Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EaD 1 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕESUNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ VICE-REITORIA DE GRADUAÇÃO – VRG COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – CEaD Coleção Educação a Distância Série Livro-Texto Ijuí, Rio Grande do Sul, Brasil 2009 Sikberto Renaldo Marks SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES EaD Si kberto Renaldo Marks 2 2009, Editora Unijuí Rua do Comércio, 1364 98700-000 - Ijuí - RS - Brasil Fone: (0__55) 3332-0217 Fax: (0__55) 3332-0216 E-mail: editora@unijui.edu.br www.editoraunijui.com.br Editor: Gilmar Antonio Bedin Editor-adjunto: Joel Corso Capa: Elias Ricardo Schüssler Designer Educacional: Mari Sandra Lazzarotto Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa: Editora Unijuí da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí; Ijuí, RS, Brasil) Catalogação na Publicação: Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí M346s Marks, Sikberto R. Sistema integrado de informações / Sikberto R. Marks. – Ijuí : Ed. Unijuí, 2009. – 174 p. – (Coleção educação a distância. Série livro-texto). 1. Sistema de informações. 2. Tecnologia da informa- ção. 3. Gestão da informação. 4. Globalização. I. Título. II. Série. CDU : 004:658 658:004 EaD 3 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES SumárioSumárioSumárioSumário Boas-vindas .......................................................................................................................................5 Conhecendo o Professor ..................................................................................................................7 Dados Gerais do Componente ........................................................................................................9 Unidade 1 – Introdução ao estudo da administração da informação .................................11 Seção 1 – Conceitos de sistema de informação .............................................................12 Seção 2 – A importância de um sistema de informação ...............................................17 Seção 3 – Evolução dos sistemas de informação ..........................................................20 Seção 4 – Abordagem sistêmica .......................................................................................23 Seção 5 – Ecologia da informação ..................................................................................26 Seção 6 – Dado, informação, conhecimento, inteligência e sabedoria .....................28 Seção 7 – Fontes de informações da autoridade pública .............................................32 Seção 8 – Internet, Intranet e Extranet .............................................................................34 Seção 9 – Informação como recurso estratégico de políticas públicas ......................35 Seção 10 – Sinergia da informação e desinformação ...................................................38 Seção 11 – Integração da informação .............................................................................40 Seção 12 – Classificação de sistemas de informação ....................................................42 Unidade 2 – Tecnologia da Informação ....................................................................................51 Seção 1 – Conceito de Tecnologia da Informação ........................................................52 Seção 2 – O profissional de Tecnologia da Informação ...............................................55 Seção 3 – Componentes da Tecnologia da Informação ................................................59 Seção 4 – Gestão da Tecnologia da Informação ............................................................61 Unidade 3 – Sistemas de informação e estratégia .................................................................65 Seção 1 – Objetivos dos sistemas de informação para a Gestão Pública ..................66 Seção 2 – Planejamento Estratégico Público ................................................................70 Seção 3 – Potencial estratégico na gestão da informação ...........................................72 Seção 4 – Planejamento estratégico de informações ....................................................74 Seção 5 – Alinhamento dos planos estratégicos na Gestão Pública ..........................76 EaD Si kberto Renaldo Marks 4 Unidade 4 – Projeto de sistema de informação .......................................................................79 Seção 1 – Elaboração de um projeto de sistema de informação .................................80 Seção 2 – Implementação do sistema de informação ...................................................93 Seção 3 – Segurança e controle em sistemas de informação ......................................94 Seção 4 – Exemplos de sistema integrado de informação ............................................97 Unidade 5 – Inteligência organizacional I .......................................................................... 107 Seção 1 – Data Warehouse, Data Mart e Data Mining ............................................... 108 Seção 2 – Enterprise Resource Planning (ERP) ......................................................... 110 Seção 3 – Business Intelligence ..................................................................................... 112 Seção 4 – O conhecimento artificial na Gestão Pública ........................................... 117 Unidade 6 – Inteligência organizacional II ........................................................................ 121 Seção 1 – Capital intelectual ......................................................................................... 122 Seção 2 – Sistemas de conhecimento ........................................................................... 124 Seção 3 – Inteligência organizacional ......................................................................... 126 Seção 4 – Inteligência social e inteligência competitiva .......................................... 127 Seção 5 – Como se gera conhecimento no indivíduo ................................................ 128 Seção 6 – Como se gera conhecimento na organização: as learning organizations .............................................................................. 132 Seção 7 – Os sistemas de informação e seu relacionamento com a inteligência nas organizações ......................................................... 135 Seção 8 – Gerenciamento de equipes inteligentes: administração do conhecimento ................................................................ 136 Seção 9 – Sistemas de inteligência estratégica governamental ............................... 139 Seção 10 – Formação do conhecimento estratégico governamental ....................... 143 Seção 11 – Administração pública eletrônica ............................................................. 148 Unidade 7 – Competição na globalização da informação .................................................. 155 Seção 1 – Nova ordem mundial .................................................................................... 155 Seção 2 – Globalização e formação do poder global supranacional ....................... 163 Seção 3 – Globalização, processo decisório e poder político .................................... 165 Conclusão geral ao estudo deste componente ..................................................................... 171 Referências .................................................................................................................................. 173 EaD 5 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES Boas-vindasBoas-vindasBoas-vindasBoas-vindas Saúdo a todos os alunos deste componente. Sejam bem-vindos. Vamos trabalhar juntos em busca de conhecimento. Trocaremos idéias e aprenderemos por meio da troca de informações. A Educação a Distância é uma forma dinâmica para se aprender com grande intensidade. Tanto o professorquanto os alunos necessitam dedicar- se com disciplina. Precisam ler bastante e também trocar idéias entre si. E isso é ótimo para a aprendizagem profunda e duradoura. Quero aproveitar esse espaço para convidá-los a buscarmos novidades no conheci- mento relacionado ao assunto desse componente. Buscaremos assim informações além das que se encontram neste livro didático. Procuraremos também fazer aplicações práti- cas. Deveremos estar atentos às situações reais nas prefeituras e outras organizações de natureza pública que conhecemos, principalmente naquelas em que trabalhamos, para assim podermos comparar a teoria que estudarmos com as situações práticas do dia-a-dia nas empresas. Chamo sua atenção para o seguinte: este componente nos oportuniza aprendermos e a refletirmos sobre a inteligência estratégica nas instituições públicas e nas empresas e so- bre a inteligência individual nas pessoas. Teremos, portanto, a grande oportunidade de es- tudar como as pessoas e como as organizações aprendem. E iremos, principalmente, buscar refletir sobre como as organizações, atualmente, no contexto de severa competição e desafios sociais imensos, podem valer-se dos sistemas de informação para desenvolverem competência na geração de soluções por meio da transformação das informações em conhecimento. Desta forma, sejam bem-vindos e sintam-se bem durante o tempo em que estivermos juntos para aprender sobre temas interessantes, atraentes e muito importantes para nossa vida profissional. Que até o final de nossos estudos tenhamos crescido na sabedoria da capacidade para a gestão pública e na geração de políticas e estratégias adequadas aos tempos de globalização em que estamos vivendo. EaD 7 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES Conhecendo o ProfessorConhecendo o ProfessorConhecendo o ProfessorConhecendo o Professor Quero me apresentar a vocês, alunos de EaD. Ao nascer deram-me um nome que serve para que as pessoas se refiram a mim, e para que eu mesmo me apresente. Sou o professor Sikberto Renaldo Marks. Meus ancestrais eram russos e alemães. Faço parte do quadro de professores da Unijuí desde que completei 28 anos de idade. E veja só que interessante: em 1968 havia nascido há 18 anos e ainda faltavam 11 para me casar com a minha linda e eterna esposa. Sou administrador de empresas, formado na Unijuí. Fiz Pós- Graduação a distância na Universidade Federal do Rio de Janei- ro, e Mestrado em Administração na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tenho feito ao longo da vida diversos cursos pela modalidade a distância. Gosto de estudar em casa desde jovem (aliás, o que ainda sou, ao menos em espírito e disposição). Tenho feito muitas coisas na vida. E gostei de tudo o que fiz. Aliás, nada fiz que fosse caso de polícia. Fui vendedor, geren- te de loja, empresário, consultor de empresas, vice-reitor na Unijuí, diretor executivo na Fidene, diretor na AHCI, e uma quantidade de atividades mais. Atualmente, de tudo isso, selecionei para me satisfazer com o que mais aprecio: dar aulas, principalmente em EaD, e proferir palestras por esse grande Brasil afora. Tenho meus gostos pessoais, como acampar e estar com os amigos. Aprecio por demais a minha família, com o qual me sinto sempre muito feliz. Por passatempo tenho me dedicado a uma horta e jardim, confeccionar peças em madeira, escrever e ler. Seremos bons amigos durante esse componente, depois dele, e para sempre. Contem comigo, conto com vocês! EaD 9 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES Dados gerais do componenteDados gerais do componenteDados gerais do componenteDados gerais do componente Esse componente, Sistema Integrado de Informações, modalidade EaD, é deveras atraente, abrangente e desafiante. Estude a ementa dele: Globalização, processo decisório e poder político. Formação do conhecimento es- tratégico governamental. Projeto de desenvolvimento de sistemas de informações. Tecnologias e exemplos de sistemas de informações governamentais. Sistemas de inteli- gência estratégica governamentais. Informações, conhecimento e políticas públicas. O objetivo geral é: Estudar os assuntos pertinentes às tecnologias relacionadas com a informação em gestão pública. A ênfase será no estudo da utilização estratégica da informação, visando à geração de políticas públicas, à condução do processo decisório participativo e comprometi- do, bem como o desenvolvimento da inteligência individual e organizacional. Os objetivos específicos são: a) proporcionar entendimento de como dados e informações são transformados em conheci- mento e como este é utilizado no processo decisório e na geração de mais conhecimento; b) desenvolver a capacidade de associar conhecimento com as demandas sociais e empresariais; c) proporcionar entendimento sobre como se forma a inteligência organizacional; d) proporcionar oportunidades para debater sobre o gerenciamento do conhecimento nas organizações públicas; e) estudar como se elabora um projeto de sistemas de informação, seja para entidades públi- cas, seja para entidades privadas; f) estudar o processo decisório nas organizações públicas; g) desenvolver o discernimento sobre o sistema de informação como ferramenta para a orga- nização no contexto competitivo da globalização e da nova ordem mundial que se forma. EaD 11 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES Unidade 1Unidade 1Unidade 1Unidade 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ADMINISTRAÇÃO DA INFORMAÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DESTA UNIDADE: – Entender conceitualmente o que é um sistema de informação – Compreender a sua importância para as organizações em geral – Conhecer o contexto da informação nas organizações – Conhecer como as informações devem ser utilizadas produtivamente nas organizações – Conhecer a classificação mais adequada para sistemas de informação nas organizações SEÇÕES DESTA UNIDADE Seção 1 – Conceitos de sistema de informação Seção 2 – A importância de um sistema de informação Seção 3 – Evolução dos sistemas de informação Seção 4 – Abordagem sistêmica Seção 5 – Ecologia da informação Seção 6 – Dado, informação, conhecimento, inteligência e sabedoria Seção 7 – Fontes de informações da autoridade pública Seção 8 – Internet, intranet e extranet Seção 9 – Informação como recurso estratégico de políticas públicas Seção 10 – Sinergia da informação e desinformação Seção 11 – Integração da informação Seção 12 – Classificação de sistemas de informação EaD Si kberto Renaldo Marks 12 Seção 1 Conceitos de sistema de informação Vamos iniciar pelo modo mais fácil de entender nosso assunto, certo? Traremos para você as primeiras definições. E nada mais oportuno que definir o que é um sistema de infor- mação, que é o assunto deste componente. Para isto, utilizaremos alguns respeitáveis auto- res, e também nós mesmos faremos as nossas definições. Laudon e Laudon (2004, p. 4) definem assim: “Um sistema de informação pode ser definido tecnicamente como um conjunto de componentes inter-relacionados que coleta (ou recupera), processa, armazena e distribui informações destinadas a apoiar a tomada de decisões, a coordenação e o controle de uma organização.” Os autores acrescentam ainda que “esses sistemas também auxiliam os gerentes e trabalhadores a analisar proble- mas, visualizar assuntos complexos e criar novos produtos.” O’Brien (2004, p. 7) define “como um grupo de elementos inter-relacionados ou em interação que formam um todo unificado. ... é um grupo de componentes inter-relacio- nados que trabalham rumo a uma meta comum, recebendo insumos [que são dados e informações que entram] e produzindo resultados [que são informações que saem] em um processo organizado de transformação [que é o processamento dos dados e informa- ções].” Ele explica que um sistema assim possui três funções básicas: • entrada: que capta os dados e as informações; • processamento: que transforma os dados e as informações; • saída: que transfere o produto do processamento aos usuários. Um sistema de informação deveagregar também o feedback, que são dados sobre o desempenho do sistema, e o controle, que segundo o autor, “envolve monitoração e avalia- ção de sua meta.” Por exemplo, um sistema de produção deve ter itens de controle para saber como vai o desempenho, a produtividade, os desperdícios, a qualidade, e assim por diante. EaD 13 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES Para Albertão (2005, p. 67), sistema de informação “é uma série de elementos ou componentes inter-relacionados, numa ordem especí fica , que coletam (entrada), manipulam (processamento), disseminam (saída) os dados, informações, e fornecem um mecanismo de feedback (retroalimentação). Es- sas informações são então utilizadas pelos usuários para a to- mada de decisões.” Um sistema de informação que utiliza computador conta com os seguintes elementos inter-relacionados: • Hardware, que é o computador que realiza as atividades de entrada, processamento e saída. • Software, que são os programas do computador e dos usuários. • Banco de dados, que consta de um conjunto de informações devidamente organizadas. • Telecomunicações, que são os sistemas de redes de trabalho ligadas entre si. • As pessoas que usam os sistemas de informação; • Os procedimentos, que consta das regras, métodos, políticas e estratégias que orientam o funcionamento de um sistema de informação e as relações dos usuários com ele. Entendeu tudo certinho? Penso que talvez tenham restado algumas dú- vidas. Por isso, vamos discutir um pou- co sobre as definições anteriormente apresentadas, digeri-las e assimilá-las. Depois faremos algo interessante, elabo- raremos as nossas próprias definições. Eu elaboro a minha e você a sua, pode ser? Feedback É o retorno em informação a uma pessoa que desejamos ajudar, dando uma resposta a sua pergunta, ou mesmo auxiliando-a no que esteja fazendo. Ao darmos um feedback estamos buscando que a outra pessoa se dê bem em algo que está fazendo. Feedback também é a resposta a uma pergunta, um conselho, um estímulo, uma orientação para que a pessoa mude de atitude. Feedback também pode ocorrer em máquinas, equipa- mentos e sistemas. Nesses casos há uma entrada de informações, há um processamento e um resulta- do, que é a saída. O feedback é a avaliação da saída para o próprio sistema saber se está cumprindo com seus objetivos. Pelo feedback o sistema pode auto-regular-se, ou dar um sinal de que algo deve ser providenciado. Itens de controle São indicadores para se saber como está o desempenho de um processo. Por exemplo, a quantidade produzida por hora no caso de uma equipe de trabalho pode ser um de seus itens de controle. Para que realmente haja o controle deve- se medir a cada tempo regular. No caso do exemplo, poderia ser diariamente. EaD Si kberto Renaldo Marks 14 O que os autores citados nos escreveram? Notou que todos eles afirmaram inicialmen- te que um sistema de informação é um conjunto de componentes, ou de elementos que estão inter-relacionados entre si? O que eles não disseram, porém, é o que são esses com- ponentes ou elementos. E você sabe de que se compõe esse conjunto? Pois certamente sabe, e é bem simples: computador (hardware), muitas vezes mais de um; programas de compu- tador para fazer o processamento (software); banco de dados, para armazenamento dos dados e informações; rede de comunicação como a Intranet e a Internet, para a captação de dados e sua transmissão; e os periféricos dos computadores, como scanners, impresso- ras, etc. Em segundo lugar, eles disseram que esse conjunto faz quatro atividade. São elas: coletar, processar, armazenar e disponibilizar informações. Essa parte é bem fácil de en- tender, não vai me dizer que ficou com dúvida. Eles seguem para um ponto importante. Veja bem, tudo isso deve ter alguma finalida- de, e eles chegam ao ponto da utilidade desse sistema. Qual é ele? Aquilo que um sistema de informação produz serve para o processo decisório na organização, ou seja, para que gestores, pessoas de responsabilidade social e econômica possam administrar a organi- zação com os pés no chão, cientes do que estão fazendo. Vamos traduzir isso em palavras mais simples, para que eles errem menos, não acha? Aqui entre nós, como o pessoal que administra erra, não é assim? Quantas empresas falindo! Quantas pessoas perdendo o em- prego! Quantas crises financeiras e econômicas acontecem! Quantos erros na administra- ção pública! Quanta omissão na gestão dos interesses políticos de uma sociedade! Tudo porque pessoas cometeram erros. Pois bem, administrar é algo complexo. Há competição, há muitas informações, as coisas mudam constantemente, o mercado está cheio de surpresas, e os seres humanos são falhos. Então, um sistema de informação existe, em grande parte, para tornar a difícil res- ponsabilidade dos gestores mais bem fundamentada, sabem em quê? Em informações bem trabalhadas, ora essa. Percebeu algo a mais nessas definições? Notou o que afirmou o nosso amigo O´Brien? Ele disse algo fantástico. Que um sistema de informação deve ajudar os gestores a trabalha- rem “rumo a uma meta comum”. Toda organização que se preza deve ter metas, fruto de EaD 15 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES planejamento. Pois bem, um sistema de informação deve ajudar os gestores a alcançarem essas metas. Preste atenção, por menor que seja um município, ele precisa de planejamento, mas isso não basta. Precisa ser administrado para que o planejamento se torne realidade. E isso, por sua vez, significa que metas precisam ser atingidas, afinal, você consegue imaginar um plano sem alguma meta? Pois é, o sistema de informação deve ajudar os gestores a verem se estão indo em direção do cumprimento das metas da instituição que dirigem. Albertão referiu-se a mais um elemento importante. Ele falou de um tal de feedback, lembra? O que esse autor quer dizer? Bem fácil, feedback é retroalimentação, ou seja, ocorre quando um sistema toma informações de sua saída, que já foram processadas, e as faz entrar outra vez no próprio sistema de informação. Procede assim tendo por objetivo fazer o sistema funcionar melhor, ou funcionar diferente, ou ainda, fazer correções em al- gum lugar no sistema. É pelo feedback que todo o sistema de aperfeiçoa, ou pelo menos se mantém estável. Vamos a um exemplo simples. Você por certo conhece uma geladeira, não é? Pois é, a geladeira tem um motor e um compressor que faz o seu interior gerar frio. E ela possui um botão pelo qual nós podemos definir a intensidade da sua temperatura interna. Aí ela funci- ona mantendo sempre aquela temperatura. Como ela consegue isso? Ela tem um termostato, que é o feedback dela. Esse termostato liga e desliga o motor, conforme a necessidade da manutenção da temperatura assim como nós determinamos naquele botão. Que tal se não tivessem inventado esse termostato? Nós teríamos que ligar e desligar o motor manualmen- te, a cada pouco. Você já se imaginou sentado o tempo todo dentro da geladeira fazendo isso? Viu como os feedbacks são importantes para os sistemas? Pois o que numa prefeitura, por exemplo, é feedback? É um conjunto de coisas que ela precisa ter. São os indicadores de desempenho para saber como vai indo, como os munícipes estão vivendo e quais seus problemas, como a economia vai indo, e assim por diante. Con- forme o caso, pessoas tomam decisões para fazerem correções de percurso. Os gestores pú- blicos precisam, então, cientes do que se passa, bem informados, tomar decisões adequadas visando a correções de rumo. Essas são ações de feedback. EaD Si kberto Renaldo Marks 16 Um sistema de informação tem seus sistemas de feedback próprios e automáticos. Eles são previstos no software e entram em ação sempre que isso for determinado. Por exemplo, em determinadas circunstâncias o sistema pode bloquear algo, pode realizar uma outra tarefa de processamento, pode chamar a atenção do executivo e assim por diante. Vamos visualizar um sistema de informação por meio de uma figura? Estudeo que desenhamos dentro da figura a seguir. Figura 1: Componentes básicos de um sistema de informação Meu amigo e minha amiga, temos uma tarefa pela frente, lembra? Eu não esqueci. Vamos elaborar a nossa própria definição de sistema de informação? O desafio é fazê-la de tal modo que indique que entendemos o que é um sistema de informação, certo? Lá vai a minha: Um sistema de informação é um conjunto de elementos compostos por computadores, programas, banco de dados, pessoas e regras, que capta dados e informações na organiza- ção e de fora dela, faz o processamento desses dados e informações e os disponibiliza de forma bem ordenada para que sejam úteis à administração da entidade pública, do ponto de vista dos interesses dos cidadãos. Todo sistema dispõe de um elemento especial, o feedback, que serve para fazer com que o próprio sistema se auto-regule, conforme as determinações das pessoas que controlam o sistema. D A D O S I N F O R M A Ç Õ E S D A D O S I N F O R M A Ç Õ E S Processamento (transformação) Armazenamento Feedback entradas saídas EaD 17 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES Gostou dessa definição? Pelo sim, pelo não, faça também a sua. Registre-a no espaço a seguir, para completar o seu livro de estudos. Aí você, de certa forma, participará de sua autoria. Ao menos neste seu volume. Mas não faça cópias, seja original, ta? Para concluir essa seção, tenho algumas perguntas para refletirmos. a) O que você acha, para termos um sistema de informação, sem- pre precisamos ter computador? Ou podemos tê-lo apenas com papel e lápis? b) Empresas muito pequenas, como uma sapataria ou borracharia, onde só o dono trabalha, precisa ter um sistema de informação? c) E numa prefeitura, qual a importância de um sistema de infor- mação para a sua gestão? E qual a importância para os munícipes? Como deve um sistema de informação ser utilizado no planeja- mento de longo prazo num município? d) Você entendeu mesmo o que é feedback? Então explique no es- paço a seguir, e mantenha esse registro para a sua memória. Curiosidade: entradas também são conhecidas como “input”; saídas como “output”, o processamento ou transformação como “processing”, “throutput” e a retro-alimenta- ção, já sabemos, como “feedback”. Seção 2 A importância de um sistema de informação Sistemas de informação sempre existiram. O ser humano não vive sem eles. Mesmo nos tempos em que não existiam empresas nem Estados, as pessoas usavam informações de forma organizada, e isso já é um sistema de informação. Para se ter um sistema de informa- EaD Si kberto Renaldo Marks 18 ção não se necessita, obviamente, de computador, programas especiais, etc. Isso é necessá- rio para sistemas muito complexos e que necessitam processar grande quantidade de dados e informações, com agilidade e exatidão. É evidente que sistemas manuais dão muito mais trabalho para se obter as saídas que desejamos, e jamais conseguem competir com os siste- mas informatizados, mas a informação sempre foi importante para o ser humano, em todos os tempos. Note que o elemento principal de um sistema de informação é, veja só, a INFOR- MAÇÃO. E informação é aquilo que o ser humano mais necessita. Quanto mais comple- xas as atividades em que os seres humanos se envolvem, maior é a necessidade de informa- ções. E quanto mais competitivas essas atividades, maior é a quantidade das informações necessárias. E, ainda, quanto mais tecnologia envolvida nas atividades dos seres humanos, mais complexas serão as informações requeridas. Isso quer dizer o seguinte: quanto mais o tempo passa, mais e mais todos nós vamos necessitar das informações, e maior será a neces- sidade de elas serem confiáveis. Assim sendo, um sistema de informação tornou-se um “instrumento de trabalho” de quase todos que atuam em qualquer organização. Deve atender às necessidades de informação dos gestores, que são: agilidade, confiabilidade e precisão. Um sistema de informação compõe-se de dois grandes subsistemas: o social e o automatizado. O automatizado estudamos na seção anterior. O sub-sistema social é aquele que usa o subsistema automatizado. São as pessoas que usam as informações que ele pro- duz para tomar decisões e dirigir as organizações, como prefeituras, Estados, nações, em- presas, igrejas, clubes sociais, famílias, etc. O funcionamento dessas organizações depende do que os sistemas de informação informam e do que as pessoas fazem com as informações que têm a sua disposição. Veja a seguir um quadro com o que se pode fazer com as informações disponibilizadas. Estude bem esse quadro e veja se nele não estão condensados os pontos que dizem respeito à importância dos sistemas de informação. EaD 19 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES O que as empresas podem obter usando com inteligência bons sistemas de informação? 1. Rápido acesso a informações, relatórios, tabelas, gráficos, comparativos, indicadores, simulações etc. 2. Precisão, confiabilidade e amplitude em informações. 3. Redução nos custos e melhoria na produtividade. 4. Comparações com outras entidades públicas, e até empresas. 5. Melhorias nos serviços públicos realizados e oferecidos. 6. Aperfeiçoamento e melhor fundamentação no processo decisório. 7. Processo decisório mais ágil. 8. Facilitação e maior motivação para a interatividade entre as pessoas que tomam deci- sões, o que gera o desenvolvimento de maior experiência nelas. 9. Possibilidade de realização de planos e projeções mais confiáveis. 10. Possibilidade de análise mais profunda e segura do mercado e repercussões na coleti- vidade. 11. Facilitação do fluxo de informações. 12. Modernização e simplificação da estrutura organizacional. 13. Democratização da estrutura de poder nas organizações públicas e nas empresas. 14. Maior capacidade do gestor público para se adaptar às contingências do mercado, da demanda da coletividade, das situações inesperadas e assim por diante. 15. Possibilidade de geração de conhecimento, teoria, inteligência e sabedoria na organi- zação, buscando posição de liderança quanto à capacidade inovadora. Quadro 1: A importância de um sistema de informação para as empresas Essa é uma lista de sugestões. Há muito mais aspectos de importância para os siste- mas de informação nas organizações e nas empresas. Sugiro que você se esforce e inclua ao menos mais cinco itens que denotam a importância desses sistemas. Imagine a organização em que você atua, ou a que você melhor conheça. Pode ser a sua igreja, a organização em que trabalha, como desejar. É importante fazer essas pequenas atividades em seu livro, pois assim estabelecerá uma espécie de diálogo com ele. EaD Si kberto Renaldo Marks 20 Minhas sugestões de mais itens sobre a importância dos sistemas de informação para as empresas: 1. 2. 3. 4. 5. Seção 3 Evolução dos sistemas de informação Antes da invenção da escrita a informação era transmitida oralmente de geração a geração. É de se crer que muito se perdia. Mesmo naqueles tempos registros se faziam por meio de dese- nhos. Com a escrita a informação pôde ser mais bem armazena- da, com maior fidelidade, e por mais tempo. Ou seja, criou-se a capacidade de o ser humano acumular conhecimento anotando seu saber, ao longo do tempo. A escrita permitiu o armazenamento da informação, elemento vital para todo e qualquer sistema de informação. A escrita foi uma grande revolução para os antigos sistemas de informação. Com o surgimento das nações e dos grandes impérios, das guerras, do comércio, o desenvolvimento da tecnologia ao longo do tempo, a utilização de informações tornou-se cada vez mais importante. Era necessário principalmente registrar a informa- ção para poder recuperá-la depois, como acontece, por exemplo, nos contratos. O seu processamento intermediário, como fazem hoje os computadores, era algo impensável. O que se fazia era a Acumular conhecimento A sociedade humana é muito criativa e inventiva. Está sempre desenvolvendonovos conhecimentos ou aperfeiço- ando e expandindo os já existentes. Pois de alguma forma esse conhecimento precisa ser registrado para que não se perca. Isso vem sendo feito por meio de livros, filmes e outros registros, e recente- mente pela informática. Assim fica fácil acumular conheci- mento, transformando-o em informação registrada de alguma maneira. Essa informa- ções podem ser resgatadas por qualquer pessoa que deseje assimilá-lo, e assim, outra vez transformá-lo em conhecimento. Por esse processo a humanidade vai acumulando conhecimento, ou seja, tendo a sua disposição cada vez mais conhecimento. EaD 21 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES atualização de fichas e livros, como os antigos arquivos e seus fichários. Não demorou para aparecer um profissional que se tor- nou famoso: o guarda-livros, sucedido pelo contabilista. Aquele guarda-livros era responsável pelo armazenamento e atualiza- ção das informações das empresas e organizações. Este era o processamento que ele fazia. A interpretação daquelas informa- ções nem era muito importante, mas ela era realizada pela pes- soa que administrava a organização. E muitos se limitavam a saber quanto estavam vendendo, quanto tinham a receber e quan- to deveriam pagar. A concorrência, no entanto, se intensificou, e muito. E con- tinua se intensificando cada vez mais. Já estamos nos tempos de globalização dos negócios, isto é, o comércio se torna mundial, bem como o desenvolvimento da tecnologia e as transações de informações assim se intensificam. Enfim, a sociedade econômica nos leva a uma nova situa- ção, a revolução da informação. Antes deu-se a revolução agrí- cola, que modernizou a produção primária. Depois tivemos a re- volução industrial, que modernizou a produção nas fábricas. Agora temos a revolução da informação, que tem outros nomes, como revolução do conhecimento, revolução tecnológica, revo- lução da informática, etc. Outros a chamam de Terceira Revolu- ção Industrial, ou Revolução Técnico-Científica-Informacional. Com ela estamos entrando na chamada “sociedade do conheci- mento”. Os primeiros computadores, na década de 50, eram à vál- vula, com quilômetros de fios. Eram lentos, serviam para cálcu- los, feitos apenas algumas vezes mais rápidos que à mão. Neces- sitavam de consertos freqüentes. Eles ocupavam grandes espa- Sociedade do conhecimento Há alguns anos a produção e o enriquecimento eram baseados em três fatores fundamentais: a terra, o capital e o trabalho. Nos últimos anos, porém, outro fator entrou em cena e tornou-se mais importante que os demais. Esse fator é o conhecimento. Produz-se tanto conhecimento nessas últimas décadas que ele se tornou vital para a humanidade. Sem conhecimento já não se pode existir. Ou, sem produzir conhecimento a humanidade entraria em colapso. Assim, produzimos cada vez mais conhecimento e necessitamos produzi-lo. Estamos na sociedade do conhecimento, vivemos dele e não sobrevive- mos mais sem ele. EaD Si kberto Renaldo Marks 22 ços, faziam barulho com o ligar e desligar dos relés. Quando surgiram os transistores, redu- ziu-se a quantidade de fios e a velocidade do processamento aumentou significativamente. Após o transistor surgiu o microcircuito, que mais tarde resultou no microprocessador, um sistema integrado de grande quantidade de transistores numa só placa. O armazenamento de informações deu um salto, com a invenção das fitas e tambores magnéticos. A velocidade do processamento estava na casa dos milionésimos de segundos, algo incrível naqueles tempos. Na década de 60 do século 20 foi criada uma nova técnica de circuitos integrados, o SLT (Solid Logic Technoloy). Permitia processamentos simultâneos. As técnicas de integração dos cirquitos evoluíram e o processamento chegou aos bilionésimos de segundos. Na cécada de 70 os microprocessadores evoluíram muito, dando um salto no processamento de dados. Também nessa época surgiram as primeiras transmissões de dados entre computadores, por meio de redes. De 1980 em diante o mundo presenciou o surgimento da inteligência artificial com altíssima velocidade, programas de elevado grau de interatividade com o usuário. Também a Internet foi ganhando espaço, e poderiamos dizer, explodiu mundo afora na década de 90. Hoje os sistemas de informação informatizados são utilizados tanto em grandes orga- nizações como nas bem pequenas. O mundo e as pessoas não vivem mais sem esses recur- sos. A informação tornou-se a matéria-prima do conhecimento, fácil de ser utilizada. Sistemas de informação atualmente não são mais apenas para informar, mas para desen- volver estratégias de getão pública, para gerar conhecimento, desenvolver ciência, de- senvolver as pessoas, gerar conhecimento organizacional, e assim por diante. Não há nenhum exagero em afirmar que atualmente o maior patrimônio da humanidade é a informação e o conhecimento. EaD 23 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES Seção 4 Abordagem sistêmica Vamos estudar algo sobre a Teoria Geral dos Sistemas. Uma vez que nosso foco é estudar sobre administração da informação, e como já sabemos que a informação é processada por um siste- ma, agora vamos refletir um pouco sobre sistemas. E o que é um sistema? Vamos a uma definição. Conforme Oliveira (1996, p. 34), a Teoria Geral dos Sistemas define siste- ma como um conjunto de e lementos ou componentes interdependentes, que interagem para se atingir determinado objetivo comum, formando um todo unitário e complexo. Vamos refletir sobre essa definição? Acompanhe o raciocí- nio. Em primeiro lugar, sistema é um conjunto de elementos, certo? Quantos elementos? Pelo menos dois. É que um elemento não forma um conjunto, isso é óbvio! Há, porém, uma caracterís- tica nesse conjunto: eles são interdependentes, e interagem entre si. Esse ponto é importante para se entender um sistema: interação interdependente. Nunca esqueça isto. Essas partes, pela sua interação interdependente, têm ao menos um objeti- vo, mas podem ser mais. E uma última coisa: eles formam um todo complexo. Entendeu? Mais ou menos? Então está bom, vamos enten- der isso melhor, afinal, um estudante de curso superior que não souber explicar um sistema passa vergonha. Toda organização é um sistema. Ela possui elementos que a compõem. E que elementos são esses? São, por exemplo: pes- soas, em suas diversas funções; prédios com suas salas; compu- Elementos ou componentes interdependentes São as partes de algo que se necessitam mutuamente, e que também se relacionam mutuamente. Por exemplo, o nosso corpo é composto de elementos interdependentes. Os braços necessitam dos ombros, do cérebro, do estômago, e assim por diante. O cérebro necessita dos braços e do estômago. E este, por sua vez, necessita dos braços e do cérebro. As peças de um automóvel também são assim, mas não em tanta intensidade de interdependência como os órgãos de nosso corpo. Perceba o seguinte: o exemplo que demos sobre o corpo é limitado a alguns órgãos. Na verdade todos dependem de todos. Faltando um, há deficiência, e dependendo de que órgão faltar, há prejuízo sério ou há interrupção da vida. Numa empresa os departamen- tos, setores, etc., são interdependentes entre si. É importante que os gestores vejam a empresa dessa forma. Interação interdependente É o relacionamento entre partes que se necessitam mutuamente. Numa empresa, por exemplo, o departamento financeiro necessita de vendas, de produção, de contabilidade, etc., assim como estes também necessitam do departamento financeiro. Por isso precisam trocar informações entre si, ou seja, precisam relacionar-se, pois um depende do outro. EaD Si kberto Renaldo Marks 24 tadores e seus programas; telefones; recursos financeiros; recursos materiais; muitas anota- ções em diversos lugares; uma estrutura organizacional hierárquica; fluxo de informações, entre as pessoas dentro da organização, e com pessoas de fora dela, e muito mais. Pois bem, essas partes são interdependentes entre si, ouseja, todas elas necessitam umas das outras, não conseguem funcionar de modo totalmente independente. Por exem- plo, os programas de computadores necessitam das pessoas para funcionar, e as pessoas precisam dos programas para fazerem seu trabalho. Assim também o fluxo de informações necessita dos telefones, e outros recursos, e as pessoas os usam. E esse sistema todo, como já se pode perceber, torna-se bem complexo para descrever, não é mesmo? É só tentar descrever por completo o conjunto das partes de uma organização pequena e explicar como se relacionam entre si, e verá como isso é difícil. E esse sistema todo, que chamamos organização, que poderia ser uma prefeitura, ou uma autarquia, tem seus objetivos. Se não os tivesse, para quê teríamos um sistema? Quais são os objetivos de uma organização? Podem ser vários, e entre os mais comuns temos: para as empresas pode ser a obtenção de resultados positivos; crescer no mercado; obter estabili- dade financeira e econômica; melhorar a qualificação; produzir tecnologia, e assim por di- ante. Para uma prefeitura pode ser a obtenção de condições para que as empresas sejam bem-sucedidas, que os cidadãos tenham estabilidade em seus empregos, com qualidade de vida, que tenham educação e participem do desenvolvimento econômico. É possível lembrar de outros sistemas para ilustrar, além do sistema de organização pública? Sim, estamos rodeados por sistemas. Aliás, nós mesmos, nosso corpo, é um sistema. Um relógio é um sistema, um automóvel também. O que você acha, uma caneta é um sistema? E uma caneta em sua mão escrevendo, é um sistema? Faça o teste utilizando a definição anterior, e vai conseguir responder. Lembre- se, apenas um conjunto de partes ainda não é um sistema, mas pode vir a ser, se completar- mos a definição. Sistema tem de ter partes interdependentes, que interagem entre si visando a alcançar um objetivo. Agora pense numa organização que cuida do saneamento numa determinada cidade. Isso é um sistema? EaD 25 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES Vamos aprofundar mais a compreensão dos sistemas. Eles têm, como abordamos na seção em que estudamos os sistemas de informação, quatro elementos: entrada, processamento, saída e feedback. Entrada consta da captação dos dados primários. Pode ser em forma manual ou por meio de recurso de informática. Exemplo: a computação das horas trabalhadas, tempo para- do, etc., numa folha de pagamentos. Processamento é a transformação de dados em saídas úteis. Isso também pode ser realizado manualmente ou por computador. Exemplo: a realização dos cálculos da folha de pagamento para a definição do valor a pagar. Saída é o fornecimento de informações úteis, por meio de gráficos, relatórios, tabelas, e outras formas. No caso em pauta, a saída podem ser os contracheques. Feedback é uma saída especial que todo sistema necessita. Ela é útil para realizar correções e ajustes no processamento e na entrada do sistema, e também na saída. Por exemplo, se ocorrem problemas nos contracheques, ou se o processamento atrasa, ou se ocorrem outras disfunções, essas são informações de saída que dão a entender que algo precisa ser feito para que não ocorra mais. As causas das situações podem estar tanto no processamento quanto na entrada, como até mesmo nos fornecedores do sistema. Então, identificadas as causas, serão tomadas medidas corretivas. O feedback, contudo, não é só para correções, também serve para avaliações, aperfeiçoamentos, prevenção, e muito mais. Veja agora uma ilustração de um sistema geral. Figura 2: Componentes de um sistema geral entrada processamento saída feedback EaD Si kberto Renaldo Marks 26 Estude a figura anterior. Ela representa qualquer sistema. Note então que um sistema de informação tem esse sistema geral por modelo, com pequenas adaptações. É assim que se pode representar todo e qualquer sistema, com adaptações a partir do sistema geral, que sempre é representado da mesma maneira, como na Figura 2. Desenhe e redesenhe esse fácil modelo, e não o esqueça nunca mais, pois é o modelo básico para todos os demais sistemas. Identifique as diferenças desse modelo geral para com os sistemas de informação. Compare com a Figura 1. Seção 5 Ecologia da informação Os profissionais que lidam com informações têm-se limitado essencialmente aos as- pectos técnicos do hardware e do software. Gerenciar a informação era, e em muitos caso ainda é, realizar investimentos em equipamentos e desenvolver softwares. Além disso, têm incluído o treinamento e a qualificação de pessoas para fazerem esses equipamentos funci- onar. Acontece que os avanços tecnológicos tem ocorrido em velocidade acelerada, o que de certa forma justifica essa postura. Você que lê essa seção, está sendo convidado a meditar um pouquinho. Fica evidente que tal postura não é suficiente, não é mesmo? Imagine a situação: uma empresa bem equi- pada com computadores, uma quantidade de programas recém-desenvolvidos e de alto de- sempenho. Essa empresa, supõe-se, está na vanguarda do que de mais avançado existe em informática para sistemas de informação. Agora vêm três perguntas: ela está realmente bem suprida com informações? Ela é estrategicamente bem gerenciada? As pessoas que nela trabalham sabem desenvolver estratégias competitivas a partir das saídas de seu sistema de informação? A prática tem demonstrado que não. Apenas dispor de bom equipamento e bons programas é o mesmo que ter uma fábrica com boas máquinas e boa matéria-prima, mas cujos colaboradores não sabem bem o que fazer com tudo isso. EaD 27 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES Davenport e Prusak (1998) criaram uma nova abordagem para melhor obtermos pro- veito dos sistemas de informação. Vamos explicar em poucas palavras. Essa nova aborda- gem eles chamam de “ecologia da informação”. Isso diz algo para você? Deve dizer o se- guinte: a ênfase é no ambiente da informação. Não mais nos equipamentos e nos progra- mas. Programas e equipamentos sempre serão necessários, porém a informação e o que com ela se faz na empresa ou nas entidades públicas é ainda muito mais importante, você não acha? Na ecologia da informação estão incluídos até mesmo os valores das organizações e sua cultura quanto à informação, ou seja, o que costumam fazer com a informação. Agora você já deve estar pensando que considerando os valores e a cultura de uma prefeitu- ra, por exemplo, quanto à utilização da informação, de imediato chama a atenção para o gerenciamento desses aspectos, não é mesmo? E é exatamente isso. Há mais, porém. Ecologia da informação também inclui as forças e armadilhas que interferem no intercâmbio de informações na organização. Isso significa que em todas as organizações há políticas de uso das infor- mações, costumes consagrados que são seguidos para uso das infor- mações. Há situações em que são estabelecidas regras rígidas para o uso das informações. Isso tudo, e muito mais, afeta a eficácia, para melhor ou para pior, do desempenho de um sistema de informação numa empresa ou numa entidade pública. Vejamos por outra ótica. Uma prefeitura, por exemplo, bem estruturada, com um bom sistema de informação, terá bom proveito desse sistema se capacitar as pessoas que nela trabalham para fazerem bom uso das saídas geradas. Isso, porém, é só o início. As pessoas devem sentir-se à vontade para criar alternativas, devem sentir-se motivadas a inventar, pro- por, analisar e desenvolver novas idéias. Elas precisam ter motivos para, com um poderoso sistema de informação ao seu dispor, buscar desenvolver conhecimento sobre a prefeitu- ra, sobre os munícipes, sobre o ambiente, e assim por diante. Consegue agora imaginar o potencial dessa simples expressão “ecologia da informação?” Pois prepare-se, a ênfase de nosso estudo será nessa direção: a sábia utilização desses sistemas. EaD Si kberto Renaldo Marks 28 Seção 6 Dado, informação, conhecimento, inteligência e sabedoria Vamos nesta seção assimilar maiscinco conceitos vitais para o gerenciamento da in- formação numa organização. São os conceitos de dado, informação, conhecimento, inte- ligência e sabedoria. Você vai gostar de entender esses conceitos, pois tem a ver com você mesmo, com a organização e com todas as pessoas. Agora vamos nos aprofundar no concei- to de ecologia da informação. Venha comigo, lendo com atenção, pois o assunto está fican- do cada vez mais importante. • O que é dado? Côrtes (2008, p. 26) ensina que “são sucessões de fatos brutos, que não foram organizados, processados, relacionados, avaliados ou interpretados, represen- tando apenas partes isoladas de eventos, situações ou ocorrências.” Os dados são as “unidades básicas” das informações, segundo o autor. Imagine uma construção civil. A pilha de tijolos encostados no chão, para serem colocados organizadamente na parede, são os dados. Ou, em outro exemplo, o número 30 é um dado. Ele não nos diz nada, senão um valor, mas de quê? • O que é informação? Côrtes (2008, p. 26) afirma que “quando os dados passam por algum tipo de relacionamento, avaliação, interpretação ou organização, tem-se a geração de informação.” No caso dos nossos exemplos, quando o pedreiro organizou os tijolos em forma de uma parede, o conjunto desses tijolos adquiriu um significado, e a parede seria a informação. Ou, lembra daquele número 30? Que tal dizer assim: um homem andando de bicicleta a 30 quilômetros por hora. Isso já é uma informação, pois temos aí um relaciona- mento entre um número, velocidade, um ser humano e um veículo. Com dados não se pode tomar decisões, mas com informações isso já é possível. Por exemplo, um veículo a 130 quilômetros pode levar o guarda a tomar a decisão de aplicar uma multa. Uma obser- vação: a qualidade e quantidade de informações mais a capacidade de quem decide qualificam as decisões. Deu para entender o que é informação? Dito de outra maneira, por exemplo, um dado relacionado a outros dados pode criar um significado, algo que nos serve como informação. Por exemplo, 16 horas, é uma informação? Não, é só um dado. Se dissermos, EaD 29 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES porém, que o ônibus partiu às 16 horas, então temos uma informação. Relacionamos esse valor a outros dois dados, o ônibus e a partida. São três dados que criam um significado, até bem importante para quem perdeu o ônibus, não é mesmo? Vamos aproveitar o momento para aprender o que é um metadado. O conceito mais comum de metadado é pilha de dados, ou dado sobre dado, ou um conjunto de dados ligados entre si. Entendeu? Provavelmente não. Com um exemplo deixaremos tudo claro. Imagine aquele número 30. É um dado, como já dissemos, mas é um dado simples. Agora 30 km, ainda é um dado, mas já é um metadado. E 30 km por hora. É um metadado, pois ainda não diz nada. Metadado é um dado composto de vários dados, mas que ainda não nos serve de informação, porém um cavalo a 30 km por hora, aí já é uma informação. Ou 38Cº, também é um metadado, e 38Cº na sala de reuniões quer dizer que lá está bem quen- te. Temos aí uma informação. Podemos até dizer: a coisa está quente lá dentro. • E o que é conhecimento? Será um conjunto de informações? O que acha? Grande parte dos sistemas de informação é isso mesmo: “sistemas de informação”, e mais nada. Não são capazes de gerar conhecimento, portanto tem pequena utilidade. Siga o raciocínio, vamos entender com um exemplo, depois traremos a definição de geração de conhecimento. Voltemos ao número 30. É só um dado. Agora 30 km por hora, é um metadado. Um cavalo correndo a 30 km por hora é uma informação. Saber até que velocidade um cavalo pode correr; saber até quanto ele pode correr se bem treinado, saber por quanto tempo um cavalo pode correr nessa velocidade; saber por quanto tempo um cavalo pode correr até se cansar; saber qual a faixa de idade em que o cavalo mais rende para correr, isso já é conhecimento. Diz Côrtes (2008, p. 40) que “ao dispormos de diferentes informações relacionadas a um tema, é possível ascender ao estágio do conhecimento, no qual a tomada de decisões pode ser efetivada com maior adequação e em longo prazo.” Ou seja, com conhecimento pode-se decidir com maior precisão e até mesmo planejar. Por exemplo, um veículo a 135 km por hora, para o guarda de trânsito pode significar a necessidade de aplicação de uma mul- ta. Se ele souber, entretanto, que se trata de uma ambulância transportando um enfartado EaD Si kberto Renaldo Marks 30 vai deixar passar, aliás, se puder, vai tentar ajudar bloqueando outros veículos para que a ambulância passe mais depressa. Para tomar essa decisão ele necessita de mais que uma simples informação, necessita de conhecimento. Aliás, veja bem o seguinte. Conhecimento não é só o conjunto de informações que ele pôde ver. Não é só ver que se trata de uma ambulância com a sirene ligada. É conhecer as leis de trânsito para essa situação, e com isso tudo, decidir o que fazer. Considerando a nossa comparação em forma de construção, dado é o tijolo, a parede é a informação e as dependências formadas com as paredes são o conhecimento. • E inteligência, o que é? A pergunta vital agora é: o que fazemos com as informações e com o conhecimento? Muito se pode fazer, você diria. E está certo. Podemos tomar deci- sões, o que é mais óbvio, mas também podemos planejar, replanejar, executar os pla- nos, podemos ainda refletir sobre o que está acontecendo. Podemos, principalmente, fazer perguntas. E, a partir das perguntas, podemos desenvolver novo conhecimento. Com o tempo, podemos desenvolver teorias e leis científicas. Para fazer todas essas coisas temos de ter inteligência. Inteligência é o quê, então? É a capacidade de usar o conhecimento e as informa- ções de forma criativa, para fazer algo útil com elas, criar soluções, progredir, realizar, construir, e principalmente para desenvolver mais conhecimento. A inteligência é favorecida pela interação entre as pessoas. Quanto mais as pessoas trocarem idéias entre si, mais inteligência elas desenvolverão. E também mais conhe- cimento gerarão. A inteligência, portanto, é bem mais um fruto do esforço conjugado entre várias pessoas bem organizadas do que o mesmo número de pessoas agindo indivi- dualmente. Em nossa analogia com a construção, inteligência é a capacidade de dispor as depen- dências da casa de forma que sirva melhor para os seus fins. Se for uma casa na praia as dependências certamente serão diferentes de outra num bairro de uma cidade grande. E certamente elas serão diferentes para o caso da construção ser um hotel ou um conjunto de escritórios. EaD 31 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES • E, finalmente, o que vem a ser a sabedoria? Côrtes (2008, p. 44) afirma que “a sabedoria é a capacidade de utilizar ade- quadamente e de maneira ampla a inteligência disponível sobre determinado assunto.” Vamos entender isso, pois é importante. A sabedoria é, di- gamos, uma inteligência superior, capaz de nos conduzir para melhor chegarmos a realizar as coisas de modo a sermos bem- sucedidos. As pessoas sábias valem-se de princípios construtivos para conduzirem as suas vidas, assim elas obtêm sucesso mais facilmente. Utilizemos a ilustração da construção. Nela a forma como dispusemos as dependências era a inteligência. A sabedoria é como nós usamos tudo o que há na casa, buscando obter resultados que sejam favoráveis a todas as pessoas que dessa casa se ser- vem. Para isto nos utilizamos de princípios de vida, tais como honestidade, cordialidade, buscar agir com qualidade, busca do aperfeiçoamento, fazer logo o que tem de ser feito, assumir os compromissos, etc, principalmente amar as outras pessoas. Isso é sabedoria, a capacidade de agir com base nas informações, conhecimento e inteligência de modo tal que os resultados sejam positivos e bons para todos. Em contrapartida, em lugar da sabedoria poderíamos ter a astúcia, que seria a sabedoria negativa, prejudicial. Os astutos pensam maisem si mesmos, os sábios pensam em todos. Vamos meditar um pouco? Para quê mesmo servem os planos estratégicos nas empresas? Já pa- rou para pensar sobre essa questão? Um plano es- tratégico deve ser o guia de uma prefeitura, de um Estado, de uma empresa para que oriente as Princípios construtivos São os conceitos que devemos seguir para que algo dê certo e seja bem-sucedido. Por exemplo, “sempre fazer algo bem-feito” é um princípio construtivo, mas ser desleixado não é. Nas empre- sas seus Planos Estratégicos geralmente prevêem um conjunto de princípios que as pessoas devem seguir para que ela alcance os resultados positivos desejados. Princípios de vida São conceitos que as pessoas seguem para alcançar sucesso em suas carreiras profissionais e em sua vida social e afetiva. Por exemplo, ser amável é um princípio básico para uma boa vida social. Assim há outros princípios, como: honestidade, pontualidade, esforço em fazer as coisas, busca da perfeição, e assim por diante. Plano Estratégico É o plano de longo prazo de uma empresa ou de uma organização. É o conjunto de ideais da alta administração que norteia os esforços de todos, que assim logram alcançar objetivos de curto, médio e longo prazos. Resulta no estabelecimento de um direcionamento a ser seguido pela empresa para alcançar a missão por ela estabelecida. EaD Si kberto Renaldo Marks 32 pessoas que nelas trabalham, no sentido de que realizem esse trabalho com sabedoria, pensando na sua organização, nas de- mais pessoas, no povo em geral, nos clientes, nos concorrentes e na economia como um todo. Parte do princípio de que todos necessitamos uns dos outros, portanto, em lugar de nos destruir- mos mutuamente, sejamos sábios e construamos nossa econo- mia e sociedade como empreendimentos em conjunto. Esse enfoque ainda retomaremos mais adiante. Seção 7 Fontes de informações da autoridade pública Esta seção, embora concisa, é importante. Refere-se aos lugares de onde vêm as entradas de nossos sistemas de informa- ção, ou seja, as fontes dos dados e das informações. Essas fontes podem ser de origem interna (da própria organização) ou do am- biente externo. De imediato podemos refletir sobre algo relevante. Sistemas de informação que só usam fontes internas são fracos, e não po- dem contribuir muito para a formação de estratégias sociais. Não contribuem muito para a produção de conhecimento e para o desenvolvimento da inteligência e sabedoria. Possibilitam isso tudo, mas de forma bem mais limitada que aqueles sistemas que incluem fontes externas de dados e informações. Como estamos em plena globalização dos negócios, não há mais como não processar em nossas organizações o que se passa fora delas, e que é de interesse para nossas estratégias. Ou seja, não há mais como ficar alheio ao que se passa no contexto. Globalização dos negócios É a intensificação e a facilitação da realização de negócios entre empresas e mesmo entre indivíduos de diferentes países. EaD 33 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES Nem como ficar desinformado sobre o que pensam e como deci- dem os empresários, as pessoas e as outras entidades, de tantas que existem. Nem sobre o que se passa na economia nacional e mundial. E assim por diante. Acha que esse raciocínio é impor- tante? As fontes internas são bem óbvias. Elas vêm dos setores de serviços públicos, de obras, de produção, de estoques, de pesso- as, da qualidade, e da própria contabilidade, e muito mais. Vêm também de reuniões, relatórios, estudos, análises feitas na orga- nização. As fontes externas vêm de periódicos, jornais, estatísticas, outros órgãos públicos, cidadãos, outros profissionais, agências de publicidade, governo, universidades, centros de pesquisa, en- tre outros. Fontes externas há em quantidade incrível. A própria Internet é uma fonte inesgotável de muitas informações impor- tantes. E os gestores dos órgãos da gestão pública podem formar as suas próprias redes de informações externas, com outros pro- fissionais e pessoas com quem possam trocar informações, mui- tas vezes privilegiadas. O importante é que na gestão pública se desenvolva a ati- vidade de prospecção de informações do ambiente externo. Pode- mos chamar isso de ‘serviço de inteligência’. Ou seja, a empre- sa hoje em dia precisa ter um olho voltado para fora dela e outro para dentro. Com isso ela deve buscar conhecimento do que se passa lá fora, desenvolver inteligência e sabedoria estratégica, para conseguir mais eficácia na gestão pública, inserida num mer- cado que cada vez mais se assemelha a uma guerra não declara- da, onde salve-se quem puder. Serviço de inteligência É a atividade que se realiza principalmente no âmbito de governos e dos órgãos de segurança, mas também nas empresas, visando a entender o modo de agir de pessoas, organizações e outros gover- nos. Tem por objetivo orientar organismos governamentais para os quais esses serviços trabalham. Inteligência e sabedoria estratégica A inteligência é a capacidade de pessoas ou grupos de pessoas utilizarem conhecimento, de gerarem novo conhecimento e de realizarem coisas úteis com o conhecimento. A sabedoria é a capacidade, ou dom, de usar a inteligência para bons propósitos, que propiciem benefícios não somente a quem faz algo, mas a outras pessoas, e que não cause prejuízo a ninguém. Inteligência e sabedoria estratégica são competências que só podem ser encontradas em algumas empresas e organizações. Têm por característica saber dirigir a empresa ou organização para que ela cresça com segurança e honestidade, produza bons resultados aos seus donos, colaboradores, clientes e sociedade. EaD Si kberto Renaldo Marks 34 Seção 8 Internet, Intranet e Extranet A Internet desenvolveu-se no tempo da guerra fria, nas décadas de 60 e 70 do século passado. Os Estados Unidos desenvolveram uma rede para ligar computadores militares entre si, para o caso de um ataque da União Soviética. Assim foi desenvolvida a ARPAnet, criado pela Arpa (Advanced Research Projects Agency), que antecedeu a Internet. O sistema de rede, com muitos nós de conexão, permitia que, caso um ou mais computadores fossem destruídos, a comunicação assim mesmo funcionaria por outros nós com outros computadores. O sucesso foi grande, a tal ponto que resolveram utilizar a rede tam- bém para pesquisas científicas nas universidades. Como a quantidade de dados aumentou consideravelmente, criou-se a MILnet (abreviatura de Military Network), para fins militares, e a nova ARPAnet para fins não-militares. A Internet desenvolveu-se pela criatividade de Tim Berners-Lee, um cientista, e pelo CERN, Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire – Centro Europeu de Pesquisas Nucle- ares – que criaram a World Wide Web – WWW. Inicialmente ela interligou as universidades e centros de pesquisa científica. A partir do início dos anos 90 surgiu o HTML (HyperText Markup Language, que significa Linguagem de Marcação de Hipertexto), liguagem utilizada para produzir páginas na Internet, o HTTP (Hypertext Transfer Protocol, que significa Protocolo de Transferência de Hipertexto), protocolo utilizado para transferir dados pela WWW, que é parte da Internet. A Internet na verdade é um conglomerado de redes, não apenas uma rede, com milhões de computadores interligados pelo protocolo da Internet. Permite a transferência de dados e informações, e tudo o que se puder transformar em ambiente virtual. Atualmente a maior utilização da Internet é como correio eletrônico, esforços de cola- boração remota (como a enciclopédia Wikipédia, pesquisas científicas, troca de informa- ções, formação de redes pessoais de colaboração) e o compartilhamento de arquivos. A criatividade, no entanto, cria a cada dia novas utilidades para o mundo virtual, especial- mente no campo dos negócios. EaD 35 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES Como uma conseqüência da Internet, não demorou muito para se desenvolverem as intranets e as extranets. A Intranet constitui-se de umarede corporativa de computadores tal como a Internet, porém ela é exclusiva para uma determinada organização, somente os computadores da empresa ou entidade pública podem acessá-la. Seus computadores podem ser facilmente acessados e dados compartilhados por pessoas autorizadas, de qualquer de- partamento da organização, mesmo que estejam localizados distantes dela. É, portanto, uma rede privada de troca de informações, cujo acesso é limitado aos computadores dessa rede. Utiliza, no entanto, os mesmos protocolos e padrões da Internet. Permite acesso a documentos, informação de departamentos, programas de computadores, notícias internas e externas, interação de documentos, reuniões internas virtuais, calendários de eventos, utilização de manuais de procedimento, políticas internas da instituição, informações sobre o processamento de requisições e muito mais. Por sua vez, a Extranet é organizada com os mesmos princípios da Intranet, com a diferença de incluir colaboradores externos, representantes, cidadãos, fornecedores, ban- cos, etc., que não fazem parte do quadro funcional da organização. Outras organizações e entidades públicas podem ter acesso controlado e limitado ao sistema de informação de uma determinada prefeitura ou Estado, por exemplo. A formulação de estratégias de gestão pública e de políticas públicas pode ser acelerada por meio desses recursos da Tecnologia da Informação. Há muitos municípios e Estados valendo-se desses recursos, modernizando a sua gestão e assim obtendo melhores resultados. Seção 9 Informação como recurso estratégico de Políticas Públicas Hoje em dia, você há de concordar, não é fácil administrar uma empresa. Do mesmo modo, é cada vez mais complexo administrar um município. E muito mais um país, não acha? Já foi mais fácil tempos atrás. Um dos motivos é a forte concorrência entre as empre- sas, a globalização dos negócios e a possibilidade de crises globais, além de perda de renda EaD Si kberto Renaldo Marks 36 e de emprego. Isso pode acontecer de um trimestre para outro. Há, no entanto, outros motivos, por exemplo, as pessoas torna- ram-se mais exigentes. Os governos estão criando leis para que as empresas respeitem os clientes. Os cidadãos querem mais se- gurança e maior qualidade de vida. E a tecnologia não pára de evoluir, jogando no mercado novos produtos que desatualizam rapidamente outros produtos. Este é um cenário bem real. No conjunto, torna a administração bastante complexa, inclusive em municípios de pequeno porte, que geralmente enfrentam dificul- dades em reter seus jovens no local. Num contexto desses, de globalização, a informação, o conheci- mento, a inteligência e a sabedoria as- sumem importância cada vez maior. Meu amigo ou minha amiga: agora não dá mais para dirigir uma o rganização sem conhecer detalhadamente o que se passa com seus processos. E também não dá mais para desconsiderar o ambiente externo. Qualquer sistema de informação que não considere o ambiente externo não é completo, e tem pouca utilidade para a gestão estratégi- ca da empresa. A informação é um recurso estratégico vital. Com ela os gestores das organizações em geral devem aprender a desenvol- ver conhecimento. Eles precisam agora ser infogestores, isto é, serem capazes de, com base em informações, desenvolver conhe- cimento útil para partilhar com seus pares. Entenda bem o se- guinte: quem administra uma organização atualmente precisa fazer mais que apenas tomar decisões e dirigir processos. Ele precisa desenvolver conhecimento sobre a própria organiza- ção. E precisa desenvolver conhecimento sobre o que se passa na economia, no contexto ambiental da sociedade, sobre os ci- Infogestores São gestores contemporâneos capacitados a utilizar as informações bem como os recursos da Tecnologia de Informação para motivar e desenvolver quem com eles trabalha. EaD 37 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES dadãos, sobre o mercado em geral, sobre as tendências da tecnologia e muito mais. Resu- mindo, os gestores tem hoje extrema necessidade de empreender esforços em suas organiza- ções para nelas as pessoas desenvolverem conhecimento pertinente as suas atividades. Entendeu o drama? Em poucas décadas, todos aqueles que são revestidos de altas funções nas organizações precisam saber como conduzir seus liderados para que todos juntos saibam utilizar as informações que vêm dos sistemas de informação, e de outras origens, e transformar em conhecimento e resultados positivos para a comunidade. Isso além do que já faziam, que é tomar decisões. Então veja só, as organizações tornaram-se também centros de pesquisa, de apren- dizagem, de desenvolvimento da ciência administrativa. Isso é muito interessante para quem está entrando no mercado de gestores. É uma oportunidade para mudar a cultura de muitos gestores mais antigos, que têm grande dificuldade em gerir o desenvolvimento de conhecimento e de inteligência, mais a sabedoria nas empresas e nas entidades públicas. Resumindo esta seção: os sistemas de informação, o que fazem mesmo? Bem, coletam dados e os transformam em informações, não é isso? E o que faziam as organizações há uma década com essas infor- mações? Tomavam decisões para conduzi-las. Hoje isso tudo está mu- dando, e rapidamente. Já não é mais suficiente decidir, é necessário muito mais. A gestão pública enfrenta maiores desafios em atender os cidadãos e as organi- zações privadas. Por exemplo, para poder negociar nesse mundo de negócios cada vez mais competitivo, em que empresas buscam tirar outras do mercado, é fundamental desenvolver conhecimento. Lembra o que é conhecimento? Simples, é um conjunto grande de informações que pessoas inteligentes e sábias são capazes de utilizar para conduzir a sua organização. Co- nhecimento é formado de informações, e precisa estar ligado às mentes das pessoas. O co- nhecimento escrito não tem valor algum se um grupo de pessoas não o utilizar para boas finalidades. O que se encontra escrito em livros não é conhecimento, é informação, que se estudada por pessoas, em suas mentes se transforma em conhecimento. Assim é na empresa, os sistemas de informação devem ter agora função estratégica. Isso quer dizer o quê? Que as EaD Si kberto Renaldo Marks 38 informações que esses sistemas fornecem em suas saídas devem envolver o que acontece no ambiente social e econômico, onde estão tanto os cidadãos quanto as empresas, e serem, pelas pes- soas, transformadas em conhecimento, e este ser transformado em poder estratégico para soluções sociais. Seção 10 Sinergia da informação e desinformação “O conceito genérico de sinergia é coerência e integração”, conforme Rezende (2008, p. 11). Segue explicando que “a sinergia é a coerência de informações, idéias, planos, direcionamentos, ações, com relações efetivas entre os níveis superiores, médios e inferiores, bem como seus paralelos.” O que significa, então, sinergia da informação? Isso é bem fácil de entender, mas é algo que, com freqüência, nas organiza- ções não ocorre como deveria. Assim, preste atenção ao que vem a seguir. Imagine duas situações em empre- sas privadas. Na primeira, você dirige uma empresa e nela há um bom sistema de in- formação. Os gestores usam essas infor- mações para a elaboração de planos coe- rentes entre si. Elaboraram um Plano Estratégico geral que orienta toda a organização. Todos os departamentos seguem esse plano, e agem de modo que um ajude o outro. Eles não competem entre si, mas se auxiliam e se complementam. Sinergia A palavra sinergia deriva do grego synergía, composta de sýn (cooperação) e érgon (juntamente). Assim, significa o esforço coordenado e harmonioso de várias pessoas ou subsistemas na realização de uma tarefa, obtendo um efeito ou resultado superior do que se essas pessoas ou subsistemas atuassem em separado. EaD 39 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES O que você acha? Nessa empresa há ou não sinergia de informações? Sim, há, porque nelanormalmente as pessoas cola- boram entre si e não ocorrem conflitos de idéias que levam a per- das de tempo, brigas, boicotes e outras situações lamentáveis. É claro, isto pode acontecer, mas é exceção, não ocorre com fre- qüência. E são situações mais facilmente solucionadas. Agora imagine uma outra situação. Você dirige uma em- presa que também tem um bom sistema de informação, porém, nesse caso, os gestores agem de forma independente um do ou- tro. Cada departamento faz seus planos em separado. Na empre- sa até já elaboraram um Plano Estratégico, mas que não é devi- damente considerado. É como se nem existisse. Cada diretor age conforme ele mesmo acha ser o mais certo. Ocorrem conflitos entre os líderes e altos gestores. Eles não se entendem, e são freqüen- tes as brigas e boicotes entre os departamentos. Nessa empresa ocorre freqüentemente a desinformação. Ou seja, eles não se entendem ali dentro. Falta um rumo para a em- presa. Ela se parece com um cobertor curto e estreito em dia de frio: cada um puxa para um lado diferente, e nunca é suficiente para todos. Imagine que nessa situação na empresa haja muita manipulação, um tentando enganar o outro, escondendo ou re- tardando informações, distorcendo-as. E sempre que puder, al- guém tentará criar situações embaraçosas para outra pessoa que detesta. Numa situação dessas uma empresa consegue competir facilmente com as melhores do mercado? Então, conseguiu entender o que é sinergia da informa- ção? Vamos a uma definição diferente, para que possa entender melhor esse assunto. Sinergia da informação é o uso de um sis- tema de informação por parte dos líderes da organização vi- sando, em conjunto, colaborando um com o outro, a conduzir a Desinformação É uma informação que não contribui, mas que confunde ou cria dúvidas. Pode também ser a manipulação da verdade para confundir a opinião pública. EaD Si kberto Renaldo Marks 40 organização para que seja bem-sucedida em suas incumbências. Imagine o quanto a sinergia é importante para a gestão pública. Sinergia é um colaborar com o outro para obter resultado superior ao que obteriam atuando isoladamente. Sinergia é o efeito da colabora- ção em equipe. Na medida em que uma pessoa tem dificuldade de compreender uma situa- ção, outra a ajuda. E reúnem-se com freqüência para debater relatórios em conjunto. Reú- nem-se também para desenvolver mais conhecimento em conjunto. Resumindo, trabalham muito por meio de reuniões para assim poderem melhor colaborar um com o outro, visando sempre ao bem comum e resultados como um todo para a organização. Agora aí vai um desafio: faça uma descrição de como deveria ser a sinergia da informa- ção em uma prefeitura, ou em um órgão público de prestação de serviços à comunidade, ou mesmo numa empresa que conhece. Se for numa organização de natureza pública, não esqueça o cidadão, a comunidade, as outras organizações. Perceba desde logo que é bem mais complexo administrar instituições públicas do que privadas. As entidades públicas envolvem o conjunto de interesses conflitantes entre si, de natureza política. Nas organiza- ções privadas o interesse é de quem controla a empresa. Seção 11 Integração da informação Rezende (2008, p. 123-124) observa que “não é mais possível aceitar que os sistemas sejam isolados e completamente independentes nas organizações.” Ou seja, ele afirma que “as integrações dos sistemas de informação são as relações de interdependência entre os sistemas ou subsistemas existentes na organização e o seu meio ambiente interno e exter- no, que dinamizam a troca de dados e informações entre eles.” A integração da informação é absolutamente necessária para que aquilo que estuda- mos na seção anterior, a sinergia da informação, possa efetivamente ocorrer. Veja bem, além de as pessoas colaborarem entre si, o próprio sistema deve estar de tal maneira constituído para que ele seja íntegro, isto é, para que seus subsistemas dialoguem entre si. Tente imagi- EaD 41 SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES nar uma prefeitura com sistemas de informações não integrados, isto é, para que não se comunicam entre si. Quais as conseqüências disso? E se a própria administração funcionar em setores que se isolam entre si? O que acontece? Você até pode estar pensando assim: mas isso todo mundo já sabe, que os sistemas numa empresa não podem agir isoladamente, que precisam funcionar de forma interdependente. Sim, claro, todos sabem, mas muitas empresas, por diversos motivos, ain- da estão na situação que todo mundo já sabe que é prejudicial. Vamos a um exemplo, para entender melhor. Imagine uma organização na qual tudo está informatizado, como se diz. Imagine, porém, que o sistema que controla os serviços não tem interface com o sistema contábil e o sistema de produção também não. Vamos parar aí, certo? Que transtorno, não é mesmo? Tudo o que se processa em serviços e em produção precisa ser digitado outra vez para entrar no sistema contábil. É perda de tempo, erros que precisam ser procurados e corrigidos, e assim por diante. Tudo funciona mais devagar. O que acha, é possível haver sinergia num contexto desses? Coloque-se na seguinte situação: você precisa de um orçamento rápido, para ter em mãos em dez minutos. Há uma demanda ur- gente requerendo informações importantes para elaborar um importante projeto. Você está literalmente ‘no mato sem cachorro’, isto é, perdido no meio de dados e informações que não colaboram entre si, por falta de integração. Tal situação é bem comum em prefeituras, em empresas e em outras organizações, que estão em crescimento pois freqüentemente mu- dam de sistema ou anexam outros programas às novas atividades, e assim por diante. Em situações tais a organização terá baixa qualidade de in- formação, isto é, falta presteza, confiabilidade e conformidade com os fatos que ali ocorrem. Vai haver também falta de produtividade da informação, pois ela vem atrasada ou nem é possível de ser obti- da, sendo então insuficiente. Também podemos concluir que temos uma situação de falta de efetividade da informação, isto é, as infor- mações que o sistema gera não são regulares, nem são práticas, nem duráveis. A efetividade é o somatório da eficiência (desempenho) com a eficácia (resultado) como esclarece Rezende (2008, 124). EaD Si kberto Renaldo Marks 42 Tente imaginar uma situação dessas, se ela permite uma gestão estratégica estando, no caso uma prefeitura, inserida num contexto em que as empresas do município enfrentam alta competi- ção. Imagine que nesse caso os sistemas de informação da prefei- tura e das empresas não estejam integrados. Faça uma compara- ção virtual com outro município, no qual os empresários e gestores dialogam entre si e com o poder público para o uso da informa- ção, em que os sistemas, tanto da prefeitura quanto das empre- sas, estejam perfeitamente integrados. Pense como seriam os de- safios de um e de outro caso para o planejamento estratégico de cada município, bem como de cada empresa. Seção 12 Classificação de sistemas de informação Há diversas classificações dos sistemas de informação, ba- seadas em Tecnologia da Informação. Aqui desenvolveremos uma classificação que se presta a entender melhor a importância da informação em todos os níveis nas organizações. Temos, então, as seguintes categorias: • Sistemas de Informação Operacional • Sistemas de Informação Gerencial • Sistemas de Informação Estratégicos • Sistemas Especialistas • Sistemas de Apoio à Decisão Eficiência É a relação entre os resultados obtidos e os recursos aplica- dos. É, por exemplo, a medida de produtividade de uma pessoa ou equipe. É também fazer as coisas bem-feitas, conforme a boa técnica. Resumindo, é o desempenho de um processo ou atividade. Eficácia É a relação entre os resultados obtidos e os objetivos estabelecidos. É também fazer as coisas para que sejam úteis e tenham valor. Ou seja, não basta sermos apenas eficien- tes, devemos ser
Compartilhar