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9 - itens 5.1 e 5.2

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EAE 0305 – Contabilidade Social
Aula 22 – Balanço de Pagamentos: introdução e estrutura 
 itens 5.1 e 5.2 do Programa
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5.1 O balanço de pagamentos: introdução
Os países não são estruturas isoladas, vivendo apenas de suas economias domésticas. Mesmo os mais fechados acabam por estabelecer algum tipo de relação econômica com o exterior.
Já vimos, por exemplo, que o valor de agregados, como a oferta total, a demanda total, o produto interno, a renda nacional etc., dependem das relações que o país estabelece com outros países. 
O balanço de pagamentos (BP) é a peça contábil responsável pelo registro, em moeda internacional, de todas essas transações. Vale também aqui o princípio das partidas dobradas que está por trás do SCN.
No Brasil, ele é elaborado pelo Banco Central (Bacen), seguindo as diretrizes metodológicas do FMI, buscando-se sempre manter sua consistência com o SCN elaborado pelo IBGE. 
A análise dos valores registrados no BP, bem como de sua evolução, permite avaliar a situação econômica do país perante o resto do mundo.
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5.2.1 O balanço de pagamentos: estrutura básica
O esquema abaixo mostra a estrutura básica do BP.
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5.2.2 O balanço de pagamentos: 
detalhamento e análise da estrutura – a balança comercial
A Balança Comercial (grupo A)
 A balança comercial registra todas as transações entre o país e o resto do mundo relacionadas a compras e vendas de mercadorias (bens tangíveis). As compras (importações) geram lançamentos a débito e as vendas (exportações) geram lançamentos a crédito nessa conta.
 Existem duas formas de se contabilizar as exportações e importações: FOB (do inglês free on board), que representa apenas o custo da mercadoria propriamente dita, e CIF (do inglês cost, insurance and freight), que inclui, além desse custo, os fretes e seguros relacionados a seu transporte. 
 Na balança comercial, as exportações e importações são registradas por seu custo FOB. O seguro e transporte, quando são pagos por residentes ou vendidos por residentes são registrados como importações e exportações de serviços no grupo seguinte de contas. 
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5.2.2 O balanço de pagamentos: detalhamento e análise da estrutura – a balança de serviços e rendas
A balança de serviços e rendas (grupo B)
 Os serviços, também chamados de invisíveis, dividem-se, quanto à sua natureza, em serviços não fatores (serviços) e serviços de fatores (rendas), correspondendo às duas grandes divisões desse grupo de contas. 
 Os serviços não fatores consistem na compra e venda de serviços propriamente ditos como transporte, seguros, viagens, royalties etc.. 
 Os serviços de fatores são constituídos por rendas do trabalho (salários) ou do capital (lucros, dividendos, juros) enviadas por residentes ao resto do mundo ou por eles recebidas do resto do mundo.
 As rendas do trabalho derivam da existência de empresas de residentes que utilizam mão de obra não residentes e, inversamente, também de empresas não residentes que utilizam mão de obra de residentes.
 As rendas do capital correspondem aos investimentos registrados na balança de capitais (grupo 4). A um empréstimo correspondem juros, a um investimento direto, lucro, a um investimento em carteira, dividendos. Vale observar que os lucros podem ser reinvestidos. Nesse caso, o resultado final para o saldo do BP é nulo.
 Como sabemos, é o saldo, em moeda doméstica, das rendas do trabalho e do capital que deve ser somado ao PIB para que se chegue ao valor da RNB.
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5.2.2 O balanço de pagamentos: detalhamento e análise da estrutura – as transferências unilaterais 
As transferências unilaterais (grupo C)
 As transferências unilaterais consistem na transferência de poder de compra entre residentes e não residentes sem a existência de contrapartida econômica (compra ou venda de bem ou serviço ou pagamento/recebimento oriundo da utilização de fator de produção).
 Os exemplos mais característicos de transferências correntes são as remessas de recursos de pessoas que trabalham em outro país a seus familiares no país de origem e as remessas e recebimentos por conta de ajuda humanitária.
 Apesar de sua pouca relevância frente a outros grupos de contas, as transferências unilaterais podem ser muito importantes para países como o México, por exemplo, que recebe uma quantidade substantiva de recursos do exterior por conta do fato de cerca de 30% dos mexicanos viver e trabalhar nos EUA deixando parentes em seu país de origem. 
 Como sabemos, para se chegar à Renda Nacional Disponível Bruta (RDB) é preciso somar ao valor da RNB o saldo (que pode ser positivo ou negativo) dessas transferências. 
 
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5.2.2 O balanço de pagamentos: detalhamento e análise da estrutura – a conta corrente do BP e seu saldo
A Conta Corrente do Balanço de Pagamentos e seu saldo 
 Os três grupos de contas iniciais, ou seja, balança comercial, balança de serviços e rendas e transferências unilaterais constituem a chamada conta corrente do BP e seu resultado é o saldo do BP em transações correntes, ou saldo em conta corrente do BP. Como o próprio nome indica, sendo um saldo, seu sinal pode ser positivo ou negativo.
 Um resultado negativo não é necessariamente um mau sinal. Para um país em desenvolvimento, ele pode ser, por exemplo, o resultado de um aumento na importação de máquinas e equipamentos ou tecnologia, que estará ampliando o estoque de capital dessa economia e a capacidade de, no futuro, produzir mais e de modo mais eficiente. 
 Mas ele também pode ser um mau sinal. Pode ser, por exemplo, sinal de que, por alguma razão, a taxa de câmbio está induzindo os residentes a contraírem despesas em moeda estrangeira (comprar mais bens importados, viajar mais ao exterior, remeter mais lucros a filiais estrangeiras etc.) e os não residentes a não gastarem com produtos, serviços e fatores com preços cotados em moeda nacional. Persistindo por muito tempo, tal situação pode acarretar crises derivadas do desequilíbrio do BP.
 Seja como for, o déficit em conta corrente só se torna um problema quando ele é sistemático e sem perspectiva de reversão no curto prazo. 
 
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5.2.2 O balanço de pagamentos: detalhamento e análise da estrutura – a conta capital e financeira
A Conta Capital e Financeira (grupo D)
 A conta de capital registra as transferências de ativos entre residentes e não residentes. Tratando-se de transferências não existe uma contrapartida econômica desses movimentos. 
 Esta conta é, por isso, similar à conta de transferências unilaterais, com a diferença de que trata-se agora de transferência, entre residentes e não residentes, de direitos de propriedade sobre ativos, que podem ser reais, financeiros ou intangíveis, por exemplo, o patrimônio de imigrantes, o perdão de dívidas e a cessão de marcas e patentes. 
 Esta conta não é muito expressiva nem tem muita importância econômica. 
 
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5.2.2 O balanço de pagamentos: detalhamento e análise da estrutura – a conta capital e financeira
 A conta financeira registra os movimentos de capital de qualquer tipo entre residentes e não residentes. Esses investimentos dividem-se em quatro principais grupos: 
Investimentos diretos (que podem ser resultantes de empréstimos intercompanhias ou investimentos propriamente ditos – aquisição de ativos de capital); 
 Investimentos em carteira, também conhecidos como investimentos de portfólio (que podem ser resultantes da compra de ações ou da aplicação em títulos de renda fixa – privados ou públicos); 
Investimentos em derivativos, onde são registrados os valores relativos à liquidação de haveres e obrigações decorrentes de operações com ativos financeiros, cujo valor depende de (é derivado de) outros ativos financeiros; e
Outros investimentos, que envolvem: a) empréstimos de curto ou longo prazo (inclusive empréstimos de regularização) – desembolso e amortizações; b) financiamento do comércio, ou crédito comercial, isto é, operações associadas
às operações de importação e exportação; c) moeda e depósitos; e d) outras operações (qualquer outra operação envolvendo ativos que não se enquadre nas anteriores). 
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5.2.2 O balanço de pagamentos: detalhamento e análise da estrutura – os erros e omissões, o saldo do BP e os haveres da autoridade monetária 
Os Erros e Omissões e o saldo do BP
 O saldo do balanço de pagamentos deveria ser a soma do saldo do BP em transações correntes com o saldo da balança de capitais. De outro lado, o mesmo saldo deveria surgir nos haveres das autoridades monetárias, ou seja, se o resultado tivesse sido positivo em, por exemplo, US$ 100 milhões, os haveres da autoridade monetária (reservas) deveriam registrar um aumento do mesmo valor e se o resultado tivesse sido negativo em US$ 100 milhões, os haveres da autoridade monetária deveriam registrar uma diminuição no mesmo valor. 
 Contudo, existem erros e imperfeições nos registros, além do fato de que nem todas as transações entre residentes e não residentes passam pela autoridade monetária.
 Em função disso, e para que haja consistência entre o valor das operações registradas no Bacen e o resultado do movimento das reservas, inclui-se no BP, antes da apuração de seu saldo final, a conta E, que é uma conta de chegada, ou seja, tem o valor exatamente necessário para compatibilizar essas duas informações. 
 
 
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5.2.2 O balanço de pagamentos: detalhamento e análise da estrutura – os erros e omissões, o saldo do BP e os haveres da autoridade monetária 
O Saldo do BP e os haveres da autoridade monetária
 Se o saldo da conta corrente for negativo, mas o saldo do BP for positivo, isso indica que o país conseguiu financiar com empréstimos, crédito comercial, ou investimentos, sua escassez de poupança e essas operações geraram ainda um saldo que implicou aumento das reservas. Se, na mesma situação, o saldo do BP for negativo, isso significa que o país não conseguiu se beneficiar de poupança externa no montante necessário para cobrir seu déficit em transações correntes, o que significa que ele teve que usar parte de seus haveres monetários (reservas) para enfrentar suas despesas correntes e de capital.
 
 
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