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CCJ0009-WL-RA-06-TP na Narrativa Jurídica-Ver _31-08-2012_

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Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Prof.: Francysco Pablo Feitosa Gonçalves 
Disciplina: 
CCJ0009 
Aula: 
006 
Assunto: 
Organização dos Fatos na Narrativa Jurídica 
Folha: 
1 de 6 
Data: 
31/08/2012 
 
MD/Direito/Estácio/Período-02/CCJ0009/Aula-006/WLAJ/DP 
Plano de Aula: 6 - Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
TEORIA E PRÁTICA DA NARRATIVA JURÍDICA 
Título 
6 - Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Número de Aulas por Semana 
Número de Semana de Aula 
6 
Tema 
Seleção dos fatos da narrativa jurídica. 
Objetivos 
O aluno deverá ser capaz de: 
- Identificar os fatos que constarão na narrativa jurídica. 
- Distinguir os fatos juridicamente importantes daqueles que são esclarecedores das questões importantes. 
- Desenvolver raciocínio jurídico capaz de levar à compreensão de que os fatos que não são usados, direta ou 
indiretamente, na fundamentação da tese, não precisam ser narrados. 
Estrutura do Conteúdo 
1. Classificação dos fatos 
1.1. Fatos juridicamente importantes 
1.2. Fatos que contribuem para a compreensão dos que são relevantes 
1.3. Fatos que dão ênfase a informações relevantes 
1.4. Fatos que satisfazem a curiosidade do leitor 
2. Seleção de fatos para a produção da narrativa jurídica 
Aplicação Prática Teórica 
Num relato pessoal, interessa ao narrador não apenas contar os fatos, mas justificá-los. No mundo 
jurídico, entretanto, muitas vezes, é preciso narrar os fatos de forma objetiva, sem justificá-los. Ao redigir um 
parecer, por exemplo, o narrador deve relatar os fatos de forma objetiva antes de apresentar seu opinamento 
técnico-jurídico na fundamentação. 
Antes de iniciar seu relato, o narrador deve selecionar o quê narrar, pois é necessário garantir a 
relevância do que é narrado. Logo, o primeiro passo para a elaboração de uma boa narrativa é selecionar os 
fatos a serem relatados. 
 
INSERIR AQUI O ANEXO 3 
QUESTÃO 1: 
 
Leia os casos concretos que seguem e sublinhe todas as informações que precisam ser observadas em uma 
narrativa imparcial. Em seguida, liste, em tópicos, todas essas informações que devem ser usadas no relatório. 
 
Caso concreto 1 
 
O motorista que atropelou a estudante universitária Daniele Silva, de 24 anos, moradora da Rua da 
Saudade, 25, casa 3, Santa Teresa, CPF 453992292-67, na pista do Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, na noite 
de segunda-feira, 08 de março de 2010, às 23h 30min, confessou ter fugido sem prestar socorro à vitima, que 
morreu no local. Formado em Relações Internacionais, Marcelo Cotrim, de 25 anos, mora na Rua Senador 
Patrício, 80, apartamento 403, Flamengo, CPF 435 874 985-20, RG 2323874044-9, e se apresentou ontem ao 10º 
DP (Botafogo), onde alegou não ter parado para prestar socorro, por ter ficado com medo de ser linchado. 
Marcelo é liberado após prestar esclarecimentos, autuado por homicídio culposo e omissão de socorro. 
Em seu depoimento, Marcelo disse: "logo após o acidente, liguei para o meu pai, o médico Reinaldo Cotrim, 
que mora a 500 metros do lugar do atropelamento. Não bebi antes do acidente. Tinha acabado de sair de casa, no 
Flamengo, para buscar a minha namorada, em Copacabana. Um casal passou correndo na frente do carro". 
Reinaldo, por telefone, quando Marcelo liga logo depois do acidente, fala para o filho ir para a casa. O 
médico vai até o local do acidente, constata que a menina já está morta, sai sem se identificar à polícia e aos 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Prof.: Francysco Pablo Feitosa Gonçalves 
Disciplina: 
CCJ0009 
Aula: 
006 
Assunto: 
Organização dos Fatos na Narrativa Jurídica 
Folha: 
2 de 6 
Data: 
31/08/2012 
 
MD/Direito/Estácio/Período-02/CCJ0009/Aula-006/WLAJ/DP 
bombeiros. 
Nos próximos dias, será ouvido o rapaz que estava com Daniele no momento do atropelamento, identificado 
como Alexandro, que também foi atingido. 
O advogado de Marcelo, Pedro Lavigne, ficou na delegacia com ele durante toda a tarde. Indagado por que 
seu cliente ligara para o pai em vez de chamar os bombeiros, Lavigne ainda tentou justificar: 
O pai dele é médico e estava a poucos metros dali. Ele foi até lá para tentar salvar a menina, mas ela já 
estava morta. Ele está muito abalado e, por isso, não se apresentou antes. 
Opinião do delegado do 10º DP, Laurindo Lobo, ele está jogando a culpa em cima da vítima. O advogado 
de defesa disse acreditar que ele sequer responderá a processo. 
 
Caso concreto 2 
 
Desde o dia 18 de setembro de 2010, o motorista José Menezes de Lacerda, de 47 anos, portador do vírus 
da AIDS, é procurado pela polícia. Ele mudou de casa e vive apavorado com a ideia de passar os próximos anos 
na cadeia. Sem antecedentes criminais, José foi condenado, em outubro de 2008, por um júri popular, a oito anos 
em regime fechado. A acusação: tentar matar a amante, transmitindo-lhe o HIV. O caso que teve repercussão 
nacional. O réu recorreu ao Tribunal de Justiça de São Paulo, mas perdeu: em março de 2009, o órgão confirmou 
a decisão dos jurados. 
O advogado que defendeu José, no início do processo, e o promotor que o denunciou, em 2006, dizem que 
não sabem de casos semelhantes no país. Como eles, outros especialistas afirmaram ao Estado não ter notícia de 
processos no qual um portador do HIV tenha sido condenado à prisão por homicídio doloso (com intenção de 
matar) e qualificado (por uso de meio cruel) porque contaminou alguém com o vírus. 
Luiz Carlos Magalhães acompanhou José durante o processo como advogado da assistência judiciária do 
Estado. Hoje o motorista está sem defensor. Magalhães diz que o caso ficou “ainda mais sui generis” – e 
dramático – porque Marília, a mulher contaminada, retomou o romance com José. Ela afirmou que já está 
arrependida de ter registrado boletim de ocorrência contra o companheiro. Mas não há o que fazer, porque, em 
casos de homicídio, a ação penal independe da vontade da vítima (ação penal pública incondicionada). Marília 
não quis falar com a reportagem. 
José disse ter sido informado sobre a ordem de prisão há duas semanas pela própria amante, que tinha ido 
buscar um atestado de bons antecedentes para ele. “Foi um baque”. O motorista afirma que ele e Marília vivem 
entre “idas e vindas”, mas ainda estão juntos. “Eu não sei se é gostar. É alguma coisa mais forte do que eu.” Ele 
afirma que ambos estão em boas condições de saúde e recebem tratamento gratuito do governo. 
“Este caso foi um circo”, diz Magalhães. “Os dois estão vivos e saudáveis. Não houve tentativa de 
homicídio. Além disso, não existe essa tipificação na nossa legislação, tentar matar por meio do vírus da AIDS.” 
“Não lembro de nenhuma condenação no Brasil, um caso concreto”, afirma Damásio de Jesus, professor 
convidado da especialização em Direito Penal da Escola Paulista de Magistratura. Em Espanha e Alemanha, no 
entanto, já são comuns os processos nos quais a transmissão do vírus foi classificada como tentativa de 
homicídio. A alegação é de que o réu sabia que tinha o HIV e mesmo assim manteve relações sexuais sem 
proteção. “As coisas lá acontecem antes”, afirma Damásio. 
O próprio Magalhães diz que há poucas chances de sucesso em recursos aos tribunais em Brasília, porque 
se trata de decisão de júri popular, referendada pelo Tribunal de Justiça. Depois da condenação a oito anos de 
regime fechado e do recurso do réu, o TJ apenas adaptou a decisão para que José possa pleitear a progressão da 
pena. 
Para o professor titular de Direito Penal da Universidade Federal do Paraná, René Ariel Dotti, como José 
perdeu o prazo para novo recurso ao TJ, sobram como alternativas uma revisão de pena ou um habeas corpus ao 
Superior Tribunal de Justiça. Dotti diz ter dúvidas sobre a condenação. “Acho duvidoso. A tentativa de homicídio 
depende da probabilidade da contaminação. Se não há 100% de certeza de que em uma relação possa haver o 
contágio, não houve tentativa de homicídio”. 
Recentemente, deixou definitivamente a mãe dosquatro filhos para ficar com a amante. Conseguiu novo 
emprego e começou a se “reerguer”. Mas então soube da ordem de prisão expedida contra ele, há duas semanas. 
“Marília ficou abalada. E eu não acho justo. Sei que tinha minha parcela de culpa, mas ela também. Era 
responsabilidade do casal. Essa decisão de me prender foi um baque, quebrou minhas estruturas”, afirmou José 
ao Estado. 
José diz que tinha muitas parceiras e não sabe exatamente como contraiu o vírus da AIDS. Afirma que 
evitou contar a verdade para Marília porque estava apaixonado. “Meu cérebro está congestionado; não sei o que 
fazer”. 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Prof.: Francysco Pablo Feitosa Gonçalves 
Disciplina: 
CCJ0009 
Aula: 
006 
Assunto: 
Organização dos Fatos na Narrativa Jurídica 
Folha: 
3 de 6 
Data: 
31/08/2012 
 
MD/Direito/Estácio/Período-02/CCJ0009/Aula-006/WLAJ/DP 
 
 
 
 
==XXX== 
 
 
RESUMO DE AULA (WALDECK LEMOS) 
 
6ª AULA – Organização dos Fatos na Narrativa Jurídica 
 
Organização dos Fatos na Narrativa Jurídica 
 
-Ordem Cronológica => Usada na Narrativa Jurídica. Critério de Correção de Prova. 
 
-Ordem Acronológica (Tempo Psicológico) 
 
-Correta Identificação do Fato Gerador => 
 
CASO CONCRETO 
 
Abandonada pelo noivo depois de 17 anos de namoro, a costureira Nair Francisca de Oliveira propôs ação 
judicial no Tribunal de Minas Gerais a fim de condenar o motorista aposentado Otacílio Garcia dos Reis, de 54 
anos, a pagar-lhe indenização por danos morais. Ela pediu, ainda, 50% do valor da casa que os dois estavam 
construindo juntos, em Passos, sudoeste de Minas. “Mais do que o término do noivado, entrei com o processo 
principalmente pelo tempo que fui enganada”, diz ela. 
Nair não revela a idade, diz apenas que tem mais de 40 anos. Ela diz que também foi vítima de difamação 
por parte de Otacílio. Ao romper com a noiva, ele disse que, além de não gostar dela, sabia que não tinha sido o 
primeiro homem de sua vida. “Me difamou e humilhou minha família”, lamenta Nair, que não consegue explicar 
como pôde ficar tantos anos ao lado de uma pessoa que ela diz, agora, não conhecer. 
Otacílio foi longe ao explicar o motivo do fim do relacionamento. Disse à ex-noiva que tinha por ela apenas 
um “vício carnal” e que nenhum homem seria capaz de resistir aos encantos de seu corpo bem feito. “Ele daria um 
bom ator”, analisa Nair, lembrando que, a cada ano, a desculpa para não oficializar a união mudava. A costureira 
confessa que nunca teve vontade de terminar o namoro, mesmo tendo-o iniciado sem gostar muito de Otacílio. 
Ele teria insistido no relacionamento. “Eu dei tempo ao tempo e acabei gostando dele”, afirma, frustrada com o 
tempo perdido, especialmente pelo fato de não ter tido filhos. “Engraçado, eu nunca evitei. Não sei por que não 
aconteceu”. 
A história de Nair e Otacílio começou em 1975. Após quatro anos de namoro, ficaram noivos e deram 
entrada nos papéis para o casamento religioso. Na ocasião, já haviam comprado um terreno, onde construíram a 
casa, que, segundo Nair, foi erguida com o dinheiro de seu trabalho de costureira, com a ajuda dos pais e também 
com dinheiro de Otacílio. Hoje, o que seria o lar dos dois é uma casa alugada. O advogado de Nair, José Cirilo de 
Oliveira, pretende requerer divisão dos valores recebidos pelo aluguel do imóvel. 
Segundo sustenta o advogado da autora, “o casamento é o sonho dourado de toda mulher, objetivando com 
ele, a par da felicidade pessoal de constituir um lar, também atingir o seu bem-estar social, a subsistência e o seu 
futuro econômico. Tudo isso foi frustrado pela conduta dolosa de Otacílio, que nunca pretendeu oficializar essa 
união e manteve ‘presa’ Nair a esse relacionamento impróspero”. 
(adaptado de Roselena Nicolau – Jornal do Brasil) 
 
Questão 1 
 
Indique a opção que mostra, em ordem cronológica, alguns acontecimentos da vida do casal retratado no 
texto, Nair e Otacílio: 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Prof.: Francysco Pablo Feitosa Gonçalves 
Disciplina: 
CCJ0009 
Aula: 
006 
Assunto: 
Organização dos Fatos na Narrativa Jurídica 
Folha: 
4 de 6 
Data: 
31/08/2012 
 
MD/Direito/Estácio/Período-02/CCJ0009/Aula-006/WLAJ/DP 
(A) compram um terreno; ficam noivos; cancelam o casamento; brigam na justiça. 
(B) começam a namorar; ficam noivos; compram um terreno; constroem uma casa. 
(C) começam a namorar; ficam noivos; trocam acusações em público; terminam a relação. 
(D) ficam noivos; compram um terreno; constroem uma casa; cancelam o casamento. 
(E) ficam noivos; dão entrada nos papéis; brigam na justiça; alugam a casa. 
 
Questão 2 
 
A partir da questão 1, você teve uma idéia ampla da cronologia dos fatos do caso concreto. Precisamos 
considerar, porém, que o magistrado, para julgar o pedido da autora, precisaria ter conhecimento de diversas 
outras informações juridicamente importantes. 
Considere que informações juridicamente importantes são aquelas que precisam constar na narrativa da 
peça porque a lei, a doutrina e/ou a jurisprudência consideram essas informações como importantes. 
Tenha como certo, também, que a autora pretende indenização por danos morais, em virtude do término do 
relacionamento – pelas razões sustentadas pelo advogado – e pela difamação de que foi vítima. Pretende, ainda, 
50% do valor do imóvel e 50% dos valores recebidos a título de aluguel. 
Assim, realize uma pesquisa e indique as fontes principiológicas, legais, doutrinárias e jurisprudenciais que 
contribuam para a percepção de quais informações são juridicamente importantes para a solução da lide. 
 
Questão 3 
 
Produza uma narrativa simples – em texto corrido, adequadamente dividido em parágrafos – para o caso 
concreto, com a exposição cronológica dos fatos. 
 
 
 
==XXX== 
 
 
RESUMO DE AULA (PROFESSOR - AULA MAIS - ESTÁCIO) 
 
6ª AULA – Seleção dos Fatos da Narrativa Jurídica 
 
Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Professor Nelson Tavares 
Aula 06 
 
Num relato pessoal, interessa ao narrador não apenas contar os fatos, mas justificá-los. No mundo jurídico, 
entretanto, muitas vezes, é preciso narrar os fatos de forma objetiva, sem justificá-los. Ao redigir um parecer, por 
exemplo, o narrador deve relatar os fatos de forma objetiva antes de apresentar seu opinamento técnico-jurídico 
na fundamentação. 
Antes de iniciar seu relato, o narrador deve selecionar o quê narrar, pois é necessário garantir a relevância 
do que é narrado. Logo, o primeiro passo para a elaboração de uma boa narrativa é selecionar os fatos a serem 
relatados. 
 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Prof.: Francysco Pablo Feitosa Gonçalves 
Disciplina: 
CCJ0009 
Aula: 
006 
Assunto: 
Organização dos Fatos na Narrativa Jurídica 
Folha: 
5 de 6 
Data: 
31/08/2012 
 
MD/Direito/Estácio/Período-02/CCJ0009/Aula-006/WLAJ/DP 
 
 
 
 
 
QUESTÃO 1: 
 
Leia os casos concretos que seguem e sublinhe todas as informações que precisam ser observadas em uma 
narrativa imparcial. Em seguida, liste, em tópicos, todas essas informações que devem ser usadas no relatório. 
 
Caso concreto 1 
 
O motorista que atropelou a estudante universitária Daniele Silva, de 24 anos, moradora da Rua da 
Saudade, 25, casa 3, Santa Teresa, CPF 453992292-67, na pista do Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, na noite 
de segunda-feira, 08 de março de 2010, às 23h 30min, confessou ter fugido sem prestar socorro à vitima, que 
morreu no local. Formado em Relações Internacionais, Marcelo Cotrim, de 25 anos, mora na Rua Senador 
Patrício, 80, apartamento 403, Flamengo, CPF 435 874 985-20, RG 2323874044-9, e se apresentou ontem ao 10º 
DP (Botafogo), onde alegou não ter parado para prestar socorro, por ter ficado com medo de ser linchado. 
Marcelo é liberado após prestar esclarecimentos, autuado por homicídio culposo e omissão de socorro. 
Em seu depoimento, Marcelo disse: "logo após oacidente, liguei para o meu pai, o médico Reinaldo Cotrim, 
que mora a 500 metros do lugar do atropelamento. Não bebi antes do acidente. Tinha acabado de sair de casa, no 
Flamengo, para buscar a minha namorada, em Copacabana. Um casal passou correndo na frente do carro". 
Reinaldo, por telefone, quando Marcelo liga logo depois do acidente, fala para o filho ir para a casa. O 
médico vai até o local do acidente, constata que a menina já está morta, sai sem se identificar à polícia e aos 
bombeiros. 
Nos próximos dias, será ouvido o rapaz que estava com Daniele no momento do atropelamento, identificado 
como Alexandro, que também foi atingido. 
O advogado de Marcelo, Pedro Lavigne, ficou na delegacia com ele durante toda a tarde. Indagado por que 
seu cliente ligara para o pai em vez de chamar os bombeiros, Lavigne ainda tentou justificar: 
O pai dele é médico e estava a poucos metros dali. Ele foi até lá para tentar salvar a menina, mas ela já 
estava morta. Ele está muito abalado e, por isso, não se apresentou antes. 
Opinião do delegado do 10º DP, Laurindo Lobo, ele está jogando a culpa em cima da vítima. O advogado 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Prof.: Francysco Pablo Feitosa Gonçalves 
Disciplina: 
CCJ0009 
Aula: 
006 
Assunto: 
Organização dos Fatos na Narrativa Jurídica 
Folha: 
6 de 6 
Data: 
31/08/2012 
 
MD/Direito/Estácio/Período-02/CCJ0009/Aula-006/WLAJ/DP 
de defesa disse acreditar que ele sequer responderá a processo. 
 
Caso concreto 2 
 
Desde o dia 18 de setembro de 2010, o motorista José Menezes de Lacerda, de 47 anos, portador do vírus 
da AIDS, é procurado pela polícia. Ele mudou de casa e vive apavorado com a ideia de passar os próximos anos 
na cadeia. Sem antecedentes criminais, José foi condenado, em outubro de 2008, por um júri popular, a oito anos 
em regime fechado. A acusação: tentar matar a amante, transmitindo-lhe o HIV. O caso que teve repercussão 
nacional. O réu recorreu ao Tribunal de Justiça de São Paulo, mas perdeu: em março de 2009, o órgão confirmou 
a decisão dos jurados. 
O advogado que defendeu José, no início do processo, e o promotor que o denunciou, em 2006, dizem que 
não sabem de casos semelhantes no país. Como eles, outros especialistas afirmaram ao Estado não ter notícia de 
processos no qual um portador do HIV tenha sido condenado à prisão por homicídio doloso (com intenção de 
matar) e qualificado (por uso de meio cruel) porque contaminou alguém com o vírus. 
Luiz Carlos Magalhães acompanhou José durante o processo como advogado da assistência judiciária do 
Estado. Hoje o motorista está sem defensor. Magalhães diz que o caso ficou “ainda mais sui generis” – e 
dramático – porque Marília, a mulher contaminada, retomou o romance com José. Ela afirmou que já está 
arrependida de ter registrado boletim de ocorrência contra o companheiro. Mas não há o que fazer, porque, em 
casos de homicídio, a ação penal independe da vontade da vítima (ação penal pública incondicionada). Marília 
não quis falar com a reportagem. 
José disse ter sido informado sobre a ordem de prisão há duas semanas pela própria amante, que tinha ido 
buscar um atestado de bons antecedentes para ele. “Foi um baque”. O motorista afirma que ele e Marília vivem 
entre “idas e vindas”, mas ainda estão juntos. “Eu não sei se é gostar. É alguma coisa mais forte do que eu.” Ele 
afirma que ambos estão em boas condições de saúde e recebem tratamento gratuito do governo. 
“Este caso foi um circo”, diz Magalhães. “Os dois estão vivos e saudáveis. Não houve tentativa de 
homicídio. Além disso, não existe essa tipificação na nossa legislação, tentar matar por meio do vírus da AIDS.” 
“Não lembro de nenhuma condenação no Brasil, um caso concreto”, afirma Damásio de Jesus, professor 
convidado da especialização em Direito Penal da Escola Paulista de Magistratura. Em Espanha e Alemanha, no 
entanto, já são comuns os processos nos quais a transmissão do vírus foi classificada como tentativa de 
homicídio. A alegação é de que o réu sabia que tinha o HIV e mesmo assim manteve relações sexuais sem 
proteção. “As coisas lá acontecem antes”, afirma Damásio. 
O próprio Magalhães diz que há poucas chances de sucesso em recursos aos tribunais em Brasília, porque 
se trata de decisão de júri popular, referendada pelo Tribunal de Justiça. Depois da condenação a oito anos de 
regime fechado e do recurso do réu, o TJ apenas adaptou a decisão para que José possa pleitear a progressão da 
pena. 
Para o professor titular de Direito Penal da Universidade Federal do Paraná, René Ariel Dotti, como José 
perdeu o prazo para novo recurso ao TJ, sobram como alternativas uma revisão de pena ou um habeas corpus ao 
Superior Tribunal de Justiça. Dotti diz ter dúvidas sobre a condenação. “Acho duvidoso. A tentativa de homicídio 
depende da probabilidade da contaminação. Se não há 100% de certeza de que em uma relação possa haver o 
contágio, não houve tentativa de homicídio”. 
Recentemente, deixou definitivamente a mãe dos quatro filhos para ficar com a amante. Conseguiu novo 
emprego e começou a se “reerguer”. Mas então soube da ordem de prisão expedida contra ele, há duas semanas. 
“Marília ficou abalada. E eu não acho justo. Sei que tinha minha parcela de culpa, mas ela também. Era 
responsabilidade do casal. Essa decisão de me prender foi um baque, quebrou minhas estruturas”, afirmou José 
ao Estado. 
José diz que tinha muitas parceiras e não sabe exatamente como contraiu o vírus da AIDS. Afirma que 
evitou contar a verdade para Marília porque estava apaixonado. “Meu cérebro está congestionado; não sei o que 
fazer”. 
 
 
==XXX==

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