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Manuseio de Material Perfurocortante

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o menor possível, para que a 
avaliação médica e a profilaxia sejam iniciadas imediatamente; 
3- É ideal que o laboratório proceda imediatamente a testes sorológicos do 
paciente e do acidentado. Os testes rápidos (tipo “pack” ou “sabonete”) são os 
mais recomendados, dados a necessidade de se estabelecer o status da 
sorologia de ambos para o HIV e as Hepatites B e C, o qual determinará as 
medidas profiláticas necessárias. Testes mais detalhados devem ser realizados 
concomitantemente para se determinar com maior fidelidade à situação 
sorológica, mesmo para outras patologias. Infelizmente, nem sempre há tempo 
ou condições para que os exames sejam realizados no intervalo de uma a duas 
horas após o acidente. Nestes casos, quando existe o risco de se ultrapassar o 
tempo limite para início da profilaxia, o médico costuma adotar as condutas 
considerando-se o paciente-fonte como provável soro-positivo para as doenças 
de risco; 
4- A quimioprofilaxia para o HIV costuma ser empregada baseando-se na 
avaliação médica criteriosa do risco de transmissão em função do tipo de 
acidente, da condição sorológica do paciente-fonte, do volume e tipo de material 
biológico envolvido. Quando indicado o uso profilático dos antirretrovirais, a 
quimioprofilaxia deverá ser iniciada o mais rápido possível, dentro de uma a duas 
horas após o acidente. Estudos com animais demonstraram ineficácia se o 
tratamento for iniciado de 24 a 36 horas após a exposição. Geralmente é 
empregada uma combinação de AZT e Lamivudina (3TC), estando disponíveis 
outras combinações e esquemas alternativos quando necessário. O tratamento 
costuma ser empregado por um período de quatro semanas, existindo efeitos 
colaterais geralmente leves e transitórios controlados com outros medicamentos; 
5- A profilaxia para a Hepatite B geralmente emprega Gamaglobulina Hiperimune 
(HBIG), aplicada via intramuscular, sendo mais eficiente se empregada dentro 
de 24 a 48 horas após o acidente. O status sorológico do paciente-fonte e do 
próprio profissional vão determinar a necessidade de sua utilização. Caso o 
profissional tenha sido vacinado anteriormente e tenha uma resposta imune 
vacinal conhecidamente adequada, geralmente não é aplicada a HBIG, mesmo 
que o paciente-fonte tenha HbsAg positivo. Caso o profissional acidentado não 
seja vacinado ou tenha resposta imune vacinal inadequada, o HBIG é 
empregado, principalmente se o paciente fonte tenha HbsAg positivo ou 
desconhecido; 
6- Quanto à Hepatite C não existe nenhuma medida especifica que reduza o 
risco de transmissão viral após exposição ocupacional. Portanto, é apenas por 
meio da prevenção que tem-se como combater esta patologia. Após um 
acidente, o acompanhamento futuro do profissional soro-negativo par Hepatite 
C, anteriormente à sua exposição, é importante para caracterizar-se o acidente 
de trabalho e entrar com medicamentos o mais precocemente possível. 
 
Acompanhamento do profissional acidentado: 
Após um acidente ocupacional com material infectado ou proveniente de 
paciente-fonte desconhecido, o profissional de saúde deverá ser acompanhado 
por um período de seis a doze meses, pelo menos. Caso o paciente-fonte seja 
comprovadamente soro-negativo, para as doenças de risco, é indicado um 
acompanhamento de três a seis meses, para cobrir-se a possibilidade de o 
paciente-fonte estar no período de janela imunológica. 
É ideal a avaliação clínica periódica nos dois primeiros meses, com o objetivo de 
detectar sinais e sintomas de infecção aguda pelo HIV, que usualmente ocorrem 
de três a quatro semanas após a exposição em 80% dos pacientes. A avaliação 
clinica associada a exames laboratoriais, permitem também a observação de 
efeitos adversos à quimioprofilaxia para o HIV, se esta houver sido empregada. 
A sorologia para HIV deve ser realizada no momento do acidente e repetido após 
6 a 12 semanas e após 6 meses. Caso tenham existido sintomas de possível 
infecção aguda pelo HIV nos primeiros 6 meses, história clinica prévia de 
deficiência imunológica ou exposição simultânea ao vírus da Hepatite C, o 
acompanhamento clinico e sorológico devem ser ainda mais rigorosos. 
Para a Hepatite B, caso o profissional apresente imunidade vacinal anterior ao 
acidente, não há necesidade de acompanhamento sorológico. Caso contrario, 
determinar HbsAg e Anti-Hbc após seis meses se o paciente-fonte for HbsAg 
positivo ou desconhecido. Caso tenha sido empregada a profilaxia com HBIG, 
determinar também o Anti-Hbs após 12 meses. 
Para a Hepatite C, caso o paciente-fonte tenha Anti-HCV positivo ou 
desconhecido, o profissional acidentado necessita realizar o anti-HCV no 
momento do acidente e após seis meses. É ideal o acompanhamento com 
dosagens de TGP no momento, seis semanas e seis meses após o acidente, a 
fim de auxiliar o diagnostico precoce de soroconversão (algumas vezes a TGP 
se eleva e o Anti-HCV continua dando resultados falso-negativos por um certo 
período). Se disponível, realizar também técnicas de Biologia Molecular (PCR) 
para detecção precoce da soroconversão, caso o paciente-fonte seja soro-
positivo para Hepatite C. 
Como existe o risco de transmissão destas patologias por via sexual, os 
profissionais acidentados devem ser orientados para utilizar-se de meios 
preventivos que evitem uma possível contaminação de seus parceiros. O uso de 
camisinhas é aplicável nas relações sexuais, principalmente durante o período 
onde não se possa descartar completamente a chance de aquisição da AIDS e 
das Hepatites após o acidente. 
Em relação à distribuição desses acidentes entre as categorias funcionais, os 
dados obtidos por meio das fichas de notificação do SESMT revelam que a 
maioria deles são ocasionados por agulhas e outros objetos perfurocortantes, 
descartados em locais impróprios: no leito do paciente, na mesa de cabeceira, 
na bandeja de medicação, no chão e no lixo comum. Medidas preventivas, como 
adequação das caixas de descarte de materiais perfurocortantes, treinamento 
específico que oriente os trabalhadores da área da saúde sobre os riscos 
biológicos e a importância da vacinação contra hepatite B, podem contribuir para 
a diminuição dessas ocorrências entre tais trabalhadores. 
Em relação ao descarte de material perfurocortante em local impróprio, índice 
semelhante foi encontrado na literatura, 5,1%, e, no mesmo estudo, 65,7% dos 
acidentes que ocorreram nessa situação envolveram o pessoal da limpeza 
quando recolhiam o lixo comum. 
Ressaltamos que esse tipo de procedimento acomete principalmente 
trabalhadores do serviço de limpeza, lavanderia e manutenção. 
Dentre os fluidos corporais, tem-se reconhecido o sangue como o mais 
importante veículo de transmissão ocupacional de vírus. 
 Conclusão 
Diante de tudo o que foi apresentado, torna-se evidente a necessidade de se 
realizar um treinamento, em relação aos riscos de acidentes ocupacionais com 
materiais perfurocortantes, além de buscar alternativas que possam conferir 
maior segurança aos procedimentos realizados por esses trabalhadores. 
O treinamento deve ser aplicado os funcionários que tem contato com está área. 
Os funcionários devem receber também, orientações sobre como manusear o 
material e acondicionar os infectantes perfurocortantes, ou perfurocortantes, e, 
para isso, seguir algumas dicas de treinamento. 
É extremamente essencial fazer o uso de equipamentos de proteção individual, 
os quais são: luvas máscaras, gorros, óculos, capotes (aventais) e botas, e 
atendem às seguintes indicações: 
Luvas: sempre que houver possibilidade de contato com sangue, secreções e 
excreções, com mucosas e com áreas da pele não íntegra (ferimentos, escaras, 
feridas cirúrgicas e outros); 
Máscaras, gorros e óculos de proteção: durante a realização de procedimentos 
em que haja possibilidade de respingo de sangue e outros fluidos corpóreos, nas 
mucosas da boca, nariz e olhos do profissional; 
Capotes (aventais): devem ser utilizados durante os procedimentos com 
possibilidade de contato com material biológico,
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