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João é morador do Município de Porto Maravilha e trabalha em local afastado de sua residência. Para chegar ao trabalho, faz uso de transporte público coletivo municipal entre o seu Bairro e o centro da cidade. Eis que no dia 15/03 estava em um ponto de parada no centro da cidade aguardando seu ônibus, quando o coletivo de outra linha atingiu o passeio e o feriu gravemente. João foi hospitalizado por 30 dias e o tratamento foi eficaz, porém perdeu o movimento do braço esquerdo. A investigação da polícia civil detectou que a empresa de ônibus cumpriu rigorosamente todas as normas de segurança, não sendo possível detectar nenhuma culpa por parte dela e nem mesmo do motorista. O inquérito concluiu tratar- se de fatalidade decorrente de falha mecânica não detectável previamente, não havendo como demonstrar culpa de nenhuma das partes envolvidas. Após sair de sua internação, João lhe procura na qualidade de advogado e lhe informa que procurou a empresa prestadora do serviço de transporte coletivo para solicitar indenização, porém lhe foi dito que não seria cabível nenhum pagamento pois o inquérito policial concluiu não haver culpa ou dolo de nenhuma das partes envolvidas e que João não estava na condição de usuário do transporte coletivo. a) De acordo com a jurisprudência atual, a empresa pode ser responsabilizada pelo dano causado a João, mesmo não sendo ele usuário do serviço e não havendo prova de culpa ou dolo de nenhuma das partes? Justifique e informe qual ação cabível, ser for o caso. Resposta: De acordo com o enunciado apresentado, João estava aguardando o transporte coletivo para ir trabalhar, momento este quando foi atingido por um coletivo de outra linha. No tocante a responsabilidade civil, conforme art. 37, §6º, da CF/88 e art. 43 do Código Civil, as pessoas jurídicas de direito público respondem civilmente de forma objetiva independente de culpa ou dolo, aplicando esta regra às empresas prestadoras do serviço público, que podem ser concessionárias ou permissionárias. No presente caso, trata-se de uma concessionária, uma empresa privada que celebrou um contrato de prestação de serviços com a Administração Pública, qual se transfere à execução de um serviço publico para a empresa privada, que desempenha sua atividade lucrativa desde que assuma os riscos dos danos que podem ser originados em sua atividade a clientes e terceiros. Cabe-se ressaltar que segundo o entendimento da Suprema Corte a equiparação entre o usuário e o não usuário do serviço público, sendo a presença do nexo causal entre o ato administrativo e o dano causado ao usuário indireto, é condição suficiente para ensejar responsabilidade objetiva da Pessoa Jurídica. Feitas tais considerações, no caso de João o dano causado em virtude do acidente causado pelo coletivo público, fica evidente na perda do movimento de seus braços e no custeamento das despesas hospitalares. Sendo assim, a responsabilidade da empresa concessionária será objetiva considerando que o transporte público é uma atividade tipicamente publica, o texto Constitucional impõe a responsabilidade objetiva a quem detém a concessão para gerir a atividade com base no risco de executa-la. Desta feita, para que João seja reparado pelo dano que lhe fora causado, devera propor uma Ação Indenizatória. b) O motorista do ônibus poderia, em algum momento, ser acionado para responder pelos danos causados? De que maneira? Resposta: Segundo o disposto no art. 37, §6º, da CF/88 e art. 43 do Código Civil, poderá haver uma ação de regresso pela Pessoa Jurídica contra o agente causador do dano. Contudo, a responsabilidade do motorista do transporte coletivo será subjetiva, devendo ser comprovado dolo ou culpa. Impõem-se ressaltar que, no momento em João for realizar a o ajuizamento a Ação de Indenização, não poderá ser diretamente contra o agente causador do dano, e sim contra o Estado e este ajuizar Ação de Regresso contra o agente. Contudo, conforme corrente jurisprudencial minoritária, entende-se que caberá a vitima o ônus de provar a culpa ou o dolo do agente e poderá demandar diretamente em juízo. - (8 pontos) Você é advogado do escritório “UNA 8º período Advogados Associados” e recebeu do seu gerente vários casos para produção de petição inicial. Abaixo estão alguns deles. Descreva, justificadamente, qual seria a competência/recurso cabível no caso. a) Juiz Federal demitido por ato do Presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Pela análise realizada nos autos do processo administrativo, você verifica que é caso de Mandado de Segurança, pois não haverá dilação probatória e ainda está dentro do prazo legal. (indicar justificadamente a competência e polo passivo do Mandado de Segurança) Resposta: Conforme disposto no enunciado da questão, o presente Mandado de Segurança será impetrado contra ato praticado pelo Presidente do Tribunal Regional de 1ª Região sendo assim a autoridade coatora e ocupante do polo passivo deste remédio constitucional será o Presidente do Tribunal supracitado. Por sua vez, a competência para o julgamento do Mandado de Segurança seria do Tribunal Regional Federal, conforme disposto no artigo 108, inciso I, alínea C da Constituição Federal de 1988, vejamos: Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; b) Empresa inabilitada em licitação realizada pelo Supremo Tribunal Federal. O ato que se objetiva atacar é o recurso decidido pela Presidência do STF. Pela análise do caso, você percebe que não é cabível mandado de segurança e há provas a produzir. (indicar justificadamente ação cabível, competência e polo passivo da ação). Resposta: Para atacar o Recurso decidido pela Presidência do STF, deverá ser proposto um Recurso Administrativo que deverá ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal, qual é o órgão competente. Por sua vez, o polo ativo da Ação será constituído pela Empresa e o Passivo pelo Supremo Tribunal Federal. c) Acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas que decidiu, em única instância, denegar a segurança a empresa que foi penalizada por ato do Governador do Estado com a pena de declaração de inidoneidade para licitar e contratar com a Administração Pública. (indicar justificadamente recurso cabível e competência). Resposta: O recurso cabível para impugnar a decisão exarada no Acordão proferido pelo Tribunal de Justiça de Alagoas será o Recurso Ordinário Constitucional, qual deverá ser analisado e julgado pelo Supremo Tribunal Federal, em consonância com o artigo 102, inciso II, alínea a da Constituição Federal: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: II - julgar, em recurso ordinário: a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; d) Ato do Ministro da Justiça que demitiu Analista Judiciário do cargo. Pela análise dos documentos, percebe-se que é possível a impetração de Mandado de Segurança. (indicar justificadamente a competência e polo passivo do Mandado de Segurança). Resposta: O órgão competente para analisar o mandado de Segurança será o Superior Tribunal de Justiça, conforme disposto no artigo 105, inciso I, alínea b, da Constituição Federal. O polo passivo da ação será constituído pela União vez que o ato fora praticado pelo Ministro da Justiça. Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; O Governador do Estado Beta decidiulimitar o teto remuneratório dos procuradores do Estado ao subsídio do chefe do Poder Executivo Estadual com a justificativa de que eles fazem parte da estrutura do Poder Executivo, bem como a grave crise financeira que se abateu sob o País com a pandemia do COVID-19 (Corona Vírus). Ocorre que os procuradores do Estado estão revoltados e querem reverter a medida. A Associação dos Procuradores do Estado Beta resolve então assumir as negociações para tentar convencer o Governador a voltar atrás, porém ele está irredutível. Diante desse cenário, a Associação dos Procuradores do Estado lhe procura na qualidade de advogado e lhe faz as seguintes indagações: a) Há algum fundamento jurídico-constitucional para o questionamento feito pelos Procuradores do Estado Beta? Resposta: No tocante a irredutibilidade, preceitua artigo 37, inciso XV, da Constituição Federal como regra a irredutibilidade dos subsídios e vencimentos, como garantia para o servidor público, assim, são irredutíveis e vitalícios por exigência constitucional, vejamos: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; Desta feita, a limitação no teto remuneratório dos procuradores do Estado ao subsídio do chefe do Poder Executivo, encontra-se em desconformidade com o teor do dispositivo supracitado, visto que a, foi o que o Estado reputou indispensável, como contraprestação, para absorção da atividade do funcionário publico. Neste sentido, questionamento realizado pela Associação dos Procuradores do Estado Beta, em representação do Estado Beta, encontra-se em conformidade com o preceito fundamental do texto constitucional, devendo a medida ser revertida. b) Há alguma ação específica que pode ser intentada pela Associação dos Procuradores, em nome de todos eles? Justifique qual e as suas condições, e como se dá a coisa julgada em relação à categoria. Resposta: Visando tutelar o direito liquido e certo de irredutibilidade, poderá ser impetrado mandado de segurança coletivo, regulamentado através da lei 12.016/2009, em seu artigo 21, caput e inciso l, e o artigo 5º, LXX, alínea B, da Constituição Federal. O Mandado de Segurança deverá ser impetrado contra a decisão proferida pelo Governador, atentando a Associação para o prazo de 120 dias corridos, qual se iniciará desde a ciência da decisão de redutibilidade. No tocante aos efeitos da sentença, a mesma, fará coisa julgada limitadamente para todos que fazem parte da categoria, conforme artigo 22, CAPUT, da Lei 12.016/2009. c) Caso algum procurador desejar ajuizar uma ação individual, tendo a Associação já promovida ação específica em nome de todos, como se resolve a questão da litispendência? Resposta: Caso algum dos Procuradores do Estado impetre o mandado de segurança individual, e posteriormente seja impetrado um mandado coletivo, este terá um prazo de 30 dias a contar da ciência comprovada para decidir se seguirá com o mandando de segurança individual ou se desistirá do mesmo. Se ocorrer a desistência, a sentença coletiva alcançará todos, mas, se segue com o mandado de segurança individual os efeitos são individuais, assim, haverá sentença distinta, sendo uma para o mandado coletivo e outra sentença para o mandado individual, conforme art. 22, caput e paragrafo 1º da Lei 12.016/2009.
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