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D O E N Ç A S D O F Í G A D O E P Â N C R E A S H E P A T O P A T I A S O fígado é responsável por sintetizar e metabolizar substâncias. Portanto se há comprometimento hepático, o organismo inteiro fica comprometido. Exame físico • Avaliar mucosas, palpação do órgão, dor (aguda). Sinais clínicos • Icterícia (porém nem todo paciente hepático fica ictérico). • Encefalopatia • Vômitos • Urina pigmentada • Fezes acólicas (brancas) – pois quem dar cor as fezes é a bile e se tem algum transtorno hepático que afete a produção da bile, as fezes ficam sem cor. • Ascite – devido à ausência da albumina que mantém a pressão oncótica. • Sangramento excessivo – devido a deficiência dos fatores de coagulação que são produzidos pelo fígado. • Dor aguda à palpação (principalmente em gatos). Exames complementares • Avaliação laboratorial: hemograma, bioquímico (cão – ALT e FA; gato – ALT e GGT), bilirrubina e urinálise. • USG • Biópsia Paciente ictérico Existem diversos tipos de hepatopatias, baseadas na sua etiologia: • Tóxicas • Tumorais (neoplásicas) • Infecciosas • Inflamatórias • Congestivas • Obstrutivas • Metabólicas • Fibrose Hepatopatias tóxicas (toxicoses) Mais comum em gatos devido a sua deficiência de metabolização. ➔ Drogas hepatotóxicas • Griseofulvina • Cetoconazol • Tetraciclina • Diazepam Ocorrem pois as drogas não são metabolizadas pelo fígado, ficam lá e causam a intoxicação. Obs¹: gato não metaboliza muito bem altas doses de propofol. Obs²: cães não tem muita tolerância a paracetamol e ibuprofeno. ➔ Alterações da glicuronidação (GATOS) • Salicilatos • Paracetamol • Benzocaína • Ibuprofeno • Fenilbutazona • Propofol • Fenobarbital ➔ Tratamento • Retirar causa base (motivo que intoxicou o animal). • Tratamento específico para a causa • Tratamento de suporte (transfusão sanguínea em caso de sangramento excessivo). Neoplasia (hepatopatias tumorais) • Linfoma (principal isolada no fígado) • Carcinoma • Sarcoma • Mastocitoma Diretamente relacionadas a alguma resposta imunológica que causou mutação. ➔ Intervenções/tratamento • Ressecção (retirar) – fígado regenera. • Quimioterapia • Expectativa E N C E F A L O P A T I A H E P Á T I C A Qualquer parada no fígado, faz com que os componentes que eram para ser biotransformados e eliminados por ele, se acumulem no organismo (principalmente a amônia). O fígado transforma a amônia em ureia, se ele para de funcionar -> acúmulo de amônia no organismo. A amônia é um composto tóxico, pequeno e altamente permeável em diferentes tecidos. inclusive a barreira hematoencefálica. ➔ Principais causas: Tudo que faça o fígado perder sua funcionalidade de transformar e eliminar produtos tóxicos do sangue, e ele passe a circular ‘’sujo’’ no organismo. • Insuficiência hepática aguda • Shunt Porto-Sistêmicos No caso do shunt, uma conexão anômala faz com que o sangue sujo saia do fígado e volte a circular no organismo. Não necessariamente é uma falha na funcionalidade do órgão, e sim uma falha anatômica. • Cirrose ➔ Patogenia • Aumento da amônia • Aumento da sensibilidade dos receptores GABA e dos receptores benzodiazepínicos Isso inclui maior sensibilidade a drogas hepatotóxicas, fazendo com que a doença evolua mais rápido. Observação clínica: paciente com encefalopatia hepática convulsiona, se fizermos um benzodiazepínico (ex.: Diazepam), o paciente piora e morre. ➔ Tratamento O paciente precisa ser tratado com protocolo de intoxicação (lavar o organismo do paciente), já que não existe um ‘’conversor de amônia’’. Neste caso o tratamento acaba sendo apenas de suporte, ex.: A toxicidade da amônia gera alcalose metabólica, portanto, é necessário tratar isso no paciente, acidificando o sangue com ringer simples ou diminuindo a basicidade com medicações como o hidróxido de alumínio, por exemplo. Isso para ganhar tempo para que o pouco de fígado restante converta essa amônia em ureia (torcer para que ele consiga). I N S U F I C I Ê N C I A H E P Á T I C A A G U D A Dentre as doenças que levam a encefalopatia hepática, temos a insuficiência hepática aguda. Porém nem toda IHA vai levar a encefalopatia, principalmente se houver intervenção antes dela evoluir. ➔ Etiologia • Infecciosa por adenovírus (causa hepatite viral), toxoplasma, brucelose e leptospirose. • Fármacos – fenobarbital, cetoconazol (antifúngico mais hepatotoxico), glicocorticoides, acetoaminofen, carprofeno, mebendazole, sulfatrimetoprim, eritromicina, halotano. Ocorre em pacientes submetidos a protocolos muito intensos principalmente com fármacos hepatotoxicos (mas qualquer outra medicação também, já que todas passam pelo fígado). A sobrecarga ou sobredose de medicações, faz com que o fígado tenha que aumentar muito o seu trabalho, podendo ter falha. • Toxina (aflatoxina) Presente principalmente em resíduos de ração de baixa qualidade - é a toxina de um fungo que está muito relacionado a grãos. • Imunomediadas Quando ocorre deposição de imunocomplexos nos tecidos. Muito comum em paciente com Leishmaniose. • Nutricionais Ocorre em paciente que são muito expostos a cobre e chumbo. • Neoplasias Processos neoplásicos malignos principalmente os mais acelerados. • Doenças sistêmicas Que façam com o que o fígado tenha que trabalhar muito rápido repentinamente. Ex.: anemia hemolítica, faz com que o fígado do nada receba muita hemoglobina para transformar em bilirrubina. ➔ Sinais clínicos • Icterícia Obs.: não devemos esperar a icterícia ‘’aparecer’’ para diagnosticarmos IHA – ela não é instantânea. Lembrete: quadros de icterícia estão relacionado a hiperbilirrubinemia (aumento de bilirrubina na circulação), não necessariamente indica uma alteração hepática primária. Ex.: babesia pode gerar hiperbilirrubinemia sem alteração hepática. • Anorexia, vômito e diarreia Relacionada a toxicidade do organismo, causado pelos produtos tóxicos não metabolizados pelo fígado. • Aumento de volume abdominal Só ocorre se der tempo desse fígado edemaciar (hepatomegalia) por conta da inflamação. • Prostração e mudança de comportamento Alterações mais generalistas. • Hipertermia Só ocorre em casos infecciosos. • Hipoalbuminemia Pois o fígado para de produzir a albumina, levando à ascite. • Hipoglicemia Já que o fígado é o responsável por sintetizar e degradar o glicogênio quando necessário. • Diátese hemorrágica (processos hemorrágicos) Devido a perda dos fatores de coagulação. • Encefalopatia hepática ➔ Diagnóstico • Anamnese e história clínica • Exame físico • Exames complementares: hemograma e bioquímica sérica, lesão e função hepática, USG e biópsia. Lesão hepática: ALT, AST, FA e GGT Obs.: é muito importante diferencias as enzimas para caracterizar a lesão, se ela é por ruptura de membrana do hepatócito ou devido a processo colestático. Função hepática: bilirrubina, ácidos biliares, proteínas séricas totais, albumina, colesterol, amônia, ureia, glicose. ➔ Tratamento Tratar fígado e difícil; o que temos é o antioxidante (protetor hepático) q não funciona do dia para noite e também não funciona se a causa base se mantiver. Portanto o tratamento é principalmente de suporte: Manejo dietético • Estimular o apetite • Fornecer pequenas quantidades distribuídas várias vezes ao dia. • Dieta balanceada: proteínas de elevado valor biológico e restrição de cloreto de sódio. • Suplementar com vitaminas do complexo B e vitamina C e minerais comoselênio (antioxidante). • Dieta tem que ser parenteral por causa do vomito e da diarreia. • A alimentação precisa ter a glicose, gordura e proteína pronta para consumo imediato, pois o fígado não vai conseguir transformar. Outros tratamentos: • Em casos de ascite: drenar e fazer diuréticos (espironolactona furosemida). • Reposição hídrica e eletrolíticas • ‘’Protetor hepático’’ para reações hepatotóxicas (silimarina). • Suplementação com vitaminas C, B, E e K (esta última em casos de coagulopatias). • Corticoide – terapia anti- inflamatória e anti-fibrótica (Prednisolona e Dexametasona). • Imunossupressor (Azatioprina) S H U N T P O R T O S S I S T Ê M I C O Alteração anatômica onde há um comunicação vascular entre os sistemas venosos portal e sistêmico que permite o acesso do sangue portal à circulação sistêmica sem passar primeiro através do fígado – o que era para sair do organismo volta a recircular, causando intoxicação no paciente. Pode ser congênito (mais comuns na rotina) ou adquiridos. O shunt adquirido pode ser ocasionados por pacientes com hipertensão portal (problema crônico). E diversos processos podem levar ao aumento da pressão do fígado, por exemplo e mais comum, a ICC direita. Essa hipertensão faz com que os vasos pressionados criem derivações. Outra forma de adquirir é quando o paciente passa por uma cirurgia abdominal com erro no procedimento, onde o cirurgião pode vir a juntar vasos do fígado com os da circulação (anastomose de vasos). ➔ Diagnóstico • Presença de encefalopatia • Sumário de urina vai mostrar cristalúria de biurato de amônio (por causa da amônia circulante). • Ácidos biliares ficam aumentados O principal diagnostico é através USG, porém, a maioria dos aparelhos de rotina não são tão apurados para conseguir ver as microvascularizações, o ideal é tomografia e ressonância. ➔ Tratamento • Microcirurgia para refazer a vascularização – porém, o prognóstico é horrível pois a cirurgia é muito complicada. • Administração de Lactulona e Metronidazol para diminuir a circulação da amônia. • Dieta com menor fornecimento de proteína ‘’ruim’’ e rica em proteína de alto valor biológico, até o dia que organismo não aguente mais. L I P I D O S E H E P Á T I C A F E L I N A Também chamada de lipidose idiopática, a lipidose hepática felina vem a partir de um histórico reconhecido de anorexia ou perda de peso rápida. A doença se caracteriza por uma infiltração excessiva de gordura no fígado dos animais, causada especialmente por jejuns prolongados. Com isso, o órgão perde a sua capacidade de funcionamento, podendo gerar um “caos metabólico” no organismo. A principal causa para a ocorrência da lipidose hepática é o jejum prolongado. Os gatos, quando ficam muito tempo sem comer (mais de 12 horas), começam a metabolizar suas gorduras para a produção de energia. Devido às especificidades dos felinos, o fígado começa a sofrer essa infiltração. • Esse acúmulo de gordura faz com que o paciente tenha quadros de obstrução das vias biliares e ruptura do hepatócito causando insuficiência hepática aguda. Além disso, um aumento súbito de gordura na dieta do animal também pode gerar o quadro, ainda que isso seja mais incomum. A lipidose hepática não é uma doença primária na grande maioria dos casos. Em boa parte das vezes, ela surge como consequência a um outro problema, que gera a falta de apetite no animal, incluindo estresse, perda de olfato etc. ➔ Tratamento Nutricional: FAZER O PACIENTE VOLTAR A COMER! Primeiramente faz-se o uso de sonda nasogástrica (por 2 a 3 dias) depois passando para sondas esofágicas (por gastrotomia e esofagostomia). Geralmente a sonda parenteral é o tratamento de base, e deve ser feita em internamento. Mas o gato internado estressa, portanto o ideal é tentar não internar e apenas fazer com que o fator estressante desencadeador do processo desapareça. • Também podem ser usados estimulantes de apetite (ex.: Diazepam e mirtazapina que também atua como antidepressivo) SE O PACIENTE NÃO VOLTAR A SE ALIMENTAR EM AMBIENTE TRANQUILO, TEM QUE INTERNAR! Sonda nasogástrica Faringostomia/esofagostomia Gastrotomia Fígado com gordura C O L Â N G I O H E P A T I T E • Distúrbio inflamatórios dos ductos biliares e hepatócitos adjacentes • Acomete muito mais os gatos do que os cães O colédoco é um local muito importante, e muito sensível em gatos principalmente, qualquer replicação de um agente patológico naquela região leva a um processo inflamatório que vai ascender da mucosa do intestino e gerar uma hepatite ou até mesmo uma pancreatite. ➔ Etiologia • Disbiose intestinal – que pode ser acarretado por estresse e é o motivo mais comum na rotina • Parasitismo • Má formação do colédoco • Obstrução e estase biliar (lama biliar) – muita bile: ambiente propicio para replicação de bactérias. • Colelitíase (pedra na vesícula) – não muito comum na rotina veterinária ➔ Sinais clínicos Os sinais são muito inespecíficos, o ideal é pedir ultrassom. • Anorexia, depressão, febre (se for bacteriana), vômito, hepatomegalia e icterícia. ➔ Tratamento • Antibióticos e fluidoterapia • De suporte -> para desinflamar o colédoco. Porém, anti-inflamatório e gato ''não combinam'', é melhor e mais seguro usar um corticoide em dose baixa (1 mg/kg) que é uma dose anti-inflamatória. Para tratar a estase biliar utiliza-se Ursacol, ele fluidifica e reduz a lama biliar. P A N C R E A T I T E • Doença mais comum em gato comparada a cão. A pancreatite é o processo inflamatório do pâncreas (exócrino); decorre do aumento da liberação de enzimas pancreáticas que digerem várias substâncias, mas principalmente gorduras. Quando essas enzimas são liberadas muito abundantemente no organismo, num pH ótimo com sua função mantida, se não tiver alimento, elas digerem a membrana. • O processo de pancreatite também é conhecido como processo de autodigestão, já que as enzimas pancreáticas corroem a mucosa intestinal. Um exemplo do que pode fazer essas enzimas estarem em excesso no organismo são os animais que passam por momento de grande ganho de peso com perda muito rápida (comum acontecer com gatos semidomiciliados). Estes produzem muita enzima no momento que comem bastante, e quando não tem mais alimentos para digerirem, as enzimas digerem o que ‘’acharem pela frente’’. ➔ Causas • Obesidade • Dieta rica em gordura (hiperlipidemia) Nesses casos, o pâncreas precisa trabalhar demais acarretando numa alta liberação dessas enzimas. • Obstruções • Infecções (parvovírus, babesia) • Intoxicações ➔ Sinais • Vômito e dor abdominal • Peritonite • Sepse ➔ Diagnóstico • Ultrassonografia O aumento das enzimas pancreáticas 3 ou 4 vezes acima de anormalidade são achados importantes no exame complementar. Porém, mesmo com a pancreatite, essas enzimas ainda podem estar baixas, pois elas demorar de sair do pâncreas para começar a circular no sangue. ➔ Tratamento De suporte; • Opioides para dor • Anti-inflamatório • Corticoides • Dieta restrita em gordura e proteína E se a causa tiver relação com um agente infeccioso, tratar dele em questão.
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