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272_Direito_Civil___Parte_Geral

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PARTE GERAL- MATERIAL DE APOIO. MPU. 
TEXTOS RETIRADOS DO LIVRO DIREITO CIVIL SISTEMATIZADO. ED. GEN/FORENSE 
AUTOR: CRISTIANO VIEIRA SOBRAL PINTO 
WWW.PROFESSORCRISTIANOSOBRAL.COM.BR 
 
 
 Personalidade 
Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. A pessoa natural ou física é o ser humano, 
sem ser exigida qualquer qualidade, assim, é certo afirmar que os animais irracionais não são sujeitos de 
direitos. 
A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a 
concepção, os direitos do nascituro. Personalidade Jurídica é a aptidão genérica para se titularizar direitos 
e contrair obrigações na ordem jurídica.1 
 Momento de aquisição da personalidade jurídica 
a) Teoria Natalista 
Para essa teoria, a personalidade do ser humano se inicia com o nascimento com vida, devendo o 
subsequente ser registrado no Cartório de Registro das Pessoas Naturais.2 
b) Teoria concepcionista 
 Para essa teoria se adquire a personalidade desde a concepção, e o nascituro já possui personalidade 
jurídica (teoria que encontra mais adpetos na doutrina). 
 Registro civil das pessoas naturais 
Os atos da vida civil que dizem respeito ao estado ou capacidade das pessoas naturais devem ser 
inscritos no registro público competente (Registro Civil das Pessoas Naturais). 
O registro civil tem dupla finalidade: documentar e dar publicidade ao estado das pessoas e à 
situação dos bens. 
Serão inscritos em Registro Público os nascimentos, os casamentos, as separações judiciais e os 
divórcios, os óbitos, a emancipação por outorga dos pais ou a judicial, a interdição dos loucos, surdos-
mudos e dos pródigos, a sentença declaratória da ausência e as opções de nacionalidade. 
O registro, contendo as inscrições dos momentos capitais da vida do indivíduo, atesta o seu estado, 
que dele se infere enquanto subsistir. Entretanto, não faz prova absoluta do que patenteia, eis que passível 
de anulação por erro ou falsidades. 
 Capacidade 
É a medida da personalidade. Pode ser de direito ou de fato. Vejamos: 
2.1.2.1. Capacidade de direito, de gozo ou jurídica 
 
1 Art. 2º do Código Civil de 2002. 
 
2 Natureza declaratória, posição de Silvio Rodrigues. 
 
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É própria de todo ser humano, que a adquire assim que nasce (começa a respirar) e só a perde quando 
morre. Em face do ordenamento jurídico brasileiro, a personalidade se adquire com o nascimento com vida, 
ressalvados os direitos do nascituro desde a concepção. 
2.1.2.2. Capacidade de fato, de exercício ou de ação 
Nem todos a possuem; é a aptidão para exercer, pessoalmente, os atos da vida civil. Só se adquire a 
capacidade de fato com a plenitude da consciência e da vontade. Lembre-se de que é possível que uma 
pessoa tenha alcançado maioridade, mas não possa exercer os atos da vida civil pessoalmente. 
Nota! 
Diferença entre Capacidade e Legitimação. A capacidade é a medida da personalidade, já a legitimação é 
uma condição especial, uma capacidade específica para um determinado ato. 
Capacidade plena 
Ocorre capacidade plena quando a pessoa é dotada das duas espécies de capacidade, a capacidade de 
direito e a capacidade de fato. 
 Da incapacidade 
Trata-se de pessoa incapaz aquela legalmente restrita para a prática, por si só, de atos na vida civil. O 
instituto da incapacidade existe para proteger tais pessoas. Veja-se o que menciona o Código Civil sobre os 
graus de incapacidade: 
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: 
I – os menores de dezesseis anos; 
II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento 
para a prática desses atos; 
III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. 
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: 
I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o 
discernimento reduzido; 
III – os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
IV – os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. 
Nota! 
Todos têm capacidade de direito, mas 
nem todos têm a capacidade de fato. 
 
 Emancipação 
Emancipação é o instituto por meio do qual se antecipa a capacidade de exercício de direitos do 
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menor, traduz a emancipação da capacidade plena, podendo ser de três espécies: 
a) voluntária;3 
b) judicial4 ou 
c) legal.5 
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à 
prática de todos os atos da vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, 
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o 
menor tiver dezesseis anos completos; 
II – pelo casamento (ver arts. 1.517 e 1.520 do Código Civil) 
III – pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV – pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde 
que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. 
A emancipação voluntária é aquela concedida por ato dos pais ou de um deles na falta do outro, por 
instrumento público, independentemente de homologação judicial, desde que o menor tenha 16 anos 
completos. 
O pai que detém a guarda não pode, sozinho, emancipar o filho. É ato conjunto, só podendo fazer 
sozinho se o outro estiver morto ou destituído do poder familiar. 
Constitui ato irretratável e irrevogável, salvo existência de fraude, a qual possibilita a revogação. 
A emancipação judicial é aquela concedida pelo juiz em face do menor tutelado, ouvido o tutor, desde 
que este menor tenha 16 anos completos. 
A emancipação legal, prevista nos incs. II a V, decorre diretamente da lei. 
II – casamento – idade mínima de 16 anos, entre 16 e 18 precisa de autorização. Tal regra não 
se estende aos casos de união estável. No direito brasileiro, admite-se exceção: art. 1.520 do 
Código Civil: a gravidez antes dos 16 anos .6 
 Extinção da pessoa física 
A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos 
em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. O que marca o fim da pessoa natural é a morte. O 
que prevalece é a morte encefálica. Vejamos: 
Art. 3º da Lei n. 9.434. A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano 
destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte 
 
3 Art. 5º, parágrafo único, I, primeira parte, Código Civil. 
 
4 Art. 5º, parágrafo único, I, parte final Código Civil. 
 
5 Art. 5º, II, III, IV, V, Código Civil. 
 
6 “Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1.517), para evitar 
imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.” 
 
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encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção 
e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução 
do Conselho Federal de Medicina. 
Não há como estudar o artigo acima sem observar os arts. 37 e 38 do Código Civil. 
Art. 37 do Código Civil. Dez anos depoisde passada em julgado a sentença que concede a 
abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o 
levantamento das cauções prestadas. 
Art. 38 do Código Civil. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o 
ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. 
A doutrina costuma afirmar que existem duas espécies de morte, a morte real 
 
e a morte presumida. Morte real é a que tem a declaração de óbito, pressupõe a análise do corpo 
morto. Com relação a morte presumida o direito admite duas situações: 
a) ausência – é o procedimento de passar a outro os bens de alguém que desapareceu. No momento 
em que se abre uma sucessão definitiva, o ausente é considerado morto presumido. O registro do ausente 
declarado morto é feito no registro civil com o registro de ausência, sem a certidão de óbito. 
b) art. 7°– morte presumida, sem decretação de ausência, é o juiz que declara em procedimento de 
justificação (da morte). Nessas hipóteses o registro é feito no livro de óbito, equiparando-se à morte real. 
Essas pessoas não são ausentes. 
Vejamos o texto legal: 
Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois 
anos após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser 
requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data 
provável do falecimento. 
 Comoriência 
 
Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos 
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. 
 Teoria do direito da personalidade 
Os fundamentos da teoria dos direitos da personalidade começaram a surgir e se esquematizaram 
com a Declaração dos Direitos dos Homens. Com o surgimento dos direitos humanos, dos direitos 
fundamentais é que começaram a surgir os direitos da personalidade. 
Oportuno diferençar os conceitos de personalidade dos direitos da personalidade. Verifica se no art. 
2º do Código Civil que a personalidade é a aptidão genérica, reconhecida a todo ser humano para contrair 
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direitos e deveres na vida civil, bem como podemos dizer que se trata de um conjunto de atributos 
naturais. A tutela desses atributos é o direito da personalidade, que se classifica em direito à integridade 
física, direito à integridade intelectual e os direitos à integridade moral. 
De acordo com a doutrina clássica, os direitos da personalidade são faculdades jurídicas cujo objeto são 
os diversos aspectos da própria pessoa do sujeito. 
Pode-se afirmar que são direitos subjetivos absolutos os presentes nos arts. 11 a 20 da legislação 
civilista que possibilitam a atuação legal, isto é, uma faculdade ou um conjunto de faculdades na defesa da 
própria pessoa, nos seus aspectos físicos e espirituais, dentro do autorizado pelas normas e nos limites do 
exercício fundado na boa-fé. 
Os direitos da personalidade possuem as seguintes características: direitos inatos; vitalícios; 
absolutos; indisponíveis; extrapatrimoniais; intransmissíveis. 
a) Direitos inatos 
São direitos adquiridos como o surgimento da personalidade. Os direitos inatos da personalidade, 
diversamente dos demais, não necessitam de uma manifestação de vontade para firmar sua titularidade. 
De acordo com a Teoria Natalista, a partir do nascimento, automaticamente já se detém o direito subjetivo 
da personalidade, ou seja, já se possui direito ao nome, à honra, ao recato etc. Por isso, se diz que eles são 
inatos, já que os mesmos são inerentes ao próprio surgimento da personalidade, qualquer que seja o 
entendimento adotado (natalista ou concepcionista). 
b) Direitos vitalícios 
Os direitos da personalidade perduram durante todo o ciclo vital da pessoa, ou seja, iniciam- se com a 
vida e se findam com a morte. 
c) Direitos absolutos 
Os direitos absolutos são aqueles que se exercem erga omnes, enquanto os relativos possuem sujeitos 
passivos determinados ou determináveis. 
d) Direitos indisponíveis 
Os direitos da personalidade estão fora do comércio, mas é preciso esclarecer que isso não ocorre 
com todos os bens da personalidade, pois alguns, como a imagem ou o nome, são disponíveis. Conforme 
se pode observar com a leitura do art. 11 da legislação civilista: 
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são 
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. 
e) Direitos extrapatrimoniais 
Os direitos da personalidade não têm valor patrimonial. Não há como valorar a vida ou a honra de 
uma liberdade cerceada. 
f) Direitos intransmissíveis 
Não há como se transmitir honra, recato, vida, já que os direitos da personalidade são ínsitos ao 
aspecto físico e espiritual do seu titular. O que não impede que os herdeiros demandem em caso de uma 
ofensa à pessoa falecida. 
O art. 12 do Código Civil versa sobre os mecanismos da tutela dos direitos da personalidade,7 tanto no 
 
7 Possibilidade de uso do art. 461 do Código de Processo Civil e art. 84 do Código de Defesa do Consumidor. 
 
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sentido de prevenção (tutela preventiva) como de cessação da ocorrência de lesão, podendo a parte 
cumular estes pedidos com perdas e danos. O professor Carlos Alberto Bittar informa em seu livro8 que tal 
tutela compreende as seguintes medidas: 
1. cessação de práticas lesivas; 
2. apreensão de materiais oriundos de tal prática; 
3. submissão do agente à cominação de pena; 
4. reparação de danos materiais e morais; 
5. perseguição criminal do agente;. 
 
Quanto à questão da legitimação mencionada no parágrafo único do art. 12 do Código Civil, ora 
estudado, dá-se legitimação também ao companheiro. Veja: 
Arts. 12 e 20. O rol dos legitimados de que tratam os arts. 12, parágrafo único, e 20, parágrafo 
único, do Código Civil também compreende o companheiro (Enunciado n. 275 da IV Jornada de 
Direito Civil). 
 Vedação de atos de disposição do próprio corpo 
Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar 
diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. O ato previsto no art. 13 
será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. Mediante contraprestação 
pecuniária, estão vedados todos os atos de disposição do próprio corpo, que reduzam a integridade física 
do indivíduo ou que venham a contrariar os bons costumes e a moral. 
Na visão moderna, o art. 13 do Código Civil9 não veda as cirurgias de mudança de sexo, pois se deve 
dar ênfase à dignidade da pessoa humana; imaginem aquelas pessoas que vivem em constante conflito 
interno quanto a sua sexualidade. Nesse sentido foi aprovado o Enunciado n. 6 da I Jornada de Direito Civil: 
Art. 13. a expressão “exigência médica”, contida no art. 13, refere-se tanto ao bem-estar físico 
quanto ao bem-estar psíquico do disponente. 
 O princípio do consenso afirmativo10 
É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em 
parte, para depois da morte. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. Hoje 
vigora a doação consentida ou o princípio do consenso afirmativo,11 pois aqui prevalece a autonomia 
privada da vontade do ser humano, principalmente por se aproximar do princípio da solidariedade. É 
possível a feitura de um testamento manifestando a vontade de que após a morte sejam doados os órgãos.8 Os direitos da personalidade. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001. p. 49. 
 
9 “Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da 
integridade física, ou contrariar os bons costumes. 
 Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial.“ 
10 Art. 14 do Código Civil. 
 
11 O art. 14 do Código Civil revogou parcialmente o art. 4º da Lei n. 9.434/1997. 
 
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 Os princípios da autonomia do paciente e da não maleficência 
 
Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção 
cirúrgica. 
 
O dispositivo deve ser interpretado restritivamente, não podendo jamais priorizar a liberdade do 
paciente em detrimento à vida, que tem primazia constitucional. O que importa para os “Testemunhas de 
Jeová”, por exemplo, é a liberdade religiosa12 e não a vida. Eles não fazem transfusão de sangue. Nesse 
caso, a posição dominante hoje é que o médico deverá fazer a transfusão e salvar a vida do paciente 
(ponderação dos direitos). Pablo Stolze entende que as entidades hospitalares, em determinados casos, 
devem obter suprimento da autorização pela via judicial.13 
 Nome civil 
Elemento designativo do indivíduo e fator de sua identificação na sociedade é o nome, ainda, atributo 
da personalidade, nas lições de Caio Mario da Silva Pereira. Envolve ele, simultaneamente, um direito 
individual e um interesse social. É direito e é dever, nele são compreendidos o prenome (designa o 
indivíduo) e o sobrenome (indica a origem familiar). O mesmo possui um aspecto privado e um aspecto 
público. No aspecto privado o nome é um direito da personalidade ligado ao princípio da dignidade 
humana. O nome é um elo entre a pessoa e a sociedade, do que resulta seu aspecto público . No aspecto 
público, o nome é uma necessidade de todos nós sermos identificados, está ligado à ideia de uma 
identidade. O aspecto privado possibilita à pessoa mudar o seu nome de acordo com a trajetória da sua 
vida. No aspecto público há uma índole conservadora, pois a sociedade exige que o nome seja imutável 
para haver uma segurança na identificação de cada um. 
São chamados de contingentes ou secundários: O agnome: Neto, Filho, Júnior. Ex.: Péricle Júnior. 
Quando há um apelido público e notório este é chamado de vocatório (Xuxa, Pelé, Lula). O hipocorístico é 
um designativo do nome derivado de sua raiz, destinado à expressão de afeto (Zeca, Chico) 
O prenome pode ser mudado nas seguintes hipóteses: 
1) adoção de um menor14 
2) nome vexatório (art.55 da LRP): Graciosa Rodela, Um, dois, Três de Oliveira Quatro. 
3) erro gráfico (art. 110 da LRP); 
4) homonímia; 
5) art. 56 da LRP15 – dos 18 aos 19 anos sem qualquer justificativa;16 
 
12 Art. 5º, § 6º, da Constituição Federal, de 1988. 
 
13 GAGLIANO, Pablo Stolze. Parte Geral, p. 156. 
 
14 “Art. 8º Revogam-se o § 4º do art. 51 e os incs. IV, V e VI do caput do art. 198 da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, bem como o 
parágrafo único do art. 1.618, o inciso III do caput do art. 10 e os arts. 1.620 a 1.629 da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código 
Civil, e os §§ 1º a 3º do art. 392-A da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1o de maio de 1943.” 
 
15 “Art. 56. O interessado, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador bastante, alterar 
o nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa.” 
 
16 Lei n. 12.100, de 27 de novembro de 2009 
 Art. 1º Esta Lei altera a Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, com o objetivo de permitir, em caso de erros que não exijam qualquer 
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6) aquelas pessoas que estão no programa de proteção de vítimas a testemunha, de acordo com o 
parágrafo único do art. 58 da LRP.17 
7) Adoção(§ 5º do art. 47 do Estatuto da Criança e do Adolescente).18 
8) Casamento, separação ou divórcio (art. 1565 §§ 1º e 2º CC) 
9) Substituições por apelidos públicos notórios (art. 58 da LRP) 
 
A proteção do nome19 
O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a 
exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Mesmo que não seja exposto 
ao desprezo público, o nome da pessoa não pode ser utilizado por uma terceira pessoa, sem a devida 
autorização, sob pena de reparação, por violação À honra objetiva e subjetiva. 
 
Vedação do uso do nome em propaganda na falta de autorização20 
 
Casos recentes que versam sobre o tema abordado: 
 
O tribunal a quo fixou os danos morais em R$ 8 mil para o autor, médico que, em programa de televisão, 
teve sua honra ofendida. No caso, o jornalista teria afirmado que o médico estaria cobrando R$ 5 mil para 
a realização de cirurgia que poderia ser realizada pela rede pública. Além de divulgar a matéria, o jornalista 
 
indagação para a constatação imediata de necessidade de sua correção, a retificação extrajudicial de registro de assentamento civil. 
 Art. 2º Os arts. 40, 57 e 110 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, passam a vigorar com a seguinte redação: 
 “Art. 40. Fora da retificação feita no ato, qualquer outra só poderá ser efetuada nos termos dos arts. 109 a 112 desta Lei.” (NR) 
 “Art. 57. A alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após audiência do Ministério Público, será permitida 
por sentença do juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pela imprensa, ressalvada a 
hipótese do art. 110 desta Lei. 
 .............................................................................” (NR) 
 “Art. 110. Os erros que não exijam qualquer indagação para a constatação imediata de necessidade de sua correção poderão ser 
corrigidos de ofício pelo oficial de registro no próprio cartório onde se encontrar o assentamento, mediante petição assinada pelo 
interessado, representante legal ou procurador, independentemente de pagamento de selos e taxas, após manifestação conclusiva do 
Ministério Público. 
 § 1º Recebido o requerimento instruído com os documentos que comprovem o erro, o oficial submetê-lo-á ao órgão do Ministério 
Público que o despachará em 5 (cinco) dias. 
 § 2º Quando a prova depender de dados existentes no próprio cartório, poderá o oficial certificá-lo nos autos. 
 § 3º Entendendo o órgão do Ministério Público que o pedido exige maior indagação, requererá ao juiz a distribuição dos autos a um dos 
cartórios da circunscrição, caso em que se processará a retificação, com assistência de advogado, observado o rito sumaríssimo. 
 § 4º Deferido o pedido, o oficial averbará a retificação à margem do registro, mencionando o número do protocolo e a data da sentença e 
seu trânsito em julgado, quando for o caso.” (NR) 
 Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.” 
17 “Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios. 
 Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração 
com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério Público.” 
18 “Art. 47. *...+ § 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação 
do prenome.” 
 
19 Art. 17 do Código Civil. 
 
20 Art. 18 do Código Civil.Direito Civil 
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emitiu sua opinião desprovida de prova sobre o fato, acusando-o de cometer crime contra a Administração 
Pública. Para o Min. Relator, o dano moral decorreu de situação notoriamente mais grave, qual seja, a 
imputação de conduta criminosa em programa televisivo a afetar o nome do médico tanto em seu meio 
social como profissional, sem a comprovação da veracidade das afirmações. Entendeu o Min. Relator que o 
valor reparatório deve, portanto, ser elevado, de modo a se adequar aos parâmetros da razoabilidade e 
proporcionalidade. Diante disso, a Turma conheceu do recurso e lhe deu provimento para arbitrar o dano 
moral em R$ 30 mil, corrigidos a partir da data do julgamento do especial. REsp 879.460-AC, Rel. Min. 
Aldir Passarinho Junior, julgado em 6/4/2010. 
 
Discute-se, no REsp, se a notícia jornalística intitulada “Motorista Bêbado Bate Carro da Câmara” 
extrapolou seu direito de informar, atingindo a honra do recorrido. No caso, a ação de indenização por 
danos morais foi ajuizada contra a editora à qual pertence o jornal, visto que o motorista foi absolvido em 
sindicância administrativa da câmara municipal na qual não se confirmou seu estado de embriaguez. Por 
sua vez, anotou o Min. Relator que o acórdão recorrido, para chegar à conclusão de que o jornal 
extrapolou o direito de informação, consignou que o próprio motorista e algumas testemunhas 
confirmaram a ingestão de álcool, fato incontroverso nos autos. Ressalta que a liberdade de informação, 
sobretudo a amparada na liberdade de imprensa, assume um caráter dúplice, ou seja, há direito tanto de 
informar quanto de ser informado. Também explica que, se de um lado não se permite a leviandade por 
parte da imprensa, publicando matérias inverídicas que possam ofender a honra das pessoas, de outro 
lado também não se exigem, na atividade jornalística, verdades absolutas provadas previamente em 
investigação administrativa, policial ou judicial. Se houvesse tal exigência, iria colidir com a celeridade 
exigida nos meios de comunicação para noticiar os fatos. Destaca ainda o Min. Relator que a veracidade 
dos fatos noticiados na imprensa não deve consubstanciar dogma absoluto ou condição 
peremptoriamente necessária à liberdade de imprensa, mas um compromisso ético com a informação 
verossímil, o que pode eventualmente abarcar informações não totalmente precisas. Após essas 
considerações, entre outras, conclui o Min. Relator que, na hipótese, o jornal agiu segundo a margem 
tolerável de inexatidão por legítimo juízo de aparência dos fatos e interesse público, visto que, conforme 
consta dos autos, o autor ingeriu bebida alcoólica em festa com membros do Poder Legislativo local e, em 
seguida, colidiu com carro oficial à entrada de sua residência. Sendo assim, não houve erro grosseiro na 
reportagem divulgada, mas interesse público de informar, dar publicidade ao desvio da conduta de agente 
público, o que é próprio da crítica jornalística nos estados democráticos. Diante do exposto, a Turma deu 
provimento ao recurso para julgar improcedente o pedido indenizatório, restabelecendo a sentença. 
Precedentes citados: REsp 957.343-DF, DJe 8/4/2008, e REsp 1.063.304-SP, DJe 13/10/2008. REsp 680.794-
PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/6/2010. 
 
O uso do nome fictício21 
 
O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. Pseudômino 
significa um nome fictício usado por um indivíduo como alternativa ao seu nome legal. 
 
 
21 Art. 19 do Código Civil. 
 
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Da proteção da imagem22 
Salvo autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a 
divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de 
uma pessoa poderão ser proibidas, ao seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe 
atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se destinarem a fins comerciais. Em se tratando de 
morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os 
descendentes. 
O art. 20 do Código Civil, de 200223 se refere à imagem, cabendo ao prejudicado postular a proibição 
da divulgação, bem como requerer a reparação cabível, desde que seja atingida a honra, a boa fama, ou 
seja, quando é ferida a dignidade da pessoa humana. 
 
 
Proteção da privacidade da pessoa natural24 
 
A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as 
providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. Trata- se do direito do 
indivíduo a estar só, bem como, é o poder de excluir do conhecimento alheio as escolhas existenciais. Um 
exemplo claro de violação da privacidade ocorre quando os programas de televisão realizam a leitura labial 
dos jogadores de futebol. 
 
 A morte presumida com a declaração de ausência (diferente da regra do art. 7º do Código Civil de 
2002) 
 
Ausência significa o desaparecimento de uma pessoa de seu domicílio, sem deixar notícias de seu 
paradeiro e sem designar procurador ou representante a quem caiba a administração de seus bens. Em 
síntese, ausência é LINS (Lugar incerto e não sabido 
 
Se o indivíduo desaparece sem deixar notícias, abre-se prazo para a pessoa interessada requerer a 
ausência. O objetivo do instituto é a proteção do patrimônio do ausente, bem como de seus herdeiros. 
 
São legitimados para o requerimento da ausência Ministério Público ou qualquer interessado. 
Quando uma pessoa desaparece de seu domicílio sem deixar vestígios ou procurador a quem caiba 
administrar os bens, pode ser declarada a ausência. Veja-se a lei: 
 
22 Art. 20 do Código Civil 
 
23 “Art. 20. Salvo se autorizadas ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, 
a transmissão da palavra ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu 
requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se 
destinarem a fins comerciais. 
 Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes 
ou os descendentes.” 
24 “Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para 
impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.” 
 
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Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver 
deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a 
requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e 
nomear-lhe-á curador. 
Caso uma pessoa venha a desaparecer de seu domicílio, mas, porém deixa um mandatário que não 
quer ou não pode exercer, ou continuar o mandato que lhe foi conferido, ou se os seus poderes forem 
insuficientes, veja-se a lei: 
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar 
mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus 
poderes forem insuficientes. 
Fases relacionadas ao instituto: 
1) Curadoria dos bens 
2) A ocorrência da sucessão provisória 
3) A sucessão definitiva 
 
Pessoas Jurídicas 
 
Trata-se de um ente moral criado pelo ser humano e que o ordenamento jurídico atribui 
personalidade. Tal personalidade jurídica é manifestação do direito de propriedade. 
Quanto a natureza jurídicadas pessoas jurídicas tudo irá depender de qual teoria será adotada , 
vejamos: 
a) Teoria Negativista : não existe pessoa jurídica, ou seja, existe um patrimônio sem sujeito.25 
b) Teoria Afirmativista: adotada pelo Código Civil, de 2002 afirmando que a pessoa jurídica possui 
existência, sendo portadora de interesses próprios. A doutrina sustenta a Teoria da Realidade Técnica. 
 Teoria da desconsideração da pessoa jurídica, teoria da penetração ou disregard doctrine.
26 
O art. 50 do Código Civil consagrou tal teoria: 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou 
pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério 
Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas 
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios 
da pessoa jurídica. 
 
Assim, é certo afirmar que toda vez que houver abuso de personalidade, que decorre do desvio de 
finalidade ou da confusão patrimonial, o juiz poderá determinar a desconsideração da personalidade jurídica, 
 
25 BEVILÁQUA, Clóvis. In: STOLZE, Pablo; e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Parte geral. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 184. 
 
26 Recurso especial. Desconsideração da personalidade jurídica (disregard doctrine). Hipóteses. 1. A desconsideração da personalidade 
jurídica da empresa devedora, imputando-se ao grupo controlador a responsabilidade pela dívida, pressupõe – ainda que em juízo de 
superficialidade – a indicação comprovada de atos fraudulentos, a confusão patrimonial ou o desvio de finalidade. 2. No caso a 
desconsideração teve fundamento no fato de ser a controlada (devedora) simples longa manus da controladora, sem que fosse 
apontada uma das hipóteses previstas no art. 50 do Código Civil. 3. Recurso especial conhecido (REsp n. 744.107/SP, rel. Ministro 
Fernando Gonçalves, 4ª Turma, j. em 20.05.2008, DJe, 12.08.2008). 
 
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na busca do patrimônio dos administradores ou sócios da pessoa jurídica (afasta-se o princípio da separação 
patrimonial). 
Rubens Requião diz que: “Se a personalidade jurídica constitui uma criação da lei como concessão do 
Estado à realização de um fim, nada mais procedente do que se reconhecer no Estado, através da justiça, a 
faculdade de verificar se o direito concedido está sendo adequadamente usado. A personalidade jurídica 
passa a ser considerada doutrinariamente um direito relativo, permitindo ao juiz penetrar o véu da 
personalidade para coibir os abusos ou condenar a fraude através do seu uso.” 
As hipóteses que geram a desconsideração: 
a) Desvio de finalidade: ocorre quando objeto social é mera fachada para a exploração de atividade 
diversa.: Uma pessoa que está proibida de exercer certa atividade como pessoa física, por exemplo, constitui 
uma pessoa jurídica e por ela pratica o ato que não era permitido.27 
b) Confusão patrimonial: nesta hipótese, os bens pessoais e sociais se misturam. 
Tratando ainda sobre a questão, a doutrina e a jurisprudência sustentam a chamada teoria da 
desconsideração inversa, que ocorre com a quebra da autonomia patrimonial a fim de executar bens da 
sociedade por dívidas pessoais dos sócios. Nesse sentido, Enunciado n. 283 da IV Jornada do CJF: 
Art. 50. É cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada “inversa” para 
alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, 
com prejuízo a terceiros. 
 Veja-se recente julgado do STJ: 
Discute-se, no REsp, se a regra contida no art. 50 do CC/2002 autoriza a chamada desconsideração da 
personalidade jurídica inversa. Destacou a Min. Relatora, em princípio, que, a par de divergências 
doutrinárias, este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de ser possível a desconstituição da 
personalidade jurídica dentro do processo de execução ou falimentar, independentemente de ação própria. 
Por outro lado, expõe que, da análise do art. 50 do CC/2002, depreende-se que o ordenamento jurídico 
pátrio adotou a chamada teoria maior da desconsideração, segundo a qual se exige, além da prova de 
insolvência, a demonstração ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideração) ou de 
confusão patrimonial (teoria objetiva da desconsideração). Também explica que a interpretação literal do 
referido artigo, de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos sócios em razão de dívidas 
da sociedade e não o inverso, não deve prevalecer. Anota, após essas considerações, que a 
desconsideração inversa da personalidade jurídica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia 
patrimonial da sociedade, para, contrariamente do que ocorre na desconsideração da personalidade 
propriamente dita, atingir, então, o ente coletivo e seu patrimônio social, de modo a responsabilizar a 
pessoa jurídica por obrigações de seus sócios ou administradores. Assim, observa que o citado dispositivo, 
sob a ótica de uma interpretação teleológica, legitima a inferência de ser possível a teoria da 
desconsideração da personalidade jurídica em sua modalidade inversa, que encontra justificativa nos 
princípios éticos e jurídicos intrínsecos à própria disregard doctrine, que vedam o abuso de direito e a 
fraude contra credores. Dessa forma, a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em 
comento é combater a utilização indevida do ente societário por seus sócios. Ressalta que, diante da 
desconsideração da personalidade jurídica inversa, com os efeitos sobre o patrimônio do ente societário, os 
sócios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus direitos mediante a interposição dos 
 
27 AGUIAR JÚNIOR, Ruy Rosado de. O novo Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor – pontos de convergência. RDC 48/64. 
 
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recursos tidos por cabíveis, sem ofensa ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal. No 
entanto, a Min. Relatora assinala que o juiz só poderá decidir por essa medida excepcional quando forem 
atendidos todos os pressupostos relacionados à fraude ou abuso de direito estabelecidos no art. 50 do 
CC/2002. No caso dos autos, tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusão patrimonial e 
abuso de direito por parte do recorrente. Nesse contexto, a Turma negou provimento ao recurso. 
Precedentes citados: REsp 279.273-SP, DJ 29/3/2004; REsp 970.635-SP, DJe 1°/12/2009, e REsp 693.235-
MT, DJe 30/11/2009. REsp 948.117-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/6/2010. 
 
 Personalidade 
 
Da conjugação de duas fases distintas, a volitiva e a administrativa, é que resulta a aquisição da 
personalidade jurídica. O ato constitutivo é o instrumento continente da declaração da vontade criadora. É a 
causa geradora primária do ente jurídico. 
 
Todavia, o começo da existência jurídica está fixado no instante em que aquele ato constitutivo é 
inscrito no Registro Público competente, seja para as sociedades ou associações, seja para as fundações. 
 
Basicamente, o ato constitutivo da pessoa jurídica é um estatuto (associações, fundações de direito 
privado e cooperativas) ou um contrato social (adotado por sociedades), e em geral é levado para o 
registro na Junta Comercial (registro público de empresa) ou para o Cartório de Registro Civil de Pessoas 
Jurídicas. 
OBS: Na forma do Código Civil, esse registro é constitutivo da sua personalidade. Diferentemente, o 
registro da pessoa física é meramente declaratório. 
 
Será designada sociedade de fato, quando sequer houver ato constitutivo. E será designada sociedade 
irregular quando, não obstante a existência de um atoconstitutivo, este não tenha sido registrado. 
 
Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo 
no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, 
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. 
Espécies 
a) Espécies de pessoas jurídicas de direito público: 
a.1) Interno: União, Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios, autarquias, Associações 
Públicas e as demais entidades de caráter público criadas por lei. As pessoas mencionadas estão em 
consonância com o princípio federativo, capitaneado no art. 1º da CF. Para efeitos administrativos, divide-se 
a administração estatal em Administração Direta e Indireta. A primeira constitui-se dos serviços integrados 
na própria estrutura administrativa do ente de direito público interno. Ex: Ministérios, secretarias, 
repartições e gabinetes. Já a segunda, compreende as seguintes entidades: Autarquias, Empresa públicas, 
Sociedades de Economia Mista, Fundações Públicas. 
a.2) Externo: os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional 
público. 
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b) Espécies de pessoa jurídicas de direito privado: as associações, as sociedades, as fundações, as 
organizações religiosas (incluído pela Lei n. 10.825, de 22.12.2003) e os partidos políticos (incluído pela Lei 
n. 10.825, de 22.12.2003). Posicionando-se nas Jornadas de Direito Civil a doutrina afirma que o rol do art. 
44 do Código Civil, que trata das pessoas jurídicas narradas, não é exaustivo 
 
 
 Associações 
As associações são entidades de direito privado, formadas pela união de indivíduos, com o propósito de 
realizarem fins não econômicos. Podem até obter lucro, desde que esse seja revertido para a própria 
associação. 
A principal distinção entre as associações e as sociedades consiste no fato de não existir naquelas a 
affectio societatis (parágrafo único do art. 53 do Código Civil), em razão de não haver nenhuma relação 
recíproca entre os associados. As sociedades possuem como ponto central o desempenho de atividades 
econômicas em proveito dos sócios.28 
O ato constitutivo de uma associação é um estatuto, que deve ser registrado no Cartório de Registro 
Civil de Pessoa Jurídica. 
O Estatuto das associações deverá conter: 
a) a denominação, os fins e a sede da associação; 
b) os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; 
c) os direitos e deveres dos associados; 
d) as fontes de recursos para sua manutenção; 
e) o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos; 
f) o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; 
g) as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. 
h) a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. 
O exposto acima é de ordem pública e em caso de ausência de um dos seus elementos o ato constitutivo 
da associação irá se tornar nulo. 
Importante mencionar que o sindicato e as centrais sindicais têm natureza de associação. 
Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens 
especiais. É lícita cláusula que proíba determinada qualidade de associado de realizarem uma atividade. A 
qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. 
A qualidade de associado, em regra, é personalíssima. Não confundir a regra com a exceção. Por 
exemplo, fulano associado a determinado clube de futebol. Se fulano morrer, essa qualidade não se 
transmite. A regra é essa. Excepcionalmente, a qualidade de associado se transforma em título patrimonial, 
que se transfere aos herdeiros, o que tem de estar previsto expressamente no título associativo. 
A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que 
assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. 
O fato descrito trata do devido processo legal, aplicado às situações que não são necessariamente 
vinculadas ao processo civil. Permite-se até o recurso. Só é admissível a exclusão do associado se houver 
justa causa, a qual deve estar definida no estatuto e nada mais é do que a manifestação do princípio da 
 
28 OLIVEIRA, James Eduardo. Código Civil comentado e anotado. 1. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 46. 
 
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eticidade.29 
É o estatuto que define a forma de convocação dos órgãos deliberativos, sendo garantido a um quinto 
dos associados o direito de promovê-la.30 
Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, 
as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não 
econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, 
estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por 
deliberação dos associados, podem esses, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber 
em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da 
associação. Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a 
associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio 
se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União (art. 61, §§ 1º e 2º). 
Caso uma associação chegue ao fim, o seu patrimônio líquido poderá ser destinado a outras entidades 
de fins não econômicos, designadas no estatuto, ou sendo omisso o estatuto os bens podem ser arrecadados 
pela Fazenda Pública. 
 Sociedades 
As sociedades estão disciplinadas no capítulo do direito da empresa, a doutrina especializada em direito 
empresarial criticou duramente o novo Código Civil por regulamentar o direto empresarial. 
As sociedades têm por principal característica a finalidade de lucro, e este será repartido entre os sócios. 
Busca-se a affectio societatis. 
São constituídas por contrato social e compostas por sócios. Podem ser simples ou empresariais. As 
simples ( arts. 997 a 1038 CC) são aquelas que exercem atividade econômica sem, contudo, submeter- se à 
definição de empresariais. Podem essas sociedades revestir-se de outras formas constitutivas, à exceção da 
sociedade por ações. Uma sociedade de dentistas pode adotar o modelo da sociedade limitada, ou seja, ela 
será simples quanto ao objeto, porém, sua forma será de limitada. Lembre-se de que para que isso ocorra o 
objeto da sociedade não pode ser empresarial. Já conforme o nome diz as sociedades empresariais (arts. 966 
a 982 CC) são aquelas cujo objeto se traduz em uma atividade empresarial. 
 Fundações 
As fundações não são grupos humanos personificados, resultam da personificação (afetação) de um 
patrimônio, por testamento ou escritura pública, que faz o seu instituidor, com o objetivo de realizar 
finalidade ideal. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação 
especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de 
administrá-la. A fundação somente poderá se constituir para fins religiosos, morais, culturais ou de 
assistência.31 
 
29 “Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos 
casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.” 
 
30 “Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: 
 I – destituiros administradores; 
 II – alterar o estatuto. 
 Parágrafo único. Para as deliberações com fim de destituir os administradores ou alterar o estatuto é exigido deliberação da assembleia 
especialmente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos 
administradores.” 
31 Art. 62, parágrafo único, Código Civil. 
 
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São as fases de constituição da fundação: 
 
1a fase – dotação patrimonial e orçamentária 
2a fase – elaboração do estatuto 
3a fase – aprovação do estatuto 
4a fase – registro do ato constitutivo 
 A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público interno 
O tema é abordado no art. 43 da lei civilista32 e no art. 37 § 6º, da Constituição Federal, de 1988,33 
sendo certo afirmar que a responsabilidade será objetiva, com fundamento na teoria do risco 
administrativo.34 É necessário para que haja a dita responsabilidade a presença dos seguintes requisitos: 
a) dano; 
b) ação administrativa; 
c) nexo de causalidade. 
Pode ser abrandada ou até excluída a responsabilidade da pessoa jurídica se provada a culpa da vítima. 
A regra também se aplica à pessoa jurídica prestadora de serviço público. 
 
 Extinção da pessoa jurídica 
Modalidades: 
• convencional: por vontades dos sócios; 
• legal: decorre dos motivos expostos na legislação; 
• administrativa: nas hipóteses de revogação para seu funcionamento; 
• natural: quando o ato constitutivo prevê a dissolução em caso de falecimento de seus membros, não 
podendo ocorrer prosseguimento pelos herdeiros. 
 
32 “Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade 
causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.” 
 
33 “Art. 37. A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: § 6º As pessoas 
jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa 
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.” 
 
34 Erro judiciário. Responsabilidade civil objetiva do Estado. Direito à indenização por danos morais decorrentes de condenação 
desconstituída em revisão criminal e de prisão preventiva. Constituição Federal, art. 5º, LXXV. Código de Processo Penal, art. 630. 1. 
O direito à indenização da vítima de erro judiciário e daquela presa além do tempo devido, previsto no art. 5º, LXXV, da Constituição, já 
era previsto no art. 630 do Código de Processo Penal, com a exceção do caso de ação penal privada e só uma hipótese de exoneração, 
quando para a condenação tivesse contribuído o próprio réu. 2. A regra constitucional não veio para aditar pressupostos subjetivos à 
regra geral da responsabilidade fundada no risco administrativo, conforme o art. 37, § 6º, da Lei Fundamental: a partir do entendimento 
consolidado de que a regra geral é a irresponsabilidade civil do Estado por atos de jurisdição, estabelece que, naqueles casos, a 
indenização é uma garantia individual e, manifestamente, não a submete à exigência de dolo ou culpa do magistrado. 3. O art. 5º, LXXV, 
da Constituição: é uma garantia, um mínimo, que nem impede a lei, nem impede eventuais construções doutrinárias que venham a 
reconhecer a responsabilidade do Estado em hipóteses que não a de erro judiciário stricto sensu, mas de evidente falta objetiva do 
serviço público da Justiça. RE n. 505.393/PE. 
 
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• judicial: determinada pelo Poder Judiciário; 
Importante observar as regras do art. 1.033 do Código Civil.35 
 Entes ou grupos despersonalizados: 
 São o conjunto de pessoas e de bens que não possuem personalidade própria, vejamos os destaques 
deste item: 
a) Família (agrupamento familiar); 
b) Massa Falida; 
c) Heranças Jacente e Vacante (em rodapé: atrs. 1819 a 1823 CC) 
d) Espólio( em rodapé: 1797 CC e 985 CPC) 
e) Condomínio Edilício (em rodapé: já fora estudado em capítulo anterior acerca da controvérsia 
exposta por parte da doutrina que sustenta a tese de condomíniio em edificações possuir 
personalidade. Veja-se os enunciados 90 e 246. ) 
DOMICÍLIO 
O conceito legal de domicílio civil da pessoa natural contido no art. 70 do Código Civil, define-o como o lugar 
onde a pessoa estabelece sua residência com ânimo definitivo tendo, portanto, por critério a residência. Nesta 
conceituação legal há dois elementos: o objetivo, que é a fixação da pessoa em dado lugar e o subjetivo, que é a 
intenção de ali permanecer com ânimo definitivo. Importa em fixação espacial permanente da pessoa natural.36 
Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio 
seu qualquer delas (Domicílio Plúrimo).37 Nossa legislação admite a pluralidade domiciliar, sendo domicílio qualquer 
residência desde que haja mais de uma. 
É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é 
exercida (Domicílio Profissional).38 Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá 
domicílio para as relações que lhe corresponderem. Aqui adotamos a mesma regra exposta acima, ou seja, admite-
se a pluralidade domiciliar profissional. Se uma empresa tem escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro e em Curitiba, 
 
35 “Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: 
 I – o vencimento do prazo de duração, salvo se vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em 
que se prorrogará por tempo indeterminado; 
 II – o consenso unânime dos sócios; 
 III – a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; 
 IV – a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; 
 V – a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. 
 Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inc. IV caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da 
sociedade sob sua titularidade, requeira no Registro Público de Empresas Mercantis a transformação do registro da sociedade para 
empresário individual, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.” 
36 SILVA, Regina Beatriz Tavares da (coord.). Código Civil comentado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 77. 
 
37 Art. 71 do Código Civil . 
 
38 Art. 72 do Código Civil. 
 
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quaisquer deles serão considerados domicílios. 
O domicílio ocasional39 é aquele em que a pessoa natural não tem residência habitual, sendo aquele onde for 
encontrada, v.g., caixeiro viajante, circense etc. 
São as condições para a mudança de domicílio: 
a) transferência da residência para local diverso; 
b) ânimo definitivo de fixar a residência, constituindo novo domicílio. 
Perder-se-á o domicílio pela mudança, porque este passará a ser o mais recente. Ter-se-á, como vimos, a 
mudança quando houver transferência de residência, com a intenção de deixar a anterior para estabelecê-la em 
outra parte.40 
A mudança de domicílio corresponderá à intenção de não permanecer mais no local em que se encontra. O 
modo exigido por lei para que se dê a exteriorização da referida intentio será a simples comunicação feita pela 
pessoa que se mudouà municipalidade do lugar que deixa e à do local para onde vai. Como, em regra, a pessoa 
natural que se muda não faz tal declaração, seu ânimo de fixar domicílio em outro local resultará da própria 
mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.41 
Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: 
a) da União, o Distrito Federal; 
b) dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; 
c) do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; 
d) das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou 
onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. 
Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado 
domicílio para os atos nele praticados. Se a administração ou diretoria tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por 
domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do 
estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. 
Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso (domicílio necessário). 
O domicílio do incapaz é legal e será o de seus representantes. 
O domicílio do servidor público é o local onde exerce suas funções por investidura efetiva. Logo, tem por 
domicílio o lugar onde exerce sua função permanente.42 
O militar do Exército é o lugar onde servir e o do da Marinha ou da Aeronáutica em serviço ativo, a sede do 
comando a que se encontra imediatamente subordinado. 
Com relação à marinha mercante é o lugar onde estiver matriculado o navio. 
Aquele que está preso terá por domicílio o lugar onde cumprir a sentença. 
O agente diplomático do Brasil, que citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, 
no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde 
o teve.43 
 
39 “Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.” 
 
40 SILVA, Regina Beatriz Tavares (coord.). Código Civil comentado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 79. 
 
41 Idem, ibidem. 
 
42 SILVA, Regina Beatriz Tavares (coord.). Código Civil comentado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 79. 
 
43 Art. 77 do Código Civil. 
 
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Domicílio contratual ou de eleição é o estabelecido contratualmente pelas partes em contrato escrito, que 
especificam onde se cumprirão os direitos e os deveres deles resultantes. A eleição do domicílio deve ser analisada 
de acordo com o princípio da função social e da boa-fé objetiva.44 
Nota! 
No Código de Defesa do Consumidor, vale destacar a regra disposta no art. 101. 
 
Vejamos o julgado: 
 
A recorrente alega que houve erro de diagnóstico do réu, que atestou ser ela portadora do vírus da hepatite 
tipo C, o que foi comunicado a todos os bancos de sangue do país, impedindo que ela doasse sangue. Promoveu 
ação de indenização de danos morais em seu domicílio, na qualidade de consumidora (art. 101, I, do CDC). Oposta 
exceção de incompetência, ela foi acolhida ao entendimento de não se cuidar de relação de consumo. Para o Min. 
Relator, o serviço traduz-se, exatamente, na retirada do sangue da doadora e, inegavelmente, ela toma o serviço 
como destinatária final no que se refere à relação exclusiva entre essas duas partes, relação que também integra 
uma outra entre o banco de sangue e aquele que irá utilizá-lo. É um caso atípico, mas, nem por isso, pode ser 
apartado da proteção consumerista. São dois os serviços prestados e relações de consumo, sendo que a primeira é 
uma em si mesma, a captação de sangue pelo banco, mas faz parte de uma segunda, o fornecimento de sangue pelo 
banco ao recebedor. A primeira tem um custeio, sim, mas indireto, visto que pela segunda o banco é remunerado de 
uma forma ou de outra. Dessa maneira, pode, efetivamente, considerar-se a doadora como partícipe de uma relação 
de consumo em que ela, cedendo seu sangue, usa os serviços da empresa ré, uma sociedade limitada, que, no 
próprio dizer do Tribunal recorrido, como receptora do sangue, vende ou doa. Na espécie, a captação de sangue é 
atividade contínua e permanente do hemocentro. É sua matéria-prima o sangue e seus derivados. Não se cuida de 
um serviço que foi prestado casual e esporadicamente, porém, na verdade, constante e indispensável ao comércio 
praticado pelo réu com a venda do sangue a hospitais e terceiros, gerando recursos e remunerando aquela coleta de 
sangue da autora que se fez, ainda que indiretamente. Nessas circunstâncias, enquadra-se a hipótese, 
adequadamente, no conceito do art. 2º do CDC, de sorte que o privilégio do foro do domicílio do consumidor, 
assegurado no art. 101, I, daquele código, é de ser aplicável ao caso. Diante disso, a Turma conheceu do recurso e 
lhe deu provimento, para declarar competente o foro da comarca onde originariamente ajuizada a demanda. REsp 
540.922-PR, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 15/9/2009. 
 
Nota! 
 
 Com relação ao domicílio eleitoral, aplica-se a Lei nº 4.737/65. 
 
Nota! 
 
 Súmulas do STF, vejamos: 
60 
62 
80 
335 
363 
 
44 Arts. 421 e 422 do Código Civil. 
 
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406 
410 
483 
484 
517 
539 
583 
689 
 
 Súmulas do STJ 
1 
58 
 
BENS 
Neste tópico da matéria é interessante a leitura da lei. 
O vocábulo bem pode ser tomado em vários sentidos. 
Filosoficamente, bem seria tudo quanto pudesse proporcionar ao homem uma satisfação qualquer. 
Juridicamente, entretanto, bens seriam aqueles valores materiais ou imateriais que podem servir de objeto de uma 
relação jurídica. Imperioso, pois, sejam economicamente apreciáveis. 
Além desses bens, outros há, ainda, de ordem moral e não apreciáveis economicamente. Não entram, nem podem 
entrar, na formação do patrimônio da pessoa, eis que não comportam estimação pecuniária. Seriam esses bens, não 
econômicos, prolongamentos e/ou emanações da própria personalidade, como, por exemplo, a vida, a liberdade, o 
nome, a honra etc. 
Logo, pode-se dizer que bem jurídico seria todo interesse, todo valor, material ou imaterial, protegido pela lei, 
nestes incluídos os próprios direitos da personalidade. Entretanto, somente os economicamente apreciáveis podem ser 
objeto de relações jurídicas. 
Os bens, especificamente considerados, comportam uma distinção: Bem é gênero onde coisas são espécies. 
Coisas são materiais, corpóreas, concretas. São passíveis de alienação. 
Bens, em sentido estrito, são imateriais, incorpóreos, abstratos. São passíveis de cessão. 
Apenas para frisar, o nosso Código Civil não foi tão rigoroso nesta distinção, usando uma palavra pela outra, em 
certos casos. 
Classificação dos bens 
Os bens podem ser classificados de acordo com vários critérios : a natureza física dos mesmos; as suas relações 
recíprocas; os seus titulares; a possibilidade ou não de serem comercializados. 
Podemos assim classificar os bens: 
Bens considerados em si mesmos 
5.1.1.1. Dos bens imóveis 
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São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. 
Podem ser classificados em: 
a) imóveis por sua natureza;
45
 
b) imóveis por acessão física artificial;
46
 
c) imóveis por acessão intelectual.
47
 
Vale mencionar que existe doutrina que sustenta que tais bens não existem mais diante da leitura do atual código. 
Assim é o texto exposto pelas Jornadas de Direito Civil. 
Art. 79. Não persiste no novo sistema legislativo a categoria dos bensimóveis por acessão intelectual, não obstante a expressão 
“tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente”, constante da parte final do art. 79 do Código Civil (Enunciado n. 11 
do CJF). 
Consideram-se imóveis para os efeitos legais: 
a) os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; 
b) o direito à sucessão aberta. 
Não perdem o caráter de imóveis: 
a) as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; 
b) os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Aqui vale fazer uma 
remissão ao art. 84 do Código Civil.
48
 
Bem de família 
Tem sua origem no homestead do Direito americano. Visa a assegurar um abrigo à família, tornando a casa onde 
ela reside impenhorável e inalienável, durante um determinado período. 
O bem de família pode ser legal ou voluntário. 
Voluntário é aquele que é destinado pelo chefe da família para residência desta – arts. 19 a 22 do Decreto-lei n. 
3.200/41 e 260 a 265 da Lei de Registros Públicos. Constitui-se por escritura pública, inscrita no Registro de Imóveis. 
Tem por objeto uma coisa imóvel, ou seja, um prédio. É necessário que o imóvel seja residência dos interessados por 
mais de 02 (dois) anos, não havendo limite de valor. Para evitar a fraude contra credores, não se permite a criação de 
bem de família por quem já tenha dívidas no momento da instituição. 
Fica isento da execução por dívidas, salvo as de impostos relativos ao próprio imóvel, isenção esta que durará 
enquanto viverem os cônjuges e até que os filhos completem a maioridade civil. 
Não pode ter outro destino, nem ser alienados sem o prévio consentimento dos interessados os de seus 
representantes legais. 
Não entra em inventário, nem é partilhado enquanto nele residirem o cônjuge sobrevivente ou filho menor. 
Legal é o instituído pela Lei n. 8.009, de 02.03.1990, que estabeleceu a impenhorabilidade geral dos imóveis que 
sirvam de residências familiares próprias, bem assim dos bens móveis que as guarneçam, independentemente de 
qualquer ato ou providência dos interessados. No que se refere à impenhorabilidade deste tipo de bens, a própria lei 
faz inúmeras ressalvas. 
Na hipótese de existirem dois ou mais imóveis que sirvam de residência da mesma família, a impenhorabilidade 
recairá sobre o de menor valor, salvo se houver bem de família voluntário instituído. 
 
45 Art. 79, 1ª parte, do Código Civil. 
 
46 Art. 79, 2ª parte, do Código Civil. 
 
47 Art. 93 e o art. 79, 2ª parte, ambos do Código Civil. 
 
48 “Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; 
readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.” 
 
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Muito embora sob a mesma designação – bem de família –, não se confundem o voluntário e o legal. 
O voluntário tem natureza de afetação, tornando-o impenhorável, inalienável e insusceptível de inventário e 
partilha. Depende de escritura pública e registro. 
O legal tem natureza de mera impenhorabilidade geral, comportando inúmeras exceções. Não torna o imóvel 
inalienável, nem isento de inventário e partilha. Independe de manifestação dos interessados. 
Dos bens móveis 
São aqueles que se deslocam no espaço sem fratura ou quebra, mas por força alheia (mecânica ou força humana), 
por exemplo, um automóvel. Podem também se deslocar por força natural (semoventes) ou estranha (coisas 
inanimadas). 
Bens móveis por antecipação Seriam bens ainda incorporados ao solo, mas que se destinam a serem destacados e 
convertidos em bens móveis, exemplo, os frutos pendentes, as árvores destinadas ao corte. Isto é, no plano fático tais 
bens ainda seriam imóveis por acessão, mas se eles estão destinados a um destacamento futuro, entende-se que na 
medida em que há essa finalidade de destacamento, esses bens desde logo podem vir a ser qualificados como móveis 
por antecipação. 
Consideram-se móveis para os efeitos legais: 
a) as energias que tenham valor econômico; 
b) os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; 
c) os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. 
Os materiais (madeiras, telhas, azulejos, tijolos) destinados a alguma construção, enquanto não forem 
empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum 
prédio. Se alguma edificação for demolida, os materiais de construção readquirirão a qualidade de móveis, porque não 
mais participarão da natureza do principal. Se a separação for provisória e se for para continuar a fazer parte do 
mesmo edifício, serão esses imóveis. 
Dos bens fungíveis e consumíveis 
São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade, v.g., café. 
Tal fungibilidade é própria dos bens móveis. 
Em contrapartida, os bens infungíveis são aqueles que não admitem substituição, v.g., um quadro de um pintor 
famoso. 
 Nota! 
O empréstimo de bens fungíveis chama-se 
mútuo (se transfere a propriedade). 
 
O empréstimo de bens infungíveis chama-
se comodato (se transfere a posse). 
 
 
É possível fazer comodato de bem fungível. Trata-se do comodato ad pompam vel ostentationem, no qual a 
convenção das partes tem o condão de transformar a coisa fungível por sua natureza em infungível.
49
 Em suma: Não é 
um empréstimo para consumir, apenas para ostentar, para exibir. 
São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também 
considerados tais os destinados à alienação, v.g., uma refeição. Já os inconsumíveis são aqueles que podem ser usados 
de modo contínuo. 
O que torna um bem consumível ou inconsumível não é apenas a natureza da coisa, mas também a sua destinação 
econômica. Pode um bem ser naturalmente consumível e juridicamente inconsumível? Uma garrafa de vinho rara é 
naturalmente consumível, mas vamos supor que essa garrafa de vinho esteja gravada com uma cláusula de 
 
49 TARTUCE, Flávio. Contratos. 2. ed. São Paulo: Método, v. 3, p. 438. 
 
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inalienabilidade. Se isso ocorrer, ela será ao mesmo tempo naturalmente consumível e juridicamente inconsumível. 
5.1.1.4. Dos bens divisíveis 
Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, 
ou prejuízo do uso a que se destinam. Bem indivisível é aquele que não admite fracionamento, sob pena de perder a 
natureza ou o valor econômico, v.g., semoventes, uma tela de um pintor famoso. 
 Nota! 
A indivisibilidade pode ser convencional6 jurídica7 ou por natureza como o animal. 
 
 
Dos bens singulares e coletivos 
São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais. Podem ser 
simples ou compostos. Serão simples se formarem um todo homogêneo, cujas partes componentes estejam unidas em 
virtude da própria natureza ou da ação humana, sem reclamar quaisquer regulamentações especiais por norma jurídica. 
Podem ser materiais (pedra, caneta-tinteiro, folha de papel, cavalo) ou imateriais (crédito). As coisas compostas são 
aquelas cujas partes heterogêneas são ligadas pelo engenho humano, hipótese em que há objetos independentes que se 
unem em um só todo sem que desapareça a condição jurídica de cada parte. Verbi gratia, materiais de construção que 
estão ligados à edificação de uma casa.
52
 
Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham 
destinação unitária (uma biblioteca, um rebanho, uma galeria de quadros). Os bens que formam essa universalidadepodem ser objeto de relações jurídicas próprias. Já a universalidade de direito, é o complexo de relações jurídicas de 
uma pessoa, dotadas de valor econômico, como herança; patrimônio; massa falida. 
 Nota! 
Modernamente, a posição bastante firme é no sentido de que o complexo de 
relações jurídicas que envolve o patrimônio, envolve não apenas os bens, direitos e 
créditos, mas também as dívidas. As dívidas também compõem o patrimônio, isto é, não 
apenas o lado ativo, mas também o passivo ingressa na definição de patrimônio. 
 
 
 
50 “Art. 1.326. Os frutos da coisa comum, não havendo em contrário estipulação ou disposição de última vontade, serão partilhados na 
proporção dos quinhões.” 
 “Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. 
 Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas 
normas relativas ao condomínio.” 
 “Art. 1.421. O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa exoneração correspondente da garantia, ainda que esta 
compreenda vários bens, salvo disposição expressa no título ou na quitação.” 
 “Art. 28 da Lei n. 6.404. A ação é indivisível em relação à companhia.” 
 “Art. 1.331. Pode haver, em edificações, partes que são propriedade exclusiva, e partes que são propriedade comum dos condôminos. 
 § 2º O solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de distribuição de água, esgoto, gás e eletricidade, a calefação e refrigeração 
centrais, e as demais partes comuns, inclusive o acesso ao logradouro público, são utilizados em comum pelos condôminos, não 
podendo ser alienados separadamente, ou divididos.” 
51 Art. 1.386 do Código Civil . 
 
52 SILVA, Regina Beatriz Tavares (coord.). Código Civil comentado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 92. 
 
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Assim, com a morte da pessoa seu patrimônio se transmite aos herdeiros.
53
 Nos ensina o mestre J.M. Leoni 
Lopes de Oliveira, que o patrimônio é o conjunto do lado ativo e do lado passivo.
54
 
Dos bens reciprocamente considerados 
Bens principais são aqueles que não dependem de outros, não estão presos a outros, não seguem a sorte de 
outros. O solo é sempre principal, tudo o mais que está preso a ele é acessório. Já os acessórios, são aqueles que 
seguem a sorte do principal. Tudo o que acontece ao principal acontece aos acessórios. As obrigações seguem esta 
regra. Os bens acessórios podem ser: As pertenças, as acessões, os frutos naturais, industriais e civis, os produtos, 
os rendimentos e as benfeitorias.
55
 
 Nota! 
Apesar de o art. 82 do Código Civil12 mencionar que o acessório depende da 
existência do principal, existe regra no Código que informa opinião contraditória. Vamos 
ver: 
 
 
Art. 1.487. A hipoteca pode ser constituída para garantia de dívida futura ou condicionada, desde que determinado o valor 
máximo do crédito a ser garantido. 
Então, a hipoteca é garantia acessória tendo existência independentemente do principal. 
Têm-se basicamente dois critérios para ser aferido o que é principal e o que é acessório: 
Primeiro: Critério econômico, isto é, na verdade o valor de cada um dos bens seria determinante para se aferir o 
que seria principal ou acessório. 
Segundo (majoritário): Critério funcional. Principal é aquilo que atribui função ao todo, e o acessório atinge a 
sua finalidade enquanto àquele se vincula. 
O Código Civil apresenta norma que adota o critério econômico. Veja-se a chamada acessão invertida: 
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e 
construções; se procedeu de boa-fé, terá direito à indenização. 
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou 
edificou adquirirá a propriedade do solo mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo. 
São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao 
serviço ou ao aformoseamento de outro (molduras de quadros, acessórios de um automóvel, máquinas de uma 
fábrica). São imóveis por acesso intelectual. 
As partes integrantes são acessórios que, unidos ao principal, formam com ele um todo, sendo desprovidos de 
existência material própria, embora mantenham sua identidade (as lâmpadas de um lustre). 
 Nota! 
A pertença é um acessório sobre o qual não incide o princípio da gravitação jurídica. 
 
53 Art. 1.784 do Código Civil . 
 
54 OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Novo Código Civil anotado. 1. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004. p. 164. 
 
55 Vejamos alguns exemplos na legislação: arts. 233, 364, 366 e 1.209, todos do Código Civil. 
 
56 “Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da 
destinação econômico-social.” 
 
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Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário 
resultar da lei, da manifestação de vontade ou das circunstâncias do caso. Aqui vale observar o art. 233 do Código 
Civil. 
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do 
título ou das circunstâncias do caso. 
Enfim, o fato de a pertença não se aplicar à gravitação jurídica não significa dizer que a pertença é principal. 
Antes, fica claro que a pertença é acessória, porque ela se instrumentaliza a servir ao uso, serviço ou aformoseamento. 
Não se tem na pertença uma vinculação física, porque ela não é parte integrante. O que se tem, de fato, na pertença é 
uma vinculação finalística. O piano não é pertença do imóvel residencial, mas o será de um conservatório, ante as 
circunstâncias do caso, uma vez que é imprescindível para que esse possa atingir sua finalidade. 
Exceção à regra do art. 94 é a do art. 566 do Código Civil : 
Art. 566. O locador é obrigado: 
I – a entregar ao locatário a coisa alugada, com suas pertenças, em estado de servir ao uso a que se destina, e a mantê-la nesse 
estado, pelo tempo do contrato, salvo cláusula expressa em contrário; 
Enfim, no caso específico de locação, o art. 566, I, do Código diz que há presunção do locatário em entregar as 
pertenças. 
Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico. 
Importa mencionar que os produtos se diferenciam dos frutos justamente em razão da renovabilidade e do abalo 
ao bem. Os frutos podem ser naturais e civis. Cumpre mencionar os artigos: 
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se 
percebidos dia por dia. 
Art. 1.398. Os frutos civis, vencidos na data inicial do usufruto, pertencem ao proprietário, e ao usufrutuário os vencidos na data 
em que cessa o usufruto. 
Art. 1.395. Quando o usufruto recai em títulos de crédito, o usufrutuário tem direito a perceber os frutos e a cobrar as 
respectivas dívidas. 
O usufrutuário tem o dever de conservar o bem e é considerado possuidor de boa-fé. Ele se compromete a 
guardar a substância da coisa; assim, a doutrina majoritária defende que o usufrutuário só pode perceber os frutos e 
não os produtos, uma vez que a percepção dos produtos abalaria a própria substância do bem. 
Art. 1.394. O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e percepção dos frutos. 
Frutos, são as utilidades que a coisa periodicamente produz, sem desfalque da sua substancia. Podem ser 
naturais, ou seja, tudo aquilo que a coisa produz

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