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é um plano de ações, formado por um conjunto de regras e de pro- cedimentos, com etapas e passos (estratégias) ordenadamente dispostos que possibilitam me- lhor diagnosticar e compreender uma realidade e, se possível, levar a novas descobertas. A investigação científica depende de um “conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos” (Gil, 1999, p. 26) para que seus objetivos sejam atingidos: os métodos científicos. Método científico é concebido por Silva e Menezes (2001, p. 26) como “o conjunto de pro- cessos ou operações mentais que se devem empregar na investigação. É a linha de raciocí- nio adotada no processo de pesquisa”. Os métodos científicos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, fenomenológico e dialético (Gil, 1999; Lakatos; Marconi, 1991). EaD 25 PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO Silva e Menezes (2001, p. 26-28) apresentam, de forma sucinta, em que bases lógicas estão pautados tais métodos. – Método Dedutivo: Método proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz, o qual pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por intermé- dio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral para o particular, chega a uma conclusão. Aplica o silogismo, construção lógica para, a partir de duas premis- sas, retirar uma terceira logicamente decorrente das duas primeiras, denominada de conclu- são (Gil, 1999; Lakatos; Marconi, 1991). Veja um clássico exemplo de raciocínio dedutivo: Todo homem é mortal. ...........................................(premissa maior) Pedro é homem. .....................................................(premissa menor) Logo, Pedro é mortal. .............................................(conclusão) Este método parte do Geral para o Particular. – Método Indutivo: Proposto pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume. Considera que o conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em conta princípios preestabelecidos. No raciocínio indutivo a generalização deriva de observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de generaliza- ções (Gil, 1999; Lakatos; Marconi, 1991). Veja um clássico exemplo de raciocínio indutivo: Antônio é mortal. João é mortal. Paulo é mortal. Carlos é mortal. Ora, Antônio, João, Paulo e Carlos são homens. Logo, (todos) os homens são mortais. O método indutivo parte do Particular para o Geral. EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia 26 – Método Hipotético-Dedutivo/Positivista. Proposto por Popper, consiste na adoção da seguinte linha de raciocínio: “quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar explicar a dificuldades expressas no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se conseqüências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear s ignifica tornar falsas as conseqüências deduzidas das hipóteses. Enquanto no mé- todo dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la” (Gil, 1999, p. 30). A seguir apresentamos um exemplo de aplicação deste Método (Triviños, 1987). Tema: O fracasso escolar Delimitação do Problema: O fracasso escolar nas escolas estaduais de 1º grau da cidade de POA/RS. Formulação do Problema: Existem relações entre o fracasso escolar nas escolas estaduais de 1º grau da cidade de POA/RS e o nível socioeconômico da família, escolaridade dos pais, lugar onde está situada a escola, centro ou perife- ria, sexo dos educandos, anos de magistério dos professores e grau de formação profissional dos mesmos? – Método Fenomenológico. Preconizado por Husserl, o método fenomenológico não é de- dutivo nem indutivo. Preocupa-se com a descrição direta da experiência tal como ela é. A realidade é construída socialmente e entendida como o compreendido, o interpretado, o comunicado. Então, a realidade não é única: existem tantas quantas forem as suas inter- pretações e comunicações. O sujeito/ator é reconhecidamente importante no processo de construção do conhecimento (Gil, 1999; Triviños, 1987). É empregado em pesquisa qua- litativa. Veja um exemplo elaborado por Triviños (1987). EaD 27 PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO Tema: O fracasso escolar Delimitação do Problema: O fracasso escolar nas escolas estaduais de 1º grau da cidade de POA/RS. Formulação do Problema: Quais são as causas, segundo a percepção dos alunos repetentes, dos pais e dos professores, do fracasso escolar e o significado que este tem para a vida dos estudantes que fracassaram, segundo estes mesmos, os pais e os educadores das escolas estaduais de 1º grau da cidade de POA/RS? – Método Dialético. Fundamenta-se na dialética proposta por Hegel, segundo a qual as contradições se transcendem, dando origem a novas contradições que passam a requerer solução. É um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade. Adverte que os fatos não podem ser considerados fora de um contexto social, político, econômico, etc. Empregado em pesquisa qualitativa (Gil, 1999; Lakatos; Marconi, 1991). O exemplo apre- sentado por Triviños (1987) ajuda a entender melhor sua aplicação. Tema: O fracasso escolar Delimitação do Problema: O fracasso escolar nas escolas estaduais de 1º grau da cidade de POA/RS. Formulação do Problema: Quais são os aspectos do desenvolvimento do fracasso escolar em âmbito local, regional e nacional e suas relações com o pro- cesso de educação e da comunidade nacional e como se apresentam as contradi- ções, primordialmente, em relação ao currículo, formação e desempenho profissi- onal dos professores e a situação de lugar da escola, centro ou periferia, dos alunos que fracassam, e especificamente nas escolas estaduais de 1º grau da cidade de POA/RS? EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia 28 Na atual era do caos, da complexidade, da imprevisibilidade, do indeterminismo e da incerteza (Bauer, 1999), os métodos científicos andam com seu prestígio abalado. Apesar da sua reconhecida importância, hoje, mais do que nunca, constata-se que a ciência não é fruto de um roteiro de criação totalmente previsível. Não há, portanto, apenas uma forma de raciocínio capaz de dar conta do complexo mundo das investigações científicas. O ideal seria você empregar métodos – e não um em particular – que ampliem as possibilidades de análise e obtenção de respostas para o problema proposto na pesquisa. Além dos métodos, que são um meio de acesso, a inteligência, a reflexão e o “sopro divino” do potencial criativo do investigador descobrem o que os fatos e os fenômenos real- mente são, possibilitando a construção da realidade (Cervo; Bervian, 2002; Minayo, 1994). Na sua função de desvendar, os métodos não estão sozinhos, eles têm sido apoiados em seus principais passos por técnicas ou procedimentos científicos reconhecidos como ins- trumentos, ou seja, os meios ou táticas para assegurar que a investigação (descoberta, apren- dizado, soluções, invenção) seja bem realizada e seus resultados reconhecidos. SÍNTESE DA UNIDADE 1 Nesta unidade demos início aos seus estudos sobre o conhecimen- to e seus desdobramentos. Isso proporcionou/revelou que existem diferentes possibilidades de conhecer e meios para sua obtenção. Destacamos a área de estudo da Administração, enquadrada nas Ciências Sociais Aplicadas. Reforçamos que o conhecimento e os métodos científicos são in- trínsecos a produção de saber no âmbito universitário, alicerçando as atividades de pesquisa, para desvendar a realidade. EaD 29 PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO Unidade 2Unidade 2Unidade 2Unidade 2 A PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO OBJETIVOS DESTA UNIDADE • Apresentar definições de pesquisa e os