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O câncer de próstata é o câncer mais diagnosticado nos homens. É um adenocarcinoma que surge nas estruturas glandulares dentro do parênquima prostático. FATORES DE RISCO: 1. Aumenta sua incidência com o avançar da idade (> 50 anos); 2. Excesso de peso corporal; 3. Hiperinsulinemia; 4. Maior consumo de gordura e carnes vermelhas chirrasqueadas; 5. Fatores genéticos como mutações nos genes BRCA1 e 2 e ATM (associados ao aparecimento mais precoce); 6. História familiar. ETIOLOGIA Todo homem nasce programado a ter CA de próstata, pois carrega proto-oncogenes que transformam células normais em maligna. Isso só não ocorre em todos os homens, pois esses proto-oncogenes são neutralizados por genes protetores e supressores (p53). E assim, ocorre em pacientes que há perda da ação desses genes protetores. Há maior risco em homens com mutações de linha germinativa do supressor tumoral BRCA2 (risco 20 vezes maior) e uma mutação hereditária no HOXB13, um gene homeobox que codifica um fator de transcrição que regula o desenvolvimento da próstata. Acredita-se que também estejam associados aos andrógenos, uma vez que o crescimento e a sobrevida das células do câncer dependem de andrógenos, que se ligam ao receptor androgênico (RA). HISTÓRIA NATURAL A evolução é imprevisível, havendo casos de rápida disseminação antes de surgirem sintomas locais, e casos de evolução muito lenta, com lesões que permanecem estacionárias. PATOLOGIA O adenocarcinoma é a forma mais comum. Em 70% dos casos se localizam na periferia da glândula, em uma localização posterior, onde pode ser palpável pelo exame retal. A extensão local envolve o tecido periprostático, as vesículas seminais e a base da bexiga urinaria, o que posse causar obstrução uretral, na doença avançada. A metástase ocorre por disseminação por via linfática, inicialmente nos linfonodos obturadores e posteriormente nos paraaórticos. A disseminação hematogênica ocorre para os ossos, principalmente esqueleto axial (coluna lombar, fêmur próxima, pelve, coluna torácica e costelas). A disseminação visceral é maciça e não tem regra. CLÍNICA Tumor confinado à próstata – assintomática. Localmente avançado – manifestações de obstrução infravesical mais rápida que na benigna, hematúria macroscópica (infiltração do trígono pelo tumor). Menos comuns – dores ósseas, uremia, anemia, perda de peso, adenopatia cervical ou inguinal, linfadema, trombose venosa de MMII ou hemospermia. RASTREAMENTO Tem como objetivo a detecção de câncer potencialmente fatal em estágio precoce e tratável e a intervenção com a intenção de curar. É feito através do teste PSA, uma protease de serina e toque retal. A Sociedade Brasileira de Urologia mantém sua recomendação de que homens a partir de 50 anos devem procurar um profissional especializado, para avaliação individualizada. Aqueles da raça negra ou com parentes de 1º grau com câncer de próstata devem começar aos 45 anos. Após os 75 anos, poderá ser realizado apenas para aqueles com expectativa de vida acima de 10 anos. PSA Antígeno prostático específico (PSA) é uma protease da família das calicreinassintetizada no epitélio prostático e excretada no fluido seminal. Sua função principal é a liquefação do fluido seminal, por isso sua concentração no plasma é normalmente baixa. PSA é um marcador órgão-específico e não doença específica. As 3 qafecções prostáticas mais comuns que podem elevá-lo: prostatite, hiperplasia prostática benigna e câncer de próstata. Quando mais elevado o PSA, maiores as chances de ser um CA de próstata. Além disso, o volume prostático aumenta com a idade, assim, os valores de PSA também tendem a aumentar. AVALIAÇÃO O diagnóstico é CONFIRMADO com o estudo histopatológico, mas normalmente, o tumor é inicialmente identificado pelo toque retal ou pela clínica. EXAME FÍSICO O exame retal digital pode detectar alguns carcinomas prostáticos precoces quando localizados posteriormente. Sua sensibilidade diagnostica é de 30%. USTR A ultrassom transretal pode ser diagnóstica e usada para orientar a biópsia da próstata. Também pode ser útil na determinação do volume prostático e para avaliar a extensão local da doença. Não costuma ser empregada no rastreamento, e sim quando o toque retal ou as dosagens de PSA acompanham- se de resultados incoerentes ou duvidosos. A próstata que pesar 30 ou 40 gramas é mais provável que seja uma neoplasia local. LABORATÓRIO Os níveis de PSA elevam-se progressivamente à medida que os tumores ganham extensão. PSA < 20 ng/mL – tumores localizados PSA entre 20 e 80 ng/mL – doença regional extraprostática. PSA > 100 ng/mL – disseminação Normalmente valores de PSA > 10 ng/mL ou PSA < 4 com velocidade de aumento >0,75 são candidatos para realização de biópsia. BIÓPSIA Antes de sua realização é realizada profilaxia antibiótica (fluroquinolonas como ciprofloxacina antes e depois do procedimento), suspensão de anticoagulantes para prevenir complicações e clister retal. É recomendada a técnica com ajuda de USTR e sedação endovenosa. Para o diagnóstico inicial, faça uma biópsia central de 10 a 12 fragmentos transretal ou transperineal. Deve coletar fragmentos da região da base, região mediana e ápice, nas áreas medial e lateral do lado direito e esquerdo. COMPLICAÇÕES: hemorragia retal, hematúria macroscópica e hematospermia. Em menos de 5% ocorre e febre e infecção e retenção urinárias. Já se for por via transretal, as infecções são mais comuns. O câncer é então diagnosticado com a classificação de Gleason, que avalia o nível de alterações nos padrões da arquitetura glandular da próstata em comparação com o normal. Possui grau 1 a 5, sendo o 1 o mais diferenciado e o 5 o menos diferenciado (anaplasico). Assim, o diagnostico histológico é feito pela soma dos graus das 2 áreas mais prevalentes (escore de 2 a 10), assim, as áreas mais bem diferenciadas possuem escore 2 (grau 1 + 1) e as anaplásicas e de piores prognósticos possuem escore 10 (grau 5 + 5). Assim: Gleason 2 a 4 – risco de 25% de se disseminar em 10 anos; Gleason de 5 a 7 – risco de 50% de se disseminar em 10 anos; Gleason de 8 a 10 – risco de 75% de se disseminar em 10 anos. A maioria dos cânceres da próstata tem um grau de Gleason de 3 com um escore de 6 ou 7. Antes de repetir a biópsia, realizar ressonância magnética multiparamétrica (mpMRI) quando a suspeita clínica de CPa persistir, apesar de biópsias negativas. ESTADIAMENTO TC de abdome e pelve: Útil para a pesquisa da extensão e linfonodos. SEGUNDO O NOVO GUIDLINE DE 2018 N SE USA NEM TC NEM USG PARA ESTADIAMENTO LOCAL E SIM RM MULTIMÉTRICA CINTILOGRAFIA ÓSSEA: identifica metástases ósseas. As lesões normalmente surgem na forma de áreas hipercaptantes múltiplas. É indicada para todo paciente portador de câncer da próstata com PSA > 20ng/ml e PSA entre 10-20 com graduação histológica de Gleason ≥ 7. RM: a ressonancia é inferior a TC para avaliar a extensão local ou o acometimento dos linfonosos. É mais utilizada quando os tumores já são mais agressivos e no mapeametnto osseo alterado. CLASSIFICAÇÃO LOCALMENTE AVANÇADO: tumor que possui o estadiamento T3 Nx M0, ou seja, tumor que invade além da cápsula prostática, com extensão extracapsular uni ou bilateral (T3a) ou invasão das vesículas seminais (T3b), em que os linfonodos não conseguem ser avaliados e não há metástases. AVANÇADO: qualquer tumor prostático com metástase sistêmica documentada ou PSA elevado após o tratamento definitivo (recidiva). TRATAMENTO Extensão T1C baixo risco (Gleason ≤6) e baixo volume: vigilância ativa com toque retal e monitoramento do PSA a cada 3 a 6 meses, com biopsia a cada 1 a 3 anos. Fora dessa classificação: tratamento ativo. O tratamento ativo consiste na excisão cirúrgica radical ou radioterapia definitiva. A prostatectomia radical envolvea remoção cirúrgica de toda a próstata e vesículas seminais com anastomose do coto da uretra ao colo da bexiga. Quando há escore > ou = 7, no mínimo os linfonodos ilíacos externos e obturadores devem ser removidos. Os pacientes que não desejam ressecção cirúrgica podem ser submetidos a terapia local através de radioterapia de intensidade modulada (IMRT) ou braquiterapia. O câncer de próstata de risco intermediário ou alto é normalmente tratado com IMRT em conjunto com terapia de privação de androgênios por até dois anos. Oferecer uma política de conduta expectante a pacientes assintomáticos com expectativa de vida < 10 anos (com base em comorbidades). No câncer de próstata avançado, a privação de androgênios pode-se tornar ineficaz, com progressão clínica ou do PSA apesar da terapia hormonal apropriada. Nesses casos, os tratamentos de segunda linha incluem antiandrogênios, quimioterapia e agentes em investigação. No localmente avançado o tratamento pode ser voltado a radioterapia adjuvante + prostatectomia radical. TRATAMENTO DO CA AVANÇADO É incurável e se dispõe de: 1. Terapia de privação androgênica (TPA): tem o objetivo de bloquear a ação do androgênio por meio do bloqueio dos receptores estrogênicos na célula prostática. Representados pela gosserrelina e leuprolida. SEGUIMENTO Após o tratamento para o câncer de próstata, os pacientes são acompanhados com níveis de PSA. O seguimento a longo prazo dos pacientes com câncer de próstata deve continuar durante pelo menos 10 anos, ou mesmo permanentemente, pois podem ocorrer recidivas muito tardias. Após prostatectomia radical, espera-se que em 3 meses o PSA atinja níveis indetectáveis ou bem baixos < 0,04 ng/ml. É considerado recidiva quando após abaixar, os níveis sobrem e ultrapassa 0,2 ng/ml. O aumento em 6 meses sugere metástase e em 1 ano sugere recidiva local. Após o tratamento radioterápico, inicialmente há aumento no valor do PSA pela lise celular. Em seguida, seus níveis diminuem. O PSA pode ainda ser um bom marcador para o seguimento de pacientes em hormonioterapia, em que níveis < 0,2 ng/ml tem melhor prognóstico.
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