os marcos que contribuíram para sua consolidação, 
levando-se em conta a sua importância para o processo de construção da identidadeda Pedagogia e dos pedagogos, como profissionais.
UNIDADE 4
Após a análise das Diretrizes Curriculares Nacionais, que regulamentam as 
estruturas dos cursos de Pedagogia no Brasil, nesta unidade, serão destacadas as 
competências e habilidades exigidas dos profissionais que cursam e formam-se em 
Pedagogia, tendo em vista os estudos teórico-práticos, investigação e reflexão crítica 
acerca de diferentes noções elementares que envolvem as ações profissionais de 
um pedagogo.
UNIDADE 5
Na unidade 5, serão demonstradas as áreas de atuação destinadas aos profissionais 
da Pedagogia e quais são as atribuições dos cargos em questão e os princípios éticos 
que norteiam cada uma das áreas de trabalho citadas.
UNIDADE 6
Será apresentada a origem da educação especial e dos fatores culturais e bilíngues 
no processo educacional. Expõe os pontos importantes para as metodologias a serem 
utilizadas nas escolas e os conceitos a serem trabalhados em âmbito educacional.
C
O
N
FI
R
A
 N
O
 L
IV
R
O
7
PERCURSO HISTÓRICO DA 
PEDAGOGIA: IDENTIDADE 
EPISTEMOLÓGICA E PROFISSIONAL
UNIDADE
01
8
1.1 INTRODUÇÃO
 O Ministério da Educação (MEC) (2019) por meio do Censo da Educação Superior, 
apontou que o curso de Pedagogia é um dos dez cursos de graduação com mais alunos 
matriculados no Brasil. 
 Como aponta Libâneo (2001), a Pedagogia tem como principal funcionalidade a 
formação escolar de crianças, que engloba processos educativos diversificados, métodos 
variados e maneiras distintas de ensinar. Contudo, antes de qualquer coisa, ela tem um 
significado bem mais abrangente, já que é um campo de conhecimentos que abarca a 
problemática educativa em sua totalidade e marcas históricas.
 Tais apontamentos evidenciam que a Pedagogia possui papel preponderante no 
que se refere às discussões acerca dos rumos da educação brasileira. Porém, para melhor 
compreender as perspectivas que a Pedagogia infere sobre o campo educacional, é neces-
sário analisar sua trajetória histórica.
 Por isso, nesta unidade, o ponto de partida problematizador se dará por uma reflexão 
acerca das origens da Pedagogia, com suas singularidades e complexidades socio históri-
cas, principalmente para se dar maior visibilidade à construção da identidade profissional 
e epistemológica do pedagogo.
 Objetivos de aprendizagem:
 Ao final desta unidade você deve apresentar os seguintes conhecimentos:
 • Identificar e reconhecer os eventos que culminaram na origem da Pedagogia.
 • Indicar os marcos e fatos históricos que contribuíram na construção da identidade 
dos pedagogos.
1.2 DE ONDE VEM A PEDAGOGIA?
 Primeiramente, é necessário conhecer a base de construção vocabular da palavra 
Pedagogia, que advém do grego e, em sua etimologia, é derivada de dois radicais, que são 
Paidos, que, na língua grega antiga, significava “criança” e Agoge, que pode ser traduzido 
como “conduzir” ou “condução”. Assim, a origem da palavra Pedagogia tinha como signifi-
cado “conduzir a criança”, isto é, ensiná-la e a ajudar em seu crescimento e desenvolvimen-
to (ARAÚJO JR.; GASTAL, 2018).
 Esse processo de condução ao crescimento e desenvolvimento remonta ao período 
mais primitivo da história da humanidade, a Pré-História, período em que não existia edu-
cação formal (Escolas), no qual os conhecimentos eram apreendidos pelas crianças por 
meio de seu ambiente físico e social, a partir de experiências empíricas, isto é, adquiridos 
por intermédio da observação e experiências cotidianas (ROSA; ZINGANO, 2013). 
 Para elucidar melhor como a evolução do homem influenciou sua capacidade de 
aprender, é essencial mencionar as suas diferentes fases, que englobam o desenvolvimen-
to de seus ancestrais (Hominídeos). Estas fases são:
 • Australopithecus (de 5 milhões a 1 milhão de anos atrás): período no qual o ho-
mem era caçador, que lascava a pedra e construía abrigos.
 • Pitecanthropus (de 2 milhões a 200 mil anos atrás): fase em que o cérebro era 
pouco desenvolvido, na qual o homem vivia da colheita e da caça, alimentando-se de modo 
9
misto, já conhecendo o fogo, mas mergulhado em uma conjuntura demarcada pelo medo 
e pela fragilidade;
 • Homem de Neandertal (de 200 mil a 40 mil anos atrás): período em que o homem 
aperfeiçoou suas armas e fomentou um culto aos mortos, criando até um gosto estético 
(perceptível nas artes rupestres), que transmitia o seu saber técnico, até então, circunscrito.
 • Homo sapiens: fase que já corresponde às características atuais, uma vez que o 
homem já constrói sua linguagem, engendra múltiplas técnicas e educa os seus “filhotes”. 
Além disso, vive da caça, possui “dotes artísticos” (Arte naturalista e animalista) e está im-
pregnado de cultura mágica, englobada por diferentes rituais, cultos e crenças.
Hominídeos: Os Hominídeos foram os primeiros ancestrais do ser humano atual, tendo vivi-
do na África do Sul e surgido há cerca de 2 milhões de anos.
Artes rupestres: Representações artísticas pré-históricas, realizadas em paredes, tetos e ou-
tras superfícies de abrigos e cavernas rochosas.
GLOSSÁRIO
Figura 1: A evolução humana
Fonte: Evogenind (2010)
 Neste período da história, conhecido como Paleolítico e permeado por fases distin-
tas, apesar de passar por transmutações e evoluções, os indivíduos, como apontado acima 
(FIGURA 1), ainda possuíam um cérebro limitadamente desenvolvido, mas já sobreviviam 
por meio da busca pela subsistência, procurando tudo o que era necessário para sustentar 
a vida do grupo por via da caça, da pesca, da coleta de sementes, frutos e raízes, dentre 
outras atividades fundamentais para sua sobrevivência (ROSA; ZINGANO, 2013).
 Contudo, os mesmos autores ainda apontam que, mesmo com grandes progredi-
mentos, tais sujeitos ainda viviam imersos numa condição ínfima, devido ao conhecimen-
to limitado acerca do mundo que os cercava. Assim sendo, visualizando a necessidade de 
conservar e perpetuar sua existência, com o intuito de superar suas limitações intelectivas 
e físicas, os indivíduos pertencentes as tais épocas compreenderam o quão fundamental 
seria a educação das crianças e jovens, que, posteriormente, teriam como tarefa central 
proteger os grupos nos quais viviam. Dessa forma, coube aos chamados chefes de família/
anciãos a atividade crucial de realizar a transmissão e o desenvolvimento da cultura vigen-
te a esses indivíduos.
10
Mas, tendo em vista essas limitações apresentadas pelos povos de tal época, como a trans-
missão e o desenvolvimento dessa cultura, de fato, ocorria no período da Pré-História?
VAMOS PENSAR?
 Os filhos normalmente brincam com seus pais e estabelecem, desde sua infância, 
vínculos mais estreitos com diferentes figuras e, por meio dessa relação, realiza-se um 
“treinamento” desses indivíduos, que apreendem diferentes conhecimentos a partir de 
interpretações empíricas. Isso também ocorreu, conforme aponta Nunes (2006), - e numa 
intensidade mais complexa- com os homens primitivos, que, por meio da imitação/repro-
dução de movimentos e ações, tornaram-se seres capazes de ensinarem diversos ofícios 
aos aprendentes, tais como: uso e funcionalidade das armas, a importância de se dominar 
a caça e a colheita, o uso da linguagem, o culto dos mortos, as técnicas de transformação 
e domínio do meio ambiente, entre outros rudimentos.
 Dessa forma, como apontado anteriormente, desde a antiguidade, a Pedagogia, 
mesmo que de maneira informal e desprovida de base minimamente intelectualizada, foi 
tencionada com o intuito de educar os seres humanos, homens e mulheres, tornando-os 
capazes de garantir a sobrevivência de suas espécies, constituídas por sociedades dotadas 
de singularidades histórico-culturais.
 A partir dessa visão antropológica, durante os diversos percursos históricos experien-
ciados, a Pedagogia passou por múltiplas mudanças estruturais, que concernem às doutri-
nas, ideologias e perspectivas políticas às quais foi associada. Tais mudanças substanciais 
em sua forma, permitiram uma compreensão mais ampla acerca de sua evolução, dos 
processosde transmutação, das etapas, das acelerações, dos afrouxamentos, permitindo 
também constituir um balanço substancial e sobretudo mais compreensível da situação 
da educação atual. 
Paleolítico: É um dos períodos em que se divide a Pré-história. É o primeiro dos períodos, 
abrangendo entre 2, 7 milhões de anos até 10.000 anos atrás.
Antropologia: Ciência que estuda os costumes, crenças, hábitos e aspectos físicos dos dife-
rentes povos, isto é, a diversidade cultural dos povos que habitaram e habitam o planeta.
GLOSSÁRIO
 As modificações ocorridas na estrutura da Pedagogia também permitiram e ainda 
permitem engendrar elementos de reflexão e de elucidação considerados indispensáveis 
para o entendimento da identidade epistemológica e profissional dos Pedagogos (GON-
ÇALVES; DONATONI, 2007).
Então, pensando por meio dessa ótica, pautada pelas alterações estruturais e basilares da 
Pedagogia, quando houve, de fato, a construção de uma filosofia educacional sólida e for-
malizada no que tange ao pensamento pedagógico, sua importância e contribuição para a 
sociedade em geral? 
VAMOS PENSAR?
11
 Assim como em sua etimologia, a Pedagogia tem na Grécia clássica o seu berço, 
uma vez que o filósofo grego Platão (428-347 a.C) foi o primeiro indivíduo a conceber um 
sistema educacional formalizado para seu tempo, integrando-o a uma dimensão política 
e social. O objetivo fundante da educação, segundo as ideias platônicas, baseava-se na 
formação moral do homem, o que permitiria a todos viver em um Estado justo (VICENTE, 
2014).
 Como abordam Gonçalves e Donatoni (2007), Platão foi o segundo grande filósofo 
pertencente à chamada tríade dos grandes filósofos gregos, tendo sido discípulo de Sócra-
tes (469-399 a.C.) e precedido por Aristóteles (384-322 a.C). Foi um dos principais responsá-
veis por construir os alicerces da filosofia e da ciência no mundo ocidental. 
Saiba mais sobre a vida e obra de Platão, filósofo e matemático do período clássico da Grécia 
Antiga. Veja mais no link: https://bit.ly/3nuR4CK. Acesso em: 16 dez. 2019
BUSQUE POR MAIS
 Na mesma ótica apregoada por Sócrates, Platão rejeitava a educação que se pratica-
va na Grécia até então, que era difundida pelos sofistas, que se constituíam de grupos de 
pensadores que, por meio da oratória, transmitiam conhecimentos técnicos para atraírem 
os estudantes, de quem cobravam taxas para oferecer-lhes educação. Tal educação sofís-
tica pautava-se na ideia de satisfazer os imediatismos dos indivíduos, de maneira pragmá-
tica e relativizada, para que as incertezas se tornassem mais enraizadas no inconsciente 
coletivo, favorecendo a desqualificação dos costumes e o enfraquecimento dos antigos 
valores (CASTRO, 2013). 
 Isto indica que as concepções defendidas pelos sofistas amparavam-se na ideia de 
uma educação “utilitária”, na qual as verdades eram relativizadas e os indivíduos que fo-
mentassem melhores discursos se sobressairiam sobre os demais, excluindo-se, assim, a 
formação do cidadão moral, deturpando princípios e degenerando pensamentos (SOUZA; 
MELO, 2012). 
 Os pensamentos sofistas eram amplamente refutados por Platão, que acreditava 
em uma educação totalmente distinta da propagada por tais sujeitos. Segundo Paviani 
(2008), Platão tinha como principal proposta educacional a formação moral dos homens, 
com o objetivo de garantir, assim, a virtude, os valores e a excelência humana. 
 A partir de tal visão de mundo, Platão produziu uma Filosofia educacional que ainda 
sustenta a Pedagogia atual, priorizando não a transmissão de conhecimentos, tão comum 
naquele período, mas, sim, levando os indivíduos a procurarem respostas, eles mesmos, 
para suas inúmeras inquietações. Dessa forma, negava todo e qualquer método de ensino 
considerado autoritário ou que coibia o pensamento livre, enfocando sua teoria educacio-
nal no aperfeiçoamento humano (PAVIANI, 2008). 
 Nesse ponto, Paviani (2008, p. 45) pontua que:
A visão pedagógica de Platão aproximava-se de sua filosofia, dando 
ênfase à dialética e à busca incessante pelas verdades mais profun-
das, rejeitando os princípios relativistas dos sofistas e priorizando o 
espírito crítico dos indivíduos.
https://bit.ly/3nuR4CK
12
1.3 FATOS E MARCOS DA HISTÓRIA
DA PEDAGOGIA
Etimologia: estudo que busca a origem e a evolução das palavras.
Sofistas: grupo de pensadores que utilizavam suas habilidades de oratória com o objetivo 
de defender argumentos ou ideias inconsistentes.
Oratória: arte de falar em público com facilidade, o mesmo que retórica.
Dialética: diálogo e/ou discurso entre pessoas que apresentam diferentes pontos de vista, 
mas buscam uma verdade essencial.
GLOSSÁRIO
 Como dito anteriormente, tal modelo educacional designado por Platão, ainda per-
meia a Pedagogia atualmente, fundamentando o pensamento do mundo ocidental, cal-
cando-se nas verdades essenciais e em conceituações palatáveis acerca dos diferentes ele-
mentos que compõem os currículos escolares.
 O modelo Platônico, como apontado previamente, influenciou a Pedagogia, como 
Ciência da Educação, em diversos períodos da história e ainda a influencia na contempora-
neidade.
 Com efeito, os progressos da humanidade conduziram a etapas de maior ou menor 
maturação dos processos pedagógicos, sendo ainda norteadas pelos ideais platônicos e 
por seus pensamentos pioneiros referentes à educação no mundo ocidental. As concep-
ções apresentadas por Platão e por outros teóricos posteriores geraram diversos debates 
pedagógicos que ainda permanecem intensos (GONÇALVES; DONATONI, 2007).
A educação, do ponto de vista de seu funcionamento e do desenvolvi-
mento dos indivíduos, é uma das atividades comuns a todas as socie-
dades humanas. Ela se renova constantemente pelo processo gera-
cional e pela história das sociedades. Não existe verdade pedagógica, 
a não ser no conjunto dos princípios escolhidos por uma sociedade. 
Uma série de práticas ligadas à sua história cumpre essa função (MO-
RANDI, 2006, p. 22).
 Como visto anteriormente, conforme apontam Gonçalves e Donatoni (2007), em de-
terminado período, as ideias projetadas pelo modelo platônico eram predominantes den-
tro da Pedagogia e assim se mantiveram até a Idade Média. Tendo em vista tal conjuntura, 
o cristianismo adotou Platão e seus ideários como base de sua filosofia oficial, enfatizando 
as concepções de perfeição e transcendência como revelações da verdade divina e absolu-
ta, interligando, assim a filosofia e o ensino cristão. 
 Eis que surge a base da Filosofia Escolástica, que é um método ocidental de pensa-
mento crítico e de aprendizagem, com origem nas escolas monásticas cristãs, que entre-
laça a fé cristã à um sistema de pensamento racional. A partir deste ponto, várias correntes 
filosóficas surgiram, calcadas em diferentes concepções educacionais. 
 Santo Agostinho (354 – 430), uma das principais figuras responsáveis por fundar as 
bases da Filosofia adotada pela Igreja Católica, priorizou em suas práticas a educação para 
os nobres e religiosos por meio da alfabetização, da retórica e da lógica, incorporando as 
ideias de Platão ao cristianismo, determinando as virtudes e a sabedoria como elementos 
13
indispensáveis na formação do indivíduo (MELO, 2002, apud SOUZA; MELO, 2009).
 Segundo Gonçalves e Donatoni (2007), outras concepções educacionais e filosóficas 
surgiram. São Tomás de Aquino (1214–1274, aproximadamente), também apontado com 
uma das maiores referências intelectuais da Igreja Católica, inaugurou o pensamento ra-
cionalista cristão, conhecido como Tomismo. 
 Conforme Demétrio (2004) apud Rodrigues et. al., (2019, p. 13):
A Escolástica chega ao ápice com Santo Tomás de Aquino (1221-1274), 
autor de uma poderosa síntese entre pensamento grego (Aristóteles, 
sobretudo, cujas obras começavam a estar disponíveis naqueles anos) 
e pensamento cristão que ainda hoje tem autoridade para ser indi-
cado como insuperável e atual para enfrentar os problemas diante 
dos quais a humanidade se encontra. Aqui, falaremos dela somente 
no quese refere à ética e, infelizmente, sem poder fazer justiça à sua 
complexidade.
Escolástica: Metodologia originada nas escolas monásticas cristãs, baseada no pensamen-
to crítico e na aprendizagem, que entrelaça a fé cristã com um sistema de pensamento 
racional.
Escola monástica: Modelo escolar da Idade média, que tinham como propósito transmitir o 
saber, os valores morais e os princípios da fé cristã para a sociedade. 
Tomismo: Estrutura de ensino baseada nas doutrinas teológicas e filosóficas de São Tomás 
de Aquino.
GLOSSÁRIO
 Como afirmam Gonçalves e Donatoni (2007), o período foi extremamente impor-
tante para a Pedagogia, pois deu-se início à intelectualidade fundamentada pela razão e 
a ideia de conhecimento como condição essencial para a felicidade e a virtude humanas. 
Além disso, enfatizou-se a possibilidade de educar leigos, pobres e outros grupos sociais 
até então excluídos. 
 No que se refere à cultura europeia, emergiu a educação humanista, que tem como 
principal premissa valorizar o humano em detrimento do espiritual. Assim sendo, liberda-
de de ação, pensamento e expressão ganharam uma dimensão considerável entre nobres 
e burgueses ricos. Além disso, as crianças passaram a serem vistas como seres de natureza 
própria, e a escola, como local de aprendizado e expansão espiritual (GONÇALVES; DONA-
TONI, 2007).
 Ainda, segundo os mesmos autores, outros movimentos então eclodiram. Entre eles, 
o protestantismo de Lutero (1483–1546), que influenciou a educação ao valorizar a alfabe-
tização e o aprendizado de línguas como conhecimentos que deveriam ser acessíveis a 
todos, foi um dos movimentos que questionou a pedagogia disseminada pela Igreja Cató-
lica. 
 A partir de tal momento, a educação/Pedagogia passou a ser vista como utilidade 
social. Logo, as ideias e práticas pedagógicas difundidas pelos protestantes começaram 
a circular nos meios escolares europeus a partir do século XVII, o que não ocorreu sem a 
reação da Igreja Católica, que, por meio do Concílio de Trento, ocorrido entre 1545 e 1563, 
buscou opor-se ao Protestantismo (ALMEIDA, 2017).
 Em seguida, como o autor supracitado aborda, como consequência da expansão 
do Protestantismo, emergiu a Contrarreforma da Igreja Católica, conduzida por Inácio de 
Loyola e pelos jesuítas. Este movimento tinha como principal alicerce a liderança da pre-
14
sença católica na educação escolar da sociedade europeia, que seria a base dessa reação 
ao processo educacional protestante. Tal base educacional pautava-se em um rígido mo-
delo de ensino intelectual e físico.
 A partir dessas mudanças consideráveis, constituídas de diferentes modelos educa-
cionais, como apontam Gonçalves e Donatoni (2007), no século XVII, religião e racionalismo, 
cultura e educação passaram a conviver de maneira minimamente harmoniosa. Seguindo 
essa linha de pensamento filosófica, René Descartes (1596–1650) se impôs na educação e o 
racionalista Comênio (1592–1670) revolucionou o ensino ao recusar a rigidez excessiva e os 
castigos corporais contra as crianças durante os processos de ensino.
 Após esse período, como expõem Teruya et. al., (2010), o pensador John Locke des-
pontou como um representante do Liberalismo econômico, que visualizava a educação 
como uma base primordial para a formação do caráter de um indivíduo, de cunho mora-
lista. Tal educação era tratada por Locke como fator de extrema relevância social para o 
homem, uma vez que seria por meio de suas ações que seus negócios poderiam prosperar, 
isto é, por meio das suas virtudes que a sua vida social favoreceria o seu desenvolvimento.
 A partir das ideias apregoadas por Locke e contrapondo-o, como abordam Gonçal-
ves e Donatoni (2007), surgiu o iluminista Rousseau (1712–1778), considerado o pai da Pe-
dagogia contemporânea, que apontou para novas perspectivas de transformações na Pe-
dagogia, apresentando uma ideia contrária à educação livresca, enfatizando os fatos e as 
experiências como fundamentais para a evolução da sociedade.
 Além de Rousseau, novos pensamentos acerca da temática educação surgiram, an-
corados nas ideias de figuras como Vico (1668–1744), Kant (1724–1804) e Dewey (1859– 1952), 
que, juntamente com outros intelectuais expressivos, influenciaram a sociedade com mar-
cos fundamentais para inovar as conceituações sobre educação. Parte deles introduziu 
ideias pautadas pela educação iluminista, outros concentraram suas obras e pensamentos 
no debate filosófico sobre a educação (GONÇALVES; DONATONI, 2007).
 No século XVIII, conforme os mesmos autores apontam, diversos fenômenos econô-
mico-sociais eclodiram na Europa e, consequentemente, transformaram a vida da socie-
dade europeia, inclusive no que se refere à educação/Pedagogia.
A Revolução industrial e eventos consequentes (revolução agrícola, 
acumulação de capital, invenção das máquinas, força-trabalho dos 
campos, crescimento de mercado mundial, processos de urbaniza-
ção) vêm modificar os modos de trabalho da sociedade moderna, as-
sim como a mentalidade e instituições como família e Igreja. Surgem 
outras classes — o proletariado; outro sujeito — o operário; e a cons-
ciência da questão social em torno das condições de vida; têm início 
movimentos de massa operária organizada. Nesse contexto, o papel 
da sociedade emerge configurado pelo imaginário coletivo entre so-
ciedade civil e Estado, criando a complexidade dialética entre a so-
ciedade contemporânea e os vários e múltiplos processos educativos.
(GONÇALVES; DONATONI, 2007, p. 07).
 Diante de tal realidade, a contemporaneidade nasceu em 1789, por meio da Revolu-
ção Francesa, marco histórico que demarcou o desequilíbrio social, econômico e político, 
que gerou uma série de distúrbios e transformações consideráveis na história da socieda-
de europeia. Tal período da Revolução Francesa, foi permeado pela industrialização, pela 
busca por direitos equânimes das massas, pela luta pela democracia e pelos movimentos 
sociais, que se rebelaram contra a elite, detentora da cultura, dos recursos econômicos e do 
poder político. 
15
Liberalismo econômico: Ideologia pautada pela organização da economia em linhas indivi-
dualistas, na qual as decisões econômicas são tomadas pelas empresas e indivíduos, sem a 
intervenção do Estado.
Revolução Francesa: Período de distúrbios políticos e sociais na França, que impactaram, 
de forma duradoura, a história do país e do continente europeu.
GLOSSÁRIO
 Como explica Silva (2011), as transformações vislumbradas pela Revolução Francesa 
englobavam a ideia de construir um sistema de ensino, criado para formar novos homens, 
isto é, os chamados futuros cidadãos. Esse sistema de ensino estruturou-se nos princípios 
de liberdade, igualdade e na democracia. 
 Como expõem Gonçalves e Donatoni (2007), perante transformações tão eferves-
centes, a Pedagogia crescia como um ponto de equilíbrio entre a vida dos cidadãos e os 
processos de reestruturação e reconstrução da sociedade. Dentro dessa conjuntura, a Pe-
dagogia tornou-se uma ciência que tinha como principal funcionalidade fomentar siste-
mas de ensino-aprendizagem que interligassem filosofia e ciência, numa dimensão mais 
ampla, não baseada apenas no empirismo, mas com uma visão epistemológica científica. 
Esse foi um período fundamental para a consolidação da Pedagogia como meio de orga-
nização e transformação social e cultural. 
 A dimensão pedagógica assumiu, então, a tarefa de formular e difundir uma plu-
ralidade de ideias necessárias para o desenvolvimento da sociedade. Porém, pedagogia 
e educação sempre foram/são marcadas por uma ideologia, em especial a marxista (Karl 
Marx), que se colocou como centro de reflexão teórica e histórica na área pedagógica. Sen-
do assim, a função ideológica da Pedagogia precisou ser vista de maneira mais crítica, não 
como um conjunto de conceitos de reprodução imediata, mas, sim, como uma forma de 
realizar inovações e transformações socioculturais por meio de processos educativos diver-
sificados (GONÇALVES; DONATONI, 2007).Essa pluralidade de ideias dentro da Pedagogia remete aos pensamentos e concei-
tuações apresentados por Nóvoa (1999), que questiona qual é a real identidade e pluralida-
de das ciências da educação nos cursos de Pedagogia e também na formação identitária 
dos próprios pedagogos.
Pensando nessa pluralidade de ideias presente dentro da Pedagogia, a pergunta que se co-
loca em pauta é: Qual a real identidade profissional do pedagogo? A partir das ideias apre-
sentadas até aqui, exponha sua resposta para essa pergunta.
VAMOS PENSAR?
 Conforme o que foi exposto, ao questionar qual é a identidade profissional do pe-
dagogo e as implicações epistemológicas de seu trabalho, várias respostas são geradas, 
apontando para diferentes funcionalidades. 
16
Nesses termos, ao questionarmos qual é nossa identidade profissio-
nal e como nos apresentamos, várias ideias e respostas se insinuam: 
de exóticas a singelas — para não dizer primárias; afinal, entre ser 
cientista da educação, docente e pedagogo (a), vivemos situações 
diversas: da arrogância à banalização. Quando se opta pela “meia so-
lução” — respondendo “sou professor” —, outras perguntas surgem: 
professor de quê? Pergunta feita em geral a profissionais da educa-
ção (GONÇALVES; DONATONI, 2007, p. 08).
 A partir desse questionamento, analisar o percurso histórico que entrelaça a Peda-
gogia e a Educação significa descobrir, redescobrir e reconstruir o trajeto percorrido pelos 
cursos de Pedagogia, destrinchando sua diversidade ideológica e suas influências na for-
mação dos pedagogos. Dessa forma, pode-se discutir a crise de identidade universal que 
abrange a profissão, que é orientada pela multiplicidade de ideias e funcionalidades pre-
sentes nas ciências da educação, que compreendem a área pedagógica. 
 Essa discussão leva a uma análise mais minuciosa acerca da posição epistemológica 
ocupada pela Pedagogia no mundo contemporâneo, que é iniciada na primeira unidade 
e retomada na terceira unidade. Tal discussão pode apresentar elementos mais claros so-
bre a pluralidade de conceitos que engloba a Pedagogia desde os anos 80, período este 
em que, no Brasil, buscou-se evidenciar quais seriam as reais influências das ciências da 
educação sobre os corpos sociais. Por isso, é preciso dialogar sobre os diversos modelos 
pedagógicos existentes, que englobam linhas de pensamento e ideologias distintas, dire-
cionadas à diferentes grupos sociais, e não apenas apresentar os fatos e marcos que cons-
tituíram a história da Pedagogia e da educação. 
1.4 AS CONCEPÇÕES E CONTRIBUIÇÕES
DA PEDAGOGIA 
 Como apresentado no início desta unidade, a palavra Pedagogia remete a uma tra-
dição pautada pelos estudos e pela busca de conhecimento. 
 Para Durkheim, esses estudos e busca pelo conhecimento são fatos sociais que a 
sociedade transmite às gerações mais jovens (crianças e adolescentes), que engloba diver-
sas ideias e fenômenos, com o intuito de formar o ser social e a pedagogia é a parte que 
contextualiza a educação, que inclui a sociologia. 
Já Herbart, responsável por formular a noção de que a Pedagogia é uma ciência, entende a 
educação como a relação direta entre a ciência e as bases pedagógicas. Influenciado pelas 
ideias de Herbart, Dewey compreende a educação como parte indissociável da Filosofia e 
da Ciência (GONÇALVES; DONATONI, 2007).
 Assim sendo, as conceituações dos pensadores citados sobre o que é Pedagogia ba-
seiam-se nas ideias que se referem à ciência da educação, à Filosofia e à Sociologia. Isto 
é, são concepções similares, mas, em alguns aspectos diferentes, do que é a Pedagogia. 
Porém, como se sabe, o percurso da Pedagogia foi marcado por modificações constantes, 
influenciadas por diferentes ideólogos e figuras históricas, como algumas já citadas. 
 Logo, os diversos acontecimentos históricos e as múltiplas sociedades que existiram 
e/ou ainda coexistem definiram e/ou definem diferentes caminhos próprios para construir 
as concepções do que é Pedagogia, o que envolve modos de ensinar, educar e lidar com a 
prática educativa.
 Nesses termos, as discussões sobre a identidade dos pedagogos e suas contribui-
ções epistemológicas devem ser sempre estimuladas e colocadas em pauta, com o intuito 
17
de construir e reconstruir saberes, que contribuam para os processos de ensino-aprendi-
zagem. No entanto, é preciso entender também que, numa conjuntura mais ampla, a Pe-
dagogia, tradicional ou nova, centra-se no processo educativo que envolve a relação entre 
professor e aluno, na ideia de para quê e como se ensina. Assim sendo, é importante que 
tais discussões gerem, de fato, saberes e práticas que deem à Pedagogia novos significa-
dos e resultados positivos.
 Pensando, então, na tradição pedagógica escolar, a escola deve se reordenar estru-
turalmente, estabelecendo como principal objetivo o desempenho satisfatório dos edu-
candos, fazendo das discussões propostas uma nova ferramenta de construção de conhe-
cimentos, que permita aos aprendentes compreender de maneira mais lúcida a escola e o 
mundo que os rodeia.
 Contudo, apesar de apresentar as funcionalidades que permeiam o trabalho de um 
pedagogo dentro do ambiente escolar, neste material didático serão mostradas também 
outras áreas nas quais os pedagogos podem atuar. Isto é, serão apresentadas, além da área 
escolar, alternativas de atuação em diferentes espaços, tais como: Instituições Hospitala-
res, espaços empresariais, entre outros círculos profissionais.
 A exibição destes espaços, não escolares, apontam para um novo perfil de profissio-
nais da Pedagogia, em ambientes que extrapolam as instituições escolares e ainda, au-
mentam as possibilidades de empregabilidade dos pedagogos.
18
FIXANDO O CONTEÚDO
1. A Pedagogia, durante seu percurso de desenvolvimento, passou por inúmeras fases até 
se constituir como uma ciência da educação devidamente estabelecida. Nessa perspecti-
va, o processo de construção da Pedagogia foi diretamente influenciado pela evolução do 
homem no que se refere à sua capacidade de aprender e lidar com o mundo. Tendo isso 
em vista, em acordo com o material estudado, as fases pelas quais os seres humanos pas-
saram até alcançar o status no qual se encontra hoje foram:
a) Homo sapiens, Australopithecus e Pitecanthropus
b) Australopithecus, Pitecanthropus, Homem de Neandertal e Homo sapiens.
c) Hominídeos, homem de Neandertal e Pitecanthropus.
d) Autralopithecus, pitecanthropus, Homo Sapiens e Home de Neandertal.
e) Pitecanthropus, hominídeos, Australophitecus e Homo Sapiens.
2. Conforme Nunes (2006) aponta, os filhos, ao brincarem com diferentes figuras (pais, 
familiares, amigos, etc.), estabelecem, desde sua infância, vínculos mais estreitos com tais 
indivíduos. Por meio dessa relação, realiza-se um “treinamento” desses sujeitos, que apre-
endem diferentes conhecimentos a partir de interpretações empíricas, permitidas pela 
convivência diária. No período da Pré-História, apesar das limitações intelectuais, tal pro-
cesso de aprendizagem também ocorria, com o intuito de garantir a sobrevivência das 
espécies viventes.
Pensando nisso, o ensino dos ofícios aprendidos pelas crianças e jovens, como caça, pesca 
e colheita, efetuados pelas figuras mais velhas, durante a Pré-História, tinham como obje-
tivo:
a) Garantir a sobrevivência de suas espécies.
b) Garantir uma comunicação de alto repertório comunicativo.
c) Explorar as potencialidades de cada indivíduo.
d) Construir novas histórias e linhas de pensamento filosóficas.
e) Demonstrar a interpelação entre o passado e o presente das espécies viventes.
3. Analise as afirmativas abaixo, que falam sobre as origens da Pedagogia, e assinale a al-
ternativa correta:
a) A Pedagogia, como processo formalizado, constituiu-se durante o período da Pré-Histó-
ria, por meio das práticas executadas pelos Hominídeos.
b) As práticas pedagógicas intelectualizadas desenvolveram-se a partir do momento que 
os Hominídeos compreenderam a importância de transmitir os conhecimentos para crian-
çase jovens, visando a perpetuação de suas espécies.
c) A Pedagogia teve na Grécia clássica o seu berço, quando o filósofo grego Platão deu à luz 
a um sistema educacional formal para seu tempo, integrando-o a uma dimensão política 
e social, baseada na formação moral do homem.
d) Durante o percurso de construção histórica da Pedagogia, múltiplas transformações 
19
estruturais ocorreram, mas tais mudanças não foram diretamente influenciadas pelas con-
junturas socioculturais de diferentes períodos da história.
e) Inicialmente, a Pedagogia, em sua fase informal, que remete ao período pré-histórico, foi 
tencionada com a missão de formar sujeitos capazes de compreender o mundo em diver-
sos aspectos filosóficos, políticos e culturais.
4. Platão, como se sabe, fez parte da chamada “tríade da Filosofia”, tendo sido discípulo de 
Sócrates ((469-399 a.C.) e precedido por Aristóteles (384-322 a.C). Ele foi um dos principais 
filósofos do mundo ocidental e é considerado como um dos principais responsáveis por 
fomentar os alicerces da filosofia e da ciência no mundo ocidental. Considerando a obra de 
Platão, analise as assertivas abaixo.
I. A educação proposta por Platão se distinguia da educação dos sofistas por considerar a 
razão como instrumento fundamental para a vida humana.
II. Os sofistas eram formados por grupos de pensadores que tinham como objetivo satis-
fazer os imediatismos dos indivíduos, de maneira pragmática e relativizada, para que as 
incertezas se tornassem mais enraizadas no inconsciente coletivo, favorecendo a desquali-
ficação dos costumes e o enfraquecimento dos antigos valores.
III. A educação grega foi caracterizada pela presença de diferentes linhas filosóficas, pre-
sentes nas ideias de Sócrates, dos Sofistas, Platão e Aristóteles, que cultivavam e dissemi-
navam os mesmos pensamentos e processos de ensino. 
É correto apenas o que se afirma em:
a) I e II.
b) II e IV.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, III e IV
5. Conforme as informações apresentadas, o modelo educacional fomentado por Platão in-
fluenciou a Pedagogia, como ciência da educação, em diversos períodos da história e ainda 
a inspira na contemporaneidade. Assim sendo, durante a Idade Média, as ideias platônicas 
continuaram promovendo reflexões e pensamentos de caráter complexos, tornando-se a 
base filosófica oficial adotada pelo cristianismo. Baseando-se em tal preceito, surgiu a Fi-
losofia Escolástica. 
I. A Filosofia Escolástica, método ocidental de pensamento crítico e de aprendizagem com 
origem nas escolas monásticas cristãs, entrelaça a fé cristã à um sistema de racionalidade 
do pensamento.
II. Seguindo os preceitos da Filosofia Escolástica, várias correntes de pensamento foram 
construídas, influenciadas diretamente pela fé cristã e também pelos ideários platônicos.
III. A Filosofia Escolástica afastava-se das ideias apregoadas por Platão, valorizando apenas 
os princípios cristãos, sem recorrer às linhas de pensamento racionais.
Sobre as afirmativas acima, assinale a alternativa correta:
a) Apenas o item I está correto.
20
b) Apenas os itens I e II estão corretos.
c) Apenas os itens II e III estão corretos.
d) Apenas o item III está correto.
e) Todos os itens estão corretos.
6. Analise as afirmativas a seguir.
Após o advento da Filosofia Escolástica, deu-se início à intelectualidade pautada pela ra-
cionalidade e pelo conhecimento como condições essenciais para a felicidade e a virtude 
humanas. Logo outras linhas de pensamento filosófico surgiram, calcadas na razão. Na 
Europa, por exemplo, emergiu a educação humanista, objetivando valorizar o humano 
em detrimento do espiritual.
Agora, assinale a opção correta.
a) As duas afirmativas são verdadeiras e a segunda é uma consequência da primeira.
b) A primeira afirmativa é uma proposição verdadeira, e a segunda é falsa.
c) A primeira afirmativa é verdadeira e a segunda falsa.
d) A primeira alternativa é falsa e a segunda verdadeira.
e) Ambas as afirmativas são falsas.
7. Após a eclosão da Filosofia Escolástica, implementada pela Igreja Católica, novas linhas 
de pensamento filosóficas se estabeleceram, o que engendrou também novas práticas 
pedagógicas a serem desenvolvidas. Nessa ótica, o poder instituído pela Igreja Católica, 
até então, dominante, passou a ser questionado. 
Nesse cenário surgiu o protestantismo, liderado e idealizado por Lutero que tinha como 
objetivo:
a) Apoiar e reiterar os princípios e modelos educativos aplicados pela Igreja Católica até 
então.
b) Contribuir para disseminação da Filosofia Escolástica, difundida por pensadores como 
Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.
c) Instaurar em todas as instituições escolares os ideários pedagógicos propagados pela 
Filosofia Escolástica
d) Valorizar a alfabetização e o aprendizado de línguas como conhecimentos que deve-
riam ser acessíveis a todos os indivíduos, pertencentes a qualquer grupo social.
e) Desconstruir a ideia de que a educação deveria ser ofertada a todos os indivíduos e 
grupos.
8. Leia a afirmativa abaixo.
Diversos acontecimentos históricos e as várias sociedades que existiram e/ou ainda coe-
xistem definiram e/ou definem diferentes caminhos para estabelecer novas concepções 
acerca do que é Pedagogia. Tais concepções englobam diferentes modos de ensinar e 
lidar com a prática educativa, além de determinarem novas funcionalidades para o profis-
sional da Pedagogia.
 Dentre as afirmativas abaixo, qual é a que complementa a ideia apresentada acima.
21
a) Tais acontecimentos históricos nada têm a ver com o processo de construção e concep-
ção das diversas práticas pedagógicas disseminadas com o passar de décadas e séculos.
b) Dentro desse percurso histórico, apenas pensadores que se dedicaram inteiramente à 
educação foram responsáveis por definir os conceitos e pensamentos pedagógicos.
c) Por isso, as discussões e diversidade de ideias relativas às concepções e ideias do que é 
Pedagogia não devem ser levadas em conta, uma vez que este é um campo de atuação 
bem restrito, que não necessita de uma reestruturação de conhecimentos e saberes. 
d) Nessa perspectiva, as concepções e contribuições epistemológicas da Pedagogia não se 
relacionam a ideologias, doutrinas e perspectivas políticas distintas.
e) Por isso, novas discussões sobre a identidade dos pedagogos e suas contribuições epis-
temológicas devem ser sempre estimuladas, com o objetivo de construir e reconstruir sa-
beres que contribuam para a evolução dos processos de ensino-aprendizagem, bem como 
para a reestruturação das funcionalidades que um pedagogo deve e pode exercer.
22
Figura 9: Estrutura das bases nitrogenadas que compõem os ácidos nucleicos
Fonte: Nelson e Cox (2019, p. 283)
 As bases nitrogenadas possuem uma conformação estrutural que permite sua 
ligação com uma base nitrogenada correspondente (Figura 10), assim, no DNA a adenina 
se liga à timina, enquanto a guanina se liga a citosina, enquanto no RNA a uracila assume 
a posição da timina ao se ligar a adenina de forma complementar (NELSON; COX, 2019; 
MARQUES; BALDINI, 2017; VOET; VOET; PRATT, 2014).
 
OS GRANDES TEÓRICOS DA 
PEDAGOGIA: DOS TRADICIONAIS 
AOS CONTEMPORÂNEOS
UNIDADE
02
23
2.1 INTRODUÇÃO
 Nessa unidade, serão apresentados nomes e pensamentos de grandes teóricos da 
Pedagogia, desde os tradicionais até os contemporâneos, brasileiros e estrangeiros, bem 
como suas contribuições para a sociedade em suas respectivas épocas e também na con-
temporaneidade. 
 Após analisar e discorrer sobre os pensamentos de atores históricos que atuaram 
nos primórdios da Pedagogia, desde a Grécia Antiga, durante e depois da Idade Média, de 
Platão à Locke, inicialmente, serão expostas análises sobre a obra de duas figuras consi-
deradas essenciais na construção da conceituação da Pedagogia. Ambos receberam, em 
dado momento de suas vidas, a alcunha de “Pais da Pedagogia”. Estes são Joan Amós 
Comenius (1592-1670) e Jean Jacques- Rousseau (1712- 1778), que foram responsáveis por 
influenciar as ideias de reconhecidosteóricos da Pedagogia, como Jean Piaget e Maria 
Montessori, que serão retratados posteriormente.
 Objetivos de aprendizagem:
 Ao final desta unidade você deve apresentar os seguintes conhecimentos:
 • Identificar os aspectos que influenciaram as linhas de pensamento dos teóricos da 
Pedagogia;
 • Reconhecer as concepções educacionais de diferentes teóricos;
 • Relacionar as ideias dispostas por diferentes teóricos do campo educacional.
2.2 COMENIUS: O PAI DA PEDAGOGIA 
E DAS DIDÁTICAS MODERNAS
 Nascido no reino da Boêmia, pertencente à antiga Tchecoslováquia, Joan Amós Co-
menius (1592-1670), como aborda Garcia (2011), foi bispo protestante da igreja dos irmãos 
Morávios, sendo também educador, cientista e escritor. No que se refere à sua atuação 
como educador, é considerado como o “pai da Pedagogia e da didática moderna”, uma 
vez que foi o primeiro indivíduo a consolidar a educação como uma ciência estruturada e 
sistemática. Em sua obra, conceituou a didática como um ramo da Pedagogia, com o foco 
na aplicação de técnicas e métodos que possibilitassem aos alunos apreender conheci-
mentos por meio de um professor e/ou instrutor.
Mas, primeiramente, é preciso questionar: De que maneira Comenius se estabeleceu como 
uma referência da Pedagogia? Em que cenário sua alcunha de “pai da Pedagogia” foi con-
solidada?
VAMOS PENSAR?
24
Um mundo conturbado e marcado por intensas transformações 
anuncia o início do que se convencionou chamar de modernidade. 
O comércio e as manufaturas estavam em franco processo de expan-
são, as cidades cresciam e desafiavam o velho modelo dos burgos 
medievais com suas ruas tortuosas e estreitas. O catolicismo que até 
então, era no Ocidente a única igreja cristã, viu sua hegemonia ame-
açada com o surgimento e rápida difusão das idéias reformistas. Foi 
em e meio a este turbilhão de acontecimentos que viveu Comênio, 
tido como o grande pensador e difusor da pedagogia moderna.
 Primeiramente, é necessário abordar o contexto em que Comenius viveu e como tal 
conjuntura influenciou a construção de suas obras. Como explana Garcia (2011, p. 179):
 Como explica o autor supracitado, Comenius, sendo também um teólogo e vivente 
de um período tão conturbado socialmente, abarcou como pressuposto fundamental a 
interrelação da Pedagogia com a Teologia, não fazendo distinção entre elas. Assim como 
Lutero (citado anteriormente), ele se contrapôs às ideias e concepções designadas pela 
doutrina Católica em seu tempo. Por isso, é considerado um reformista, já que questionou 
duramente a Pedagogia disseminada pela Igreja Católica. 
 Tendo em si essa veia teológica, torna-se uma missão difícil dissociar a cosmovisão 
teológica de Comenius de suas perspectivas pedagógicas, uma vez que suas visões teoló-
gicas e pedagógicas eram plenamente alinhadas.
 Conforme Lochman (1993) apud Lopes (2008, p. 50):
A maioria dos pesquisadores de Comenius tem seu foco voltado para 
os métodos educacionais, e assim ele é considerado apenas como 
pedagogo, o que contraria o próprio Comenius, que afirmou não se 
considerar um pedagogo, mas um teólogo por profissão e vocação. 
 Baseando-se, então, nestes princípios cristãos e visão teológica, Comenius pregava 
a ideia de uma educação igualitária e democrática, que fosse gozada por todos, indepen-
dentemente de quaisquer dicotomias existentes entre indivíduos ou grupos sociais, visto 
que todos foram concebidos a imagem e semelhança de Deus. 
 Tais ideais de igualdade disseminados por Comenius, como afirma Garcia (2011), fo-
ram influenciados pelos distúrbios vividos pela sociedade naquele período, que foi perme-
ado pela Guerra dos Trinta anos e, como já visto, pela dissolução de parte da hegemonia da 
Igreja Católica, que até então era predominante. Devido a esses problemas, ele entendia 
que a sociedade, como um todo, deveria ser purificada. 
Guerra dos Trinta anos: Série de guerras travadas na Europa por diversos motivos, como riva-
lidades religiosas, territoriais, comerciais, entre outras causas. 
GLOSSÁRIO
 Dessa forma, ainda para o mesmo autor, Comenius compreendia a educação como 
salvação para as impurezas que constituem os seres humanos, fundamentando suas prá-
ticas na moral, no ensino e na piedade advinda de Deus. Tendo como base tais princípios, 
este educador acreditava que as instituições de ensino deveriam ser ambientes agradáveis 
e atraentes. Por isso, condenava e abominava os castigos físicos contra as crianças, tão co-
25
muns em sua época. 
 Segundo Lopes (2008), para expor suas conceituações acerca do que considerava 
como primordial na formação e condução dos processos de aprendizagem, Comenius pro-
duziu, em 1649, a “Didática Tcheca”, livro, com um conjunto de textos, considerado como 
um modelo pedagógico universal a ser seguido, com a finalidade de ensinar qualquer 
saber e conhecimento a quaisquer indivíduos. Tal obra marcou o início da sistematização 
das práticas pedagógicas e das diversas didáticas existentes nos dias de hoje. Daí, como 
apontado previamente, surgiu a alcunha de Comenius como “pai da Pedagogia moderna”.
 No entanto, inicialmente, o livro ficou restrito a um público minoritário, limitado aos 
grupos religiosos dos quais Comenius fazia parte. Como descreve Lopes (2008, p. 63) no 
trecho a seguir: 
A partir daí uma obra de tão grande valor não poderia ficar restrita à 
Morávia ou a um determinado grupo religioso, mas deveria se tornar 
acessível a todos os homens. Motivado, então, a escrever a Didática 
tcheca, com o mesmo princípio traduziu-a do tcheco para o latim e 
denominou-a Didática magna, a fim de que ela pudesse ser mais fa-
cilmente compreendida e estivesse ao alcance de um público maior.
Saiba mais sobre a Didática Magna, de Joan Amós Comenius. 
Veja mais no link: https://bit.ly/2FkH4uI. Acesso em: 17 dez. 2019
BUSQUE POR MAIS
 Desse modo, então, a Didática Tcheca converteu-se em Didática Magna, transfor-
mando-se em uma nova prática de ensino, constituída de conceitos e práxis não tão co-
muns para a época na qual foi produzida. Na Didática Magna, os textos apresentados 
eram direcionados para dois públicos, em especial, formado pelos alunos (crianças, em 
geral), que deviam aprender a aprender, e pelos professores, que seriam os responsáveis 
por aprenderem a fazer e construir os currículos, conjugando de maneira consolidada as 
práticas em teorias sólidas. 
 Conforme a explicação realizada por Lopes (2008, p. 53):
[…] na análise de Comenius em seu contexto histórico, percebem-se 
as suas reais intenções ao instituir o livro-texto na escola, cuja finalida-
de era sistematizar e ordenar o ensino de maneira que um professor, 
por meio do livro didático, pudesse ensinar até cem alunos ao mesmo 
tempo.
 Tal visão educacional/pedagógica apresentada por Comenius, por si só, para o perí-
odo em que foi implementada, era considerada inovadora. Por isso, como consequência a 
alcunha de pai da Pedagogia e didática modernas deve-se ao peso histórico de suas obras 
na Pedagogia e por suas ações de caráter inovador.
https://bit.ly/2FkH4uI
26
2.3 ROUSSEAU: O PAI DA PEDAGOGIA
CONTEMPORÂNEA E SUAS CONCEPÇÕES
ACERCA DA EDUCAÇÃO
 Jean Jacques- Rousseau (1712-1778), assim, como Joan Amós Comenius, foi e ainda é 
uma figura extremamente importante dentro da área pedagógica. Foi escritor, teórico po-
lítico, compositor e filósofo, tendo sido um dos principais expoentes do iluminismo e, por 
meio de suas obras, fomentou grandes concepções e reflexões para a sociedade no que se 
refere à Pedagogia/educação.
 Conforme afirma Paiva (2008), o filósofo e educador nasceu em Genebra, na Suíça, e, 
apesar de fazer parte dos grupos de pensadores iluministas, divergiu em diversos pontos 
de grande parte deles. 
No site Só História, saiba mais sobre o Iluminismo e também sobre alguns pensadores, além 
de Rousseau, que fizeram parte desse movimento intelectual. Veja mais no link: https://www.
sohistoria.com.br/resumos/iluminismo.php. Acesso em: 17 dez. 2019
BUSQUE POR MAIS
 Durante suavida, como aborda Paiva (2008), Rousseau dedicou-se a analisar os di-
versos aspectos que contribuem para a formação dos homens e dos cidadãos. Sua obra se 
estabeleceu, como foi apresentado nos marcos históricos da Pedagogia, durante o período 
da Revolução Francesa, no qual o Iluminismo se consolidou politicamente.
A partir dessas informações prévias, pergunta-se: quais foram os eventos disparadores que 
levaram Rousseau a formular suas ideias acerca da educação/Pedagogia?
VAMOS PENSAR?
 Primeiramente, é preciso compreender qual era o contexto vivido por Rousseau du-
rante a construção de seu sistema educacional. 
 Como explicam Gonçalves e Donatoni (2007, p. 07): 
Rousseau teoriza modelos educativos que se destinam ao homem e 
ao cidadão como alternativos e complementares no que se refere a 
tornar o homem alienado em um novo homem, natural, centrado — 
como o modelo de Emílio. Portanto, pedagogia e política se interli-
gam em Rousseau, num esboço de reforma antropológico-social que 
reprovaria a artificialidade da educação intelectualizada, livresca, au-
toritária e pedante dos aristocratas, ao formarem seus filhos e suas 
filhas com base nos modos de vida adulta.
 Isso indica que Rousseau, em uma perspectiva mais ampla, tinha como foco educar 
o homem em sua totalidade, preparando-o para viver harmoniosamente com seus seme-
lhantes.
https://www.sohistoria.com.br/resumos/iluminismo.php
https://www.sohistoria.com.br/resumos/iluminismo.php
27
Mas, como formar o homem dentro dos moldes prescritos por Rousseau?
VAMOS PENSAR?
 A vida de Rousseau, em sua visão, sempre foi permeada pela busca pela liberdade. 
Então, todo e qualquer tipo de poder estabelecido, considerado hegemônico, como o da 
igreja, foi duramente criticado por ele no decorrer de sua vida.
 Na obra Emílio, escrita por ele, conforme aponta Streck (2004), duras críticas são fei-
tas ao poder eclesiástico instituído naquele período. Tais críticas culpabilizavam as políticas 
implementadas pela igreja e pela aristocracia em três perspectivas:
 • Visão sobre Deus e a religião: para Rousseau, a religião era uma expressão da cul-
tura. Isto é, os desejos dos homens deveriam estar alinhados com as necessidades de todos 
que faziam parte de tal cultura.
 • Autoridade da igreja: Rousseau não aceitava que a igreja definisse o que era certo 
ou errado a partir da bíblia. Acreditava que, para chegar a verdade, o homem deveria, por si 
só, aplicar-se ao estudo das escrituras sagradas. Em decorrência disso, o ensino da leitura 
tornou-se fundamental, com o intuito de levar os cidadãos à salvação da alma, bem como 
a uma melhor organização da sociedade.
 • As didáticas para ensino da religião: Rousseau contrapôs, de maneira ferrenha, 
as práticas de ensino aplicadas pela igreja naquele período, afirmando que, por meio do 
catecismo, as crianças apenas repetiam os dogmas e frases que ouviam, sem refletir sobre 
as questões importantes.
 Então, conforme aborda Paiva (2008), segundo Rousseau, a igreja desconsiderava 
o ser social, e, juntamente com o poder da aristocracia na época, subordinava o povo aos 
interesses particulares da burguesia.
 Como afirma Streck (2004), o século de Rousseau foi um período no qual as Enciclo-
pédias começaram a ganhar vida, com o intuito de classificar e definir todos os saberes. 
Isso, de certa forma, teve como precursor o já citado teólogo e educador Comenius, que, 
por meio de sua Didática Magna, buscou ensinar tudo a todos.
 Como demonstra Streck (2004, p. 14)
Rousseau viveu numa época em que muitas crenças e instituições 
hoje assumidas como naturais foram formadas ou consolidadas, des-
de a família, passando pela educação, até a organização do Estado. De 
modo geral, ele denuncia uma sociedade que legitima as desigualda-
des e onde a vida em comum é regida por convenções e formalismos. 
 Dessa maneira, totalmente contrário ao dogmatismo difundido pela igreja com a 
adesão da Aristocracia, Rousseau construiu seus sistemas de Pedagogia e didática.
28
O mestre não é mestre porque sabe e ensina. Seu ensino consiste, 
sobretudo, em propor as questões certas aos educandos e colocar ao 
seu alcance os meios para aprender. Para isso, faz-se necessário, além 
do desejo de aprender, a capacidade de se colocar no lugar da crian-
ça, de penetrar as suas ideias e de sentir a sua alma. Mestre é quem 
sabe colocar-se junto com o movimento da vida que aprende, porque 
gostar de aprender e gostar de viver andam abraçados.
Aristocracia: Modelo sociopolítico baseado em privilégios de uma classe social específica, 
constituída por nobres que detêm a herança e o privilégio do poder.
Burguesia: Classe social surgida na Europa, que gozava, com o seu crescente enriqueci-
mento, de liberdade e poder, o que a tornou dominante sociopolítica e economicamente em 
relação às outras classes.
GLOSSÁRIO
 Essa era a intenção de Rousseau, que, como já visto, opunha-se às doutrinas escolás-
ticas impostas pela igreja. Seu objetivo era disseminar a ideia de que todos poderiam apre-
ender conhecimentos e que a desigualdade era fruto da ação da igreja e do individualismo 
demarcado pela burguesia.
 Sendo assim, Rousseau definiu qual seria o pilar de seu sistema educacional: as crian-
ças. Como demonstra Streck (2004), para este filósofo, as crianças são o centro do processo 
de aprendizagem. Por isso, para ele, a educação é um processo aberto, no qual se tem um 
ponto de partida, sem saber o ponto de chegada, o qual é determinado pelas oportunida-
des e talentos que cada indivíduo possui. 
 Essa ideia implica que os métodos aplicados por Rousseau se constituem por um 
projeto de formação humana constante, que se baseia nos limites que a natureza humana 
e a sociedade impõem. Nessa perspectiva, a educação, na ideia de Rousseau, tem como 
principal intencionalidade fazer com o que os sujeitos aprendam a viver por meio das di-
versas sociabilidades existentes, o que passa, consequentemente, pelo respeito à evolução 
natural das crianças.
 Dentro desse processo, o professor/pedagogo perde sua posição de preceptor in-
questionável, dono do conhecimento, ganhando uma nova funcionalidade, como um pro-
fissional que aprende e ensina o que aprende. Nessa perspectiva, Streck (2004, p. 72) afir-
ma:
 Seguindo tais afirmações de Rousseau, como aborda Queiróz (2010), o adulto/pro-
fessor, que é o responsável por educar, passa a ter, então, contribuição significativa para 
o desenvolvimento saudável da criança. Porém, é preciso salientar que, mesmo não mais 
em uma posição central, respeitar o mundo da criança não significa, de maneira alguma, 
desconsiderar o papel do adulto, mas sim a construção de uma prática pedagógica.
 Dessa maneira, a partir das ideias de Rousseau, cabe ao educador manter como 
princípio pedagógico as expressões naturais biológicas da criança, que em cada idade se 
manifestam de forma diferente, exigindo, assim, tratamento adequado às especificidades 
da criança. Ou seja, o docente deve ser um mediador entre a criança e as possibilidades 
que a cercam.
 Conforme aponta Queiróz (2010, p. 61):
29
2.4 TEÓRICOS TRADICIONAIS E SUAS
CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS
Fica clara aqui, mais uma vez, a ideia de que para Rousseau se faz ne-
cessário denunciar a educação que enche a cabeça das crianças com 
conhecimentos que não lhes são úteis; por isso, a educação tem como 
princípio básico a experiência. Nada de ensinamentos precoces, que a 
criança não seja capaz de compreender, nem mesmo de pressa para 
ensinar muitos conteúdos; o interessante em uma boa educação con-
siste, justamente, em ter cautela, perder tempo, ou seja, permitir que 
a criança veja, sinta e comece a fazer os seus próprios juízos. 
 Logo, evidencia-se o motivo da Pedagogia de Rousseau se tornar tão influente ainda 
no mundo moderno. Por meio de suas ideias e centralização da criança como figura prin-
cipal no processo de aprendizagem, Rousseau demarcou uma nova fase no que se refere 
à Pedagogia, como ciência da educação, dando a criança uma nova significação,como 
sujeito que aprende e que tem suas singularidades respeitadas.
 Em vista disso, Rousseau estabeleceu-se como um teórico de visão inovadora. Por 
isso, tal como Comenius, é considerado um dos pilares da Pedagogia, recebendo a alcunha 
de pai da Pedagogia contemporânea. 
 Conforme acompanhado até aqui, Comenius e Rousseau, em períodos distintos da 
história, foram responsáveis por estabelecerem marcos dentro da Pedagogia. Suas visões 
consideradas precursoras na educação e a quebra de paradigmas instituída em seus de-
vidos períodos de atuação influenciaram profundamente os pensamentos pedagógicos 
modernos e influenciam até hoje.
 Diante de tamanha influência apresentada dentro da área pedagógica, Comenius e 
Rousseau serviram e ainda servem como base para as obras de grandes pedagogos pre-
sentes na modernidade. Aqui, serão apresentados alguns nomes que tiveram, em alguma 
medida, a influência dos trabalhos dos chamados “pais da Pedagogia” em suas obras e 
que exerceram papéis relevantes no desenvolvimento da Pedagogia educacional. Veja os 
nomes de alguns deles:
 • Friedrich Froebel 
 • Jean Piaget 
 • Lev Vygotsky
 • Henry Wallon
 • Maria Montessori
 • Emilia Ferreiro
 • John Dewey
 • Paulo Freire
 • Anísio Teixeira
30
Construtivismo: Teoria idealizada por Jean Piaget, que compreende a criança como um ser 
que apreende e constrói conhecimentos em diferentes estágios. 
GLOSSÁRIO
 Iniciando essa viagem de conhecimento sobre as obras de grandes teóricos da Peda-
gogia, agora, serão dispostas análises acerca das obras de três nomes, considerados como 
principais expoentes do Construtivismo, com teorias elaboradas no âmbito da Psicologia e 
da educação: o médico suíço Jean Piaget (1896-1980), o psicólogo russo Lev Vygotsky (1896-
1934) e o filósofo e médico francês Henry Wallon (1879-1962).
 Torna-se interessante observar que os três nomes coexistiram em épocas semelhan-
tes e, apesar de nem todos serem educadores de formação, tornaram-se referências dentro 
da Pedagogia, já que o foco de suas atividades intelectuais se concentrou na compreensão 
das sociabilidades que podem influenciar a apreensão de conhecimentos por parte dos 
sujeitos. Para isso, destacaram as crianças como núcleo central em seus estudos, reflexões 
e observações científicas, enfocando o Construtivismo como base de suas obras. 
 Os três teóricos, Piaget, Vygotsky e Wallon, foram fortemente influenciados pelos 
pensamentos e obras de Friedrich Froebel (1782- 1852), pedagogo alemão, que foi o primei-
ro educador a destacar a importância dos brinquedos e das atividades lúdicas no processo 
de desenvolvimento da criança. Daí vem o entendimento de que a criança deveria ser tra-
tada como centro do processo ensino-aprendizagem. 
 Seguindo essa linha de pensamento, como apontam Rodrigues e Boer (2019), Froe-
bel apresentou seus brinquedos, criados por ele mesmo, para auxiliar a brincadeira infantil 
e potencializar o desenvolvimento das crianças, destacando o ato de brincar como uma 
linguagem, já que a criança apreende, durante esse ato, a linguagem gestual e corporal, 
sonora, verbal, entre outras. Com a repercussão de suas ideias e inovações pedagógicas, 
surgiu, então, o “Jardim de Infância”, criado pelo próprio Friedrich Froebel, na Alemanha.
 Como aponta Pereira (2012), Piaget, Wallon e Vygotsky, influenciados diretamente 
pelas ideias de Froebel sobre a infância, por meio de seus estudos, mostraram que o co-
nhecimento dos sujeitos se dá por meio de suas ações no mundo, o que confere a essa 
relação direta entre o indivíduo e o mundo uma compreensão rica acerca das teorizações 
sobre como conhecê-lo. Isso indica que, segundo os autores, esse processo de construção 
e reconstrução de conhecimentos se dá por etapas, que se iniciam quando o sujeito ainda 
é uma criança, o que se configura como a essência do Construtivismo.
 A partir do exposto, verifica-se que os três autores estabeleceram a linguagem como 
uma função fundamental do próprio pensamento. Isto é, para Piaget, Wallon e Vygotsky, 
a relação entre o pensamento e a linguagem deve ser vista como um processo vivo, uma 
vez que os pensamentos surgem a partir das palavras. Isso indica, então, que a fala é con-
siderada como uma tradução dos pensamentos do sujeito, ou seja, é a materialização e 
objetivação do que foi pensado por ele.
 Os três autores referenciados acima eram socionteracionistas, o que indica que acre-
ditavam que o homem era um ser social, que apreendia conhecimentos em um processo 
gradual (fases), a partir de sua base biológica de funcionamento psicológico (Psicogêne-
se). Tal pensamento demonstra que, segundo os estudos e análises fomentadas pelos três 
teóricos, os sujeitos transformam-se de seres biológicos para seres sócio históricos, sendo 
31
a cultura e as experiências empíricas partes essenciais de sua natureza, assim como a lin-
guagem, já citada.
Sociointeracionismo: proposta metodológica idealizada por Lev Vygotsky, que defende que 
fatores sociais, culturais e ambientais influenciam o processo de desenvolvimento e aprendi-
zagem dos seres humanos.
Psicogênese: entende-se como a origem e desenvolvimento dos processos psicológicos, da 
mente ou da personalidade de um indivíduo.
GLOSSÁRIO
 Obviamente, nem todos os pensamentos dispostos pelos três autores convergiam 
em todas as conjunturas, mas, em suas obras individuais, cada um deles priorizou os su-
jeitos como agentes centrais no processo de construção, estruturação e organização do 
pensamento. Como aborda Pereira (2012, p. 286):
Sem dúvida, existem muitas diferenças e divergências entre as con-
cepções de linguagem dos três autores em questão, mas, certamente, 
esses autores fizeram parte de uma geração de teóricos que recoloca-
ram o sujeito no centro das questões epistemológicas e, assim, reco-
locaram o sujeito no centro das pesquisas no campo da linguagem.
 Para elucidar com mais clareza as ideias apontadas pelos autores, leia o quadro 1, re-
ferente às concepções de aprendizagem e funcionalidades da educação/ Pedagogia para 
cada um deles:
32
 Como descrito anteriormente, Piaget, Vygotsky e Wallon concentraram seus estu-
dos, em grande parte, nas crianças, e apontaram a Psicogênese e as interações sociais dos 
sujeitos como elemento fundamental em seus processos de aprendizagem. E, é a partir 
dessa concepção que surgiu outro grande nome no âmbito pedagógico, a médica italiana 
Maria Montessori (1870- 1952).
 Assim, como Piaget, Vygotsky e Wallon, Faria et. al., (2012) pontuam que Montessori 
concentrou seus esforços, durante bastante tempo, nas crianças pequenas. Posteriormen-
te, ampliou o campo de suas pesquisas às crianças mais velhas e à família. Segundo sua 
visão pedagógica, a infância é a fase primordial para a evolução saudável e gradual dos 
indivíduos. Por isso, tornou-se uma grande pesquisadora neste campo, sempre buscando 
conjugar teoria e prática em suas pesquisas.
 Conforme apontam Faria et. al., (2012), essa percepção apresentada por Montessori 
foi disseminada em um período da história no qual a educação era aplicada de maneira 
extremamente rígida e, em dados momentos, permeada por castigos físicos constantes. 
Bem como Comenius, Montessori abominava essa violência física contra a criança. Alinha-
da a essa ideia, ela apresentou uma nova visão pedagógica sobre a criança, reivindicando 
a participação ativa dos educandos no processo de aprendizagem.
33
Mas, já que a criança assume o papel central no processo montessoriano, qual seria o papel 
do professor/pedagogo durante as práticas pedagógicas?
VAMOS PENSAR?
 O pedagogo, no método Montessoriano, deve assumir uma posição complementar 
no processo de aprendizagem, com a função de dirigir as atividades das crianças e obser-
var sua evolução. Por isso, torna-se de fundamental importância que o docente conheça e 
domine os recursos e técnicas de apresentação dispostos no método Montessoriano, com 
o intuito de orientar a criança da melhor maneira possível.
 Como descrevem Faria et. al.,(2012, p. 02):
A pedagogia Motessoriana consiste em harmonizar corpo, inteligên-
cia e vontade, se baseia na educação da vontade e da atenção, em 
que as crianças têm liberdade para escolher seus materiais e onde 
querem trabalhar com eles em sala, além de proporcionar a coopera-
ção entre as mesmas.
 Tais afirmações indicam que, no método Montessoriano, as crianças têm liberdade 
para agirem de maneira espontânea, desde que não incomodem seus colegas de turma e 
mantenham a ordem vigente estabelecida em sala de aula.
 Conforme colocam Faria et. al., (2012), segundo as pesquisas realizadas por Montes-
sori, desenvolvidas em escolas infantis organizadas por ela mesma, as crianças ingressa-
vam nesse espaço por volta dos três anos, com origens em famílias bastante humildes, 
com pais que, em grande parte das vezes, eram analfabetos. E, mesmo limitadas por essas 
circunstâncias, Montessori percebeu que, aos cinco anos, tais crianças já liam e escreviam, 
sem que nenhum adulto as orientasse previamente. Assim sendo, atestou que a criança 
possui em si uma capacidade própria de compreender e absorver a cultura que a rodeia.
 A partir desses estudos, Montessori concluiu que seria possível apontar para novas 
possibilidades de educar as crianças, preparando um ambiente adequado e propício para 
a manifestação de suas singularidades naturais, que envolvem habilidades e também suas 
necessidades.
 Assim sendo, Montessori fomentou seu método tendo como principal objetivo ofere-
cer um ambiente estimulante, devidamente planejado, capaz de ajudar a criança a desen-
volver uma base de aprendizagem consistente, pautada pela criatividade e pelo dinamis-
mo de atividades. 
Veja, no link abaixo, uma reportagem sobre as práticas e princípios que fundamentam o 
método montessoriano. 
Disponível em: https://bit.ly/3lyuBD7. Acesso em: 19 dez. 2019
BUSQUE POR MAIS
https://bit.ly/3lyuBD7
34
 Por enfocar o verdadeiro valor, habilidades e capacidades das crianças, Maria Mon-
tessori transformou-se em uma das maiores referências da Pedagogia, redimensionando 
o conceito do que era ser criança em seu tempo.
 Obviamente, existem diversos teóricos que realizaram múltiplos estudos acerca 
da Pedagogia educacional e que geraram conhecimentos de extrema importância para 
a área pedagógica. E, alguns desses nomes, tiveram parte de suas ideias esmiuçadas e 
apresentadas acima. Nessa ótica, Comenius, Rousseau, Froebel, Piaget, Vygotsky, Wallon e 
Montessori, de fato, estabeleceram-se como algumas das maiores referências das ciências 
da educação.
 Contudo, há de se ressaltar algo importante: todos esses nomes viveram durante 
o período em que estiveram ativos, na Europa, ou seja, suas obras foram produzidas e in-
fluenciadas pelos períodos históricos vivenciados no continente europeu, algo um pouco 
distante da realidade latina e brasileira. 
 Pensando nessa conjuntura, agora, serão apresentados os pensamentos e obras de 
três das maiores referências da Pedagogia na América do Sul: a argentina Emilia Ferreiro e 
os brasileiros Paulo Freire e Anísio Teixeira. Os três teóricos contribuíram, de maneiras dis-
tintas, para a Pedagogia, focando grande parte de suas obras no processo de alfabetização, 
seja de crianças ou de adultos.
 Posteriormente, as reflexões, pensamentos e obra de Paulo Freire serão retomadas, 
mas, primeiramente, o foco será no trabalho de Emília Ferreiro. 
Antes de iniciar a leitura, conheça um pouco sobre a obra de Emilio Ferreiro. 
Disponível em: https://bit.ly/33JjrFp. Acesso em 19 dez. 2019
BUSQUE POR MAIS
Mas, antes de se aprofundar nas conceituações e concepções de educação dos três teóricos, 
a partir de sua vivência acadêmica, sua proximidade com a cultura brasileira e seus estudos 
prévios, escreva abaixo, com suas palavras, o que você sabe, conhece ou já ouviu falar sobre 
o educador e filósofo Paulo Freire.
VAMOS PENSAR?
 Emilia Ferreiro nasceu na Argentina, em 1937. Psicopedagoga de formação, foi umas 
das precursoras no que se refere à discussão do tema alfabetização inicial. Tendo concluí-
do seu Doutorado em Genebra, na Suíça, foi orientada por Jean Piaget, do qual se tornou 
colaboradora e foi amplamente influenciada em suas obras. 
 Diretamente influenciada pelas ideias de Piaget, Vygotsky e Wallon, calcadas na Psi-
cogênese e no Construtivismo, as conceituações de Emilia Ferreiro conduziram à diversas 
questões referentes à temática alfabetização.
 Toda a respeitabilidade profissional adquirida por Emilia deveu-se, em muito, pela 
consistência teórica de suas concepções. Seu primeiro livro traduzido no Brasil, Psicogêne-
se da Língua escrita, coescrito com Ana Teberosky, estabeleceu-se como uma referência 
fundamental no que se refere ao entendimento dos processos que levam a criança ao ato 
https://bit.ly/33JjrFp
35
de ler e escrever. 
 Tal obra apresenta ideias de Emilia acerca de um problema que assola inúmeras ins-
tituições de ensino, que é o fracasso escolar.
Emilia Ferreiro ganhou prestígio por desenvolver, com seus colabo-
radores, pesquisa empírica que lhe permitiu formular a teoria sobre a 
psicogênese da língua escrita, a qual foi divulgada em diversos países, 
dentre eles, o Brasil. Sua atuação profissional revela, também, o com-
promisso político em contribuir na busca de soluções para se enfren-
tar o problema do analfabetismo (MELLO, 2007, p. 87).
 Assim como Piaget, sua maior influência, e outros teóricos (alguns já citados), Emilia 
enfatizou as crianças no processo de construção do conhecimento, dando um novo signifi-
cado às práticas pedagógicas que conduziam à sua alfabetização. A partir do foco nos pro-
cessos de alfabetização, como menciona Mello (2007), Ferreiro pontua que realizou uma 
“revolução conceitual” a respeito da alfabetização, já que alterou as ideias que constituíam 
o tema alfabetização, levantando debates sobre os métodos e os testes utilizados para o 
ensino da leitura e da escrita. 
 Essa “revolução conceitual” se baseia na ideia de que não são os métodos aplicados 
pelos professores que alfabetizam, nem os testes que auxiliam o processo de alfabetização, 
mas, sim, as próprias crianças que constroem e reconstroem o conhecimento sobre a lín-
gua escrita, por meio de hipóteses que formulam, a partir do que já conhecem no mundo.
Nessa perspectiva, os resultados obtidos por Emilia em suas pesquisas demonstram sua 
veia construtivista, alicerçada nos conceitos de Piaget, sempre considerando os conheci-
mentos prévios e a influência de diferentes elementos nos processos de aprendizagem da 
criança. Essa influência externa, conforme Mello (2007), suscita uma reflexão acerca do 
quanto a classe social do indivíduo pode influenciar o processo de ensino-aprendizagem, 
já que os maiores índices de fracasso escolar apresentados por Emilia se concentram nas 
classes menos favorecidas.
 Sendo assim, a obra Psicogênese da Língua escrita apresenta resultados de pesqui-
sas realizadas acerca do processo de aquisição da língua escrita por parte de crianças que 
apontam para contribuições importantes para professores e educadores, fomentando no-
vas interpretações e respostas sobre o fracasso ou sucesso dos educandos durante o per-
curso da alfabetização.
 Tendo como base a temática alfabetização, agora, a ênfase se dará a respeito da obra 
de, talvez, o nome mais difundido na Pedagogia brasileira: Paulo Freire.
 Esta é uma figura que desperta em muitos sentimentos e intuições distintas, mas 
nunca a neutralidade. Com a mesma força que muitos se sentem atraídos por sua obra e 
concepções acerca de Pedagogia/educação, outros sentem uma necessidade de rejeitá-lo. 
Porém, neste material, não se enfatizarão questões de cunho individual e posicionamentos 
simplistas, com o intuito de glorificar ou criticar negativamente o autor.
 Nesse material serão abordados alguns fatos e reflexões acerca da obra de Paulo 
Freire, que o transformaram em uma figura tão destacada na Pedagogia. Para facilitar 
esse processo, conheça melhor um pouco de sua história por meio

Outros materiais