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Escola de Administração e Negócios – ESAN Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis Disciplina: Contabilidade Aplicada ao Agronegócio Professor Dr. José A. Moura Aranha CULTURA PERMANENTE Método de Contabilização pelo Custo Histórico Campo Grande – MS., 16 de abril de 2020 Cultura Permanente São aquelas que permanecem vinculadas ao solo e proporcionam várias colheitas ou produção. Normalmente atribui-se à culturas permanentes uma duração mínima de 4 anos (MARION, 2014), porém, há de se considerar que basta apenas a cultura durar mais de um ano e propiciar mais de uma colheita para ser considerada permanente a exemplo da cana-de-açúcar, que em um ano já propicia a primeira colheita de uma série de aproximadamente 8 colheitas, citricultura (laranha, limão, tangerina, etc) cafeicultura, silvicultura (essências florestais, eucalipto, cortiça, seringueira), oleicultura (oliveiras), praticamente todas as frutas arbóreas como maçã, pêra, jaca, jabuticaba, goiaba, pêssego, uva etc.. Essas culturas são contabilizadas no Ativo Não Circulante – Imobilizado pelo reconhecimento dos seus custos de formação tais como: preparo do terreno, aquisição e plantio de mudas, produção de mudas, fertilizantes e corretivos, serviços de adubação, aquisição e aplicação de defensivos (fungicidas e inseticidas), mão-de-obra e encargos sociais, depreciação de equipamentos, manutenção de equipamentos, máquinas e instalações utilizados na cultura, serviços de irrigação, etc... Importante ressaltar que as despesas administrativas, de vendas e financeiras não compõem o gasto de formação da cultura, mas são apropriadas diretamente como despesas do período e não são, portanto, ativadas. Os custos para formação da cultura são acumulados na conta “Cultura Permanente em Formação – nome da cultura” no imobilizado, da mesma forma como acontece com a conta “Construções em Andamento” ou em curso em uma indústria. Após a formação da cultura, que pode levar vários anos (antes do primeiro ciclo de produção ou maturidade, ou ante da primeira floração, ou da primeira produção), transfere- se o valor acumulado da conta “Cultura Permanente em Formação – sub conta com o nome da cultura” para a conta “Cultura Permanente – sub conta com o nome da cultura” por exemplo “Cultura Permanente – Café”. Daí por diante, na fase produtiva, os custos não compõem o Imobilizado, mas são reconhecidos como estoque em formação (ativo Escola de Administração e Negócios – ESAN Curso de Graduação em Ciências Contábeis 2 biológico) no Ativo Circulante na conta “Ativo Biológico – sub conta com o nome da cultura”, após colheita, se o produto colhido for mantido em estoque na conta “Produto Agrícola – sub conta com o nome do produto”. A seguir figura com o esquema de contabilização definido por Marion (2014). Escola de Administração e Negócios – ESAN Curso de Graduação em Ciências Contábeis 3 Colheita ou produção da cultura permanente A partir desse momento a preocupação é com a primeira colheita ou primeira produção, com a sua contabilização e apuração do custo de produção. A colheita caracteriza-se, portanto, como um Estoque em Andamento, uma produção em formação, destinada à venda. Daí sua classificação no Ativo Circulante. Como o ciclo de floração, formação e maturação do produto normalmente é longo, pode-se criar uma conta de “Colheita em Andamento-sub conta com o nome da cultura”. Essa conta é composta de todos os custos necessários para realização da colheita: mão- de-obra e respectivos encargos sociais (poda, capina, aplicação do herbicida, desbrota, raleação, etc...), produtos químicos (para manutenção da árvore, das flores, dos frutos...), custo de irrigação (energia elétrica, transporte de água, depreciação dos motores...) custo do combate a formigas e outros insetos, seguro da safra, secagem da colheita, serviços de terceiros etc..., atividades estas que são os tratos culturais, que visam manter a cultura em perfeitas condições de dar frutos. Adiciona-se ao custo da colheita a depreciação (ou exaustão) da “Cultura Permanente”, sendo consideradas as quotas anuais compatíveis com o tempo de vida útil de cada cultura. A Depreciação/Exaustão, normalmente, é o principal item do cálculo do custo da colheita. Se durante a colheita ou a qualquer momento forem aplicados recursos à cultura permanente para melhorar a produtividade ao longo dos anos ou aumentar a vida útil da cultura, evidentemente não se deve sobrecarregar a safra do ano, mas o imobilizado, e este ativo será diluído às safras por meio da depreciação ou exaustão. Após o término da colheita, transfere-se o total acumulado de “Colheita em Andamento- sub conta com o nome do produto” para a conta “Produto Colhido-sub conta com o nome do produto”, conforme preconiza o CPC 16. Nessa conta são acumulados, se houver, custos de beneficiamento, de acondicionamento (embalagens), de silagem etc. À medida que a produção agrícola é vendida, dá-se proporcionalmente baixa na conta de Estoque e transfere-se o valor do custo à conta “Custo do Produto Vendido-sub conta com o nome do produto” (resultado do exercício). Dessa forma, haverá o confronto em a Receita e o Custo de produção, podendo-se apurar o Lucro Bruto. Segue adiante esquema de contabilização conforme proposto por Marion (2014). Escola de Administração e Negócios – ESAN Curso de Graduação em Ciências Contábeis 4 Custo Histórico Os ativos são incorporados pelo valor de aquisição, de construção ou de produção mais os gastos necessários para deixá-los em condições de gerar benefícios para a entidade. ] Aspectos Relevantes: Objetividade: É uma medida impessoal, portanto não depende de quem está avaliando. Tem como base o documento (critério objetivo). Verificabilidade: Verificável a qualquer tempo mediante exames dos documentos. Escola de Administração e Negócios – ESAN Curso de Graduação em Ciências Contábeis 5 Realização do lucro: Reconhece o lucro somente no momento da venda. Não reconhece o ganho econômico. É amplamente utilizado. O item 4.55, letra “a” do CPC 00, sobre o assunto define: Custo histórico. Os ativos são registrados pelos montantes pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos montantes dos recursos recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias (como, por exemplo, imposto de renda), pelos montantes em caixa ou equivalentes de caixa se espera serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações. Referências MARION, José Carlos. Contabilidade Rural. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2014. EXERCÍCIO - CONTABILIDADE CULTURA PERMANENTE A CUSTO HISTÓRICO A empresa Agrícola JAMA atua na produção de laranjas (Citrus sinensis L. Osbeck) da família das Rutáceas (Rutaceae) e que tem origem o continente asiático (Indochina e Sul da China), segundo a EMBRAPA. A cultura se torna produtiva a partir do terceiro ano com a floração no outono. Do preparo do solo, aquisição de mudas, plantio e tratos culturais até o momento da floração no terceiro ano, os custos incorridos são reconhecidos como imobilizado. Após a floração a cultura está no seu ciclo de produção de frutos, portanto, os custos incorridos são reconhecidos no Ativo Circulante como estoque. Após a colheita, o pomar requer tratos culturais (combate a ervas daninhas, desbrota, combate a pragas e doenças bem como adubação), dessa forma, inicia-se novo ciclo de colheitas que também é reconhecido como estoque no Ativo Circulante. Considerar uma vida útil produtiva de 10 anos para o pomar. Exemplo: A Cia Laranjal inicia o a formação de pomar de laranja para fornecimento à indústria de sucos, incorrendo nos seguintes custos: Ano X1: • Calagem (aquisiçãode calcário, aplicação e incorporação) – 20.000 • Preparo do solo (gradagem e abertura das covas) – 5.000 • Aquisição de mudas - 30.000 • Aquisição de fertilizantes e adubação (aplicação do adubo nas covas) – 25.000 • Plantio das mudas – 1.000 • Tratos culturais (combate a ervas daninhas) – 1.200 Escola de Administração e Negócios – ESAN Curso de Graduação em Ciências Contábeis 6 • Aquisição e aplicação de defensivos – 2.000 Ano X2: • Tratos cultuais (combate a ervas daninhas e desbrota) – 2.000 • Aquisição e aplicação de defensivos – 3.000 Ano X3: • Tratos culturais – 1.400 • Aquisição e aplicação de defensivos – 1.800 Ano X4: • floração no início do outono • tratos culturais – 1.600 • aquisição e aplicação de defensivos – 1.700 • serviços de colheita – 2.000 • foram colhidas e vendidas 590 caixas de laranjas por 36,00 cada (á vista) • custos após a colheita: • tratos culturais – 1.200 • aquisição e aplicação de defensivos – 1.350 PEDE-SE: FAÇA AS CONTABILIZAÇÕES E APRESENTE O BP e DRE no final de cada período.