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Realidade Brasileira:Crianças e adolescentes com filhos A exploração infanto-juvenil e o elevado índice de meninas com vida sexual ativa têm sido motivos de constantes preocupações de governos e agências nacionais e internacionais dedicadas à infância e adolescência. Porém, a solução do problema está longe de ser alcançada, apesar dos esforços empreendidos. Há relatos sobre a existência do porno-turismo na região Nordeste e da exploração de crianças nas áreas de garimpo do norte do país. Crianças de seis anos estão sendo exploradas sexualmente. Chega-se a mencionar que cerca de 50 mil meninas estão sendo prostituídas no Brasil, cifra que coloca o Brasil em segundo lugar no mundo, superado apenas pela Tailândia. Estes são dados não oficiais, na medida em que há falta de estatísticas oficiais. Os dados disponíveis estão sendo oferecidos por organizações não governamentais ou empresas de busca de informação na internet. A fortunecity1 apresentou uma lista categorizando os estados brasileiros onde o problema é mais grave. No Rio de Janeiro: cerca de mil meninas de rua entre 8 e 15 anos de idade se prostituem, segundo dados do Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente. Em Pernambuco: uma em cada três prostitutas de Recife tem menos de 18 anos. Na Paraíba: Dados da CPI federal sobre prostituição infantil e juvenil em João Pessoa demonstram que 175 meninas e 75 meninos de rua se prostituem, muitos deles de 5 a 7 anos de idade. No Rio Grande do Norte: 61% das meninas de rua entre 12 e 14 anos (90% delas não usam preservativos). Na Bahia: em Salvador, a faixa de idade fica entre 12 e 17 anos e uma pesquisa com 74 prostitutas, dessa faixa, revelou que a maior parte teve a sua primeira relação sexual aos 10 anos; 80% delas são negras, pobres e analfabetas. Em 1993, a, então, Deputada Benedita da Silva pediu uma CPI. Concluiu-se que não era possível quantificar o fenômeno no Brasil. Não havia estatísticas. Até hoje, esses dados não são fornecidos oficialmente. A CPI notou que a prostituição muitas vezes começa na família, com a criança perdendo toda a noção de respeito humano. Todos os órgãos e a sociedade em si não negam que toda criança tem direito à infância. Em nossa cultura e na Constituição Federal, destaca-se que a criança deve ter sua necessidade de subsistência garantida, independente de sua classe social, devendo ter direito a brincar e a estudar. A Constituição Federal (art. 227) reza que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito a saúde, alimentação, educação, lazer, profissionalização, cultura, dignidade, respeito, liberdade e à 1 www.fortunecity.com 2 2 convivência familiar e comunitária, além de pô-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e pressão. No Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) a Lei nº 8.069, de 13 de junho de 1990, dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. Das disposições preliminares: Art. 4º_ È dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Art.5º_ Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. O problema da exploração sexual infantil tem se agravado à despeito dos esforços empreendidos. Neste sentido, parece de fundamental importância a identificação de possíveis razões para a existência de tal flagelo social e humano, para que políticas públicas eficazes possam ser criadas com vistas a promover intervenções em temas relacionados à exploração sexual infantil. Por outro lado, devido ao número de adolescentes, entre 10 e 19 anos, que se tornam mães no Brasil ter aumentando, o Ministério da Saúde vai reorganizar sua política para melhorar a qualidade do atendimento às adolescentes, com o finalidade de reduzir as estatísticas de gravidez precoce e ampliar a assistência à faixa etária entre 10 e 19 anos. Embora, cada vez mais, os jovens tenham informações sobre sexualidade e o uso de contraceptivos, freqüentemente não sabem usá-las. Em 1993, o SUS pagou a realização de 2.856.255 partos. Naquele ano, apenas 0,93% eram de adolescentes de 10 a 14 anos de idade. Em 1997, dos 2.718.265 partos realizados pelo SUS, 1,23% (33 mil) ocorreu entre jovens de 10 e 14 anos. Há, em outra esfera de explicação, a justificativa da pobreza como causa do fenômeno. Os partidários desta explicação sugerem que a necessidade de inserção precoce no mercado de trabalho leva as meninas à prostituição, a despeito das restrições morais, éticas e legais. Mas os dados obtidos na análise comparativa realizada, com a utilização do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, não apontam para esta direção. No Atlas de Desenvolvimento Humano, os 20 municípios listados como sendo os de maior índice de meninas, entre 10 e 14 anos, com filhos são: Ponte Alta do Norte (SC); Planalto Alegre (SC); Mimoso de Goiás (GO); Santa Rita do Tocantins (TO); Riqueza (SC); Nova América (GO); Jacuípe (AL); Itaporã do Tocantins (TO); Brasil Novo (PA); Lacerdópolis (SC); Nova Olímpia (MT); Chapada Gaúcha (MG); Tocantínia (TO); Unistalda (RS); Uruburetama (CE); Bandeirantes do Tocantins (TO); Rio Maria (PA); Rio Maria (PA); Itapebi (BA); Lagoa de Pedras (RN); e, Catanduvas (SC). O quadro apresentado a seguir mostra a lista. 3 3 VULNERABILIDADE: 20 Maiores - Percentual de crianças do sexo feminino entre 10 e 14 anos com filhos, 2000. Todos os municípios do Brasil Município Percentual de crianças do sexo feminino entre 10 e 14 anos com filhos, 2000 Ponte Alta do Norte (SC) 13,11 Planalto Alegre (SC) 10,67 Mimoso de Goiás (GO) 9,04 Santa Rita do Tocantins (TO) 6,99 Riqueza (SC) 6,12 Nova América (GO) 5,59 Jacuípe (AL) 5,29 Itaporã do Tocantins (TO) 5,29 Brasil Novo (PA) 4,83 Lacerdópolis (SC) 4,6 Nova Olímpia (MT) 4,34 Chapada Gaúcha (MG) 4,16 Tocantínia (TO) 4,12 Unistalda (RS) 3,91 Uruburetama (CE) 3,8 Bandeirantes do Tocantins (TO) 3,73 Rio Maria (PA) 3,67 Itapebi (BA) 3,54 Lagoa de Pedras (RN) 3,53 Catanduvas (SC) 3,51 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil Dados referentes ao ano de 2000 Na classificação do IDH há cinco municípios no estado de Santa Catarina com maior índice de meninas, entre 10 e 14 anos, com filhos: Ponte Alta do Norte (13,11%); Planalto Alegre (10,67%); Riqueza (6,12%); Lacerdópolis (4,6%); e, Catanduvas (3,51%). Estes dados causaram surpresa, na medida em que, representativamente, configura-se como o estado que tem 25% dentro desta amostragem. VULNERABILIDADE: 5 Maiores - Percentual de crianças do sexo feminino entre 10 e 14 anos com filhos, 2000 municípios de Santa Catarina Município Percentual de crianças do sexo feminino entre 10 e 14 anos com filhos, 2000 Ponte Alta do Norte (SC) 13,11 Planalto Alegre (SC) 10,67 Riqueza (SC) 6,12 Lacerdópolis (SC) 4,6 Catanduvas (SC) 3,51 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil Dados referentes ao ano de 2000 4 4 Verificou-se que Ponte Alta do Norte (SC) que tem, no ano 2000, índice 13,11 em percentual de crianças do sexo feminino, entre 10 e 14 anos, com filhos, também apresenta outros índices relacionados ao nível de desenvolvimento humano, que demonstram inadequação quando comparados com os outros cinco municípios do estado. São eles: IDH (0,75), analfabetismo (18,23), porcentagem de crianças com freqüência escolar entre 7 e 14 anos (88,09), taxa de mortalidade de até 1 ano por mil nascidos(23,22), renda per capita (R$196,31), intensidade de pobreza (39,27). Entretanto, apresenta, entre os cinco outros municípios, a maior taxa de urbanização (0,73). Ponte Alta do Norte (SC) Planalto Alegre (SC) Riqueza (SC) Lacerdópolis (SC) Catanduvas (SC) IDH – M 0,75 0,817 0,795 0,854 0,79 Analfabetismo (População com mais de 25 anos) 18,23 15,3 11,8 7,7 12,4 Taxa de Urbanização 73,20% 30,14% 24,72% 45,24% 63,97% % crianças com freqüência escolar (7 a 14 anos) 88,09 95,9 93 98,1 90,5 Taxa de Mortalidade de até 1 ano (por 1000 nascidos) 23,22 8,2 9,2 10,9 21,5 Renda per capita R$ 196,31 R$ 257,70 R$ 207,70 R$ 460,20 R$ 271,60 Intensidade de Pobreza 39,27 41,34 37,21 32,05 37,74 No que se refere ao IDH – M o município de Ponte Alta do Norte é o mais baixo das cinco cidades selecionadas em Santa Catarina. Estando 0,104 abaixo do município com melhor índice. Com relação ao Analfabetismo, considerando-se a população com mais de 25 anos, o município de Ponte Alta do Norte é o mais alto das cinco cidades selecionadas em Santa Catarina. Estando 11,57 acima do município com melhor índice. Quanto a porcentagem de crianças entre 7 e 14 anos com freqüência escolar, o município de Ponte Alta do Norte é o mais baixo das cinco cidades selecionadas em Santa Catarina. Estando 10,01 abaixo do município com melhor índice. No que tange à taxa de mortalidade, considerando-se até 1 ano de idade por 1000 nascidos, o município de Ponte Alta do Norte é o mais alto das cinco cidades selecionadas em Santa Catarina. Estando 15,02 acima do município com melhor índice. A renda per capita no município de Ponte Alta do Norte é a mais baixa das cinco cidades selecionadas em Santa Catarina. Estando R$ 264,89 abaixo do município com melhor índice. O índice de intensidade de pobreza no município de Ponte Alta do Norte é o segundo pior das cinco cidades selecionadas em Santa Catarina. Estando 7,22 acima do município com melhor índice e 2,07 abaixo do município com pior índice. 5 5 Diferente dos demais dados, a taxa de urbanização do município de Ponte Alta do Norte é a mais alta das cinco cidades selecionadas em Santa Catarina, estando 48,48% acima do município menos urbanizado. Elaborou-se um quadro comparativo, correlacionando os dados do município de Ponte Alta do Norte com o melhor e o pior índices em municípios brasileiros e com o melhor e o pior índices em municípios do estado de Santa Catarina Quadro comparativo: Ponte Alta do Norte (SC) com municípios do estado de Santa Catarina e municípios brasileiros com melhores e piores índices. Indicadores Ponte Alta doNorte (SC) Maior índice Brasil Maior índice Santa Catarina Menor índice Brasil Menor índice Santa Catarina IDH - M 0,75 0,92 São Caetano do Sul (SP) 0,87 Florianópol is (SC) 0,47 Manari (PE) 0,68 Timbó Grande (SC) Analfabetismo (População com mais de 25 anos) 18,23 70,26 Jordão (AC) 27,93 Entre Rios (SC) 2,02 Feliz (RS) 2,28 São João do Oeste (SC) Taxa de Urbanização 0,73 1,00 Rio de Janeiro (RJ) 0,99 Balneário Barra do Sul (SC) 0,02 Paço do Lumiar (MA) 0,10 Cordilheira Alta (SC) % crianças com freqüência escolar (7 a 14 anos) 88,09 98,73 Dois Irmãos (RS) 98,11 Braço do Norte (SC) 38,99 Jordão (AC) 81,19 Entre Rios (SC) Taxa de Mortalidade de até 1 ano (por 1000 nascidos) 23,22 109,67 Manari (PE) 39,26 Timbó Grande (SC) 5,38 São Caetano do Sul (SP) 8,10 Antonio Carlos (SC) Renda per capita 196,31 954,65 Águas de São Pedro (SP) 701,42 Florianópol is (SC) 28,38 Centro do Guilherme (MA) 107,87 Entre Rios (SC) Intensidade de Pobreza 39,27 83,03 Uiramutã (RR) 39,67 Abdon Batista (SC) 15,76 Nova Roma do Sul (RS) 36,71 Zortéa (SC) Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil Dados referentes ao ano de 2000 No que se refere ao IDH, o município Ponte Alta do Norte tem um índice 0,17 abaixo do melhor índice por município brasileiro e 0,28 acima do pior índice por município brasileiro; e 0,12 abaixo do melhor índice por município de Santa Catarina e 0,07 acima do pior índice por município de Santa Catarina. Ocupa a 3.694º posição no Brasil e a 201º posição no estado de Santa Catarina. 6 6 Quanto ao analfabetismo, considerando-se a população com mais de 25 anos, o município Ponte Alta do Norte tem um índice 16,21 abaixo do melhor índice por município brasileiro e 52,03 acima do pior índice por município brasileiro; e 15,95 abaixo do melhor índice por município de Santa Catarina e 9,7 acima do pior índice por município de Santa Catarina. Ocupa a 2.142º posição no Brasil e a 275º posição no estado de Santa Catarina Concernente à taxa de urbanização, o município Ponte Alta do Norte tem um índice 0,27 abaixo do melhor índice por município brasileiro e 0,71 acima do pior índice por município brasileiro; e 0,26 abaixo do melhor índice por município de Santa Catarina e 0,63 acima do pior índice por município de Santa Catarina. Ocupa a 1.800º posição no Brasil e a 78º posição no estado de Santa Catarina. Referente aos dados de freqüência escolar, o município Ponte Alta do Norte tem um índice 10,64 abaixo do melhor índice por município brasileiro e 49,1 acima do pior índice por município brasileiro; e 10,02 abaixo do melhor índice por município de Santa Catarina e 6,9 acima do pior índice por município de Santa Catarina. Ocupa a 3.614º posição no Brasil e a 274º posição no estado de Santa Catarina Observando os números a respeito da taxa de mortalidade até 1 ano (por 1000 nascidos), tem um índice 17,84 abaixo do melhor índice por município brasileiro e 86,45 acima do pior índice por município brasileiro; e 15,12 abaixo do melhor índice por município de Santa Catarina e 16,04 acima do pior índice por município de Santa Catarina. Ocupa a 1989º posição no Brasil e a 249º posição no estado de Santa Catarina Com relação à renda per capita, tem um índice R$ 758,34 reais abaixo do melhor índice por município brasileiro e R$ 177,93 reais acima do pior índice por município brasileiro; e R$ 505,11 abaixo do melhor índice por município de Santa Catarina e R$ 88,44 acima do pior índice por município de Santa Catarina. Ocupa a 2.029º posição no Brasil e a 230º posição no estado de Santa Catarina. O índice intensidade de pobreza está 23,51 abaixo do melhor índice por município brasileiro e 43,76 acima do pior índice por município brasileiro; e 3,96 abaixo do melhor índice por município de Santa Catarina e 0,4 acima do pior índice por município de Santa Catarina. Ocupa a 3.913º posição no Brasil e a 141º posição no estado de Santa Catarina. A partir da análise destes dados objetivos, verificou-se que eles por si sós não explicam o fenômeno. Continua a surpresa sobre os índices encontrados em cidades do estado de Santa Catarina. FONTE: Atlas de Desenvolvimento Humano (2003) disponível em: www.ipea.gov.br.
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