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DISCIPLINA: TRATAMENTO DE RESÍDUOS Lagoas de estabilização 1 Definição: É uma construção simples que faz parte da etapa de tratamento primário e utiliza o método biológico para remoção de poluente no tratamento de um efluente. As bactérias anaeróbias têm uma taxa metabólica e de reprodução mais lenta do que as bactérias aeróbias. E assim sendo, para um período de permanência de apenas 3 a 5 dias na lagoa anaeróbia (para esgotos domésticos), a decomposição da matéria orgânica é apenas parcial. Mesmo assim essa remoção da DBO, da ordem de 50 a 60%, a pesar da insuficiência, representa uma grande contribuição, aliviando sobremaneira a carga da etapa seguinte que pode ser, por exemplo, a lagoa facultativa. Objetivos: As lagoas anaeróbias têm sido utilizadas no tratamento primário de águas residuárias domésticas, agroindustriais (águas residuárias de frigoríficos, laticínios, bebidas, criatórios de animais, etc) e despejos industriais predominantemente orgânicos. Finalidades: No tratamento em lagoas anaeróbias, visa-se a remoção de material facilmente flotável e sedimentável, além da degradação parcial de parte do material orgânico dissolvido e em suspensão na água residuária em tratamento. Princípio do processo: Quando a disponibilidade de oxigênio no meio é muito baixa ou inexistente, haverá decomposição de material orgânico por ação dos microrganismos anaeróbios os quais são capazes de degradar, parcialmente, parte do material orgânico dissolvido em suspensão. DESCRIÇÃO DO PROCESSO Costuma-se dividir em três fases: Liquefação; Acidogênica; e Metanogênica. LIQUEFAÇÃO: Há hidrólise de materiais orgânicos complexos (proteínas, hidratos de carbono e lipídeos) que são transformados em material orgânico menos complexos (cadeias orgânicas mais simples) e mais solúveis. ACIDOGÊNICA: Conversão de mat. Orgânico solúvel produzido, em ácidos (gás Sulfídrico – H2S, mercaptans, indóis, nitrilas, fosfina e outros). Nesta fase deverá ocorrer queda no pH da AR em tratamento para valores entre 5,0 e 6,0. A formação de ácidos que exalam gases fétidos proporciona risco de geração de maus odores. As alterações no material orgânico não se traduzem em remoção de DBO da AR. METANOGÊNICA: Formação de metano, por ação das bactérias metanogênicas. Elevação do pH entre 7,2 e 7,5. Transformação de ácidos em CH4, CO2 e H2O (maus odores desaparecem). As transformações do material orgânico repercutem em remoção de DBO. A grande produção de gases pode proporcionar a formação de espessa camada de escuma sobre o líquido, o que pode dificultar o desprendimento de H2S, minimizar entrada de oxigênio e luz, e diminuir a osculação térmica no meio, fatores que são altamente positivos ao processo anaeróbio. Os sulfetos formados podem gerar precipitados de baixa solubilidade com metais pesados, removendo-os da solução. DISCIPLINA: TRATAMENTO DE RESÍDUOS Lagoas de estabilização 2 FATORES QUE INFLENCIAM O PROCESSO: O processo anaeróbio para ser completo e, por consequência, eficiente deve favorecer, ao máximo possível, a geração de gás metano. As condições do meio consideradas adequadas para o desenvolvimento das bactérias metanogênicas são: Temperatura entre 30 e 37 °C; pH próximo da condição neutra; Muito baixa ou nenhuma disponibilidade de oxigênio no meio líquido (bactérias metanogênicas não sobrevivem na presença O2. DIMENSIONAMENTO: São critérios empíricos baseados em tempo de detenção da AR na lagoa e/ou nas taxas máximas de aplicação volumétrica de DBO. TEMPO DE DETENÇÃO: - Deve ser o suficiente para que possa ocorrer sedimentação de sólidos e para propiciar a degradação anaeróbia do material orgânico solúvel. - Bactérias de mais rápido crescimento o fazem em um período de 3 a 6 dias, enquanto as de mais lento crescimento demandam 20-30 dias. No caso de LA se o tempo de detenção for menor que 3 dias haverá baixo crescimento de bactérias metanogênica, o que inexoravelmente conduz à exalação de maus odores (acumulo de ácidos no meio líquido). - O tempo de detenção recomendado no tratamento de AR domésticas em LA deve estar entre 3 e 6 dias e para AR agroindustriais entre 5 e 50 dias. Baseado no tempo de detenção hidráulica a ser usado, o volume da lagoa anaeróbia pode ser calculado como se segue: V = td x Q V – volume requerido para a lagoa (m3); Td – tempo de detenção hidráulica (d); Q – vazão média afluente (m3. d-1). MÉTODO DA TAXA DE APLICAÇÃO VOLUMÉTRICA O volume da lagoa anaeróbia pode ser determinado se for fixada a carga orgânica a ser aplicada por volume de tanque: em que, V: volume do tanque (m3); Q: vazão de água residuária (m3.d-1); DBO: concentração de DBO (kg.m-3); Tav: taxa de aplicação volumétrica (kg.m-3.d-1). - Recomenda-se, para maior proporcionar condições de anaerobiose adequada minimizando se riscos da produção de maus odores, que a taxa volumétrica a seja aplicada em lagoas anaeróbias esteja entre 0,1 e 0,4 kg.m-3.d-1. - A profundidade de lagoas anaeróbias deve estar entre 3,0 e 5,0 m, condição fundamental para que o processo ocorra em condições predominantemente anaeróbias. DISCIPLINA: TRATAMENTO DE RESÍDUOS Lagoas de estabilização 3 - A construção da lagoa anaeróbia deverá obedecer aos mesmos critérios construtivos estabelecidos para a lagoa facultativa, lagoa de tratamento secundário, a ser posicionada em seqüência à lagoa anaeróbia. CRITÉRIOS CONSTRUTIVOS Podem ser construídas por escavação no solo ou formadas com a construção de barragens de terra. Por escavação, como o terreno é mais firme, os taludes de corte podem ser de 1:1 (distância horizontal:distância vertical) ou mais inclinado. Solos arenosos exigem taludes menos inclinados enquanto nos argilosos a inclinação do talude pode ser maior. Figura 1 – Vista tridimensional de uma lagoa anaeróbia retangular (tronco de pirâmide) Lembrar que para o cálculo das dimensões da lagoa em nível do solo, deve-se acrescentar uma folga de, no mínimo, 0,5 m na altura. Figura 2 – Vista em planta e corte transversal de uma lagoa anaeróbia. TRATAMENTO SECUNDÁRIO LAGOA FACULTATIVA: - As lagoas facultativas são lagoas de estabilização que fazem parte do tratamento secundário de águas residuárias. Nesta unidade ocorre a conversão do material orgânico carbonáceo e de solutos em massa de algas. - A finalidade é a estabilização do material orgânico contido nas águas residuárias. - O material orgânico dissolvido (DBO solúvel), juntamente com o material orgânico em suspensão, de pequenas dimensões (DBO DISCIPLINA: TRATAMENTO DE RESÍDUOS Lagoas de estabilização 4 finamente particulada), é decomposto por bactérias facultativas (bactérias que tem a capacidade de sobreviver tanto na presença como na ausência de oxigênio), proporcionando maior grau de depuração à água residuárias. O oxigênio necessário para respiração das bactérias aeróbias é fornecido, principalmente, pela fotossíntese realizada pelas algas que se desenvolvem no meio líquido. Figura 3 – Fluxo da água residuária em sistema de lagoa anaeróbia seguida de facultativa. - Como é necessária insolação suficiente para que as algas se desenvolvam plenamente, essas lagoas precisam possuir grandes áreas superficiais para sua melhor eficiência. - A camada de lodo formada no fundo das lagoas deve ser removida a cada 5 - 6 anos para que o material acumulado não comece a interferir na eficiência do processo de depuração. - O lodo removido tanto da lagoa anaeróbia como da facultativa, depois de secado ao sol, pode ser aplicado em culturas agrícolas como adubação orgânica. - Para o correto dimensionamento das lagoas facultativas, é fundamental o conhecimento da taxa de degradação aeróbia do material orgânico contido na água residuária. - A eficiência de remoção de sólidosem suspensão em lagoas facultativas pode chegar a mais de 90% e a de DBO a mais de 85%. DIMENSIONAMENTO Método da taxa de aplicação superficial: Por este método, tal como já apresentado para lagoas anaeróbias, utiliza-se uma taxa de aplicação de água residuária na lagoa que proporcione maior eficiência no processo. A área superficial de lagoa facultativa pode ser calculada com o uso da equação: em que, As – área superficial da lagoa (ha); Tas - taxa de aplicação superficial (kg.ha-1.d-1 de DBO) CONSIDERAÇÕES lagoas com C/L elevado tende a apresentar fluxo semelhante ao de pistão; lagoas com C/L próximo de 1,0 (lagoas quadradas) tendem a apresentar modelo tipo mistura completa; lagoas facultativas com C/L entre 2 e 4 apresentam fluxo disperso.
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