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Apostila de Histologia do Sistema Endócrino

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Histologia do Sistema Endócrino
1. Introdução: 
O sistema endócrino, junto com o sistema nervoso, através da recepção de sinais provenientes do meio externo e do próprio organismo, processa e integra essas informações, organizando e mantendo a homeostase, através da coordenação e da integração das funções fisiológicas do corpo. No sistema nervoso, o principal meio de comunicação são os neurotransmissores liberados na sinapse, que é a forma de comunicação entre um neurônio com outro neurônio, o com outros tipos celulares, como uma fibra muscular ou uma célula endócrina. Já, o sistema endócrino, realiza suas funções regulatórias através dos hormônios, que circulam na corrente sanguínea, para posteriormente se ligar a um receptor específico presente na célula alvo. Uma vez ligado ao seu receptor, o hormônio inicia a transdução de sinal intracelular, para finalmente ativar fatores de transcrição, modulando assim a síntese de proteínas e de outras moléculas que vão regular a atividade celular. A Regulação hormonal é controlada por um mecanismo de retroalimentação (feedback) pelo órgão alvo. O sistema endócrino consiste em grupos de células secretoras que podem se organizar em órgãos exclusivamente endócrinos chamados glândulas, ou que podem se encontrar distribuídas ao longo da parede de órgãos do sistema digestório, respiratório, etc. 
· O que são hormônios?
Os hormônios são moléculas de baixo peso molecular, produzidas e secretadas por células endócrinas, sendo transportadas pela corrente sanguínea até suas células-alvo. Utilizam-se de receptores específicos para ter sua ação, que pode ser endócrina (transportada pelo sangue para outra célula-alvo distante), autócrina (agindo sobre a própria célula que produziu o hormônio), ou parácrina (agindo sobre a célula vizinha). 
· Tipos de hormônios:
· Derivados de aminoácidos e análogos do ácido araquidônico
-Noradrenalina (norepinefrina), adrenalina (epinefrina), hormônio da tireoide, leucotrienos.
· Proteínas, pequenos peptídeos, polipeptídios 
-Hormônio estimulante da tireoide (TSH) ou tireotropina, hormônio luteinizante (LH), hormônio folículo estimulante (FSH), etc.
· Esteroides (derivados de colesterol) 
- Andrógenos, glicocorticoides e mineralocorticoides
· Mecanismos de ação hormonal
A atividade de um hormônio dependerá, em grande parte, dos tipos de receptores da célula-alvo. Assim temos: 
· Receptores intracelulares: dentre desse grupo podemos incluir os hormônios de natureza química do tipo esteroide (cortisol) e aminoácidos iodados (T3, e T4). No caso desses hormônios, eles difundem livremente pela membrana plasmática, e já dentro da célula, eles se ligam a receptores nucleares, regulando assim a expressão gênica. 
· Receptores de membrana: pertencem a este grupo, os hormônios de natureza polipeptídica, tais como o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), proteica (insulina) e glicoproteínas (tireotrofina), que agem através de segundos mensageiros, como o AMPc. 
· Características histológicas gerais das glândulas 
De uma forma geral, uma glândula endócrina é formada por dois componentes principais: o parênquima e o estroma. O parênquima, é a parte funcional da glândula, sendo formado pelas células que produzem e secretam o hormônio. Geralmente, o parênquima glandular pode ser organizado de duas maneiras: 
 - Em cordões celulares, entremeados com um estroma de tecido conjuntivo frouxo, onde a vascularização é rica, formada principalmente por capilares fenestrados, que facilitam a passagem da matéria prima, nutrientes e O2 do sangue para as células secretoras, e de metabolitos, CO2 e hormônios, das células secretoras para o sangue. 
- Em folículos, formados por um epitélio de revestimento, apoiado sobre uma membrana basal, separados também por um delicado estroma de tecido conjuntivo, com um vasto suprimento sanguíneo.
O estroma glandular, constitui o tecido de sustentação, que brinda suporte, proteção e suprimento sanguíneo para o parênquima, sendo formado por uma cápsula, de espessura variada, geralmente formada por tecido conjuntivo denso não modelado, que envolve toda a glândula, e por trabéculas. As trabéculas são septos de tecido conjuntivo que surgem a partir da parte interna da cápsula, e que se distribuem por entre os cordões ou folículos do parênquima glandular, dividindo o parênquima glandular em pequenos compartimentos irregulares chamados lóbulos. Geralmente, o tecido conjuntivo na proximidade dos cordões e dos folículos é formado principalmente, por fibras reticulares (colágeno de tipo III), fibroblastos, poucos macrófagos e linfócitos. 
· Glândulas endócrinas cordonais: Adeno-hipófise, paratireoides, suprarrenais, ilhotas de Langerhans, e corpo lúteo do ovário.
· Glândula endócrina folicular ou vesicular: tireoide
· Órgãos/tecidos endócrinos
· Sistema neuroendócrino: hipotálamo, glândula hipófise ou pituitária, e glândula pineal;
· Sistema endócrino: tireoide, paratireoide, timo, pâncreas, adrenal, gônadas;
· Outros órgãos/tecidos: coração, trato digestivo, rim, tecido adiposo e placenta. 
· Eixo hipotalâmico/hipofisário
O Hipotálamo e hipófise formam uma unidade (ou eixo hipotalâmico – hipofisário) que controla as funções de várias glândulas endócrinas. O diencéfalo localiza-se entre o cérebro e o tronco encefálico, sendo formado pelo tálamo, hipotálamo, hipófise e glândula pineal. O Hipotálamo, corresponde ao piso do diencéfalo e forma as paredes do terceiro ventrículo. O hipotálamo é dividido em duas metades simétricas pelo terceiro ventrículo, sendo limitado rostralmente pelo quiasma óptico, caudalmente pelos corpos mamilares, lateralmente pelos tratos ópticos, e dorsolateralmente, pelo tálamo. Histologicamente, é formado por um conglomerado de neurônios, chamados núcleos, alguns dos quais produzem e secretam hormônios, razão pela qual recebem o nome de neurônios endócrinos. Células neuroendócrinas do hipotálamo exercem efeitos positivos e negativos sobre a hipófise, através de peptídeos chamados hormônios ou fatores de liberação. O tempo de resposta dos fatores hipotalâmicos é muito curto (agindo em frações de segundos). Funções do hipotálamo: o hipotálamo participa na manutenção da homeostase do organismo. Durante esse processo, integra sinais vindos do ambiente externo, de outras regiões do SNC e das vísceras, para então estimular respostas neuroendócrinas, mediadas principalmente pela glândula hipófise. Dessa maneira, o hipotálamo controla: 
· Ingesta alimentar;
· Gasto energético;
· Peso corporal;
· Ingesta e balanço de fluidos;
· Pressão arterial;
· Temperatura corporal;
· Sono;
· Reprodução;
· Crescimento e desenvolvimento. 
· Hipófise. Divisão anatômica
Glândula endócrina ligada à região do hipotálamo, na base do cérebro, situada em uma depressão (sela turca) do osso esfenoide, sendo responsável pela produção e secreção de vários hormônios controlados pelo hipotálamo, através do eixo hipotalâmico-hipofisário. É uma glândula composta, do tamanho de uma ervilha, e que por ter controle sobre outros órgãos endócrinos, recebe o nome de glândula mestra. A hipófise é revestida por uma cápsula fibrosa de tecido conjuntivo, extensão da dura-máter, contínua com a rede de fibras reticulares que suporta as células do órgão. Divisão anatômica: a hipófise é formada por dois lobos principais: lobo anterior ou adeno-hipófise, e lobo posterior ou neuro-hipófise. 
A adeno-hipófise é formada por três subdivisões: 1) a parte distal (pars distalis) ou lobo anterior, o principal componente glandular; 2) a parte tuberal (pars tuberalis), tecido que envolve a modo de um colar incompleto o infundíbulo; 3) a parte intermediária (pars intermedia), uma porção de tecido muito próxima do lobo neural. A fenda hipofisária é um remanescente da bolsa de Rathke (estrutura que dá origem à adeno-hipófise) que separa a parte distal, da parte intermediária. A neuro-hipófise consiste em duas porções: a parte nervosa (pars nervosa), ou lobo neural, e o infundíbulo. O infundíbulo é formado por duas estruturas: 1) a eminência mediana, uma extensãodo hipotálamo em forma de funil, e 2) o processo infundibular.
· Vascularização hipofisária. Sistema porta
 
A hipófise recebe suprimento sanguíneo de duas artérias derivadas da artéria carótida interna: a artéria hipofisária superior e a artéria hipofisária inferior. A artéria hipofisária superior forma um plexo capilar primário no infundíbulo (formado pela eminência mediana e pelo processo infundibular). O plexo capilar primário recebe hormônios liberadores e inibidores dos núcleos hipotalamicohipofisiotróficos neuroendócrinos. O plexo capilar primário é drenado pelas veias portais. As veias portais suprem para o plexo capilar secundário, na parte distal da adeno-hipófise. Por este mecanismo, os fatores liberadores e inibidores hipotalâmicos agem diretamente sobre as células secretoras (acidófilos e basófilos) da parte distal, para regular sua função endócrina. Os plexos capilares primário e secundário, ligados pelas veias portais, formam assim, o Sistema Porta Hipotalámico-hipofisário. Neurônios de diversos núcleos hipotalâmicos emitem seus axônios em direção ao plexo capilar primário do sistema porta hipofisário, no qual as terminações nervosas liberam hormônios hipotalâmicos hipofisiotróficos (hormônios ou fatores de liberação [RF, releasing factors, ou RH, releasing hormones], e hormônios ou fatores de inibição [IF, inhibiting factors, ou IH, inhibiting hormones]). Tais hormônios hipotalâmicos estimulam a liberação ou a inibição dos hormônios produzidos pela pars distalis da adeno-hipófise.
- Hormônios de Liberação (Releasing Hormones, RH) ou Fatores de Liberação (Releasing Factors, RF) produzidos pelo Hipotálamo: 
1. GHRH ou GHRF: hormônio de liberação do GH (hormônio do crescimento ou somatotrofina);
2. PRH ou PRF: Hormônio de liberação da prolactina;
3. TRH ou TRF: Hormônio de liberação da tireotrofina (hormônio estimulante da tireoide ou TSH);
4. CRH ou CRF: Hormônio de liberação da corticotrofina (ou ACTH);
5. GnRH ou GnRF: Hormônio de liberação de gonadotrofinas (FSH/LH).
- Hormônios de Inibição (Inhibiting Hormones, IH) ou Fatores de Inibição (Inhibiting Factors, IF) produzidos pelo Hipotálamo:
1. GIH ou GIF (somatostatina) Hormônio inibidor do GH (somatotrofina);
2. PIH ou PIF (= dopamina) Hormônio inibidor da prolactina.
A artéria hipofisária inferior supre a parte nervosa, formando um plexo capilar, o qual coleta a vasopressina (hormônio antidiurético) e ocitocina produzidos pelas células neuroendócrinas dos núcleos supraóptico e paraventricular, respectivamente. As artérias hipofisária superior e inferior estão interconectadas pelas artérias trabeculares. 
· Estrutura histológica da adeno-hipófise
A adeno-hipófise, é a porção epitelial glandular da hipófise, formada pelas três porções antes mencionadas: a parte distal, a parte intermédia e a parte tuberal.
- Parte distal: representa mais ou menos 80% da massa celular total da adeno-hipófise, e histologicamente falando é formada por três componentes principais: 1) cordões de células epiteliais, 2) estroma de tecido conjuntivo frouxo, entremeado com os cordões celulares, e 3) capilares fenestrados. Os cordões celulares encontram-se apoiados sobre uma membrana basal, e de acordo com a afinidade pelos corantes, tais cordões são formados por células cromófobas e células cromófilas. Células cromófobas, incluem células que eliminaram o conteúdo hormonal dos seus grânulos, e perderam a afinidade tintorial típica das células secretoras. Na microscopia de luz, podem ser identificadas por seu citoplasma pálido, pouco corado, que contrasta com o citoplasma das células cromófilas. Células cromófilas, possuem uma afinidade maior pelos corantes de rotina, e podem ser de dois tipos: as células cromófilas acidófilas, e as células cromófilas basófilas. As células cromófilas acidófilas têm maior afinidade pelos corantes ácidos e seu citoplasma se cora de cor rosa-claro com a eosina. Essas células predominam na parte lateral da glândula. As células cromófilas basófilas se coram intensamente com os corantes básicos, e nas colorações com hematoxilina-eosina, têm maior afinidade pela hematoxilina, com o que seu citoplasma se observa de cor azul-arroxeada. Essas células predominam na porção central da glândula. 
A microscopia eletrônica de transmissão (MET) permite examinar o tamanho, a distribuição, o conteúdo, e o modo de síntese e secreção dos vários hormônios armazenados nos grânulos de secreção no citoplasma das células endócrinas da parte distal, bem como o uso de anticorpos específicos contra esses hormônios por meio da imuno-histoquímica (IH). Assim, por meio da MET e da IH, já foram identificados cinco tipos diferentes de células secretoras da parte distal da adeno-hipófise:
· Somatotrofos: células secretoras de somatotrofina ou hormônio do crescimento (GH) (hormônio proteico). Morfologicamente, são células ovais, de tamanho médio, núcleo redondo e proeminente, localizado centralmente. Representa um subtipo de célula cromófila acidófila, e constituem em torno de 40 a 50% da população celular da parte distal da adeno-hipófise. O GH é um peptídeo, liberado na circulação sanguínea sob a forma de pulsos durante o período de
sono-vigília de 24 horas, com o pico de secreção durante as primeiras 2 horas de sono. Apesar de seu nome, o hormônio do crescimento não induz diretamente o crescimento; em vez disso, ele atua através da estimulação, nos hepatócitos, da produção do fator de crescimento semelhante à insulina do tipo1 (IGF-l), também conhecido como somatomedina C. O GHRH estimula a liberação de hormônio de crescimento pelas células cromófilas acidófilas (Somatotrofos). O hormônio do crescimento, estimula, pela sua vez a secreção do IGF- l (7,5 kDa) no fígado, que estimula o crescimento global do tecido ósseo e de partes moles. Nas crianças, o IGF-I estimula o crescimento dos ossos longos nas placas epifisárias.
Os clínicos dosam IGF- l no sangue para determinar a função do hormônio do crescimento. Uma queda dos níveis sanguíneos de IGF- l estimula a liberação do hormônio do crescimento. O excesso de hormônio de crescimento causa gigantismo em crianças e acromegalia em adultos. Na maioria dos casos, um adenoma da adeno-hipófise é responsável pela hipersecreção da GH.
· Mamotrofos ou lactotrofos: células cromófilas acidófilas, secretoras de prolactina (PRL) (hormônio proteico), representam em torno de 15 a 20% da população celular da parte distal da adeno-hipófise. São células grandes e poligonais, com um núcleo oval e central. A secreção da PRL está sob controle inibitório da dopamina, uma catecolamina produzida pelo hipotálamo. Entretanto, o hormônio liberador de tireotrofina (TRH) do hipotálamo e o peptídeo inibidor vasoativo (VIP) são conhecidos por estimular a síntese e secreção de PRL. Durante a gravidez e a lactação essas células sofrem hipertrofia e hiperplasia, fazendo com que a hipófise aumente de tamanho. Esses processos são responsáveis pelo maior aumento da hipófise em mulheres multíparas. A sucção durante a lactação é o principal estímulo para a secreção de prolactina. Um adenoma secretor de prolactina da adeno-hipófise causa hiperprolactinemia, a qual, por sua vez, é responsável por galactorréia (secreção de leite não puerperal). A hiperprolactinemia leva a infertilidade reversível em ambos os sexos. A lactação envolve: 1) a mamogênese (desenvolvimento das mamas), estimulada na gravidez pelos estrógenos e a progesterona, atuando juntamente com a prolactina. 2) a lactogênese, estimulada após o parto pela prolactina. 3) a galactopoiese, estimulada pela prolactina e pela ocitocina.
· Corticotrofos: células cromófilas basófilas, secretoras do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) (hormônio polipeptídico). Morfologicamente, são células poligonais de tamanho médio, com núcleo redondo e excêntrico. Também constituem de 15% a 20% da população celular total da parte distal da adeno-hipófise. O ACTH, ou corticotrofina, é um polipeptídio de cadeia única com um comprimento de 39 aminoácidos (4,5 kDa) e com um curto tempo de circulação(7 a 12 minutos). Sua ação primária é estimular o crescimento celular e a síntese de esteroides nas zonas fasciculada
e reticulada do córtex da suprarrenal. A zona glomerulosa do córtex da suprarrenal está sob o controle da angiotensina II. A angiotensina II é derivada do processamento do angiotensinogênio produzido no fígado pela ação proteolítica da renina (produzida no rim) e da enzima conversora de angiotensina (ECA), produzida no pulmão. Os efeitos do ACTH sobre o córtex da suprarrenal são mediados pelo monofosfato cíclico de adenosina (AMPc). Além da sua ação
sobre a suprarrenal, o ACTH também atua no aumento da pigmentação da pele e na lipólise. O ACTH estimula a síntese de cortisol (um glicocorticoide) e de androgênios. O cortisol e outros esteroides são metabolizados no fígado. Baixos níveis de cortisol no sangue, estresse e vasopressina (hormônio antidiurético, ADH) estimulam a secreção de ACTH pelas células cromófilas basófilas (corticotrofos) por estimulação da liberação do CRH (hormônio liberador de corticotrofina). O cortisol é o fator regulador dominante. O ACTH aumenta a pigmentação da pele. O escurecimento da pele na doença de Addison e na doença de Cushing não é determinado pelo hormônio estimulante dos melanócitos (MSH) que normalmente não está presente no sangue humano. 
· Gonadotrofos: células cromófilas basófilas. Secretam as gonadotrofinas: o hormônio foliculoestimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH) (glicoproteínas). Os gonadotrofos constituem cerca de 10% da população celular total da parte distal da adeno-hipófise. A liberação de gonadotrofinas é estimulada pelo hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), produzido pelo hipotálamo. O GnRH é secretado para os vasos porta em pulsos a intervalos de 60 a 90 minutos. Uma única célula cromófila basófila pode sintetizar e liberar tanto FSH como LH de maneira pulsátil. Os gonadotrofos exibem reação positiva à reação do ácido periódico-Schiff (PAS), por causa do componente glicídico dos seus hormônios. No sexo feminino, o FSH estimula as células foliculares dos folículos ovarianos a proliferarem (promovendo o crescimento e maturação dos folículos ovarianos), e secretarem estradiol, inibina e ativina. O LH estimula a ovulação (liberação do ovócito secundário) e secreção de progesterona pelo corpo lúteo. Já no sexo masculino, o FSH estimula a função das células de Sertoli no epitélio seminífero para a síntese e secreção de inibina, ativina e da proteína de ligação a andrógenos (ABP). O LH estimula a produção de testosterona pelas células de Leydig. Uma falta de FSH e LH em ambos os sexos, leva à infertilidade
· Tireotrofos: As Células tireotróficas (ou tireotrofos) representam cerca de 5% da população celular total da
parte distal da adeno-hipófise. São células grandes e poligonais, com núcleo redondo e excêntrico. Secretam o hormônio estimulante da tireoide (TSH), também chamada de tireotrofina, de natureza glicoproteica. O hormônio de liberação de tireotrofina (TRH), um peptídeo com três aminoácidos produzido no hipotálamo, estimula a síntese e liberação de TSH pelos tireotrofos (células cromófilas basófilas). O TRH também estimula a liberaçâo de prolactina. A liberação do TSH é inibida por aumento das concentrações dos hormônios da glândula tireoide triiodotironina (T3) e tiroxina (T4). Os tireotrofos também são PAS positivos. O TSH é uma glicoproteína que se liga a um receptor na membrana plasmática das células epiteliais foliculares da tireoide. O complexo hormônio receptor estimula a formação de AMPc. A produção dos hormônios da tireoide T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina) é estimulada pelo AMPc. Uma parte do T4 é convertida em T3 nos tecidos periféricos. O T3 é mais ativo que o T4 e tem uma ação de feedback negativo (inibitória) sobre a síntese e liberação de TSH. Uma deficiência de secreção do TSH (observada em casos raros de hipoplasia congênita da hipófise) produz hipotireoidisrno, caracterizado pela redução do metabolismo
celular, da temperatura, e da taxa do metabolismo basal, e letargia mental. O hipotireoidismo também é observado na doença autoimune caracterizada como doença de Hashimoto. O hipotireoidismo também pode decorrer de uma doença da glândula tireoide ou urna deficiência de iodo na dieta.
- Parte Intermediária da adeno-hipófise: localizada entre a parte distal e a parte nervosa da hipófise. É formada por uma série de pequenas cavidades císticas que representam a luz residual da bolsa de Rathke. Em humanos, essa porção é um pouco rudimentar. Contudo, um aspecto característico da parte intermédia é a presença de folículos de diferentes tamanhos contendo coloide em seu interior, bem como pequenos grupos de células cromófobas e basófilas. As células que revestem esses folículos parecem ser derivadas de células foliculoestreladas, e de células produtoras de hormônios. A função das células da parte intermédia ainda não foi esclarecida em humanos, mas sabe-se que em outras espécies, as células basófilas têm em seu citoplasma vesículas dispersas que contém α ou β-endorfina (composto relacionado com a morfina). Em sapos, as células basófilas produzem hormônio estimulante dos melanócitos (MSH), que estimula a dispersão de pigmentos nos melanócitos e nos melanóforos.
- Parte tuberal: extensão do lobo anterior ao longo do infundíbulo semelhante a um pedículo. Região altamente vascularizada, contendo veias do sistema hipotalâmico-hipofisário. Nichos de células pavimentosas e pequenos folículos revestidos por células cúbicas estão dispersos nessa região. Essas células frequentemente exibem imunorreatividade para ACTH, FSH e LH (células cromófilas basófilas). 
· Estrutura histológica da Neuro-hipófise
A neuro-hipófise é uma extensão do sistema nervoso central (SNC). A neuro-hipófise não é uma glândula endócrina, e sim um local de armazenagem de neurossecreções dos neurônios dos núcleos supraópticos e paraventriculares do hipotálamo. Consiste no infundíbulo (formado pela eminência mediana e pelo processo infundibular), e o lobo posterior (lobo neural, parte nervosa ou pars nervosa). Histologicamente, a parte nervosa da neuro-hipófise, ou lobo neural, é formada por três componentes histológicos: 1) axônios amielínicos, derivados de células neuroendócrinas (chamadas de neurônios magnocelulares porque seus corpos celulares são grandes) dos núcleos supraóptico e paraventricular do hipotálamo, 2) pituícitos, células semelhantes aos astrócitos, que brindam sustentação aos axônios amielínicos, e 3) capilares fenestrados derivados da artéria hipofisária superior. Ao longo do seu trajeto, os axônios amielínicos sofrem uma dilatação conhecida como corpos de Herring, em cujo interior se encontram os grânulos neurossecretores contendo o hormônio antidiurético (ADH) chamado também de vasopressina, a oxitocina, e uma proteína transportadora: a neurofisina. Os pituícitos são células gliais semelhantes aos astrócitos com abundantes filamentos intermediários formados pela proteína ácida fibrilar glial, e algumas gotículas lipídicas em seu citoplasma. Os prolongamentos citoplasmáticos dos pituícitos (1) circundam os axônios derivados das células neuroendócrinas, (2) estendem-se entre os terminais axônicos e a membrana basal que envolve os capilares fenestrados e (3) retraem-se para possibilitar a liberação para o sangue do conteúdo dos grânulos de secreção armazenados nos terminais axônicos. Tanto os núcleos supraópticos como os núcleos paraventriculares contêm neurônios que sintetizam o ADH e ocitocina. No entanto, os neurônios dos núcleos supraópticos produzem primariamente ADH, e os núcleos paraventriculares sintetizam primariamente ocitocina. Além destes dois núcleos, o hipotálamo tem núcleos adicionais, os núcleos hipofisiotróficos hipotalâmicos, com neurónios que produzem os hormônios de liberação e de inibição que são descarregados nos capilares fenestrados do plexo primário do sistema porta. O ADH aumenta a permeabilidade dos túbulos coletores à água e tem uma ação vasoconstritora arteriolar (por isso, o nome alternativovasopressina). A ação do hormônio antidiurético é mediada pelo AMPc, que estimula canais de membrana a aumentar a difusão de água. Consequentemente, o fluxo de urina diminui. A ocitocina atua sobre a contração uterina e a liberação de leite. Os estrógenos aumentam a resposta do miométrio à ocitocina; a progesterona diminui a resposta. Assim, a ocitocina promove a contração do miométrio durante o trabalho de parto. Durante a lactação, a liberação de ocitocina é mediada por um reflexo neuro-humoral desencadeado pela sucção. A sucção ativa os receptores sensoriais no mamilo e na aréola. As fibras sensoriais estão ligadas aos neurônios hipotalâmicos produtores de ocitocina. Quando o estímulo chega, um potencial de ação transmitido ao longo dos axônios dos neurônios paraventriculares se estende até a parte nervosa, causando a liberação de ocitocina no sangue. A ocitocina promove a contração das células mioepiteliais dos alvéolos da glândula mamária em lactação.
· Glândula pineal ou epífise
A glândula pineal (assim chamada porque se assemelha a um cone de pinheiro) é um órgão endócrino com função neurossecretora. Encontra-se ligada ao cérebro por um pedículo, mas não há conexões nervosas diretas da glândula pineal com o cérebro, e em lugar disso, fibras nervosas simpáticas pós-ganglionares derivadas dos gânglios cervicais superiores inervam a glândula pineal. A pineal encontra-se recoberta pela pia-máter, que forma uma cápsula em torno dela. Como a neuro-hipófise, a glândula pineal não possui uma barreira hematoencefálica. 
· Localização anatômica da glândula pineal 
Encontra-se situada no teto do diencéfalo, entre os tubérculos quadrigêmeos craniais, na denominada fossa pineal. 
· Localização anatômica da glândula pineal 
A glândula pineal encontra-se dividida em lóbulos por um tecido conjuntivo vascular que contém algumas células gliais entre as quais destacam as células intersticiais semelhantes às células da glia. As células intersticiais semelhantes à glia representam cerca de 5 a 10% das células, que parcialmente circundam e separam os pinealócitos ou pineocitos. O pedúnculo da pineal é constituído em parte por prolongamentos destas células. A maior parte da glândula encontra-se composta por células secretoras parenquimatosas: os pinealócitos. Essas células representam uma forma especializada de neurônios relacionados aos fotorreceptores retinianos. Não possuem axônios, mas contêm no citoplasma numerosos grânulos secretórios e prolongamentos citoplasmáticos de comprimento variado. As células secretoras encontram-se organizadas em cordões que repousam sobre uma membrana basal, sendo envolvidos por tecido conjuntivo, contendo capilares fenestrados e nervos. Cada pinealócito possui dois ou mais prolongamentos celulares que terminam em expansões bulbosas. Um dos prolongamentos termina perto dos capilares, onde formam as chamadas rosetas perivasculares. O citoplasma contém mitocôndrias em abundância e, distribuídas aleatoriamente, há muitas áreas de sinapse em fita (caracterizada por densa lamela rodeada por uma auréola de vesículas). Uma das características da pineal, são as chamadas concreções calcáreas ou corpora arenacea, chamadas também de “areia cerebral”. As concreções calcáreas consistem na presença de áreas de calcificação definidas (matriz extracelular na qual se depositam cristais de fosfato de cálcio). A formação dessas concreções tem início cedo na infância, e se torna evidente a partir da segunda década da vida. Os pinealócitos secretam uma matriz extracelular na qual se depositam cristais de fosfato de cálcio. As calcificações presentes na glândula pineal são um importante marcador radiográfico da linha média do cérebro, e aumentam em número com a idade.
· Histofisiologia da glândula pineal
A glândula pineal produz e secreta melatonina, principal substância biologicamente ativa, sintetizada a partir do triptofano, pelos pinealócitos. A melatonina é liberada na circulação geral, para atuar sobre o hipotálamo e a hipófise, e, em muitas espécies, para inibir a secreção de gonadotrofinas e do hormônio do crescimento, e para induzir sonolência. A melatonina é o hormônio indutor do sono, produzido a partir da serotonina. Este hormônio está relacionado com a regulação dos ciclos de vigia-sono (ritmos circadianos). A apresentação farmacêutica da melatonina, pode server para contrarrestar os efeitos do Jet Lag. Relógio biológico circadiano: regula os padrões de sono e de alimentação, e está ligado ao ciclo de dia-noite ou ao ciclo de sono-vigília.
Como funciona o relógio biológico circadiano?
Um relógio biológico circadiano (do latim, circo, em torno; dies, dia) de 24 horas regula os padrões de sono e de alimentação e está ligado ao ciclo de luz e escuridão ou ao ciclo de sono e vigília. O trato retino-hipotalâmico conduz sinais luminosos para o núcleo supraquiasmático, adjacente ao quiasma óptico, como a etapa inicial da regulação da síntese e secreção da melatonina. O núcleo supraquiasmático é formado por uma rede de neurônios que opera como marcapasso endógeno que regula o ritmo diário. Essa rede de neurônios são osciladores circadianos ligados às células ganglionares especializadas produtoras de melanopsina da retina. As células ganglionares funcionam como detectores de luminosidade que reajustam os osciladores circadianos. Jet Lag: Condição experimentada por muitos viajantes, provocada por mudanças do fuso horário, que leva à interrupção do ritmo circadiano, associada a fadiga, insônia e desorientação. O transtorno bipolar e doenças do sono também estão ligados ao funcionamento anormal dos ritmos circadianos.
· Glândula tireoide
Glândula endócrina situada no pescoço, logo abaixo da laringe, composta por dois lobos unidos por um istmo que se estendem lateralmente à traqueia. Por isso, é frequente o achado de cortes de tireoide ao lado de cortes de traqueia. A tireoide é responsável pela secreção da tiroxina (T4) e da triiodotironina (T3), que atuam na regulação do metabolismo. Quando a glândula tireoide está hipoativa (ex. dieta deficiente de iodo), não há T3 e T4, não ocorrendo o feedback negativo a nível do hipotálamo nem da hipófise, levando a um aumento dos níveis séricos do TSH. O TSH estimula a atividade dos folículos tireóideos (aumenta o acúmulo de coloide), e a um aumento da vascularização da glândula, isso se traduz em um aumento do volume da glândula como um todo, conhecido com o nome de bócio. 
· Organização histológica da tireoide
A tireoide encontra-se revestida por uma cápsula fibrosa de tecido conjuntivo, de cujo interior surgem septos ou trabéculas que dividem cada lobo, em lóbulos irregulares, cada um contendo, centos de folículos. Os folículos consistem em estruturas ocas, mais ou menos esféricas, revestidas por um epitélio que varia de pavimentoso a cúbico simples, chamado de epitélio folicular. O epitélio folicular delimita uma cavidade central chamada de luz ou lúmen do folículo, ocupada por uma substância com a consistência de gel, chamada coloide. Nas colorações com hematoxilina-eosina, o coloide é eosinófilo, e nos folículos ativos é frequente observar a presença de pequenas irregularidades na borda do coloide, a semelhança de vacúolos, relacionadas com a atividade endocitótica da célula folicular. O coloide é formado principalmente por tireoglobulina, uma glicoproteína de 660 KDa, que é o precursor do T3 e do T4, sendo PAS positivo. A altura do epitélio folicular depende da atividade do folículo, de maneira que nos folículos hipoativos, o epitélio é pavimentoso simples, enquanto nos folículos hiperativos, o epitélio pode ser cúbico alto o colunar simples. 
O epitélio folicular encontra-se apoiado sobre uma membrana basal que o separa do estroma circundante, e esse epitélio é formado por dois tipos celulares, a célula folicular e a célula parafolicular, chamada também de célula Clara ou célula C.
- Célula folicular: chamada também de tireócito, representa em torno de 90% da população celular folicular total, sendo responsável pela síntese e secreção dos hormôniostireoidianos (T3 e T4). É uma célula altamente polarizada, com um domínio basolateral que descansa sobre a membrana basal, e um domínio apical voltado para a luz do folículo. Na microscopia eletrônica de transmissão (MET), a célula exibe uma distribuição das organelas condizente com essa polaridade. O retículo endoplasmático granular bem desenvolvido encontra-se localizado na região basal da célula enquanto o complexo de Golgi encontra-se em uma localização supranuclear. No citoplasma apical é possível observar a presença de vesículas endocitóticas, bem como de lisossomos. Os lisossomos estão envolvidos no processamento do pró-hormônio (tireoglobulina iodada) nos hormônios tireoideos. Pseudópodes estendem-se do domínio apical da célula folicular e, após de rodear uma porção do coloide, organizam um fagossomo intracelular. Os lisossomos se fundem com o fagossomo, e iniciam a quebra proteolítica da tireoglobulina, enquanto se movimentam para o domínio basal da célula folicular. 
· Biossíntese hormonal
A síntese dos hormônios tireoideos T3 e T4, inicia-se quando os níveis séricos desses hormônios caem por debaixo dos seus níveis normais. Isso gera um feedback positivo sobre o hipotálamo e sobre a própria hipófise aumentando a produção e secreção do TSH. O TSH é transportado por via sanguínea, até a glândula tireoide, onde se liga ao seu receptor localizado na membrana basolateral da célula folicular, iniciando-se assim uma transdução de sinal, estimulando as diversas etapas da biossíntese hormonal. A biossíntese do T3 e do T4 pode ser resumida nas seguintes etapas:
1. Captação do iodeto e síntese da tireoglobulina: o iodeto obtido pela digestão dos alimentos é transportado pelos capilares sanguíneos perifoliculares, sendo captado por um simporter sódio-iodeto (NIS, por suas siglas em inglês), que cotransporta para dentro da célula folicular dois átomos de Na, e um iodeto. Dessa maneira, o NIS é capaz de concentrar o iodo dentro da célula folicular de 20 a 100 vezes mais, seus níveis séricos. Uma bomba Na/K ATPase gera a energia necessária para o transporte do iodo. Ambas as proteínas: o NIS e a Na/K ATPase encontram-se localizadas no domínio basolateral da célula folicular. Significado clínico: o NIS pode ser inibido pelo ânion perclorato. A tireoglobulina é sintetizada no reticulo endoplasmático granular, e armazenada em grânulos secretórios, no complexo de Golgi, junto com a tireoperoxidase, enzima que mais tarde será utilizada para a oxidação do iodo. A tireoglobulina é uma glicoproteína de 660 kDa, constituída por duas subunidades idênticas. A tireoglobulina contém 140 resíduos tirosila disponíveis para serem iodados. No interior da célula folicular, o iodo será transportado para o domínio apical da célula. Atualmente se pensa que o transporte apical do iodo, provavelmente seja feito pela pendrina (uma proteína cuja mutação produz a síndrome de Pendred, que cursa com hipotireoidismo) ou o transportador de cloro. 
2. Oxidação e organificação do iodo 
Os grânulos secretórios contendo a tireoglobulina e a tireoperoxidase, se fusionam com a membrana plasmática apical, e por um processo de exocitose liberam a tireoglobulina para o coloide, enquanto a tireoperoxidase (TPO), que estava ligada à membrana do grânulo secretório, fica incorporada à membrana plasmática apical. Ali, a TPO é ativada, e converte o iodeto (forma molecular) em iodo (forma iônica), através de um processo de oxidação para o qual é necessária a presença do peróxido de hidrogênio (H2O2). O H202 é gerado pelo sistema Duox da hipófise, sem o qual não teria a oxidação do iodeto, levando a um quadro de hipotireoidismo. Dois átomos de iodo são ligados a resíduos de tirosila (menos de 20 resíduos de tirosila são iodados) na tireoglobulina. A iodação da tireoglobulina, conhecida como processo de organificação do iodo, ocorre no lúmen do folículo, em estreita relação com a superfície celular apical. Após do processo proteolítico, uma monoiodotirosina (MIT) se combina com uma diiodotirosina (DIT) para formar a triiodotironina (T3). Duas DITs, combinam-se para formar a tetraiodotironina (T4) ou tiroxina. Uma molécula de tireoglobulina iodada produz 4 moléculas de T3 e T4. 
3. Na fase endócrina da biossíntese de T3 e T4, uma gota do coloide contendo várias moléculas de tiroglobulina iodada é endocitada pela própria célula folicular, através de pseudópodes da membrana plasmática apical, formando-se assim um fagossomo. O fagossomo, guiado por componentes do citoesqueleto se fusiona com lisossomos que vertem seu conteúdo enzimático no fagossomo, produzindo proteólise da tireoglobulina, liberando assim MIT, DIT, T3 e T4 da molécula de tireoglobluina. 
4. T3 e T4 são liberados da célula através do domínio basal da célula folicular, e atravessando a membrana basal folicular, difundem para os capilares fenestrados, e se ligam a proteínas séricas de ligação. T3 tem uma meia-vida mais curta (em torno de 18 horas) do que T4 (meia-vida de 5 a 7 dias). T3 é de 2 a 10 vezes mais ativa que T4. 
Os hormônios da tireoide aumentam a taxa metabólica basal. O local de ação
primário de T3 e, em menor grau, de T4 é o núcleo da célula. O T3 liga-se ao receptor do hormônio da tireoide ligado a uma região específica do DNA, a qual é denominada de elemento responsivo ao hormônio da tireoide (TER), para induzir a transcrição genética específica. Nos cardiócitos (células musculares do coração), o hormônio da tireoide regula a expressão de genes que codificam o fosfolambano no retículo sarcoplasmático, receptores β-adrenérgicos, Ca2+-ATPase e outros. Na ausência deT3, receptores nucleares não ocupados ligados ao TRE reprimem os genes que são positivamente regulados pelo hormônio da tireoide. Hipertireoidismo: a doença de Graves é uma doença autoimune na qual a glândula tireoide é
hiperfuncional. Auto-anticorpos (chamados de imunoglobulinas estimulantes da tireoide ou TSls), produzidos por plasmócitos derivados de linfócitos B sensibilizados contra receptores de TSH presentes na superfície basal das células foliculares da tireoide, ligam-se ao receptor e simulam o efeito do TSH, estimulando a produção de AMPc. Como resultado, as células foliculares da tireoide se tornam cilíndricas e secretam
grandes quantidades de hormônios da tireoide na circulação sanguínea de maneira não-regulada. O aumento de volume da glândula tireoide (bócio), o abaulamento dos olhos (exoftalmia), taquicardia, pele quente e finos tremores nos dedos são típicos aspectos clínicos. No adulto, o hipotireoidismo é geralmente causado por uma doença da tireoide, e
são observadas diminuição da taxa metabólica basal, hipotermia e intolerância ao frio. A diminuição da sudorese e vasoconstrição cutânea tornam a pele seca e fria. Os indivíduos afligidos tendem a sentir frio numa sala quente. No adulto, o hipotireoidismo manifesta-se por uma pele grosseira com aspecto inchado, em razão do acúmulo de
proteoglicanos e retenção de líquido na derme da pele (mixedema) e na musculatura. O débito cardíaco é reduzido, e o pulso fica mais lento. Exceto pelos distúrbios do desenvolvimento, a maioria dos sintomas é revertida quando o distúrbio da tireoide é corrigido. No feto, uma falta de hormônio da tireoide causa o cretinismo. Esta doença é observada nas áreas geográficas deficientes em iodo. Os sintomas de hipotireoidismo
em recém-nascidos podem incluir a síndrome da angústia respiratória, desnutrição, hérnia umbilical e retardo do crescimento ósseo. O hipotireoidismo não tratado em crianças resulta em retardo mental. A doença de Hashimoto é uma doença autoimune associada ao hipotireoidismo.
Ela é causada por auto-anticorpos contra a peroxidase tireoidiana (TPO) e contra a tireoglobulina. Os anticorpos contra a peroxidase tireoidiana são conhecidos como anticorpos antimicrossomais. Uma destruição progressiva dos folículos da tireoide leva à diminuição da função da glândula tireoide.
- Célula parafolicular 
A célula parafolicular, conhecida também como célula Clara ou célula C, representa o 10% restante da populaçãocelular. Pode ser localizada entre a membrana basal e as células folicular, mas nunca faz contato direto com o coloide. Nas colorações com hematoxilina-Eosina, as células para foliculares, geralmente exibem um citoplasma pálido, pouco corado. Na microscopia eletrônica de transmissão, elas exibem abundantes grânulos secretórios eletrodensos, contendo calcitonina. A calcitonina é um hormônio hipocalcemiante. Quando os níveis séricos de cálcio aumentam além dos seus níveis normais, a calcitonina é secretada pelas células C, e se liga ao seu receptor presente na membrana plasmática dos osteoclastos, com o qual desaparece a borda pregueada, diminuindo assim a degradação da matriz óssea, permitindo que a calcemia alcance seus níveis normais de novo. O gene da calcitonina sofre splicing alternativo, gerando dois mRNA diferentes. Na célula C, o mRNA da calcitonina produz um peptídeo, com um peptídeo N-terminal comum, a calcitonina, e um peptídeo 1 C-terminal. No cérebro, outro mRNA produz um peptídeo com um peptídeo N-terminal comum, o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, e o peptídeo -2 C-terminal. 
· Glândulas paratireoides
As glândulas paratireoides são quatro glândulas endócrinas, localizadas, duas na porção superior da face posterior da tireoide, e duas na porção inferior. Embora em ocasiões encontram-se embutidas no parênquima da tireoide, cada paratireoide possui sua própria cápsula fibrosa de tecido conjuntivo, que a separa do parênquima tireoideo circundante. Da cápsula surgem delicados septos de tecido conjuntivo que se distribuem no parênquima da paratireoide. A paratireoide é uma glândula cordonal. Efetivamente, o parênquima da paratireoide é formado por inúmeros cordões anastomosados, contendo pequenas células basófilas denominadas células principais (responsáveis pela produção do paratormônio), entre os quais ocorrem numerosos capilares fenestrados. Em meio aos cordões de células principais, ocorre pequena quantidade de cordões de células acidófilas maiores, as células oxífilas (função desconhecida). Esses cordões celulares encontram-se entremeados com o estroma, que brinda sustentação, proteção, bem como suprimento sanguíneo e nervoso às células secretoras. Como já foi mencionado, na paratireoide, basicamente podem ser identificados dois tipos celulares:
- As células principais: são mais numerosas, e secretam o paratormônio (hormônio hipercalcemiante). São células pequenas, com uma quantidade relativamente menor de citoplasma, pelo que nas microfotografias, dão a impressão dos núcleos estarem mais próximos. Possuem um retículo endoplasmático granular e um complexo de Golgi desenvolvidos. Um precursor do hormônio: o pre-proparatormônio é sintetizado no retículo endoplasmático granular, onde é processado para produzir o pró-paratormônio. No aparelho de Golgi, o pró-paratormônio é processado por uma enzima proteolítica em paratormônio (PTH), onde o PTH em seguida é armazenado em grânulos secretórios. 
- As células oxífilas ou acidófilas: surgem na paratireoide após da puberdade, e aumentam em número com a idade. Elas possuem abundantes mitocôndrias, o que confere intensa acidofilia a este tipo celular. As células possuem uma quantidade relativamente maior de citoplasma, com o que os núcleos se observam mais separados. O citoplasma se cora de cor rosa com a eosina, devido à grande quantidade de mitocôndrias. O retículo endoplasmático rugoso e o complexo de Golgi não são bem desenvolvidos. As células oxífilas não secretam paratormônio, e provavelmente representem um estágio transicional das células principais. 
· Histofisiologia das paratireoides
O paratormônio e a calcitonina (produzida pelas células C da tireoide) atuam na manutenção da calcemia (níveis de cálcio no sangue). Baixos níveis de cálcio no sangue estimulam a liberação do paratormônio pelas células principais da paratireoide. O receptor sensível a cálcio é um receptor associado à proteína G, que deflagra a via do cálcio e mobiliza os grânulos de secreção contendo paratormônio a ser liberado. O PTH se liga a receptores localizados na superfície do osteoblasto, estimulando assim a síntese e liberação do Fator de Crescimento Estimulante de Colônias de Macrófagos (M-CSF) e o ligante do Receptor para Ativação do Fator Nuclear Kappa Beta (RANK-L). Um monócito derivado da medula óssea alcança uma área de formação e remodelamento ósseo, e expressa um receptor para o M-CSF. O monócito se diferencia em macrófago, e o ligante do M-CSF se liga ao receptor M-CSF, na superfície do macrófago, induzindo a expressão do receptor para RANK-L. O RANK-L se liga ao macrófago, via o receptor RANK, e é estabelecido um contato osteoblasto-precursor do osteoclasto. O macrófago mononucleado, tornasse em um osteoclasto multinucleado imaturo, o qual ainda não pode reabsorver osso. O osteoclasto não funcional se desacopla do osteoblasto, e somente quando surgir a borda pregueada é que vai acontecer a degradação da matriz óssea, liberando cálcio e fosfato para a corrente sanguínea, restabelecendo assim a calcemia. O PTH age também no rim onde, especificamente nos túbulos uriníferos, estimula a reabsorção de Ca, e a excreção de fosfato. Além disso, o PTH estimula no rim, a produção de vitamina D ativa. O paratormônio é secretado no sangue e tem uma meia-vida de cerca de 5 minutos. O aumento da calcemia estimula às células parafoliculares (células C) da tireoide a liberarem calcitonina A calcitonina inibe a atividade dos osteoclastos Os níveis sanguíneos de cálcio se equilibram.
· Glândulas suprarrenais 
As suprarrenais ou glândulas adrenais, são órgãos endócrinos pares, localizadas na proximidade do polo superior de cada rim. Cada glândula consiste em duas partes: um córtex externo amarelado (80 a 90% da glândula) e uma medula avermelhada interna (10 a 20% da glândula). A medula da suprarrenal tem origem mesodérmica e produz hormônios esteroides. A medula da suprarrenal tem origem neuroectodérmica e produz e secreta catecolaminas. 
· Estrutura histológica do córtex
O córtex é envolvido por uma espessa cápsula fibrosa de tecido conjuntivo denso não modelado, com pouquíssimos septos conjuntivos, que se distribuem entre os cordões celulares. Há abundantes fibras reticulares (colágeno tipo III) sustentando os cordões celulares. Do ponto de vista histológico, o córtex é formado por três regiões concêntricas, que da parte mais externa, à mais interna, recebem o nome de zona glomerulosa (camada mais externa), zona fasciculada (camada média) e zona reticulada (camada mais interna). 
- Zona glomerulosa: região mais externa do córtex suprarrenal, localizada logo abaixo da cápsula fibrosa. Representa do 10 a 15% do córtex. Formada por cordões de células epiteliais colunares. Os cordões celulares podem ter um formato circular (o que deu o nome de zona glomerulosa por lembrar a um glomérulo renal) ou arciforme, como pode ser visto em algumas espécies. Essas células contêm uma quantidade moderada de gotículas lipídicas e um retículo endoplasmático liso bem desenvolvido. A zona glomerulosa sintetiza e secreta mineralocorticoides, especialmente a aldosterona, e é primariamente dependente da angiotensina II. A angiotensina II é um octapeptídeo derivado da conversão da angiotensina I, um decapeptídeo, na circulação pulmonar pela enzima conversora de angiotensina (ECA). A aldosterona tem uma meia-vida de 20 a 30 minutos e atua diretamente sobre os túbulos contorcidos distais e os túbulos coletores do rim, onde ela aumenta a absorção de Na (e por osmose, de água) e a excreção de K e íons de H. As células da glomerulosa não expressam a enzima 17a.-hidroxilase e, portanto, não pode
produzir cortisol ou esteroides sexuais.
- Zona fasciculada: região intermédia, compões em torno do 75 a 80% do córtex. Ela é formada por células cuboides, com características estruturais de células produtoras de esteroides, dispostas em cordões celulares que se estendem da porção interna da zona glomerulosa em direção á zona reticulada. Os cordões celulares têm uma espessura de duas célulase encontram-se entremeados com capilares fenestrados corticais. O citoplasma das células da zona fasciculada apresenta três componentes que caracterizam a sua atividade esteroidogênica: 1) abundantes gotículas lipídicas, contendo colesterol, o precursor dos hormônios. Quando os lipídios são extraídos durante as preparações histológicas ou não são corados pelo H&E, as células da zona
fasciculada exibem um aspecto esponjoso e são chamadas de espongiócitos. 2) Abundantes mitocôndrias com cristas tubulares, contendo enzimas esteroidogênicas e, 3) um reticulo endoplasmático agranular (liso) bem desenvolvido, também com enzimas envolvidas na síntese de hormônios esteroides. As células da zona fasciculada e da zona reticulada não podem produzir aldosterona, mas elas contêm a 17a.-hidroxilase necessária para a produção de glicocorticoides - cortisol - e a enzima 1 7,20-hidroxilase, necessária para a produção de hormônios sexuais.
O cortisol não é armazenado nas células, sendo necessária nova síntese, estimulada pelo ACTH, para obter um aumento hormonal na circulação sanguínea. O cortisol é convertido em cortisona nos hepatócitos.
O cortisol tem dois efeitos principais: O) Um efeito metabólico: Os efeitos do
cortisol são opostos aos da insulina. No fígado, o cortisol estimula a gliconeogênese para aumentar a concentração da glicose no sangue. (2) Um efeito anti-inflamatório: O cortisol suprime as respostas teciduais a lesões e diminui a imunidade celular e humoral.
- Zona reticulada: zona mais interna do córtex renal. Constitui 5% a 10% do córtex. Suas células são menores que as das zonas glomerulosa e fasciculada, e formam uma rede anastomosada com curtos cordões celulares separados por capilares fenestrados. As células desta zona são acidófilas devido ao maior número de lisossomos, grandes grânulos de lipofuscina e menor quantidade de gotículas lipídicas. Embora as células da zona fasciculada possam sintetizar andrógenos, o local primário da produção de hormônios sexuais da suprarrenal é a zona reticulada. A deidroepiandrosterona (DHEA) e a androstenediona são os andrógenos predominantes produzidos pelo córtex da glândula suprarrenal.
Tanto a zona fasciculada quanto a zona reticulada são reguladas pelo eixo 
hipotalâmico-hipofisário-adrenal.
· Estrutura histológica da medula suprarrenal
A medula da suprarrenal é constituída por neurônios simpáticos pós-ganglionares modificados, derivados da linhagem simpatoadrenal da crista neural. Esses neurônios modificados não possuem dendritos, mas possuem grânulos intracitoplasmáticos de densidade moderada. Foram identificadas duas populações celulares na medula suprarrenal: as células secretoras de adrenalina (80%), e as células secretoras de noradrenalina (20%). A adrenalina e noradrenalina são catecolaminas. Quando a glândula é fixada com dicromato de potássio e corada com hematoxilina-eosina, a medula adquire uma coloração castanha, produto da oxidação das catecolaminas por sais de cromo. Por essa razão essas células recebem o nome de células cromafins, devido à sua afinidade pelo cromo. O citoplasma das células cromafins contém grânulos densos revestidos por membrana, contendo, em parte, proteínas da matriz granular, as chamadas cromograninas, e uma classe de catecolamina, seja adrenalina ou noradrenalina (ou epinefrina ou norepinefrina, respectivamente). Alguns grânulos contêm adrenalina e noradrenalina. Também ocorre uma secreção mínima de dopamina, mas não se sabe qual seja o papel da dopamina liberada pela suprarrenal. 
· Vascularização das glândulas suprarrenais
As glândulas suprarrenais recebem suprimento sanguíneo através de três artérias principais: artéria suprarrenal superior, artéria suprarrenal média e artéria suprarrenal inferior, ramos das artérias frênica inferior, aorta abdominal e renal, respectivamente. Todas as três artérias suprarrenais entram na cápsula da suprarrenal e formam um plexo arterial. Três conjuntos de ramos emergem do plexo: (1) Um grupo irriga a cápsula. (2) O segundo grupo entra no córtex, formando capilares fenestrados retos (também chamados de capilares corticais), que se infiltram por entre as zonas glomerulosa e fasciculada e formam uma rede capilar na zona reticulada antes de entrar na medula. (3) O terceiro grupo gera artérias medulares que seguem ao longo de trabéculas de tecido conjuntivo do córtex sem se ramificar e levando sangue somente para a medula. Esta distribuição de vasos resulta em (1) um duplo suprimento sanguíneo para a medula da suprarrenal; (2) o transporte de cortisol à medula, necessário para a síntese de Fenil- etanolamina -N- metiltranferase (PNMT), para a conversão de noradrenalina em adrenalina; e (3) a irrigação da medula da suprarrenal com sangue oxigenado, necessária para respostas rápidas ao estresse. Não há veias nem vasos linfáticos no córtex da suprarrenal. O córtex e a medula da suprarrenal são drenados pela veia central, presente na medula da suprarrenal.
· Pâncreas endócrino. 
O pâncreas é uma glândula mista, formada por dois componentes principais: 
1. O pâncreas exócrino, constituído por ácinos serosos envolvidos na síntese e
secreção de várias enzimas digestivas, transportadas ao duodeno por um sistema de
ductos.
2. O pâncreas endócrino (2% da massa pancreática), formado pelas ilhotas de
Langerhans, dispersas por todo o pâncreas.
· Histologia da ilhota de Langerhans 
O pâncreas endócrino, formado pelas ilhotas pancreáticas ou de Langerhans, consiste em cordões anastomosados de células endócrinas - células A (ou células α), células B (ou células β), células D (ou células δ) e células F - cada uma secretando um único hormônio. Cada ilhota é envolvida por uma delicada cápsula de tecido conjuntivo que a separa dos ácinos serosos circundantes, e consiste em um pequeno grupamento arredondado, formado por cordões anastomosados, constituídos por pequenas células endócrinas pouco coradas em colorações de rotina, em meio a capilares fenestrados. Calcula-se que exista em torno de um milhão de ilhotas pancreáticas, cada ilhota formada por umas três mil células, com uma distribuição topográfica especial. As células β (beta), predominam principalmente na parte central da ilhota, constituem em torno de 70% a 80% da população celular total da ilhota, e são responsáveis pela secreção de insulina (hormônio hipoglicemiante). As células α (alfa) se localizam principalmente na periferia da ilhota, representando 10% da população celular total da ilhota, e são responsáveis pela síntese e secreção do glucagon (hormônio hiperglicemiante). Células (delta) distribuem-se aleatoriamente, na ilhota, e representam em torno de 3-5% da população celular total da ilhota. As células delta produzem gastrina e somatostatina, enquanto as células F ou PP, que produzem o polipeptídio pancreática, representam <2% das células da ilhota, e se distribuem também na periferia da ilhota. 
· Histofisiologia da ilhota pancreática
As células β produzem a insulina, um polipeptídio com 6 Da que
consiste em duas cadeias: (1) a cadeia A, com 21 aminoácidos; e (2) a
cadeia B, com 30 aminoácidos. As cadeias A e B são ligadas por pontes de bissulfeto. A insulina é derivada de um grande precursor com cadeia única, a pré-pró-insulina, codificada por um gene localizado no braço curto do cromossoma 11. A pré-pró insulina é sintetizada pelos ribossomos do retículo endoplasmático granular e é processada no aparelho de Golgi.
O grande precursor dá origem à pró-insulina (9 kDa; 86 aminoácidos), na qual o
peptídeo C conecta as cadeias A e B. A remoção do peptídeo C por proteases específicas resulta (1) na separação das cadeias A e B, e (2) na organização de um centro cristalino, consistindo em um hexâmero e átomos de zinco. O peptídeo circunda o centro cristalino. Um aumento da glicemia estimula a libertação de insulina e de peptídeo C armazenados nos grânulos de secreção. A glicose é captada pelas células B por uma proteína
transportadora de glicose independente da insulina-2 (GLUT-2), e a insulina armazenada é liberada de uma maneira dependentede Ca2+.
Se os níveis de glicose permanecerem altos, ocorrerá nova síntese de insulina. A GLUT-2 também está presente nos hepatócitos. A insulina é necessária para aumento do transporte de glicose nas células (predominantemente nos hepatócitos, nos músculos esquelético e cardíaco, nos fibroblastos e nos adipócitos). Na célula adiposa, a insulina liga-se à subunidade α do receptor de
insulina e ativa a autofosforilação (Tyr-P) da subunidade β adjacente (uma tirosina-quinase). Um receptor de insulina ativado estimula a síntese de DNA, a síntese de proteínas e a translocação da proteína transportadora de glicose-4 (GLUT4), dependente de insulina, do aparelho de Golgi para a membrana plasmática. A translocação de GLUT4 facilita a captação celular de glicose. Este mecanismo demonstra que, em indivíduos diabéticos, a falta de insulina diminui a utilização de glicose nas células-alvo. As ações do gIucagon são antagônicas às da insulina. A secreção de glucagon é estimulada (1) por uma queda na concentração de glicose no sangue, (2) por um aumento de arginina e alanina no soro, e (3) por estimulação do sistema nervoso simpático. A somatostatina é um peptídeo com 14 aminoácidos idêntico à somatostatina produzida no hipotálamo. A somatostatina inibe a liberação de insulina e glucagon de maneira parácrina. A somatostatina também inibe a secreção de HCI pelas células parietais das glândulas fúndicas do estômago, a liberação de gastrina pelas células enteroendócrinas, a secreção de bicarbonato e enzimas pelo pâncreas e a concentração da vesícula biliar. A somatostatina também é produzida no hipotálamo e inibe a secreção do hormônio do
crescimento a partir da adeno-hipófise. O polipeptídio pancreático é um peptídeo com 36 aminoácidos que inibe a secreção de somatostatina. O polipeptídio pancreático também inibe a secreção de enzimas pancreáticas e bloqueia a secreção de bile por inibir a contração da vesícula biliar.
Sua função é conservar enzimas digestórias e bile entre as refeições. A colecistocinina estimula a liberação do polipeptídio pancreático.
Os tipos celulares nas ilhotas de Langerhans podem ser identificados ( 1 ) por
imunocitoquímica, usando anticorpos específicos para cada produto celular; (2)
por microscopia eletrônica, para distinguir o tamanho e a estrutura dos grânulos de secreção; (3) pela distribuição celular na ilhota. As células B localizam-se centralmente e são cercadas pelos outros tipos de células. 
· Vascularização da ilhota pancreática
O componente vascular da ilhota pancreática, é o sistema porta insulo acinar, formado
por uma arteríola aferente que dá origem a uma rede de capilares revestidos
por células endoteliais fenestradas. Vênulas que saem das ilhotas de Langerhans fornecem sangue aos ácinos pancreáticos adjacentes. Este sistema porta possibilita a ação local de hormônios insulares sobre o pâncreas exócrino.
Um sistema vascular independente, o sistema vascular acinar, fornece sangue diretamente aos ácinos do pâncreas exócrino.

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