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PEDIATRIA GERAL Compreende a fixação e a multiplicação bacteriana no trato urinário. A infecção pode ser localizada ou acometer todo o trato urinário. Chama-se de infecção urinária baixa quando o acometimento está localizado na bexiga, e de pielonefrite quando há fixação bacteriana no parênquima renal. Epidemiologia ▪ Correspondem a 1/4 de todas as doenças e mortes entre crianças nos países em desenvolvimento; ▪ Cerca de 2 a 3% das IRA evoluem para infecção do parênquima pulmonar, das quais 10 a 20% evoluem para óbito, contabilizando 1,2 milhão de óbitos por ano; ▪ No Brasil a suspeita de pneumonia é primeira causa de internação e segunda causa de óbito em crianças menores de 5 anos; 886 casos de óbitos infantis em 2016; ▪ Nos países em desenvolvimento 15 milhões de menores de 5 anos irão a óbito em um ano, desses, 3 milhões morrem de pneumonia. Fatores de risco Desnutrição, baixa idade, comorbidades e gravidade da doença, que podem concorrer para o óbito. Outros fatores, como baixo peso ao nascer (possibilidade maior de complicação), permanência em creche, episódios prévios de sibilos e pneumonia, ausência de aleitamento materno, vacinação incompleta, variáveis socioeconômicas (estrutura higiênica, condições financeiras para manter uma boa alimentação) e variáveis ambientais. Alto risco para infecções pelo pneumococo. Etiologia Os vírus são os principais agentes de pneumonia em crianças menores de 5 anos: ▪ O vírus sincicial respiratório (VSR) é o mais frequentemente encontrado, seguido dos vírus influenza, parainfluenza, adenovírus e rinovírus. ▪ Menos frequentemente, outros vírus podem causar PAC, como varicela-zóster, coronavírus, enterovírus, citomegalovírus, vírus Epstein-Barr, herpes simples, vírus da caxumba e do sarampo e hantavírus. ▪ Mais recentemente, o metapneumovírus humano (HMPV), o bocavírus e um coronavírus mutante – associado à síndrome respiratória aguda grave (SARS) – têm sido associados à PAC. ▪ Os vírus podem ser responsáveis por até 90% das pneumonias no 1º ano de vida e por 50% dos casos na idade escolar. Os agentes bacterianos, por outro lado, são os principais responsáveis pela maior gravidade e mortalidade por PAC na infância. ▪ Streptococcus pneumoniae ou pneumococo é o principal agente bacteriano de PAC; tem ainda, Haemophilus influenzae e Staphylococcus aureus; ▪ A frequência de coinfecção vírus-bactéria em pacientes com PAC tem variado de 23 a 32%; M. tuberculosis no Brasil: pensar em tuberculose quando tiver uma pneumonia de curso arrastado, porque tuberculose é de curso endêmico no Brasil. Quadro clínico Pode variar com a idade da criança, o estado nutricional, a presença de doença de base e o agente etiológico; mais grave nas crianças mais jovens, desnutridas ou que apresentam comorbidades. Os principais sinais e sintomas da PAC são: febre, tosse, frequência respiratória elevada (taquipneia) e dispneia, de intensidades variáveis. Sintomas gripais, como otite média, são comuns. Algumas crianças apresentam dor abdominal, principalmente quando há envolvimento dos lobos pulmonares inferiores. Pode ou não ter alteração da ausculta respiratória, pode ocorrer redução do frêmito toracovocal. - Pontos de corte para taquipneia: < 2 meses: FR ≥ 60 irpm; 2 a 11 meses: FR ≥ 50 irpm; 1 a 4 anos: FR ≥ 40 irpm. Grave: PAC e tiragem subcostal; Muito grave: PAC + recusa de líquidos, convulsões, sonolência excessiva, estridor em repouso, desnutrição grave, batimento de asa do nariz e cianose; Em menores de 2 meses, são considerados sinais de doença muito grave: recusa alimentar, convulsões, sonolência excessiva, estridor em repouso, febre ou hipotermia, além da tiragem subcostal grave. ▪ Identificar doenças de base (cardiopatias, síndromes aspirativas, pneumopatias crônicas, imunodeficiências, doenças neuromusculares); ▪ Quadros de pneumonia afebril: em lactentes, podem cursar com antecedentes de conjuntivite e parto vaginal, e sugerem infecção por C. trachomatis. Em crianças maiores de 5 anos, é comum tosse coqueluchoide e história de contato com pacientes com quadro semelhante. Sugere PAC por Mycoplasma pneumoniae. ▪ Piodermites e/ou lesões osteoarticulares antecedendo PAC grave, podem ocorrer na pneumonia estafilocócica. Sinais de perigo Quando fazer referência imediata ao hospital: PNEUMONIAS COMUNITÁRIAS OBS: FR e tiragem têm, respectivamente, sensibilidade e especificidade de 77 e 58%, nível de evidencia II e grau de recomendação B; enquanto a detecção de crepitações com o uso do estetoscópio tem sensibilidade e especificidade de 53 e 59%, respectivamente. Diagnóstico diferencial Diagnósticos diferencias de quadros que cursam com sibilância OBS: Em crianças com menos de 1 ano de idade, outras causas de sibilância são: insuficiência cardíaca, refluxo gastroesofágico, doença pulmonar congênita (broncodisplasia), entre outras. Radiografia A radiografia de tórax não deve ser realizada de rotina para o diagnóstico de pneumonia em crianças sem sinais de gravidade, sem necessidade de tratamento hospitalar, uma vez que não há evidências que altere o resultado clínico. É indicada: ▪ Recomendada nos casos graves que demandam internação; o Pneumonia com hipoxemia, desconforto respiratório, entre outros sinais de gravidade; o Falha de resposta ao tratamento em 48 a 72h ou se piora progressiva. o Falha de resposta ao tratamento em 48 a 72h ou se piora progressiva, para verificar se há complicações (empiema, pneumotórax, escavação); o Paciente hospitalizado (incidências PA e perfil). Sugestivo de Pneumonia Bacteriana o Consolidação alveolar; o Pneumatoceles; o Derrames pleurais; o Abscessos. ▪ Sugestivo de vírus Pneumonia atípica o Imagens intersticiais; o Associadas a vírus e Mycoplasma pneumoniae ou Chalamydia pneumoniae. Raio-x normal Radiografia de tórax normal em AP apontando as principais estruturas anatômicas identificáveis. AE – Átrio Esquerdo, VE – Ventrículo Esquerdo, AD – Átrio direito, LS – lobo superior, LM – lobo médio, LI – lobo inferior. *boa penetração: avaliar as vertebras; penetração muito boa= ver todas as vértebras. Pneumonia bacteriana Pneumonia adquirida na comunidade (Streptococcus pneumoniae) (a) e (b): imagem PA e perfil demonstram uma consolidação no segmento lateral do lobo médio do pulmão direito. a) Radiografia de tórax em PA mostrando consolidação alveolar em lobos inferiores esquerdo e direito devido a uma infecção por S. pneumoniae. b) Radiografia de tórax em PA demonstrando um envolvimento intersticial difuso periférico e bilateral. Radiografias frontal (PA) e perfil mostram consolidação (pneumonia pelo Streptococcus pneumoniae) de lobo superior direito. Observar o limite cissural nítido (setas) e a presença de broncobramas aéreos. Radiografia de tórax, evidenciando área de consolidação no lobo superior esquerdo, associada à imagem radiolucente, de configuração nodular. Outra imagem radioluscente de configuração nodular e halo denso é visibilizada no lobo inferior esquerdo. Na radiografia efetuada com raios horizontais as imagens nodulares apresentam níveis hidroaéreos, sendo compatíveis com abcessos pulmonares. Abaixo da hemicúpula diafragmática esquerda observa-se a bolha gástrica distendida (achado frequente em recém-nascidos). Radiografia efetuada no 36º dia de vida demonstrou persistência do abcesso apenas no lobo superior esquerdo. Radiografia de tórax de uma criança de 12 meses com espaço cístico aéreo em local de uma pneumonia prévia, correspondendo a uma pneumatocele (setas pretas). Radiografia de Tórax em PA demonstrando velamento de aproximadamente dois terços do hemitórax esquerdo, com o sinaldo menisco na região lateral (seta), caracterizando um derrame pleural. Outros exames ▪ Exames inespecíficos o Leucograma; o Proteína-C reativa >ou= 40 a 100 mg; o Pró-calcitonina > ou =0,75 a 2 ng/ml; ▪ Métodos microbiológicos o Hemocultura: contribui para a definição do perfil epidemiológico na comunidade; o Liquido pleural; o Cultura do escarro: tem pouca utilidade prática, por não diferenciar infecção de colonização. ▪ Métodos imunológicos o Sorologia; o Detecção de antígenos; o PDR (polymerase chain reaction): método caro, mas utilizado em pesquisas; ▪ Métodos invasivos: comorbidades, imunodeficiências primarias, imunodeprimidos, pneumonias nosocomias graves, e aqueles com quadros graves que não estejam respondendo ao tratamento antimicrobiano. o Broncoscopia com lavado broncoalveolar o Biopsia pulmonar a céu aberto Quando internar ▪ menores de 2 meses; ▪ presença de tiragem subcostal; ▪ convulsões; ▪ sonolência excessiva; ▪ estridor em repouso; ▪ desnutrição grave; ▪ ausência de ingestão de líquidos; ▪ sinais de hipoxemia; ▪ presença de comorbidades (anemia, cardiopatias, pneumopatias); ▪ problemas sociais; ▪ falha na terapêutica ambulatorial; ▪ complicações radiológicas (derrame pleural, pneumatocele, abscesso pulmonar). Unidade de terapia intensiva; ▪ Insuficiência respiratória; ▪ Sepse; ▪ Incapacidade de manter SpO2 >92% com fração inspirada de O2 (FiO2)>0,6; ▪ Aumento da taquipneia/taquicardia com dificuldade respiratória grave; ▪ Fadiga respiratória; ▪ Apneia ou respiração irregular. Tratamento Ambulatorial ▪ Amoxicilina é a primeira opção terapêutica no tratamento ambulatorial; ▪ Em crianças maiores de cinco anos a droga de escolha também é amoxicilina nas mesmas doses. Devido à possibilidade de M.pneumoniae pode-se optar pela introdução de macrolídeos (pneumonia atípica), como eritromicina, claritromicina ou azitromicina; ▪ Toda criança com pneumonia, que tenha condições clínicas de ser tratada em seu domicílio deve ter uma consulta de reavaliação após 48 a 72h do início do tratamento ou a qualquer momento se houver piora clínica. Caso apresente melhora, o tratamento deve ser mantido até completar sete dias. ▪ Se a criança estiver pior ou inalterada cabe avaliar internação hospitalar. Hospitalar ▪ 02 meses a 5 anos o Pneumonia sem tiragem intercostal – amoxicilina oral; o Pneumonia grave – ampicilina parenteral ou penicilina cristalina (gentamicina deve ser associada nos menores de dois meses) o Associação de amoxicilana com inibidores de beta- lactamase, como o clavulanato ou o sulbactam ou a cefuroxima podem ser utilizadas como segunda opção; o Pneumonia atípica recomenda-se azitromicina ou claritromicina. Complicações ▪ Derrame pleural: o Pode ocorrer dor torácica, dor abdominal ou vômitos; o Estado geral geralmente mais acometido; o Posição antálgica; o Cianose devido ao comprometimento da função pulmonar; o Na inspeção dinâmica, sinais de diminuição da expansibilidade; o Na palpação, sinais unilaterais de diminuição da expansibilidade torácica, frêmito tóraco-vocal abolidos e hiperestesia; o Macicez à percussão; o Diminuição ou ausência de murmúrios vesiculares fisiológicos. o Necrose pulmonar; pneumatoceles; abcesso pulmonar; pneumotórax; atelectasia; fístula broncopleural; Hemoptiase; septicemia; Broncoquiectasia; o Infecções associadas (otite, conjuntivite, sinusite, meningite, osteomielite). Passos para os cuidados com a pneumonia ▪ Pensar na doença; ▪ Pensar nos fatores de risco para quadros graves; ▪ Iniciar a terapêutica; ▪ Incentivar a prevenção. 12 de novembro: dia mundial contra pneumonia Stop Pneumonia - Vacinas: o Streptococos pneumoniae (pneumococo) o Haemoplilus influenzae tipo b (Hib) o Coqueluche (tosse convulsiva) o Sarampo - Implementação de intervenções de água, saneamento, higiene; - Redução da poluição do ar em ambientes fechados.
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