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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO Centro de Teologia e Ciências Humanas Departamento de Psicologia – LINGUAGEM E COGNIÇÃO – PSI 1899 Resumo de seminário apresentado em aula Prof.ª:. ANA MARIA STINGEL Alunas: Evelyn Dias, Luciana Leobons, Luiza Charles e Taisa Nunes Data: 23/11/2012. HIPERPOLIGLOTAS Por definição, poliglotas são aquelas que falam mais de duas línguas. Poly, em grego, significa “numerosos”, e glottos significa “língua”. Pessoas que falam mais que seis línguas, contudo, são chamadas de hiperpoliglotas – termo criado pelo linguista britânico, Richard Hudson, após estudar comunidades em que o número máximo de línguas diferentes faladas pelos habitantes eram seis. O motivo para esse limite ainda não foi descoberto. A base para o título de hiperpoliglota é de seis línguas, mas o limite de línguas que podem ser dominadas é ainda desconhecido: o brasileiro Carlos Freire (1932), linguista gaúcho, domina 115 línguas e, durante um desafio, foi capaz de falar 10 línguas ao mesmo tempo. Freire conta que, quando jovem, queria ler clássicos da literatura russa no original. Foi então morar na casa de uma família russa em Porto Alegre e em poucas semanas já dispensou tradutores. Aproveitou a proximidade no Uruguai e afiou seu espanhol. Depois aprendeu latim, francês e inglês. Segundo Freire, quanto mais idiomas você souber mais fácil fica para aprender - as primeiras 10 línguas são as mais difíceis. Absolver outros idiomas na infância é muito mais fácil. Segundo o trabalho da professora Patrícia Khul, até cerca dos primeiros sete meses de vida, bebês são capazes de identificar e absolver fonemas de quaisquer idiomas. Após esse período, por questões adaptativas, o cérebro do bebê passa a selecionar melhor fonemas mais usados em sua língua materna. Crianças de nove a doze meses começam a perder a capacidade de distinguir sons que não são usados em sua língua nativa. Após cerca de quatro anos de idade, é muito difícil uma pessoa conseguir adquirir uma perfeita morfologia, ou seja, regras de como as palavras são formadas a partir de unidades linguísticas, de uma segunda língua. A partir de 7 anos de idade o cérebro começa a prestar mais atenção no que está aprendendo e isso afeta o tipo de memórias que as crianças têm para entender línguas. E para além da puberdade fica praticamente impossível que alguém consiga aprender algum idioma sem que dê para notar um sotaque estrangeiro. Mesmo que fluente em francês, se o indivíduo o tiver aprendido quando mais velho, sempre soará como um “estrangeiro fluente”. Diz-se que as dez primeiras línguas aprendidas são mais difíceis porque, após isso, as próximas línguas terão uma estrutura similar a alguma já aprendida. Por exemplo, línguas de origem latina - como espanhol, italiano, francês, português e romeno – vão ser dominadas mais facilmente uma vez que uma já tenha sido absolvida primeiro, já que suas estruturas são similares. Dominar línguas e fala-las fluentemente, contudo, não é a mesma coisa. Duas línguas são administradas pelas mesmas estruturas do cérebro. Há uma espécie de interruptor que ativa o idioma desejado e bloqueia o outro. Trata-se de mecanismos de controle no cérebro que são observados em outras atividades cerebrais. A situação é um pouco diferente nas crianças que já dominam dois idiomas antes de completar cinco anos de idade. Neste caso, as línguas estão interligadas. Quando alguém aprende uma segunda língua mais tarde, ela é gerida pelas mesmas estruturas do cérebro, mas pode ocupar um pouco mais de "memória". A neurocientista Ellen Bialystock (2004), da Universidade de York, no Canadá, afirma que pessoas que falam mais línguas apresentam maior capacidade de concentração e se tornam mais distantes do Mal de Alzheimer. Após estudo concluiu que os bilíngues adiaram os sintomas da doença em até cinco anos, quando comparados a um grupo monolíngue. A aquisição de línguas – bem como qualquer aprendizado – faz novas conexões neuronais, e mantêm o cérebro ativo. Como acontece com a leitura e a escrita, também há pessoas que aprendem a fonologia com maior rapidez e eficiência do que outras. São pessoas que têm um bom ouvido. Isso explica, em parte, porque alguns aprendem uma língua estrangeira mais rapidamente do que outros. Fatores culturais também podem ter influencia no número de poliglotas, como por exemplo, em países que tem mais de dois idiomas oficiais. Disso podemos concluir que, como sempre, nunca um fenômeno tem apenas um causador. Vemos que pode haver a predisposição genética, mas que o interesse e motivação do indivíduo são fundamentais, bem como o meio onde ele vive. A pergunta que não quer calar é: mas qual a necessidade de saber, decorar e dominar tantas línguas quando a tecnologia pode nos dispor tão facilmente e rapidamente desses recursos? Pois para saber a tradução de uma palavra é só abrir um programa ou um site no computador ou no celular que temos num piscar de olhos a resposta. De fato, a tecnologia nos proporciona acesso rápido à informação, conforto e facilidade. Mas também pode ser que já esteja adaptando nossos cérebros – estudos recentes tentam provar que, por conta da internet e da sua configuração de informações rápidas, está ficando mais difícil focar em longas leituras. Referencias: Bilingualism, Aging, and Cognitive Control: Evidence From the Simon Task http://www.yorku.ca/coglab/wp- content/uploads/2007/11/Bialystok_Craik_Klein_Viswanathan.pdf Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Poliglota Revista Superinteressante http://super.abril.com.br/ciencia/super-poliglotas-como-funciona-cabeca- pessoas-aprendem-dezenas-idiomas-686220.shtml Portal Suíço de Informações – swissinfo.ch http://www.swissinfo.ch/por/ciencia_tecnologia/Pesquisa_decifra_cerebro_de_b ilingues.html?cid=8350662 HypeScience http://hypescience.com/algumas-pessoas-sao-melhores-em-aprender-novas- linguas-que-outras/ Patricia Kuhl: The linguistic genius of babies http://www.ted.com/talks/patricia_kuhl_the_linguistic_genius_of_babies.html
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