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1 ANÁLISES CLÍNICAS | ALICE COSTA Eritrograma ERITROIPOIESE As hemácias passam por diversas etapas durante a produção, no início ela é redonda e com núcleo, mas, conforme o processo de maturação vai acontecendo, fica menor e perde organelas. Além disso, nesse processo vai acontecendo o desenvolvimento da hemoglobina, ficando mais eosinofilica. A célula anterior à hemácia, que fica à esquerda na linha de produção, é o RETICULÓCITO, uma célula maior e com algumas organelas no seu citoplasma, ela é liberada na circulação e depois de um tempo com ação de uma enzima é transformada na hemácia madura. Porém, em algumas situações patológicas os reticulócitos são liberados de uma forma exacerbada. Em algumas espécies, como os EQUINOS, não liberam os reticulócitos na circulação. Para que ocorra a eritropoiese, é necessário um ambiente medular com células precursoras, hormônios, substratos e fatores estimulantes. AS HEMÁCIAS ou ERITRÓCITOS As hemácias possuem a função de carrear oxigênio para os tecidos. ▪ FISIOLOGIA O baço é um órgão que tem como função retirar células velhas da circulação, mas também ele acaba armazenando hemácias de forma que quando necessário ele pode liberá- las na circulação. Em condições que o organismo necessita de mais oxigênio, como uma situação de exercício, ocorre uma descarga adrenérgica e isso promove a contração esplênica e liberação de mais hemácias. Já em situações de estresse agudo onde o animal também libera adrenalina acontece a mesma coisa o que pode acarretar em alterações no hemograma como a maior eritrocitose. Quando as hemácias envelhecem, ocorre o processo de HEMÓLISE, onde são destruídas com rompimento da membrana e extravasamento do seu conteúdo de hemoglobina. Existem dois tipos de hemólise intravascular e a extravascular. Depois de formada as hemácias circulam no sangue por tempo determinado, variando entre as espécies. O ERITROGRAMA É uma parte do hemograma que analisa a série vermelha, ou seja, as hemácias também chamadas de eritrócitos ou glóbulos vermelhos. Valores normais Espécie Caprino e Ovinos – hemácias menores, maior quantidade Idade Recém-nascidos – eritrócitos maiores Idosos – eritrócitos menores Raça Akita – eritrócitos menores que poodle Atividade e comportamento Animais lépidos: Equinos e caninos mais hemoglobina que bovinos Gestação – hemodiluição 2 ANÁLISES CLÍNICAS | ALICE COSTA Avaliação do Eritrócito ▪ Hematimetria ▪ Hemoglobinometria ▪ Volume Globular / Hematócrito ▪ Índices Hematimétricos ✓ Volume Globular Médio ✓ Hemoglobina Globular Média ✓ Concentração da Hemoglobina Globular Média TÉCNICAS LABORATORIAIS HEMATIMETRIA Hm = 106 µL Método do Hemocitômetro Método Eletrônico da Contagem HEMOGLOBINOMETRIA Hb= g/dL Método do Cianometahemoglobina VOLUME GLOBULAR/HEMATÓCRITO VG/Ht= % Método Microhematócrito ÍNDICES HEMATIMÉTRICOS Volume Globular Médio Volume Corpuscular Médio VGM ou VCM = VG ou Htx 10 / Nº de Hm → fl ✓ Tamanho da hemácia ✓ Microcitose, normocitose, macrocitose Concentração da Hemoglobina Globular Média Concentração da Hemoglobina Corpuscular Média CHGM ou CHCM = Hb x 100 % / Ht ou VG → % ✓ Cor da hemácia ✓ Hipocromia, normocromia ✓ Obs.: não existe hipercromia VARIAÇÕES DOS ERITRÓCITOS TAMANHO: ANISOCITOSE 1. MICROCITOSE Presente nas anemias ferroprivas Cronicidade Relação com animal idoso 2. MACROCITOSE Presente nas anemias regenerativas Relação com animal jovem Obs.: Discreta anisocitose é considerada normal no cão. FORMA: POIQUILOCITOSE 1. ERITRÓCITOS COM ALVO (TARGET CELLS) Condensação central e periférica da hemoglobina Anemias crônicas Deficiência de ferro Doenças hepáticas crônicas Doenças esplênicas crônicas 2. ROULEAUX ERITROCITÁRIO Empilhamento ou grumos de hemácias (cadeias) Inflamação (↑proteína – globulina, fibrinogênio) Normal no equino 3. EQUINÓCITO Espiculadas, com várias projeções regulares Amostras velhas ou com excesso de EDTA 4. ACANTÓCITOS Contorno irregular com forma estrelar Doenças renais, esplênicas, hemangiossarcomas e cirrose hepática 5. ESFERÓCITOS Pequenos e intensamente corados Anemia hemolítica autoimune – cão Incompatibilidade na transfusão 6. DACRIÓCITOS Forma de lágrima ou gota – pouco frequente Enfermidades renais, esplênicas e anemias 3 ANÁLISES CLÍNICAS | ALICE COSTA 7. ESQUISÓCITOS Fragmentos eritrocitários – defeito na produção ou destruição acelerada Doenças crônicas renais, esplênicas ou anemias ferroprivas 8. METARRUBRÍCITO Eritrócito imaturo e nucleado Anemias regenerativas, hipóxia COR 1. POLICROMASIA Reticulócitos = Eritrócitos Policromatófilos RETICULOCITOSE X POLICROMATOFILIA Colorações diferentes de uma mesma célula Indicadores de resposta regenerativa dos eritrócitos Anemias ferroprivas 2. HIPOCROMIA Microcitose hipocromia – anemias ferroprivas INCLUSÕES ERITROCITÁRIAS 1. CORPÚSCULOS DE HOWELL-JOLLY Resquícios nucleares encontradas em eritrócitos jovens (seta), observadas em gatos e cavalos sadios 1%. 2. CORPÚSCULOS DE HEINZ Formações de hemoglobina oxidada na periferia ✓ Drogas oxidantes (fenotiazina em cavalos, paracetamol em gatos), doenças graves intestinais em gatos causada por agentes autotóxicos. PARASITAS ERITROCITÁRIOS Mycoplasma haemofelis Anaplasma Babesia ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DOS ERITRÓCITOS POLICITEMIA / POLIGLOBULIA ▪ Contagem do nº de hemácias, hematócrito ou hemoglobina ACIMA do valor referencial ▪ Hemoconcentração Sinais clínicos → Congestão de vasos da esclerótica → Hiperemia de mucosas / Cianose → Aumento da viscosidade sanguínea → Dificuldade respiratória → Letargia/sonolência 1. POLICITEMIA RELATIVA Aumento na concentração Desidratação ↑ Volume globular + Proteína Plasmática 2. POLICITEMIA ABSOLUTA Aumento na produção de células ↑Volume globular Proteína plasmática normal 2.1 POLICITEMIA ABSOLUTA PRIMÁRIA OU VERA Caráter neoplásico em humanos – pouco diagnosticada nos animais Excessiva produção das células precursoras de eritrócitos → acompanhada de leucócitos e plaquetas 2.2 POLICITEMIA ABSOLUTA SECUNDÁRIA Resultante de fatores que estimulam a produção de eritropoetina (tumores e cistos renais, hipóxia) Não há envolvimento de leucócitos e plaquetas. ANEMIA ▪ Contagem de eritrócitos, dosagem de hemoglobina ou determinação do hematócrito ABAIXO do referencial. Sinais clínicos → Diminuição da volemia: palidez das mucosas e descoloração dos órgãos e tecidos → Hipóxia: intolerância aos exercícios físicos e dispneia. → Mecanismo de compensação do organismo: taquipnéia e taquicardia e aceleração do pulso 4 ANÁLISES CLÍNICAS | ALICE COSTA CLASSIFICAÇÃO DA ANEMIA PATOFISIOLÓGICA (ETIOLOGIA/CAUSA) Anemia Hemorrágica Anemia Hemolítica Anemia por diminuição na produção de eritrócitos 1. ANEMIA HEMORRÁGICA 1.1 ANEMIA HEMORRÁGICA AGUDA Cirurgias, traumas e deficiências de coagulação 1.2 ANEMIA HEMORRÁGICA CRÔNICA Lesões gastrointestinais (úlceras e parasitismos) Neoplasias com sangramento cavitário (hemangiossarcoma cão) Trombocitopenias Ectoparasitas 2. ANEMIA HEMOLÍTICA Parasitos sanguíneos Infeccioso Drogas e químicos (fenotiazinas, acetominofen, cobre, chumbo, zinco) Acidentes ofídicos Destruição imunomediada do eritrócito (anemia hemolítica imunomediada, reação transfusional) 3. ANEMIA POR DIMINUIÇÃO NA PRODUÇÃO DE ERITRÓCITOS Doença renal crônica Deficiência protéica Minerais: deficiências emferro, cobre, cobalto, selênio; Vitaminas: deficiência em vitaminas A, E, B12, ácido fólico, niacina, piridoxina, tiamina e ácido ascórbico Doença inflamatória: inflamação crônica e neoplasia CLASSIFICAÇÃO DA ANEMIA SEGUNDO A RESPOSTA MEDULAR 1. REGENERATIVA Perda aumentada de eritrócitos, mantendo normal a sua produção. Hemorrágicas Hemolíticas 2. ARREGENERATIVA ou NÃO REGENERATIVA Diminuição da produção celular CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DA ANEMIA TAMANHO (VCM ou VGM) COR (CHCM ou CHGM) Normocítica ou normocitária Normocrômica Macrocítica ou macrocitária Hipocrômica Microcítica ou microcitária Termo inexistente CLASSIFICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO 1. NORMOCÍTICA E NORMOCRÔMICA Pouca ou nenhuma resposta medular Arregenerativas ou pouco regenerativas Doenças crônicas → Inflamatórias: renais, endócrinas, neoplasias e hepáticas → Parasitárias (depressoras de medulas): erliquiose, leishmaniose → Viroses imunodepressoras e depressoras da medula óssea: cinomose, parvovirose 2. MACROCÍTICA E NORMOCRÔMICA Deficiência de vitamina B12 e ácido fólico Doenças hepáticas, distúrbios nutricionais 3. MACROCÍTICA E HIPOCRÔMICA Geralmente são regenerativas – aumento da produção de reticulócitos Reticulocitose contribui para o aumento do VCM e diminuição do CHCM 4. MICROCÍTICA E NORMOCRÔMICA Início da deficiência de ferro Hemorragias agudas Nefrite 5. MICROCÍTICA E HIPOCRÔMICA Deficiências de ferro, cobre e piridoxina (vitamina B6) Perdas de sangue crônicas: lesões gastrointestinais, neoplasias, desordens de coagulação, infestação de ecto e endo parasitas hematófagos (carrapatos, piolhos, pulgas e vermes).
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