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UNIDADE 3: “O Estado.” 3.1. Conceitos de Estado. O conceito de Sociedade e Estado, na linguagem dos filósofos e estadistas, têm sido empregados ora indistintamente, ora em contraste, aparecendo então a Sociedade como círculo mais amplo e o Estado como círculo mais restrito. Sociedade vem primeiro; o Estado, depois. A Sociedade, algo interposto entre o indivíduo e o Estado, é a realidade intermediária, mais larga e externa, superior ao Estado, porém inferior ao indivíduo, como medida de valor. O conceito de Sociedade tomou sucessivamente três caminhos no curso de sua caminhada histórica. Foi primeiro jurídico, com Rousseau; depois econômico, com Marx e enfim, sociológico, com Comte. Rousseau foi o filósofo que distinguiu com mais acuidade a Sociedade do Estado. Por Sociedade, entendeu ele o conjunto daqueles grupos fragmentários, daquelas “sociedades parciais”, onde do conflito de interesses reinantes, só se pode recolher a vontade de todos, ao passo que o Estado vale como algo que se exprime numa vontade geral, a única autêntica, captada diretamente da relação indivíduo-Estado, sem nenhuma interposição ou desvirtuamento por parte dos interesses representados nos grupos sociais interpostos. Marx e Engels conservam a distinção conceitual entre Estado e Sociedade, deixando porém de tomar o Estado como se fora algo separado da Sociedade, que tivesse existência à parte, autônoma, como realidade externa, cujo exame já não lembrasse o que em si há de profundamente social, pois o Estado é produto da Sociedade, instrumento das contradições sociais, e só se explica como fase histórica, à luz do desenvolvimento da Sociedade e dos antagonismos de classe. O Estado não está fora da Sociedade, mas dentro, posto que se distinga da mesma. A Sociologia, desde Comte, forceja por apagar a antinomia Estado e Sociedade. Reduz o Estado a uma das formas de Sociedade, caracterizada pela especificidade de seu fim - a promoção da ordem política, a organização coercitiva dos poderes sociais de decisão, em concomitância com outras sociedades, como as de natureza econômica, religiosa, educacional, lingüística, etc. No mundo moderno, o homem, desde que nasce e durante toda a existência, faz parte, simultânea ou sucessivamente, de diversas instituições ou sociedades, formadas por indivíduos ligados por parentesco, interesses materiais ou objetivos espirituais. Elas têm por fim assegurar ao homem o desenvolvimento de suas aptidões físicas, morais e intelectuais, e para isso impõem certas normas, sancionadas pelo costume, a moral ou a lei. A primeira em importância, a sociedade natural por excelência, é a família, que o alimenta, protege e educa. As sociedades de natureza religiosa, ou Igrejas, a escola, a Universidade, são outras tantas instituições em que ele ingressa; depois de adulto, passa ainda a fazer parte de outras organizações, algumas criadas por ele mesmo, com fins econômicos, profissionais ou simplesmente morais: empresas comerciais, institutos científicos, sindicatos, clubes, etc. O conjunto desses grupos sociais forma a Sociedade propriamente dita. Mas, ainda tomado neste sentido geral, a extensão e a compreensão do termo sociedade variam, podendo abranger os grupos sociais de uma cidade, de um país ou de todos os países, e, neste caso, é a sociedade humana, a humanidade. Contudo, há uma sociedade, mais vasta do que a família, menos extensa do que as diversas Igrejas e a humanidade, mas tendo sobre as outras uma proeminência que decorre da obrigatoriedade dos laços com que envolve o indivíduo; é a sociedade política, o Estado. Os grupos humanos a que aludimos são sociedades, porém nem todos os grupos humanos formam uma sociedade. Na acepção científica do termo, sociedade é uma coletividade de indivíduos reunidos e organizados para alcançar uma finalidade comum. De modo mais analítico, pode-se dizer que uma sociedade é a união moral de seres racionais e livres, organizados de maneira estável e eficaz para realizar um fim comum e conhecido por todos os interessados. O Estado, portanto, é uma sociedade, pois se constitui essencialmente de um grupo de indivíduos unidos e organizados permanentemente para realizar um objetivo comum. E se denomina sociedade política, porque tendo sua organização determinada por normas de Direito positivo, é hierarquizada na forma de governantes e governados e tem uma finalidade própria, o bem público. E será uma sociedade tanto mais perfeita quanto sua organização for mais adequada ao fim visado e quanto mais nítida for, na consciência dos indivíduos, a representação desse objetivo, a vontade com que a ele se dedicarem. Com exceção da família, a que, pelo nascimento, o homem forçosamente pertence, mas de cuja tutela se liberta com a maioridade, em todas as outras sociedades ele ingressa voluntariamente e delas se retira quando quer, sem que ninguém possa obrigá-lo a permanecer. Da tutela do Estado, o homem não se emancipa jamais. O Estado o envolve na teia de laços inflexíveis, que começam antes de seu nascimento e se prolongam até depois da morte. No mundo moderno, o Estado é a mais formidável das organizações; a contextura das vidas humanas se insere solidamente no quadro das suas instituições, porque não existe esfera alguma de atividade, ao menos em teoria, que não dependa de sua autoridade. O Estado moderno é uma sociedade à base territorial, dividida em governantes e governados, e que pretende, nos limites do território que lhe é reconhecido, a supremacia sobre todas as demais instituições. De fato, é o supremo e legal depositário da vontade social e fixa a situação de todas as outras organizações. Põe sob seu domínio todas as formas de atividade cujo controle ele julgue conveniente. Na lógica dessa supremacia, subtende-se que tudo quanto restar fora de seu controle é feito com sua permissão. O Estado é a chave da abóbada social; modela a forma e a substância de miríades de vidas humanas, de cujo destino ele se encarrega. O Estado aparece, assim, aos indivíduos e sociedades, como um poder de mando, como governo e dominação. O aspecto coativo e a generalidade são fatores que distinguem as normas por ele editadas; suas decisões obrigam a todos os que habitam o seu território. Não se confunde, pois, nem com as sociedades em particular, nem com a Sociedade, em geral. Os seus objetivos são os de ordem e defesa social, e diferem dos objetivos de todas as demais organizações. Para atingir essa finalidade, que pode ser resumida no conceito de bem público, o Estado emprega diversos meios, que variam conforme as épocas, os povos, os costumes e a cultura. Mas o objetivo é sempre o mesmo e não se confunde com o de nenhuma outra instituição. Subtende-se e supõe-se que o Estado assim procede para realizar o bem público; por isso e para isso tem autoridade e dispõe de poder, cuja manifestação concreta é a força. Sem dúvida, em outras formas de sociedade também existe a autoridade e o poder. Mas, o poder do Estado é o mais alto dentro de seu território, e o Estado tem o monopólio da força para tornar efetiva sua autoridade. As normas que organizam o Estado e determinam as condições sociais necessárias para realizar o bem público, constituem o Direito, que ao Estado incumbe cumprir e fazer cumprir. Logo, o Estado é: a organização político-jurídica de uma sociedade para realizar o bem público, com governo próprio e território determinado. Segundo Giorgio Balladore Pallieri o estado é: Uma ordenação que tempor fim especifico e essencial a regulamentação global das relações sociais entre os membros de uma dada população, sobre um dado território, na qual a palavra ordenação expressa a idéia de poder soberano, institucionalizado. Dalmo de Abreu Dallari assim define o estado: É a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em um determinado território. Em qualquer momento da existência e em qualquer ponto da terra em que se encontre, o homem está sujeito à soberania do Estado, e se foge à soberania de um é para cair sob o poder de outro Estado. O Estado sediferencia das demais sociedade basicamente pelo seu caráter de necessidade, e porque, dominando-as no terreno jurídico, deve harmoniza-las no sentido das finalidades próprias: o bem público. 3.2. Evolução histórica; Con – fusão entre estado e governo: Monarquias de direitos divinos, onde a vontade do soberano era a ultima estancia. Estado Moderno; separação dos poderes. Estado Liberal; terceirização das funções básicas sociais. 3.3. Elementos essenciais do Estado. Mesmo diante das mais variadas formas de definição de estado, podemos colher entre elas um núcleo teórico comum, a saber, os elementos que constituem o estado e a sua finalidade. Os elementos são: Governo; Soberania; Povo; Território; Finalidade; 3.3.1. Governo: Enquanto termo deriva do latim “Gubernare”; Enquanto significado refere-se à gestão ou administração cotidiana dos negócios públicos. Como tal se expressa através de seus aparatos administrativos, de seus princípios e suas normas vigentes que orientam e condicionam a vida social. Aristoteles define o governo como sendo o “Senhor supremo da polis”. Aqui ele refere-se a ultima estancia do exercício do poder; Em um estado monárquico, como queria Rousseau, o governo seria a estancia intermediaria entre o “Soberano Senhor” e os vassalos a fim de possibilitar uma reciprocidade. Em outras palavras, o governo deveria fazer a legitima ponte entre o Soberano e o Estado. Neste sentido em Rousseau existe diferença entre: Estado, Soberano e Governo. 3.3.2. Soberania. Enquanto termo provém do latim “Superanus” “Superna”. Que se refere ao maior, ao Superior enquanto exercício de poder e ao mesmo tempo se refere àquilo que está na base o que está “Sobe”, como fundamento. É uma qualidade intrínseca ao Estado. Só se reconhece um estado se se reconhece sua soberania. Esta noção nasce na Grécia clássica quando temos a Polis com seu governo Autárquico. Este conceito foi deduzido aos poucos a partir do momento em que as regras de relações internacionais eram consolidadas. No império romano a soberania dos estados subjugados era negada. No mundo medieval a soberania dos estados (reinos) era subjugada pelo poder maior do Sumo Pontífice. A partir do século XIV após a questão entre o rei da França – Felipe o Belo, e o papa Bonifácio VII, as relações entre o papa e os reis e príncipes começaram a declinar. Após a revolução protestante e, sobretudo, após o ato de supremacia imposto por Henrique VIII, rei da Inglaterra, em 1535, o poder do rei (príncipe) se sobrepôs ao do papa. A partir do século XVII nasce a ideia do Absolutismo em referimento ao Rei Soberano. Este era absoluto em seu território e este (o território) era absoluto em relação aos outros. O estado se torna primaz nas relações internacionais e resistente aos poderes alienígenas. Após a 1ª. Guerra mundial a soberania passou a ser mitigada com o surgimento da Liga das Nações. Após a 2ª. Guerra mundial este conceito moderno de Estado Soberano sofreu duros golpes teóricos. Em 1945 surge a ONU, como esfera reguladora das relações externas (internacionais) dos estados deixando (sub-conditio) a soberania interna. O Liberalismo e o Neo-liberalismo nasceram como uma nova concepção de ordem internacional, trazendo consigo a globalização. 3.3.3. Povo. A Constituição Brasileira reza que “todo poder vem do povo”. Aqui a palavra Povo se refere aos associados do Estado, a cidadãos. No âmbito Jurídico Povo também se refere aos nascidos de uma Nação ou naturalizados. Numa definição sociológica entende-se povo o agrupamento humano dotado de múltiplas finalidades e afinidades linguísticas, culturais, religiosas, étnicas, etc... 3.3.4. Território. Nos planos políticos e jurídicos esse vocabulário expressa os limites geográficos pertencentes a um Estado. O território é a base física do Estado. É o País propriamente dito. Delimita a ação Soberana do Estado. Aqui se observa o solo, espaço aéreo, o mar... 3.3.5. Finalidade. A art. 3º. Da Constituição Brasileira afirma que os objetivos do Estado brasileiro são: Construir uma sociedade livre, justa e solidaria; Garantir o desenvolvimento nacional; Erradicar a pobreza e a marginalização, e reduzir as desigualdades sociais e regionais; Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, e quaisquer outras formas de descriminalização. Em ultima análise podemos afirmar que a finalidade do Estado é o Bem Comum.
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