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CCJ0035-WL-O-LC-Defesa do Consumidor em Juízo - Cristiano Sobral

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OAB 1ª Fase 2011.2 
CRISTIANO SOBRAL 
 
 
Complexo de Ensino Renato Saraiva | WWW.renatosaraiva.com.br | 30350105 kr 1 
 
Defesa do 
consumidor em juízo 
 
“O título não compreende apenas a defesa 
processual stricto sensu, com as exceções 
opostas pelo consumidor, mas sim toda e 
qualquer atividade por este desenvolvida em 
juízo, tanto na posição de réu, como na de 
autor, a título individual ou pelos entes 
legitimados às ações coletivas. Trata-se, 
portanto, da tutela judiciária dos direitos e 
interesses do consumidor”. “Justamente por 
isso, a preocupação do legislador, nesse passo, 
é com a efetividade do processo destinado à 
proteção do consumidor e com a facilitação de 
seu acesso à justiça. Isso demandava, de um 
lado, o fortalecimento da posição do 
consumidor em juízo – até agora pulverizada, 
isolada, enfraquecida perante a parte contrária 
que não é, como ele, um litigante meramente 
eventual postulando, um novo enfoque da par 
conditio e do equilíbrio das partes, que não 
fossem garantidas no plano meramente 
formal; e, de outro lado, exigia a criação de 
novas técnicas que, ampliando o arsenal de 
ações coletivas previstas pelo ordenamento, 
realmente representassem a desobstrução do 
acesso à justiça e o tratamento coletivo de 
pretensões individuais que isolada e 
fragmentariamente poucas condições teriam 
de adequada condução. Isso tudo, sem jamais 
olvidar as garantias do ‘devido processo 
legal’.” 
Registre-se que o CDC só se preocupou em 
regulamentar as ações coletivas de defesa do 
consumidor. As ações individuais continuam a 
obedecer à sistemática do CPC, tendo este, 
inclusive se abeberado de alguns dispositivos 
do CDC (art. 84, por exemplo, literalmente 
copiado como art. 461, do CPC). 
No dizer de Kazuo Watanabe: “O Código 
procurou disciplinar mais 
pormenorizadamente as demandas coletivas 
por vários motivos. Primeiro, porque o nosso 
direito positivo tem história e experiência mais 
recentes nesse campo. Excluída a ação popular 
constitucional, a primeira disciplina legal mais 
sistemática, na área do processo civil, somente 
teve início em 1985, com a lei de ação civil 
pública. Segundo, porque o legislador 
claramente percebeu que, na solução dos 
conflitos que nascem das relações geradas 
pela economia de massa, quando 
essencialmente de natureza coletiva, o 
processo deve operarse também como 
instrumento de mediação dos conflitos sociais 
nele envolvidos e não apenas como 
instrumento de solução de lides. A estratégia 
tradicional de tratamento das disputas tem 
sido de fragmentar os conflitos de 
configuração essencialmente coletiva em 
demandas-átomo. Já a solução dos conflitos na 
dimensão molecular, como demandas 
coletivas, além de permitir o acesso mais fácil 
à Justiça, pelo seu barateamento e quebra de 
barreiras sócioculturais, evitará a sua 
banalização que decorre de sua fragmentação 
e conferirá peso político mais adequado às 
ações destinadas à solução desse conflitos 
coletivos.” 
Há que se lembrar, também, que os Juizados 
Especiais Cíveis integram a Política Nacional 
das Relações de Consumo (art. 5º, inc. IV, da 
Lei n. 8.078/1990). Como a maioria das causas 
que envolvem consumo de menor 
complexidade ou de menor valor deságuam 
nos Juizados, alguns estados da federação 
criaram órgãos especializados para resolver 
tais demandas. 
Em qualquer hipótese, a competência para 
ação se estabelecerá em benefício do autor 
(art. 101, inc. I), salvo quando for coletiva, 
quando será competente a justiça estadual do 
local onde ocorreu o dano (art. 93). Se, 
contudo, o fornecedor for empresa pública 
federal, por exemplo, competente será a 
justiça federal (art. 109, inc. I, da CF). 
 
Tutela dos interesses e direitos dos 
consumidores e das vítimas de danos (art. 81) 
 
 OAB 1ª Fase 2011.2 
CRISTIANO SOBRAL 
 
 
Complexo de Ensino Renato Saraiva | WWW.renatosaraiva.com.br | 30350105 kr 2 
 
O CDC tomou o 
cuidado de definir os direitos e interesses 
coletivos lato sensu (sem fazer diferenciação 
entre ambos), a fim de esclarecer o âmbito de 
incidência da proteção judicial. 
I – interesses ou direitos difusos > optou-se 
pelo critério da indeterminação dos titulares e 
da inexistência entre eles de relação 
jurídicabase, no aspecto subjetivo, e pela 
indivisibilidade do bem jurídico, no aspecto 
objetivo; 
II – interesses ou direitos coletivos > essa 
relação jurídica-base é a pré-existente à lesão 
ou ameaça do interesse ou direito do grupo, 
categoria ou classe de pessoas; 
III – interesses ou direitos individuais 
homogêneos > “origem comum” não significa, 
necessariamente, uma unidade factual e 
temporal. 
 
Legitimação ativa concorrente (art. 82) 
 
Apesar de constituir as ações coletivas 
previstas no CDC em verdadeiras ações civis 
públicas, manteve-se a legitimidade 
concorrente de entidades outras que não 
apenas o Ministério Público. O consumidor, 
individualmente ou em litisconsórcio, não tem 
legitimidade para promover a ação coletiva. A 
perquirição da legitimidade ad causam e do 
interesse de agir só deve ser feita quando se 
tratar de associação civil (exame de adequada 
representação). 
 
Efetividade da tutela jurídíca processual (art. 
83) 
 
Em antecipação a uma tendência que só mais 
tarde foi abraçada pelo CPC, o CDC consagrou 
o princípio chiovendiano, segundo o qual “o 
processo deve dar, quanto for possível 
praticamente, a quem tenha um direito, tudo 
aquilo e somente aquilo que ele tenha direito 
de conseguir”. 
Para tanto, criou mecanismos que 
concedessem ao juiz poderes para satisfazer a 
pretensão do autor não apenas da maneira 
como pedida por ele, mas promovendo todas 
as atividades e “medidas legais e adequadas ao 
seu alcance, inclusive, se necessário, a 
modificação do mundo fático, por ato próprio 
e de seus auxiliares, para conformá-lo ao 
comando emergente da sentença: 
impedimento da publicidade enganosa, 
inclusive com o uso da força policial, se 
necessário, retirada do mercado de produtos e 
serviços danosos à vida, saúde e segurança dos 
consumidores, e outros atos mais que 
conduzam à tutela específica das obrigações 
de fazer ou não fazer”. 
O comando do art. 84 foi reproduzido como 
art. 461, no CPC, e sua determinação passou, 
posteriormente, a abranger o cumprimento de 
obrigação de entregar coisa. 
A inversão do ônus da prova, apesar de não 
estar explicitada devidamente no título que 
trata da defesa judicial, também se constitui 
em meio para efetivar a tutela jurídica. Salvo 
exceções, se constituirá em possibilidade para 
o juiz que, no caso concreto, verificada a 
vulnerabilidade do consumidor, determinará a 
inversão do ônus da prova a seu favor. 
O CDC vetou a utilização da intervenção de 
terceiros denominada denunciação da lide, 
porque o ingresso do terceiro introduziria nova 
ação que seria desfavorável aos interesses do 
consumidor (art. 88). Contudo, como são 
solidariamente responsáveis os fornecedores, 
não há óbice em que seja feito o chamamento 
ao processo (desde que não se esteja 
deduzindo o pedido em sede de Juizados 
Especiais Cíveis). 
 
AÇÕES COLETIVAS PARA A DEFESA DE 
INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS 
 
O CDC criou interessante hipótese de 
litisconsórcio na ação coletiva envolvendo os 
não legitimados, com as seguintes 
conseqüências: 
a) o interessado intervém no processo 
coletivo. Sendo a sentença procedente, será 
 OAB 1ª Fase 2011.2 
CRISTIANO SOBRAL 
 
 
Complexo de Ensino Renato Saraiva | WWW.renatosaraiva.com.br | 30350105 kr 3 
 
igualmente 
beneficiado pela coisa julgada, mas se a 
demanda for rejeitada, pelo mérito, ainda 
poderá ingressar em juízo com sua ação 
individual de responsabilidade civil; 
b) o interessado intervém no processo a título 
de litisconsorte: será normalmente colhido 
pela coisa julgada, favorável ou desfavorável, 
não podendo, neste último caso, renovar a 
ação a título individual. 
O pedido condenatório será sempre ilíquido 
(art. 95), “isso porque, declarada a 
responsabilidade civil do réu e a obrigaçãode 
indenizar, sua condenação versará sobre o 
ressarcimento dos danos causados e não dos 
prejuízos sofridos”. Para fins de execução 
individual, deverá haver liquidação prévia, 
porém “ocorrerá uma verdadeira habilitação 
das vítimas e sucessores, capaz de transformar 
a condenação pelos prejuízos globalmente 
causados do art. 95 em indenizações pelos 
danos individualmente sofridos”. 
As liquidações terão um caráter diferente das 
liquidações do processo civil comum (art. 475-
A a H, do CPC). Isto porque cada consumidor 
não se limitará a demonstrar os danos 
sofridos, mas deverá provar o nexo entre o seu 
dano pessoal e o dano globalmente causado. 
Caso os interessados em número compatível 
com a gravidade do dano não se habilitem no 
prazo de um ano para o cumprimento da 
sentença, incumbirá a qualquer legitimado 
coletivo (art. 82), promover a execução 
coletiva (art. 100). 
 
COISA JULGADA COLETIVA 
 
Um dos maiores avanços do CDC foi a 
sistematização da coisa julgada nas ações 
coletivas. Anteriormente, a lei de ação popular 
(art. 18, da Lei n. 4.757/1965) e a lei de ação 
civil pública (art. 17, da Lei n. 7.347/1985) já 
forneciam dados sobre a coisa julgada, mas 
somente quando a causa versava sobre 
direitos difusos. Com o CDC, em seu art. 103, 
derroga-se a tradicional regra, insculpida no 
art. 472, do CPC, de que a coisa julgada é inter 
partes, ainda que o direito seja unitário. E, 
como os direitos coletivos e individuais 
homogêneos não obstam o ajuizamento de 
ações individuais sobre o mesmo dano, o art. 
104 disciplina a coisa julgada que alcançará o 
autor individual.

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