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DIREITO_CIVIL

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EVOLUÇÃO DO CÓDIGO CIVIL 
 
 
É em 1789, durante a queda do império romano que se deu a maior 
evolução do direito, era a fase onde o Estado mandava e o individuo obedecia, 
os princípios da Revolução Francesa, como liberdade, igualdade e fraternidade, 
serviram de parâmetro para a criação do Código Civil de 1916, este por sua vez 
protegia quem possuía uma relação no mundo civil. 
Em 1948, com a declaração universal dos direitos do homem, nasce o intuito 
de proteger o ser humano, diante das diversas possibilidades de abuso do 
poder. 
O atual Código, este de 2002, é existencialista, ou seja, está extremamente 
preocupado com a existência digna do ser humano, a dignidade da pessoa 
humana é o maior objetivo, a liberdade é mais ampla e irrestrita, o que no revela 
o poder que o individuo tem de contratar com quem escolher e da forma que 
melhor lhe convir, desde que regidos por um dos princípios básicos, a 
igualdade. Existe um limite a autonomia da vontade, e isso significa tratar a 
todos igualmente, “todos são iguais perante a Lei. 
Dizer que existe um limite, que é a Lei, significa também que o direito está 
posto, mas também significa dizer que a moral e a ordem pública estão 
presentes e devem ser obedecidas. Assim podemos dizer que não é possível 
chegar a um binômio comum, pois são várias as opiniões, o que correto para 
um individuo, pode não ser para outro. A evolução passou a ser da igualdade 
formal para a igualdade substancial (tratar os iguais de forma igual e os 
desiguais na medida em que se desigualam), isto denota a idéia de que a 
função social do Direto Civil esta voltada para a existência digna. 
Os artigos 112, 113,114,421,422,e 423 do Código Civil são chamados de 
“vetores de interpretação do negócio jurídico”. O Artigo 112 (cláusula geral) nos 
traz o princípio da intencionalidade, o que significa dizer que mais vale a 
intenção das partes no sentido literal da linguagem, deve-se voltar-se totalmente 
a vontade das partes. Já no artigo 113, encontramos o princípio da eticidade, 
todo e qualquer ato praticado pelas partes jamais devem ultrapassar os limites 
da boa fé. 
Artigo 114 nos denota o princípio da interpretação estrita, sempre que a lei 
determinar uma interpretação estrita, significa dizer que deverá estar expresso, 
deverá existir uma forma solene com uma outorga. 
Artigo 421, é a função social do contrato, pode ser analisado sob o ponto de 
vista intrínseco (interpartes) ou sob o ponto de vista extrincico (extrapartes), 
encontramos a diferença na função social com base entre as partes ou melhor 
deve haver um equilíbrio contratual, que se dá através de trocas justas e úteis a 
ambas as partes. 
Artigo 422, principio da probidade, todas relações contratuais deve ser feita 
com base na conduta proba, honesta, é um sério dever, o da cooperação entre 
os contratantes. 
Artigo 423 é o contrato de adesão, porém quando estivermos diante de um 
contrato de adesão com cláusula omissas, elas deverão sempre ser 
interpretadas de forma mais benéfica ao aderente. 
 
 
 
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à 
intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal 
da linguagem. 
 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados 
conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. 
 
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia 
interpretam-se estritamente. 
 
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão 
e nos limites da função social do contrato. 
 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim 
na conclusão do contrato, como em sua execução, os 
princípios de probidade e boa-fé. 
 
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas 
ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a 
interpretação mais favorável ao aderente. 
 
 
PESSOA NATURAL 
 
 
DAS PESSOAS: Pessoa, na acepção jurídica, é o titular de direitos e 
obrigações. Nesse sentido, pessoa é espécie do gênero sujeito de direito. É, 
pois o único ente dotado de personalidade jurídica. 
Duas são as espécies de pessoas: natural e jurídica. Ambas são dotadas de 
personalidade jurídica, e possuem aptidão para adquirir direitos e obrigações. 
 
Pessoa natural é o ser humano, sem qualquer discriminação. O início da 
personalidade começa com o nascimento com vida, sendo que a lei resguarda 
os direitos do nascituro. (art. 2º CC). 
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do 
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a 
concepção, os direitos do nascituro. 
 
A lei brasileira adotou a teoria natalista, pois não basta o simples 
nascimento, já que exige o nascer com vida, o que se comprova com 
movimentos do recém nascido e, principalmente, com a respiração, pouco 
importando o tempo que permanecer vivo. Atualmente, não se exige que tenha 
forma humana. 
 
DO NASCITURO: Nascituro é o ser já concebido, mas que ainda está para 
nascer; ele ainda se encontra no ventre materno. Não possui direitos adquiridos, 
mas apenas expectativas de direitos (direito “in fieri”). Embora não seja pessoa, 
ele é sujeito de direito (é um ente despersonalizado). Em razão disso, ele pode 
 
figurar em algumas relações jurídicas, porém essas só produzirão efeitos caso 
haja o nascimento com vida. São elas: 
 
a) A adoção feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo 
seu representante legal (art. 542, CC). 
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita 
pelo seu representante legal. 
b) O testamento pode ser feito em favor do nascituro 
(art. 1.798, CC). 
Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas 
ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. 
c) O nascituro pode ser reconhecido pelos pais 
(parágrafo único do art. 1.609, CC). 
 
Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do 
casamento é irrevogável e será feito: 
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o 
nascimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, 
se ele deixar descendentes. 
 
O nascituro é representado pelos pais. Mas, se o pai falecer deixando a 
mulher grávida, esta sendo capaz e detendo o poder familiar, representará o 
nascituro; caso contrário, a ele será nomeado um curador. Se, no entanto, a 
mãe já estiver interditada, o curador dela será o curador do nascituro (art. 1779 
e parágrafo único, CC). Esta é denominada de curatela prorrogada. 
 
Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer 
estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar. 
Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador 
será o do nascituro. 
 
FIM DA PERSONALIDADE: a existência da pessoa natural termina com a 
morte (art. 6º, primeira parte, do CC). A morte pode ser: 
 
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a 
morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos 
em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. 
a) Real: é a que exige a existência do cadáver, 
comprovada pelo atestado de óbito. 
b) Presumida: ocorre quando o cadáver não é 
encontrado, mas há um juízo de probidade bastante forte 
acerca da sua ocorrência. Encontramos nas situações 
previstas no art. 7º, I e II CC: 
 
Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem 
decretação de ausência: 
 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava 
em perigo de vida; 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito 
prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o 
término da guerra. 
 
• Se for extremamente provável a morte de quem 
estava em perigo de vida; 
• O desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, 
que não for encontrado em até 02(dois) anos após o 
término da guerra. 
 
c) Ficta: é a que se verifica com a sentença definitiva de 
ausência, prolatada depois de dez anos do trânsito em 
julgado da sentença que concedeu a abertura da sucessão 
provisória. 
Quanto à ausência civil ou morte ficta, se faz necessário 
mencionar. 
• Pelo atual código, o ausente não mais figura no rol 
dos absolutamente incapazes. 
• Em virtude do acima mencionado, a prescrição ocorre 
contrao ausente (art. 198, I, CC). 
Art. 198. Também não corre a prescrição: 
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; 
• A ausência civil, ora tratada, não se confunde com a 
ausência processual, que é a revelia. 
• O procedimento de ausência civil se processa em 
três fases: curadoria do ausente, sucessão provisória e 
sucessão definitiva; 
• O cônjuge do ausente é considerado viúvo, podendo 
contrair novas núpcias sem necessidade do divórcio (art. 
1571, § 1º, CC). 
Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: 
I - pela morte de um dos cônjuges; 
COMORIÊNCIA: É a presunção legal de morte simultânea de duas ou mais 
pessoas ligadas por vínculos sucessórios, ou seja, são herdeiros entre si (art. 
8º, CC). 
Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma 
ocasião, não se podendo averiguar se algum dos 
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão 
simultaneamente mortos. 
 
 
O efeito da comoriência é que os comorientes não herdam entre si. Não 
haverá pois transmissão de bens entre os comorientes. 
 
DIREITO DA PERSONALIDADE: São os atributos inerentes à própria 
condição humana, constituindo-se no patrimônio mínimo da pessoa, pois não há 
quem não os titularize. O nascituro também os tem (por exemplo, o direito à 
vida e aos alimentos), assim como a pessoa jurídica (art. 52, CC). 
 
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a 
proteção dos direitos da personalidade. 
Apresentam as seguintes características: são absolutos, 
extrapatrimoniais, intransmissíveis, indisponíveis, 
vitalícios, irrenunciáveis e imprescritíveis, podendo ser 
classificados como: 
a) Direito à integridade física, como o direito à vida e ao 
corpo, vivo ou morto; 
b) Direitos à integridade intelectual, como o direito à 
liberdade de pensamento; 
c) Direito à integridade moral, como o direito à 
identidade pessoal. 
 
Direito à identidade pessoal é o direito conferido à pessoa de ser conhecida 
como aquela que é e o de não ser confundida com outrem. Compreende dentre 
outros, o direito ao nome. 
Nome não é o sinal, a “etiqueta” que identifica a pessoa e indica a sua 
procedência familiar. 
São elementos essenciais do nome, ou seja, sem eles o registro civil da 
pessoa não será possível: 
 
a) Prenome ou nome próprio: identifica a pessoa dentro 
da própria família. Pode ser simples (Ex. Maria) ou 
composto (Ex. Maria Paula). 
b) Patronímico, sobrenome ou apelido da família: indica 
a procedência familiar, identificando a pessoa na sociedade. 
 
Os elementos facultativos, isto é, dispensáveis para o registro do nome, são 
os seguintes: 
a) Agnome: é o sinal acrescentado no final do nome 
para distinguir membros da mesma família. Ex. Júnior, 
Neto, Filho. 
b) A partícula: é a preposição de, da(s), do(s). 
c) Cognome: é o apelido que, por sentença judicial, 
passa a integrar o nome. Ex. Maria das Graças Xuxa 
Meneghel. 
 
Ao nome civil é aplicado o princípio da imutabilidade. Excepcionalmente, 
porém, admite-se a sua alteração, nas seguintes hipóteses: 
 
a) Erro gráfico evidente; 
b) Quando o nome expuser a pessoa ao ridículo perante a sociedade; 
 
c) Em caso de adoção a pedido do adotante; 
d) Inclusão de apelidos; 
e) Mudança por requerimento do interessado no período de um ano após 
atingir a maioridade; 
f) Tradução ou adaptação do nome do estrangeiro no pedido de 
naturalização; 
g) Uso de nome diverso do constante no registro civil; 
h) Homonímia; 
i) Inclusão do sobrenome do ascendente; 
j) União estável; 
k) Testemunhas e vítimas de crimes, nos casos da lei 9.807/98. 
 
CAPACIDADE: Duas são as espécies de capacidade: a de direito e a de 
fato. A capacidade de direito ou de gozo é a aptidão para ser titular de direitos e 
deveres na ordem civil. Confunde-se com a própria personalidade, pois toda 
pessoa é capaz de direito. 
A capacidade de fato ou de exercício é a aptidão de alguém para exercer por 
si os atos da vida civil, ou seja, independentemente de assistência ou 
representação. É certo, porém, que a incapacidade de fato não restringe a 
personalidade, pois o incapaz pode praticar todos os atos da vida civil, desde 
que devidamente representado ou assistido pelo seu representante legal (pais, 
tutores, ou curadores). 
 
A incapacidade pode ser: 
 
a) Absoluta: as pessoas absolutamente incapazes 
(menores de 16 anos; enfermos mentais e deficientes 
mentais sem qualquer discernimento e pessoas que não 
possam exprimir a sua vontade, ainda que por causa 
transitória – art. 3º, CC) não podem praticar pessoalmente 
os atos da vida civil, sob pena de nulidade absoluta (art. 
166, CC). Devem ser representados nos atos ou negócios 
jurídicos pelos respectivos representantes legais (pais 
tutor, e curador). Estes realizam o ato ou negócio jurídico, 
sem que haja qualquer participação do incapaz. 
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil: 
I - os menores de dezesseis anos; 
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não 
tiverem o necessário discernimento para a prática desses 
atos; 
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem 
exprimir sua vontade. 
 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for 
ilícito; 
 
IV - não revestir a forma prescrita em lei; 
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere 
essencial para a sua validade; 
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
b) Relativa: as pessoas relativamente incapazes (os 
maiores de 16 anos e menores de 18 anos; os ébrios 
habituais, os viciados em tóxico e deficientes mentais, que 
tenham discernimento reduzido; os excepcionais, sem 
desenvolvimento mental completo e os pródigos – art. 4º, 
CC) podem praticar pessoalmente os atos da vida civil, 
desde que assistidas pelos representantes legais. O ato 
praticado sem assistência é anulável. 
 
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à 
maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, 
por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; 
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental 
completo; 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada 
por legislação especial. 
 
Apenas não terá capacidade de direito aquele que não nasceu. A 
capacidade pode ser de direito ou capacidade de fato. 
Capacidade de direito é aquela em que o sujeito possui direito e deveres, já 
a capacidade de fato, é a capacidade para exercício de direitos e deveres. 
Encontramos no Código Civil apenas a regulamentação da capacidade de fato, 
regulada pelos artigos 3º e 4 º. 
Artigo 3, os absolutamente incapazes, são aqueles que devem ser 
representados(atos nulos). 
 
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil: 
I - os menores de dezesseis anos; 
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não 
tiverem o necessário discernimento para a prática desses 
atos; 
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem 
exprimir sua vontade. 
 
Artigo 4, os relativamente incapazes, devem ser assistidos perante os atos 
da vida civil (atos anuláveis). 
 
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à 
maneira de os exercer: 
 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, 
por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; 
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental 
completo; 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada 
por legislação especial. 
 
É importante distinguirmos representação de assistência. Na representação 
o ato é praticado pelo representante em nome do incapaz; já na assistência, o 
ato é praticado pelo próprio incapaz, mas na presença do representante legal. 
 
AQUISIÇÃODA CAPACIDADE PLENA: São formas de aquisição da 
capacidade plena: 
 
a) Maioridade civil; aos 18 anos, art. 5º CC; 
 
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, 
quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos 
da vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a 
incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do 
outro, mediante instrumento público, independentemente 
de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o 
tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela 
existência de relação de emprego, desde que, em função 
deles, o menor com dezesseis anos completos tenha 
economia própria. 
 
b) Levantamento de interdição: consiste no cancelamento dos efeitos da 
sentença, em razão da cessação das causas que a determinou. Ex. a pessoa foi 
interditada em razão de uma enfermidade mental. Após tratamento, ela recobra 
a sua lucidez e requer ao juiz o levantamento de sua interdição, pois ela quer 
por si mesma praticar os atos da vida civil. 
c) Integração do índio: o índio integrado à civilização brasileira é 
plenamente capaz. É possível, porém, que se emancipe, nas hipóteses dos 
artigos 9º, 10, e 11 do Estatuto do Índio (Lei n. 6.001/73). 
d) Emancipação: é o instituto jurídico que atribui capacidade plena aos 
menores de 18 anos. É a antecipação da capacidade civil. Tem como 
característica a irrevogabilidade, a perpetuidade e o fato de ser um ato puro e 
simples, ou seja, não sujeito à condição ou termo. 
 
No que diz respeito à forma, ela pode ser: 
 
• Voluntária: é concedido pelos pais, mediante escritura pública, devendo o 
menor ter 16 anos completos. 
• Legal: é a que opera automaticamente nas hipóteses de exercício de 
emprego público efetivo; colação de grau em curso superior; pelo 
estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, 
desde que em função deles o menor com 16 anos completos tenha economia 
própria e, finalmente, pelo casamento, única hipótese em que o menor pode ser 
emancipado antes dos 16 anos, com autorização judicial, mas apenas nas 
situações previstas no art. 1520 CC, é necessário saber: 
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o 
casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 
1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena 
criminal ou em caso de gravidez. 
a) No caso de gravidez; 
b) E para evitar imposição ou cumprimento de pena nos crimes 
sexuais. Esta última hipótese, no entanto, segundo a doutrina, foi revogada pela 
Lei 11.106/05, que alterou o Código Penal. 
• Judicial: é a concedida por sentença judicial, ouvindo-se o Ministério 
Público. Ocorre na hipótese de menor sob tutela e quando há divergência entre 
os pais. 
 
PESSOA JURÍDICA: São associações ou instituições formadas para 
realizações de um fim e reconhecidas pela ordem jurídica como sujeitos de 
direitos. Possuem personalidade jurídica distinta da de seus membros e exigem 
como requisitos para sua criação: vontade humana, finalidade lícita e 
observância dos requisitos legais. 
 
CLASSIFICAÇÃO: 
 
QUANTO ÀS SUAS FUNÇÕES E CAPACIDADE: 
 
• Pessoas jurídicas de direito público, interno e externo. 
• Pessoas jurídicas de direito privado. 
 
QUANTO À NACIONALIDADE 
 
• Brasileiras: constituídas de acordo com as leis brasileiras, tendo ainda 
sede e administração no Brasil. 
• Estrangeiras: são constituídas sob a lei de outros países que desejam 
funcionar no Brasil, necessitando de autorização especial do governo e da 
nomeação de um representante para aqui se estabelecerem. 
 
QUANTO A QUANTIDADE DE MEMBROS: 
 
• Pessoas jurídicas singulares: constituídas por uma só pessoa. 
• Pessoas jurídicas coletivas: constituídas por mais de uma pessoa. 
 
QUANTO À SUA ESTRUTURA: 
 
 
• Corporação ou “universitas personarum”: união de duas ou mais pessoas 
para, através da instituição de uma pessoa jurídica, atingirem um fio comum. 
Ex. associações e sociedades. 
• Fundação ou “universitas bonorum”: consiste num patrimônio que se 
personaliza, isto é, transforma-se em pessoa jurídica. Não possui sócios, nem 
associados. 
 
PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO: podem ser de direito 
público externo ou interno. 
Pessoas jurídicas de direito externo, são os Estados estrangeiros e todas as 
pessoas que forem regidas pelo direito internacional público, como é o caso da 
Santa Fé e da organização das nações unidas (art. 42 CC). 
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo 
os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem 
regidas pelo direito internacional público. 
Pessoas jurídicas de direito interno, são a União, os Estados, os Municípios, 
o Distrito Federal, os Territórios, as autarquias e demais entidades de caráter 
público criados por lei (art. 41, CC).São sempre criadas e consequentemente, 
extintas por lei. 
 
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: 
I - a União; 
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
III - os Municípios; 
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; 
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. 
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as 
pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado 
estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, 
quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste 
Código. 
 
No que concerne à responsabilidade civil, as pessoas jurídicas de direito 
público interno respondem pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, 
causarem a terceiros, ressalvado o direito de regresso. 
 
PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO: São as associações, as 
sociedades, as fundações, os partidos políticos e as organizações religiosas. 
Adquirem personalidade jurídica com a inscrição do ato constitutivo no 
respectivo registro, ou seja, no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas 
ou na Junta Comercial, quando se tratar de sociedade empresária (art. 45, CC). 
 
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas 
de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no 
respectivo registro, precedida, quando necessário, de 
autorização ou aprovação do Poder Executivo, 
 
averbando-se no registro todas as alterações por que 
passar o ato constitutivo. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a 
constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por 
defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação 
de sua inscrição no registro. 
 
Sem o registro, a sociedade será considerada como de fato, não se 
constituindo em pessoa jurídica. 
Algumas entidades, porém, dependem de autorização governamental para 
funcionarem. Sem esta autorização prévia não será permitido. São elas: as 
instituições financeiras (bancos), as seguradoras, as administradoras de 
consórcio de bens duráveis, operadoras de planos privados de assistência à 
saúde, entre outras. 
 
FUNDAÇÃO: é um patrimônio ao qual a lei atribui personalidade jurídica, em 
atenção ao fim a que se destina. Exige dois elementos: 
• Patrimônio: o ato de instituição deve conter a dotação de bens alodiais, 
ou seja, os bens livres e desembaraçados do fundador, sem ofensa à legitima 
dos herdeiros necessários e credores. 
• Fim específico, só podendo ser constituída para fins religiosos, morais, 
culturais ou de assistência. 
 
A instituição da fundação é ato solene, pois depende de escritura pública ou 
testamento. Com a instituição, a próxima etapa é a elaboração do estatuto e, 
quanto a esse aspecto, a fundação pode ser. 
• Direta: quando o estatuto é elaborado pelo próprio fundador; 
• Indireta ou fiduciária: Quando o estatuto é elaborado por uma terceira 
pessoa a quem o fundador atribui esse encargo. 
 
Após a elaboração, o estatuto será levado à aprovação do Ministério Público 
que, nos termos do art. 66, CC, é quem tem atribuiçãolegal para fiscalizar as 
fundações. Aprovado, o estatuto será registrado no Cartório de Registro Civil de 
Pessoas Jurídicas constituindo-se, a partir de então, a personalidade jurídica da 
fundação. 
 
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do 
Estado onde situadas. 
§ 1o Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, 
caberá o encargo ao Ministério Público Federal. 
§ 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, 
caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo 
Ministério Público. 
 
A extinção da fundação por sua vez, depende de sentença judicial, que pode 
ser requerida por qualquer interessado ou pelo Ministério Público quando se 
tornar ilícito seu objeto, quando sua manutenção for impossível ou quando 
vencer o prazo da sua existência (art. 69, CC). 
 
 
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a 
finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de 
sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer 
interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o 
seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato 
constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada 
pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. 
 
Decretada por sentença o fim da fundação, o seu patrimônio será 
incorporado, em primeiro lugar, à entidade designada nas escritura pública ou 
testamento; em segundo lugar, à entidade designada no estatuto. Em casos de 
omissão, o juiz determinará à incorporação do patrimônio a outra fundação com 
finalidade igual ou semelhante à extinta. 
 
ASSOCIAÇÃO: é a corporação sem fins lucrativos, ou seja, é a união de 
pessoas que se organizam para fins não econômicos. Sendo assim, seu objeto 
pode ser cultural, beneficente, altruísta, religioso, esportivo, moral, etc. 
O início da personalidade jurídica só se dá com o registro do estatuto no 
Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. 
Os direitos e deveres dos associados devem ser definidos no estatuto, que 
pode atribuir vantagens especiais a determinadas categorias de associados. 
Outra característica das associações é a intransmissibilidade da qualidade 
de associado, salvo se o estatuto dispuser de maneira diversa. 
A exclusão do associado, nos termos do art. 57 do CC, com a redação dada 
pela Lei 11.127/05, só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em 
procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previsto 
no estatuto. 
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo 
justa causa, assim reconhecida em procedimento que 
assegure direito de defesa e de recurso, nos termos 
previstos no estatuto. 
A dissolução da associação pode ser: 
• Espontânea: quando ocorre por deliberação dos associados, reunidos em 
assembléia geral convocada para esse fim, observando-se quorum previsto no 
estatuto. 
• Judicial: dá-se por meio de sentença, somente quando a associação tiver 
fins ilícitos ou caráter paramilitar. 
 
Com a dissolução, o seu patrimônio será destinado à entidade de fins não 
econômicos designada no estatuto. Se este for omisso, os associados deverão 
deliberar em favor de alguma associação que tenha fins iguais ou semelhantes. 
Se não existir, o remanescente do patrimônio reverterá em favor da Fazenda do 
Estado, do Distrito Federal ou da União. 
 
SOCIEDADES: São organizações com fins lucrativos e podem ser: 
 
a) Não-personificadas: são as que não possuem personalidade jurídica. São 
as sociedades de fato (não tem registro) e a sociedade em conta de 
participação. 
b) Personalizadas: são aquelas que têm registro, constituindo-se pessoa 
jurídica, podendo ser: 
• Simples: são aquelas que não desenvolvem atividade empresaria. 
Antigamente eram chamadas de sociedade civil. São registradas no Registro 
Civil de Pessoas Jurídicas, com exceção da sociedade de advogados que é 
registrada na Ordem dos Advogados do Brasil. 
• Empresarial: desenvolvem atividade econômica organizada para 
produção ou circulação de bens e serviços. São registradas no Registro Público 
de Empresas Mercantis – Junta Comercial. 
 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: Como já 
mencionado, a pessoa jurídica desfruta de personalidade e patrimônio 
autônomos, não confundindo, portanto, com a personalidade e patrimônio dos 
seus sócios ou associados. 
Entretanto, o artigo 50, CC traz uma exceção à regra geral descrita acima, 
consagrando a teoria da desconsideração da personalidade jurídica, segundo a 
qual o juiz pode determinar que o patrimônio dos sócios e administradores 
responda pelos seus atos que a pessoa jurídica praticar em abuso da 
personalidade, caracterizados pelo desvio de finalidade ou pela confusão 
patrimonial. 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, 
caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão 
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, 
ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no 
processo, que os efeitos de certas e determinadas 
relações de obrigações sejam estendidos aos bens 
particulares dos administradores ou sócios da pessoa 
jurídica. 
É importante frisar que tal teoria não visa extinguir a pessoa jurídica, 
tampouco cancelar o registro do seu ato constitutivo mas, sim afastar, provisória 
e tão somente para o caso concreto, a autonomia da personalidade e de 
patrimônio da pessoa jurídica em relação aos seus sócios ou administradores, 
para que estes possam responder diretamente pelos atos fraudulentos 
praticados. 
 
FIM DA PESSOA JURÍDICA: devemos distinguir: 
• De direito público: termina com o mesmo fato que lhe deu causa ou início 
(se criada por lei, deve também ser extinta por meio de lei). 
• De direito privado: extingue-se por meio de um ato de dissolução que 
poderá ser convencional, legal ou administrativo e, também, pelo decurso do 
tempo. 
 
DOMICILIO: é o lugar onde a pessoa física estabelece a sua residência com 
ânimo definitivo (art. 70, CC). Porém pela lei brasileira também pode ser 
considerado domicílio o local onde a pessoa exerce a sua profissão (art. 72, 
 
CC) e, ainda, o lugar onde for encontrada, caso não tenha residência fixa (art. 
73, CC). 
 
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela 
estabelece a sua residência com ânimo definitivo. 
 
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às 
relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é 
exercida. 
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em 
lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para 
as relações que lhe corresponderem. 
 
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não 
tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. 
 
Domicilio não se confunde com residência. Com efeito, esta é a morada 
habitual, o local onde a pessoa habita com estabilidade relativa (Ex. O 
estudante do interior que vai para São Paulo estudar durante um ano). Já o 
domicilio exige a presença de dois elementos: um objetivo, qual seja: a 
residência, e o outro subjetivo ou psicológico: o animus morandi, a intenção de 
fixar-se em dado local por tempo indeterminado. 
O domicílio pode ser: 
• Necessário: é fixado por lei. Ex. o domicilio do incapaz é o do seu 
representante legal (art. 76 CC); 
 
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor 
público, o militar, o marítimo e o preso. 
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu 
representante ou assistente; o do servidor público, o lugar 
em que exercer permanentemente suas funções; o do 
militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da 
Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar 
imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio 
estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir 
a sentença. 
 
• Voluntário: fixado pela pessoa de acordo com a sua vontade; 
• De eleição ou contratual: é o fixado por acordo entre as partes 
contratantes, para o cumprimento de certos direitos e obrigações (art. 78, CC) e 
apresenta as seguintes características: é escrito (pois não pode ser fixadoverbalmente); fictício (pois o local fixado pode não corresponder ao da 
residência dos contratantes); temporário (pois sua duração está condicionada 
ao inadimplemento da obrigação) e limitado (diz respeito aos direitos e 
obrigações expressamente determinados no negócio jurídico). 
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes 
especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os 
direitos e obrigações deles resultantes. 
 
 
MUDANÇA DE DOMICÍLIO: muda-se o domicílio, transferindo a residência, 
com a intenção manifesta de mudá-lo. Exige-se, portanto, a presença de dois 
requisitos: um objetivo, qual seja a transferência efetiva de residência, e outro 
subjetivo, caracterizado pela vontade de deixar definitivamente a residência 
anterior (art. 74, CC). 
 
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, 
com a intenção manifesta de o mudar. 
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que 
declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que 
deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, 
da própria mudança, com as circunstâncias que a 
acompanharem. 
 
O domicilio da pessoa jurídica de direito privado é o lugar onde funcionarem 
as respectivas diretorias e administrações. Nada obsta, porém, que o domicílio 
seja o local eleito no estatuto ou ato constitutivo da pessoa jurídica (art. 75, IV, 
CC). Se a pessoa jurídica tiver vários estabelecimentos, cada um deles será 
considerado domicílio para os atos neles praticados (§ 1º do art. 75, CC). Se a 
administração for ao estrangeiro, será o seu domicílio o lugar do 
estabelecimento situado no Brasil, no tocante, apenas às obrigações aqui 
contraídas (§ 2º do art. 75, CC). 
 
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: 
I - da União, o Distrito Federal; 
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; 
III - do Município, o lugar onde funcione a administração 
municipal; 
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde 
funcionarem as respectivas diretorias e administrações, 
ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou 
atos constitutivos. 
§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos 
em lugares diferentes, cada um deles será considerado 
domicílio para os atos nele praticados. 
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no 
estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, 
no tocante às obrigações contraídas por cada uma das 
suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, 
a que ela corresponder. 
 
No que refere ao domicílio das pessoas jurídicas de direito público, devem 
ser respeitadas as regras contidas no artigo 75 e incisos do Código Civil. 
 
 
 
 
QUESTÕES 
 
 
1 - (OAB/CESPE – 2009.3.) A respeito das pessoas naturais assinale a 
opção correta. 
A - A pessoa que possui plena capacidade de fato pode adquirir direitos e 
exercê-los por si mesma, sem necessidade de assistência ou representação. 
B - Os direitos da personalidade são inatos e permanentes, visto que nascem 
com a pessoa e a acompanham durante toda a sua existência até a sua morte, 
por isso não se reconhece lesão a direitos da personalidade se o suposto 
ofendido já for morto. 
C - Se duas pessoas falecerem ao mesmo tempo, sendo elas ascendente e 
descendente uma da outra, presume-se que a mais velha precede a mais nova, 
por isso a pessoa mais nova recebe a herança deixada pela mais velha e, 
obedecida a vocação hereditária, transmite a herança a seus herdeiros. 
D - A pessoa portadora de deficiência mental grave e notória que não seja 
interditada pode dispor validamente de seus bens, pois, somente depois do 
trânsito em julgado da sentença de interdição, a pessoa perde a capacidade, 
necessitando, por isso, de representação. 
 
2. (OAB/CESPE – 2007.1.PR) A respeito dos fatos, atos e negócios 
jurídicos, assinale a opção correta. 
A - Só se admite a anulação do negócio jurídico celebrado mediante coação 
exercida por terceiro quando o beneficiário tiver sabido ou devesse saber da 
coação. Nesse caso, o beneficiário responde solidariamente com o terceiro 
pelas perdas e danos causados à vítima. 
B - Configura-se estado de perigo quando uma pessoa, sob premente 
necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente 
desproporcional ao valor da contraprestação da outra parte. 
C - O dolo acidental é um vício social e, por afetar a manifestação da vontade 
do agente, provoca a anulação do negócio jurídico, ainda que a parte a quem 
aproveite não tenha nem deva ter conhecimento dele. 
D - No negócio jurídico, considera-se condição a cláusula que, derivada 
exclusivamente da vontade de uma das partes, subordina a existência ou o 
efeito do negócio a evento futuro, certo e predeterminado. 
 
3. (OAB/CESPE – 2008.1) Acerca das pessoas e do domicílio, assinale a 
opção incorreta. 
A - Não é cabível a desconsideração da personalidade jurídica em se 
tratando de firma individual. 
B - A fundação de direito privado não pode ter fins lucrativos. 
C - A República Federativa do Brasil é pessoa jurídica de direito público 
interno. 
D - Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar e o 
preso. 
 
4. (OAB/CESPE – 2009.2) Assinale a opção correta acerca das pessoas 
naturais e jurídicas. 
A - A personalidade civil da pessoa natural tem início a partir do nascimento 
com vida, independentemente do preenchimento de qualquer requisito psíquico. 
B - O indivíduo de 16 anos de idade, ao contrair casamento, adquire a plena 
capacidade civil por meio da emancipação, voltando à condição de incapaz se, 
um ano após o casamento, sobrevier a separação judicial. 
 
C - Na sistemática do Código Civil, não se admite a declaração judicial de 
morte presumida sem decretação de ausência. 
D - A existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com o 
início de suas atividades jurídicas. 
 
5. (OAB/CESPE – 2009.1) A respeito das regras do domicílio, assinale a 
opção incorreta. 
A - Admite-se que uma pessoa possa ter domicílio sem possuir residência 
determinada, ou que esta seja de difícil identificação. 
B - Caso um indivíduo possua diversas residências onde viva 
alternadamente, qualquer uma delas pode ser considerada o seu domicílio. 
C - A mera troca de endereço não caracteriza, por si só, mudança de 
domicílio. 
D - O domicílio civil é formado pelo elemento objetivo, que consiste na 
residência, sendo despiciendo averiguar-se o elemento subjetivo. 
 
GABARITO: 
 
Questão 1 A 
Questão 2 A 
Questão 3 C 
Questão 4 A 
Questão 5 D 
 
ESTÃO 36 
 
DOS BENS 
 
CONCEITO: são coisas que possuem valor econômico, que proporcionam 
utilidade ao homem, suscetíveis de apropriação, podendo assim ser objeto da 
relação jurídica. 
A doutrina distingue os bens das coisas: bens são coisas porém nem todas 
as coisas são bens. As coisas abrangem tudo quanto existe na natureza, exceto 
pessoas, mas como bens só se consideram as coisas existentes que 
proporcionam ao homem uma utilidade, constituindo então o seu patrimônio. 
Patrimônio, por sua vez é o complexo de relações jurídicas de uma pessoa, 
apreciáveis economicamente. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS 
 
BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS: os bens são analisados 
objetivamente, sem qualquer relação com outros ou com as pessoas que o 
detêm. São eles: 
• Corpóreos: são bens físicos. Ex. uma cadeira 
• Incorpóreos: são os bens abstratos. Ex. direito de ir e vir. 
• Consumíveis: são os bens que se destroem com uso e também os 
destinados à alienação. Ex. o livro à venda: para quem compra é inconsumível, 
para quem vende é consumível. 
• Inconsumíveis: possuem natureza durável, podendo ser utilizados 
reiteradas vezes. Ex. uma calça , um fogão. 
 
• Fungíveis: são os que podem ser substituídos por outros da mesma 
espécie, qualidade e quantidade. Ex. dinheiro ou uma saca de arroz. 
• Infungíveis: os que não podem ser substituídos por outros da mesma 
espécie, qualidade e quantidade. Ex. uma obra de arte, um quadro. 
• Divisíveis: são os que podemse divididos sem prejuízo da sua 
substância. 
• Indivisíveis: são aqueles que não podem ser divididos sob pena de 
perderem a sua real função ou diminuírem consideravelmente o seu valor ou 
causarem prejuízo ao uso a que se destinam. A indivisibilidade decorre da lei, 
da natureza do objeto ou do acordo da vontade entre as partes. 
• Singulares: são aqueles que embora reunidos, são considerados de 
forma individual. Ex. um livro em uma biblioteca. 
• Coletivo: são aqueles constituídos de várias coisas singulares, porém 
consideradas em conjunto, formando um bem único. Podem ser de fato (art. 90, 
CC) ou de direito (art. 91, CC – ex. herança). 
 
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de 
bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, 
tenham destinação unitária. 
Parágrafo único. Os bens que formam essa 
universalidade podem ser objeto de relações jurídicas 
próprias. 
 
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de 
relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor 
econômico. 
 
• No comércio (alienável): são bens negociáveis, podendo ser transferidos, 
vendidos, trocados ou doados. 
• Fora do comércio (inalienáveis): são insuscetíveis de apropriação. Ex. luz 
solar. São também aqueles que se tornam inalienáveis, por destinação ou por 
lei. 
• Imóveis: são os bens que podem ser transportados sem alteração da sua 
forma. Podem ser: 
 
a) Por natureza: o solo (art. 79, CC). 
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe 
incorporar natural ou artificialmente. 
 
b) Por acessão física natural: tudo aquilo que o homem incorporar 
naturalmente ao solo. 
c) Por acessão física artificial: tudo aquilo que o homem incorporar 
permanentemente ao solo. Ex. construção e sementes lançadas ao solo. 
d) Por determinação legal: previstos no art. 80, CC como o direito à 
sucessão aberta. 
 
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: 
 
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os 
asseguram; 
II - o direito à sucessão aberta 
 
É importante observar, ainda,a regra do art. 81, CC, segundo a qual não 
perdem o caráter de imóveis as edificações que, separadas do solo, mas 
conservando a sua unidade, forem removidas para outro local e os materiais 
provisoriamente separados do solo, mas conservando a sua unidade, forem 
removidas para outro local e os materiais provisoriamente separados de um 
prédio, para nele reempregarem. 
 
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: 
I - as edificações que, separadas do solo, mas 
conservando a sua unidade, forem removidas para outro 
local; 
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, 
para nele se reempregarem. 
 
• Moveis: são os bens suscetíveis de movimentos próprios ou de remoção 
por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-
social. Portanto, podem ser divididos em: móveis propriamente ditos(aqueles 
que podem ser transportados mediante emprego de força alheia). E semoventes 
(aqueles que se movem por força própria, como os animais), sem que os 
primeiros se subdividem em: 
a) Pela sua natureza: ex. mesa. 
b) Por antecipação: Ex. árvore para plantação de papel. 
c) Por determinação legal: nas hipóteses previstas no art. 83, CC, como as 
energias que tenham valor econômico, o penhor, etc. 
 
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: 
I - as energias que tenham valor econômico; 
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações 
correspondentes; 
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e 
respectivas ações. 
 
 A distinção entre bens imóveis e móveis é de extrema importância, já que 
os primeiros somente são adquiridos por atos entre vivos, após o registro no 
Cartório de Registro de Imóveis dos respectivos títulos, conforme art. 1.227, CC 
e necessitam da anuência conjugal para serem alienados, salvo no regime da 
separação absoluta de bens (art. 1.647, I, CC). Os bens móveis por sua vez, 
são adquiridos mediante simples tradição (art. 1.226, CC) e não necessitam da 
concordância conjugal para serem alienados. 
 
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou 
transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o 
registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos 
títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos 
neste Código 
 
 
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum 
dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no 
regime da separação absoluta: 
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; 
 
Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando 
constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se 
adquirem com a tradição. 
 
BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS: analisados uns em relação 
aos outros. São eles: 
• Principal: o bem existe sobre si, abstrata ou concretamente (art. 92, CC). 
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou 
concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a 
do principal. 
• Acessório: a sua existência pressupõe a de um bem principal (art. 92, 2ª. 
parte do CC). 
São bens considerados acessórios: 
a) Benfeitorias: são as obras levadas a efeito pelo homem, com o propósito 
de conservar, melhorar ou simplesmente embelezar uma coisa (art. 96, CC). 
Classificam-se em: necessárias, quando visam a conservação do bem; úteis, 
quando se referem a melhoramentos no bem, aumentando ou facilitando a sua 
utilização e voluptuárias, quando visam o embelezamento do bem. 
 
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou 
necessárias. 
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que 
não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem 
mais agradável ou sejam de elevado valor. 
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do 
bem. 
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem 
ou evitar que se deteriore. 
 
b) Frutos: são as utilidades que as coisas periodicamente produz, sem que 
haja diminuição da mesma após o consumo. Classificam-se em: naturais, 
quando decorrem da própria natureza (ex. juros, alugueres). 
c) Produtos: são as utilidades que se retiram da coisa diminuindo-lhe a 
quantidade ou o valor, pois não se reproduzem periodicamente (ex. o carvão 
extraído da mina). 
d) Pertença: conforme o art. 93 CC são os bens que destinam-se, de modo 
duradouro, ao uso, serviço, ou aformoseamento de outro. Ex. o toca CD em 
relação ao automóvel. É importante frisar que as pertenças não seguem a sorte 
do bem principal. Sendo assim, os negócios jurídicos referentes ao bem 
principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da 
manifestação de vontade ou das circunstâncias do caso (art. 94, CC). 
 
 
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo 
partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao 
uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. 
 
e) Acessões: é a junção de uma coisa a outra por força externa. A acessão 
pode ser: 
• Por força da natureza: aluvião, avulsão, álveo abandonado e abandono 
de ilhas; 
• Industrial ou artificial: a construção de certa obra; 
• Mista: plantações. 
 
BENS CONSIDERADOS E RELAÇÃO AO TITULAR DO DOMÍNIO: Nos 
termos do art. 98, CC, os bens são: 
• Particulares: são os pertencentes às pessoas naturais ou físicas e às 
pessoas jurídicas de direito privado. 
• Públicos: são os de domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas 
de direito público interno (União, Estados e Municípios). 
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional 
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público 
interno; todos os outros são particulares, seja qual for a 
pessoa a que pertencerem. 
Os bens públicos são divididos em: 
a) Bens de uso comum do povo: são os que, em razão de sua própria 
natureza ou da lei, podem ser utilizados por todos, de forma gratuita ou 
onerosa, sem qualquer restrição (art. 99, I, CC). Ex. rios, mares, praças e ruas. 
b) Bens de uso especial: São utilizados pelo próprio poder público (art. 99, 
II, CC). Ex. prédios onde funcionam escolaspúblicas. 
c) Bens dominicais ou dominiais: são os que compõem o patrimônio da 
União, dos Estados ou dos Municípios, ou seja, são os bens em que o Poder 
Público é titular da mesma forma que a pessoa de direito privado é dona de seu 
patrimônio. Abrangem tanto os bens móveis como os imóveis (art. 99, III, CC). 
Ex. títulos de divida pública e estradas de ferro. 
 
Art. 99. São bens públicos: 
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, 
estradas, ruas e praças; 
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos 
destinados a serviço ou estabelecimento da administração 
federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de 
suas autarquias; 
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das 
pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito 
pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. 
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, 
consideram-se dominicais os bens pertencentes às 
 
pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado 
estrutura de direito privado. 
 
 
São características dos bens públicos a inalienabilidade (a propriedade não 
pode ser transferida), a impenhorabilidade (não podem ser dados como garantia 
pelo poder público) e a imprescritibilidade (não podem se usucapidos). 
Porém, os bens públicos de uso comum do povo em decorrência da lei e os 
de uso especial são inalienáveis enquanto estiverem afetados, ou seja, 
enquanto tiverem uma destinação específica (art. 100, CC). Para que possam 
ser alienados necessitam de anterior desafetação. Já os bens dominicais 
podem ser alienados, desde que observadas as exigências legais (art. 101, 
CC). 
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de 
uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a 
sua qualificação, na forma que a lei determinar. 
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser 
alienados, observadas as exigências da lei. 
 
 
DOS FATOS JURÍDICOS 
 
CONCEITO: fatos jurídicos, em sentido amplo, compreendem os 
acontecimentos naturais e voluntários, em virtude das quais nascem, se 
modifiquem e se extinguem os direitos e as obrigações. 
Assim, em sentido latu sensu, os fatos jurídicos se subdividem e: 
• Fatos jurídicos em sentido estrito: são os acontecimentos naturais, dos 
quais surtem efeitos jurídicos, independentes da vontade humana. Ex. avulsão, 
morte natural, nascimento. 
• Atos ou negócios jurídicos: são os acontecimentos emanados da vontade 
lícita do homem que cria, extingue ou modifica direitos ou obrigações. Ex. 
casamento, contratos. 
• Atos ilícitos: são os acontecimentos emanados do dolo ou culpa, lesivos 
ao interesse alheio. Ex. a reparação prevista para o caso de dano. 
Dessa forma, concluímos que os atos ou negócios jurídicos dizem respeito 
às ações humanas de efeitos voluntários, isto é, produzem-se de acordo com a 
vontade do agente; os atos ilícitos, por sua vez, compreendem as ações 
humanas em que os efeitos jurídicos são involuntários, produzem-se 
independentemente da vontade do agente. 
Os fatos jurídicos, ainda, podem ser simples ou unitários, quando emanam 
de um único acontecimento, como assinar um cheque e compostos ou 
complexos, quando formados por vários atos simples, como a usucapião, pois 
exige pose mansa, pacífica e prolongada no tempo. 
 
NEGÓCIO JURÍDICO: como já mencionado, tanto o ato jurídico quanto o 
negócio jurídico caracterizam-se como sendo um comportamento humano 
voluntário apto a adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos. 
 
Distinguem-se, porém, quanto aos seus efeitos, pois, nos negócios jurídicos 
a vontade da parte pode determinar os efeitos, ou seja, o negócio só produz 
aquelas conseqüências que a parte desejou, como ocorre nos contratos e no 
testamento. Já no ato jurídico os efeitos emanam da lei, ou seja, embora exista 
vontade inicial as parte no sentido de praticar o negócio jurídico, os efeitos 
emanam da lei, ou seja, embora exista vontade inicial da parte no sentido de 
praticar o negócio jurídico, os efeitos dele decorrentes advêm diretamente da 
lei, sem que as partes possam controlá-los. Temos como exemplo o casamento 
e o reconhecimento de filhos. 
Uma doutrina bastante moderna, ainda, o ato jurídico do ato-fato-jurídico. O 
primeiro é aquele praticado intencionalmente pela parte, embora seus efeitos 
sejam determinados pela lei, como é o caso do casamento. O segundo, porém, 
é aquele em que a parte não teve sequer a vontade inicial de praticá-lo, mas 
acontecido a lei impõe certos efeitos, como é o caso da descoberta intencional 
de um tesouro e dos atos socialmente aceitos praticados por crianças. 
 
ELEMENTOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS: São elementos do negócio 
jurídico: 
a) elementos essenciais de validade: são os que formam a substância do 
negócio jurídico, sendo portanto imprescindíveis. Podem ser: gerais, se comuns 
à generalidade dos negócios jurídicos e referem-se à capacidade, do agente, ao 
objeto lícito e possível e ao consentimento das partes (art. 104, 
CC);particularidades, quando são específicos de alguns negócios jurídicos, por 
serem inerentes à sua forma. 
É importante frisar, que o Código Civil não cuida dos elementos de 
existência do negócio jurídico, ou seja, aqueles necessários à sua formação, 
mas não apenas dos elementos de validade, exigidos pelo art. 104. 
Segundo a doutrina, porém, são elementos de existência dos negócios 
jurídicos a declaração de vontade, o objeto e a forma. É certo, porém, que 
quando o negócio jurídico não reúne os elementos essenciais à sua formação, o 
negócio jurídico é inexistente, não produzindo quaisquer efeitos jurídicos, 
tampouco podendo convalidar-se. Difere do ato nulo, que pode ter eficácia 
como putativo. 
b) elementos naturais: os efeitos do negócio jurídico não precisam estar 
expressos, pois os mesmos decorrem da lei. (Ex. a obrigação do vendedor de 
entregar a coisa vendida; a responsabilidade decorrente da evicção). 
c) Elementos acidentais: são as cláusulas que as partes estipular para 
modificar as conseqüências naturais do negócio jurídico. São eles a condição, o 
termo e o modo ou encargo. 
• Condição: é a cláusula que deriva exclusivamente da vontade das partes, 
subordina os efeitos do negócio jurídico a evento futuro e incerto. Pode ser: 
- suspensiva: quando impede que a avença se aperfeiçoe até o advento da 
condição. Ex. lhe darei um carro caso você passe no vestibular. (art. 125, CC). 
- resolutiva: quando torna sem efeito o ajuste, em virtude do seu advento. Ex. 
aquisição de um sítio com a condição de que o negócio se resolverá se gear no 
primeiro ano (art. 127, CC). 
Em suma, a condição suspensiva subordina a ineficácia do negócio jurídico 
a um evento futuro e incerto. 
A condição, ainda, pode ser classificada quanto ao critério da vontade das 
partes em: 
 
- condição puramente potestativa: quando subordina os efeitos do negócio 
jurídico ao arbítrio exclusivo de uma das partes, sem a interferência de ato 
extremo. É proibido por lei (art. 122, CC). 
- condição potestatva simples: quando subordina os efeitos do negócio 
jurídico à vontade de umas das partes e também a um acontecimento que 
escapa da sua alçada. Ex. dou-lhe meu carro se você for para França. Ir até a 
França depende não apenas da vontade da parte, mas também de tempo, 
dinheiro, etc. 
É importante frisar que alguns negócios não admitem condição em razão de 
sal própria natureza, como os atos ligados ao direito de família, das sucessões 
e aos direitos da personalidade. Ex. não se pode emancipar filho sob condição; 
aceitar ou renunciar a herança sob condição. 
Finalmente, quanto à condição maliciosamente obstada ou provocada pelo 
interessado, conforme o art. 129, CC, a lei a considera verificada, condenando 
por igual o dolo daquele que impede a realização e o daquele que lhe força o 
advento. 
• Termo: é a cláusula que subordina a eficácia do negócio jurídico a evento 
futuro e certo. O direito sob termo é considerado direito adquirido,pois o termo 
suspende do exercício, mas não a aquisição do direito. (art. 131, CC). 
• Modo ou encargo: é a cláusula ou estipulação acessória aderente, em 
regra, aos atos de liberalidade inter vivos (adoção) ou mortis causa 
(testamento), que impõem um ônus ou uma obrigação à pessoa natural ou 
jurídica contemplada pelos referidos atos. Pode consistir numa prestação em 
favor de quem o institui, de terceiros ou mesmo numa prestação sem interesse 
particular para determinada pessoa. Ex. doação de um terreno para a 
construção de uma escola. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS 
 
• Inter vivos: visam produzir seus efeitos após a morte do declarante. Ex. 
testamento. 
• Mortis causa: visam produzir seus efeitos após a morte do declarante. Ex. 
testamento. 
• Unilaterais: a manifestação de vontade provém de uma só pessoa, ou 
mais de uma, porém no mesmo sentido. Ex. promessa de recompensa. Podem 
ser receptícios, quando o efeito a ser produzido só se verificar após o 
destinatário tomar ciência da declaração e não-receptícios, quando o efeito a 
ser produzido só se produz independentemente da ciência do destinatário. 
• Bilaterais: se perfazem pelo encontro de duas vontades. Ex. contrato. 
Podem ser simples, quando concedem vantagem a uma das partes e ônus à 
outra e sinalagmáticos, quando concedem vantagens e ônus para ambas as 
partes. 
• Solenes: a lei prescreve determinada forma, que deverá ser obedecida. 
Ex. casamento, testamento. 
• Não solenes: a forma é livre. Ex. compra e venda de bens móveis. 
 
ATOS CAUSADORES DE DANO QUE NÃO CONSIDERADOS ILÍCITOS: 
são aqueles descritos no art. 188, I e II, CC, ou seja, aqueles praticados em 
legítima defesa ou no exercício regular de um direito (desde que não haja 
abuso de direito, conforme no art, 187, CC) e os praticados em estado de 
 
necessidade. Neste último caso, diz a lei que o ato somente será legítimo se for 
absolutamente necessário diante das circunstâncias concretas e desde que não 
exceda os limites do indispensável para remoção do perigo. 
 
 
 
DA PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 
 
FUNDAMENTO E CONCEITO: A prescrição encontra seu fundamento na 
paz social, pois a ordem pois a ordem pública estaria comprometida se a ação 
tivesse prazo indeterminado para ser ajuizada. 
A doutrina destaca duas espécies de prescrição: 
a) extintiva: é a perda do direito de ação e de toda sua capacidade 
defensiva, em razão do decurso do tempo. Ressalta-se que na prescrição 
opera-se não só a perda do direito de ação, como também o direito de exceção, 
conforme dispõe o art. 190, CC. 
 
Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a 
pretensão. 
 
b) aquisitiva: é o usucapião, consistindo num modo de obtenção do direito de 
propriedade pela posse prolongada da coisa. 
Enquanto a prescrição aquisitiva é modo de adquirir apenas o direito de 
propriedade e alguns direitos reais, como o usufruto, uso, entre outros, a 
extintiva atinge quase todos os direitos, indistintamente, salvo aqueles que são 
imprescritíveis como os referentes aos direitos de personalidade, ao estado da 
família, os bens públicos, a ação de nulidade absoluta, as ações constitutivas 
que a lei não indique prazo entre outros. 
Decadência, por sua vez, é a perda do direito material, em razão do tempo, 
eliminando-se, por conseqüência, o direito da ação e demais pretensões. Na 
decadência o que se extingue é o próprio direito e não a ação que o protege. 
 
DISTINÇÕES ENTRE DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO. 
 
O prazo prescricional pode ser impedido, suspenso e interrompido, nas 
hipóteses previstas nos artigos 197 a 202 do Código Civil. “Salvo disposição 
legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas impedem, 
suspendem ou interrompem a prescrição”. Ressalta-se que o artigo 208 do CC 
é a única exceção a tal regra, pois o prazo decadencial não corre contra 
incapaz. 
 
Art. 197. Não corre a prescrição: 
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade 
conjugal; 
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder 
familiar; 
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou 
curadores, durante a tutela ou curatela. 
 
Art. 198. Também não corre a prescrição: 
 
I - contra os incapazes de que trata o art. 3º; 
II - contra os ausentes do País em serviço público da 
União, dos Estados ou dos Municípios; 
III - contra os que se acharem servindo nas Forças 
Armadas, em tempo de guerra. 
 
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: 
I - pendendo condição suspensiva; 
II - não estando vencido o prazo; 
III - pendendo ação de evicção. 
 
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser 
apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes 
da respectiva sentença definitiva. 
 
Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos 
credores solidários, só aproveitam os outros se a 
obrigação for indivisível. 
 
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente 
poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: 
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que 
ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e 
na forma da lei 
processual; 
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente; 
III - por protesto cambial; 
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de 
inventário ou em concurso de credores; 
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o 
devedor; 
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, 
que importe reconhecimento do direito pelo devedor. 
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a 
correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato 
do processo para a interromper. 
 
O prazo prescricional só pode emanar da lei. O prazo decadencial advém 
também da lei (decadência legal), mas se o direito for disponível, pode ainda 
resultar da vontade unilateral ou bilateral das partes (decadência convencional). 
Um testador, por exemplo, pode fixar um prazo decadencial. Destacando-se 
também o prazo prescricional não pode ser alterado por acordo das partes (art. 
192 do CC), o prazo decadencial, desde que o direito seja disponível, pode ser 
convencionado. 
 
Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser 
alterados por acordo das partes. 
 
A lei permite que o devedor renuncie à prescrição, ou seja, que abra mão de 
arguí-la, mas somente depois de consumada e desde que não prejudique 
 
terceiros (art. 191, CC). No tocante à decadência, nula é a sua renúncia quando 
se trata de decadência legal (art. 209 CC); se convencional, a renúncia é 
permitida, pouco importando se o prazo encontra-se em curso ou já consumado. 
 
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou 
tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, 
depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia 
quando se presume de fatos do interessado, 
incompatíveis com a prescrição. 
 
Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. 
 
Finalmente, nos termos do art. 210, CC, a decadência, quando estabelecida 
em lei, deve ser conhecida de ofício pelo juiz. Quando à prescrição, também 
deve ser reconhecida de ofício pelo juiz, em razão da revogação do art. 194 
pela lei 11.280/06 que alterou o Código de Processo Civil. 
 
Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, 
quando estabelecida por lei. 
 
MOMENTO DE ARGUIÇÃO DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA: a 
prescrição e a decadência podem ser alegadas em qualquer grau de jurisdição 
(artigo 193 e 211 do CC). 
 
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau 
de jurisdição, pela parte a quem aproveita. 
 
Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a 
quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de 
jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. 
 
Contudo, o momento adequado para a arguição é a contestação. Se o réu 
negligenciou, argüindo-as posteriormente, arcará com todas as custas e 
despesas processuais, a partir do saneamento do processo, além de perder os 
honorários advocatícios, não obstante tenha sido vencedor da causa. 
A sentença que acolhe a prescrição ou decadência,ainda que prolatada em 
processo cautelar, é considerada sentença de mérito, sujeitando-se à coisa 
julgada material, conforme dispõe o artigo 269, inciso IV do CPC. 
 
DISTINÇÃO ENTRE IMPEDIMENTO, SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DA 
PRESCRIÇÃO: No impedimento, o prazo prescricional não chega a se iniciar. 
Já na suspensão, o prazo prescricional em curso sofre uma parada temporária, 
continuando, de onde havia parado, após a cessação do obstáculo. Finalmente, 
na interrupção o prazo prescricional em curso reinicia-se por inteiro, 
desconsiderando-se o período anteriormente transcorrido. 
As causas de impedimento e suspensão da prescrição são as mesmas e 
encontram-se previstas nos artigos 197 e 199 do Código Civil. 
 
Art. 197. Não corre a prescrição: 
 
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade 
conjugal; 
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder 
familiar; 
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou 
curadores, durante a tutela ou curatela. 
 
Art. 198. Também não corre a prescrição: 
I - contra os incapazes de que trata o art. 3º; 
II - contra os ausentes do País em serviço público da 
União, dos Estados ou dos Municípios; 
III - contra os que se acharem servindo nas Forças 
Armadas, em tempo de guerra. 
 
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: 
I - pendendo condição suspensiva; 
II - não estando vencido o prazo; 
III - pendendo ação de evicção. 
 
Haverá impedimento se o obstáculo surgir antes do início do prazo; 
suspensão, se surgir durante o prazo em curso. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS: alguns dispositivos merecem um breve 
comentário, dada a importância dos mesmos. 
• Art. 201, CC: suspensa a prescrição em favor de um dos credores 
solidários, só aproveitará os outros se a obrigação for indivisível. Portanto, não 
basta que a obrigação seja solidária para que haja a comunicação da 
prescrição, pois é necessário que ela também seja indivisível. 
• Art. 204, CC: a interrupção da prescrição por um credor não aproveita 
aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou 
seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados. § 1º: a interrupção por um 
dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção 
efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros. 
• Art. 2028, CC: de acordo com as regras de hermenêutica, os prazos 
prescricionais em curso não podem ser alterados por lei superveniente, cuja 
aplicação é imediata, porquanto prescrição em curso não gera direito adquirido, 
mas apenas expectativa de direito. O Código, no entanto, no dispositivo citado, 
dispõe de forma diversa a essa regra quanto aos prazos em andamento e que 
foram reduzidos por ele. 
 
Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando 
reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada 
em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo 
estabelecido na lei revogada. 
Vejamos: 
- prazos em andamento que foram aumentados passam a ser regidos pelo 
atual Código. 
- aqueles que foram reduzidos e que estavam em andamento, se já 
transcorrido mais da metade de prazo, continuam regidos pelo Código d e 1916; 
caso contrário, se ainda não transcorreu mais da metade do prazo da lei velha, 
 
serão regidos pelo novo diploma. Neste último caso, corre-se o risco desses 
prazos serem atingidos imediatamente pela prescrição. Com o objetivo de 
evitar-se mencionada situação, alguns doutrinadores entendem que o novo 
prazo começa a ser contado a partir da data da entrada em vigor do atual 
Código. O tema, no entanto, não é pacifico. 
 
QUESTÕES 
 
1. (OAB/CESPE – 2007.3.PR) Com referência a prescrição e decadência, 
assinale a opção correta. 
A - A renúncia da prescrição, expressa ou tácita, pode ser feita antes ou 
depois que ela se consumar, mas só produz os seus efeitos se não prejudicar 
diretos de terceiros. 
B - Quando o prazo prescricional se inicia com o autor da herança, aquele 
recomeça a correr contra o seu sucessor, pois a morte é uma das causas da 
suspensão da prescrição do exercício de ação que envolva direito patrimonial. 
C - Nas obrigações divisíveis e nas indivisíveis, a suspensão da prescrição 
em favor de um dos credores solidários deve aproveitar os outros credores. 
D - Tratando-se de prazo decadencial estabelecido em lei, por ser matéria de 
ordem pública, o juiz deve reconhecê-lo de ofício, independentemente de 
argüição da parte interessada. 
 
2. (OAB/CESPE – 2007.3.PR) A respeito dos fatos, atos e negócios 
jurídicos, assinale a opção correta. 
A Só se admite a anulação do negócio jurídico celebrado mediante coação 
exercida por terceiro quando o beneficiário tiver sabido ou devesse saber da 
coação. Nesse caso, o beneficiário responde solidariamente com o terceiro 
pelas perdas e danos causados à vítima. 
B Configura-se estado de perigo quando uma pessoa, sob premente 
necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente 
desproporcional ao valor da contraprestação da outra parte. 
C O dolo acidental é um vício social e, por afetar a manifestação da vontade 
do agente, provoca a anulação do negócio jurídico, ainda que a parte a quem 
aproveite não tenha nem deva ter conhecimento dele. 
D No negócio jurídico, considera-se condição a cláusula que, derivada 
exclusivamente da vontade de uma das partes, subordina a existência ou o 
efeito do negócio a evento futuro, certo e predeterminado. 
 
3. (OAB/CESPE – 2007.3) No que concerne aos defeitos do negócio 
jurídico, assinale a opção correta. 
 
A - Para caracterizar a simulação, defeito sujeito à anulabilidade do negócio 
jurídico, exige-se que, na conduta do agente, além da intenção de violar 
dispositivo de lei, haja o desejo de prejudicar terceiros. 
B - Podem demandar a anulabilidade do negócio simulado o terceiro 
juridicamente interessado e o Ministério Público, sendo vedada aos simuladores 
a faculdade de alegar a simulação ou requerer em juízo a sua anulação, em 
litígio comum ou contra terceiros. 
 
C - A lesão é vício de consentimento que surge concomitantemente com o 
negócio e acarreta a sua anulabilidade, permitindo-se a revisão contratual para 
evitar a anulação, aproveitando-se, assim, o negócio. 
D - Se, na celebração do negócio, uma das partes induzir a erro a outra, 
levando-a a concluir a avença e assumir uma obrigação desproporcional à 
vantagem obtida pelo outro, esse negócio será nulo porque a manifestação de 
vontade emana de erro essencial e escusável. 
 
4. (OAB/CESPE – 2007.3.PR) A respeito do direito das coisas, assinale a 
opção correta. 
A - A posse precária adquirida pelo de cujus perde esse caráter quando 
transmitida causa mortis aos seus sucessores, desde que estes estejam de 
boa-fé. 
B - O possuidor de má-fé tem direito de ser ressarcido apenas pelas 
benfeitorias necessárias, assistindo-lhe direito de retenção pelo valor atualizado 
ou pelo custo da benfeitoria. 
C - Aquele que, de boa-fé, edifica em terreno alheio adquire a propriedade do 
solo desde que o valor da construção exceda consideravelmente o valor do 
terreno e haja pagamento de indenização ao proprietário, cujo valor deve ser 
fixado judicialmente ou por acordo. 
D - A servidão de passagem somente pode ser estabelecida entre dois 
imóveis pertencentes ou não aos mesmos proprietários, sendo um deles, o 
dominante, encravado. 
 
5. (OAB/CESPE – 2007.1) Acerca do negócio jurídico, assinale a opção 
incorreta. 
A - Negócio jurídico unilateral não receptício é um ato de autonomia privada 
que se aperfeiçoa pela declaração do seu autor e produz seus efeitos sem a 
necessidade de aceitação e conhecimento por parte do seu destinatário. 
B - A validade do negócio jurídico requer capacidade do agente. Nesse 
sentido, tal requisito tipifica a um só tempo elementos de existência e 
pressupostos de validade do negócio jurídico. 
C - A reserva mental ilícita ou irregular torna nula a declaração da vontade, 
se desconhecida da outra parte ao tempo da consumação do negócio jurídico. 
D - Representantelegal é a pessoa munida de mandato, expresso ou tácito, 
outorgado pelo representado. 
 
GABARITO: 
 
Questão 1 A 
Questão 2 D 
Questão 3 C 
Questão 4 C 
Questão 5 D 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DO DIREITO DE FAMÍLIA 
 
 
DO CASAMENTO: casamento é o vínculo entre o homem e a mulher, 
firmado perante o Estado, com o intuito de constituir família. De acordo com o 
art. 1511, CC, o casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na 
igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. Não se confunde com a união 
estável, uma vez que esta estabelece uma relação de fato e o casamento uma 
relação de direito (art. 226, § 3º da CF e art. 1723/1727, CC). 
 
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de 
vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos 
cônjuges. 
 
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união 
estável entre o homem e a mulher, configurada na 
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida 
com o objetivo de constituição de família. 
§ 1º A união estável não se constituirá se ocorrerem os 
impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência 
do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar 
separada de fato ou judicialmente. 
§ 2º As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a 
caracterização da união estável. 
 
Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a 
mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. 
 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial 
proteção do Estado. 
§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a 
união estável entre o homem e a mulher como entidade 
familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em 
casamento. (Constituição Federal) 
 
DA CAPACIDADE PARA O CASAMENTO (art. 1517 e 1520, CC): a partir 
dos 18 anos completos, a pessoa já pode casar-se sem que haja necessidade 
de autorização dos seus representantes legais, pois nos termos do art. 5º, CC, 
ela já é plenamente capaz para todos os atos da vida civil. 
 
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, 
quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos 
da vida civil. 
 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a 
incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do 
outro, 
mediante instrumento público, independentemente de 
homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o 
tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela 
existência de relação de emprego, desde que, em função 
deles, o menor com dezesseis anos completos tenha 
economia própria. 
 
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos 
podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, 
ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a 
maioridade civil. 
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, 
aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631. 
pode ser suprida pelo juiz. 
 
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o 
casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 
1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena 
criminal ou em caso de gravidez. 
 
Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, 
compete o poder familiar aos pais; na falta ou 
impedimento de um deles, o outro o exercerá com 
exclusividade. 
Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício 
do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer 
ao juiz para solução do desacordo. 
 
É certo, porém, que a partir dos 16 anos o casamento já é possível, mas 
exige a lei a autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, 
enquanto não atingida a maioridade civil. A idade núbil, portanto, dá-se aos 16 
anos, tanto para o homem quanto para a mulher. 
Existindo divergências entre os pais, pode o juiz solucionar o desacordo. Da 
mesma forma, conforme o artigo 1519, CC, não obtendo a autorização dos pais 
ou dos representantes legais para a realização do matrimônio, podem os 
interessados recorrer ao juiz, que diante do caso poderá suprir tal autorização. 
Nesta hipótese, o regime será o de separação obrigatória de bens. 
 
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando 
injusta, pode ser suprida pelo juiz. 
 
 
Excepcionalmente, porém, o art. 1520, CC permite a celebração do 
casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (16 anos) nas hipóteses 
de gravidez e para evitar a imposição ou cumprimento de pena criminal nos 
crimes sexuais. Assim, antes dos 16 anos, para a realização do casamento não 
basta, apenas, a autorização dos pais, sendo absolutamente necessário que se 
requeira autorização judicial. 
 
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o 
casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 
1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena 
criminal ou em caso de gravidez. 
 
É necessário observar, porém, que o artigo 1520 do CC encontra-se 
derrogado, tendo em vista a alteração do Código Penal pela Lei nº 11.106/05, 
que revogou os incisos VII e VIII do artigo 107 daquele Estatuto. Sendo assim, 
não é mais possível o casamento de menor de 16 anos com a finalidade de se 
evitar a imposição ou cumprimento de pena criminal nos crimes sexuais, já que 
não se trata mais de causa de extinção de punibilidade. 
 
DOS IMPEDIMENTOS E CAUSAS SUSPENSIVAS (art. 1521 a 1524, CC): 
De acordo com o professor Flávio Monteiro de Barros, impedimento é a falta de 
legitimação para se casar com certa pessoa. Estão previstos no art. 1521, CC. 
Havendo qualquer infração aos incisos do referido artigo, o casamento será 
considerado nulo. 
 
Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o 
parentesco natural ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o 
adotado com quem o foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais 
colaterais, até o terceiro grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por 
homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. 
 
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o 
momento da celebração do casamento, por qualquer 
pessoa capaz. 
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver 
conhecimento da existência de algum impedimento, será 
obrigado a declará-lo. 
 
Art. 1.523. Não devem casar: 
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, 
enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der 
partilha aos herdeiros; 
 
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser 
nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do 
começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade 
conjugal; 
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada 
ou decidida a partilha dos bens do casal; 
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, 
ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a 
pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a 
tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as 
respectivas contas. 
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz 
que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas 
previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a 
inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, 
para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; 
no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento 
de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. 
 
Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do 
casamento podem ser argüidas pelos parentes em linha 
reta de um dos nubentes, sejam consangüíneos ou afins, 
e pelos colaterais em segundo grau, sejam também 
consangüíneos ou afins. 
 
Os impedimentos visam impedir o casamento incestuoso (incisos I a V); 
preservar a monogamia (inciso VI) e evitar o casamento motivado pelo 
homicídio. 
Qualquer pessoa capaz pode opor impedimento, até o momento da 
celebração do casamento, podendo ser conhecido de

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