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EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS Emergências Respiratórias na Infância 1 ª Fase: Lactente (até 12 meses) 2ª Fase: Criança (1 ano a 12 anos) Podem ser divididas em 4 tipos principais: - Obstrução da Via Aérea Superior: ovace (por corpo estranho) e edema de glote - Obstrução da Via Aérea Inferior: bronquiolite - Doença do Parênquima (tecido pulmonar): pneumonia e coqueluche - Distúrbio do controle respiratório: trauma, intoxicação, CA Relembrando: Frequência Respiratória na Infância Idade IPM até 1 ano 30 a 60 1a - 3a 24 a 40 3a - 6a 22 a 34 6a - 10a 18 a 30 > 10 anos 12 a 16 (American Heart Association, 2019) Segundo o AIDIPI (Manual de Quadros de Procedimentos, 2017), considera-se taquipneia a partir: As doenças respiratórias continuam sendo um dos principais problemas de saúde pública entre os menores de 5 anos, particularmente a partir da primeira semana de vida. Uma vez superadas as afecções associadas ao período neonatal, as infecções das vias respiratórias são as causas mais comuns de doença durante a infância. Uma criança com tosse ou dificuldade para respirar é avaliada conferindo: Tempo em que a criança está com tosse ou dificuldade para respirar. Se a criança apresenta sibilância. Batimento de asas nasais Respiração rápida. Tiragem subcostal: Principal manifestação do problema de respiração na infância. Quanto mais alto o nível da tiragem, mais grave é a dispneia. �Estridor Head bobbing: meneio da cabeça (mais em bebês) Para fins de classificação, considera-se que: - Desconforto Respiratório: revertido com medidas não invasivas - abertura de Vias aéreas, oxigenoterapia - Insuficiência Respiratória: revertida com medidas avançadas - Ventilação Por Pressão Positiva (Ambu) e IOT (Intubação). Segundo o Manual AIDPI (2017), classifica-se a criança que apresenta dificuldade para respirar em 3 cores: ➢ Vermelha: uma classificação em uma faixa vermelha requer atenção urgente e referência para atenção hospitalar. Essa é uma classificação grave. � ➢ Amarela: Uma classificação em uma faixa amarela significa que a criança necessita de um antibiótico apropriado, um antimalárico de administração oral ou outro tratamento. O tratamento inclui ensinar à mãe como dar medicamentos por via oral ou tratar infecções locais em casa. O profissional de saúde também orienta a mãe sobre a atenção da criança em casa e quando deverá retornar. � ➢ Verde: Uma classificação em uma faixa verde significa que a criança não necessita de tratamento específico, como antibióticos. O profissional de saúde ensina à mãe como atender a criança em casa. Por exemplo, você pode recomendar à mãe ou ao acompanhante sobre a maneira de alimentar a criança doente ou dar-lhe líquidos para a diarreia. 1) Obstrução de vias aéreas por Corpo Estranho - OVACE Pode ser classificada em duas causas: - Intrinseca: quando há queda da língua ou edema de glote - Extrínseca: ingestão de alimento ou objeto Principais causas: ingestão de brinquedos pequenos Principais manifestações: - Estridor inspiratório (ou laríngeo): som agudo emitido pela laringe - encontrado na OVACE e em situações de anafilaxia - Dificuldade na fala/choro - Alterações da voz - Palidez intensa - Cianose Desobstrução de vias aéreas: Manobra de Heimlich ou “em J”” A manobra de Heimlich é uma técnica de primeiros socorros, utilizada em casos de emergência por obstrução de corpo estranho, provocada por um pedaço de comida ou qualquer tipo de corpo estranho que fique obstruído nas vias respiratórias, impedindo a pessoa de respirar. Indicada para maiores de 18 meses Manobra de Heimlich para lactentes (até 12 meses): Coloque o bebê de bruços em cima do seu braço e faça cinco compressões entre as escápulas (no meio das costas). Vire o bebê de barriga para cima em seu braço e efetue mais cinco compressões sobre o esterno (osso que divide o peito ao meio), na altura dos mamilos. 2) Obstrução da Via Aérea Inferior: Bronquiolite É uma doença viral, causada principalmente pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR) Os surtos comunitários são mais frequentes no inverno e na primavera Público mais afetado: bebês até 2 anos (lactentes) É um vírus da família Paramyxoviridae, com RNA e transmitido principalmente por gotículas. Manifestações clínicas: - Coriza - Congestão Nasal - Tosse - Taquipneia - Tiragem - Sibilos - Febre baixa - Inapetência - Desidratação (pela inapetência) - Prostração A fisiopatologia da doença basicamente consiste no fechamento dos anéis cartilaginosos dos bronquíolos, levando a broncoespasmos e estreitamento, gerando o sibilo. Fases: 1. Início: 2 a 5 dias. Semelhante a uma gripe, com febre, coriza, irritabilidade e inapetência. 2. Fase Crítica - 7 a 14 dias. Principal fase em que os pais procuram o serviço de saúde. Inicia o comprometimento pulmonar, com dispnéia, tiragem e dificuldade para se alimentar. 3. Fase Convalescença - após duas semanas - de 3 a 10 dias. Tosse seca, principalmente noturna, mas sem cansaço. Abordagem da Bronquiolite: ➔ Fisioterapia respiratória ➔ Hidratação (VO ou EV) ➔ Oxigenoterapia ➔ Broncodilatador por nebulização – uso restrito (corticoides são contraindicados por levar a imunodepressão) ➔ Epinefrina por nebulização (broncodilatador) Obs.: Antibióticos e antivirais são contraindicados no tratamento. PCR em pacientes pediátricos A parada no público pediátrico não é um evento instantâneo, e sim o resultado final de uma deterioração progressiva. Suspeita: Paciente não responsivo ao estímulo, com respiração agônica ou ausente, com pulso central palpável e com frequência maior do que 60 batimentos por minuto (bpm). As causas variam segundo a idade e a saúde da criança e local do evento. Relembrando: 5 H’s e 5 T’s Os 4 passos iniciais do Suporte Básico de Vida na Infância 1. A criança ou bebê responde ao chamado? 2. Vou chamar ajuda e pedir o DEA 3. A criança ou bebê tem pulso CENTRAL e movimentos respiratórios? • Iniciar imediatamente Compressão e ventilação 4. Desfibrilar os mais precocemente possível Avaliação inicial (A, B, C, D, E): 1. Avaliar a permeabilidade da VA e, se indicado, corrigir situações de risco com as seguintes ações: • Permitir que o paciente adote uma posição confortável espontaneamente; • Realizar a manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo ou a de anteriorização/ subluxação da mandíbula; • Inspecionar a cavidade oral: aspirar secreções e retirar corpos estranhos; • Instalar cânula orofaríngea; • Considerar as indicações de VA avançada, preferencialmente a intubação orotraqueal • Na impossibilidade da intubação orotraqueal, podem ser utilizadas as seguintes alternativas: • Máscara laríngea ou outro dispositivo supraglótico; • Cricotireoidostomia por punção ATENÇÃO: não se deve realizar cricotireoidostomia cirúrgica em bebês e crianças. 2. Avaliar ventilação: • Frequência respiratória (taquipnéia, bradipnéia ou apneia): lembrar que frequência menor do que 10 ou maior do que 60 incursões por minuto (ipm), em qualquer idade pediátrica, sugere problema potencialmente grave; • Sinais de esforço respiratório: batimento de asa de nariz, retrações (subcostais, subesternal, intercostal, supraclavicular e supraesternal), inspiração e expiração prolongadas, balancim toracoabdominal (tórax retrai e abdome expande durante a inspiração), meneios da cabeça (ergue o queixo e estende o pescoço durante a inspiração e deixa o queixo cair para frente na expiração), gemência; • Expansão e simetria torácica; • Ausculta: presença e simetria de murmúrio vesicular, presença de sons nos pulmões e VAs (estridor, gemido, gorgolejo, sibilos, crepitações); • Avaliar oximetria de pulso e considerar a administração de oxigênio (O2) se saturação de O2 < 94%; • Considerar a necessidade de ventilação assistida por meio de dispositivo bolsa-valva-máscara (BVM) com reservatório ou através de dispositivos de VA avançada; • Se for necessária a ventilação assistida, ventilar com volume suficiente apenas para garantir a elevação visível do tórax, monitorizando oximetria de pulso (manter saturação de O2 entre 94 e 99%);cuidado para não hiperventilar – (Técnica de ventilação com BVM) 3. Avaliar estado circulatório: • Frequência e ritmo cardíacos; • Pulsos periféricos: amplitude e simetria; • Tempo de enchimento capilar (normal até 2 segundos); • Pele: coloração, umidade e temperatura; • Pressão arterial • Na presença de sangramento ativo visível, realizar compressão direta; • Considerar a instalação de acesso vascular: • No paciente instável, a obtenção de acesso venoso periférico deve ser limitada a duas tentativas em até 90 segundos e, se não obtido, realizar punção intraóssea • Na presença de instabilidade hemodinâmica, avaliar a necessidade de reposição volêmica e/ou uso de drogas vasoativas (se disponíveis) 4. Avaliar estado neurológico: • AVDI (alerta, verbal, dor e irresponsivo); • Escala de Coma de Glasgow • Avaliação pupilar: tamanho, fotorreatividade e simetria. 5. Exposição: • Manter o paciente confortável e aquecido; • Procurar por manchas e lesões em pele, deformidades, etc.; • Buscar evidências de trauma ou sinais de maus tratos; • Evitar hipotermia PROBLEMAS POTENCIALMENTE FATAIS: A Obstrução total ou parcial de vias aéreas B Apneia, aumento significativo de esforço respiratório, bradipneia C Ausência de pulsos palpáveis, perfusão tecidual inadequada, hipotensão, bradicardia D Incapacidade de responder, redução do nível de consciência E Hipotermia, hemorragia significativa, petéquia ou púrpura Suporte Básico de Vida Seguir a sequência: - C: Ênfase nas compressões torácicas - A: abertura de vias aéreas - manobras de Chin Lift ou Jaw Thrust - B: Ventilação protegida ATENÇÃO: checar pulso central por, no máximo, 10 segundos: • No bebê: pulso braquial; • Na criança: pulso carotídeo ou femural. Posicionar o paciente em decúbito dorsal em superfície plana, rígida e seca; providenciar o monitor/desfibrilador. Caso: respiração ausente ou agônica (gasping) e pulso presente e com frequência maior do que 60 bpm: • Abrir via aérea e administrar insufl ações com bolsa-valva-máscara (a insuflação de boa qualidade deve ter duração de 1 segundo e promover visível elevação do tórax); • Administrar uma insufl ação de boa qualidade a cada 3 a 5 segundos (12 a 20 insufl ações/minuto) e verificar a presença de pulso a cada 2 minutos; • Instalar rapidamente suprimento de oxigênio 100%, em alto fl uxo (10 a 15 L/min) na bolsa-valva-máscara; • Considerar a instalação da cânula orofaríngea, • Assim que possível, instalar dispositivo de via aérea avançada, preferencialmente a intubação orotraqueal Considerar o uso de máscara laríngea ou outro dispositivo supraglótico, se disponível, no caso de intubação difícil; • Após instalação da via aérea avançada, realizar uma insuflação a cada 3 segundos (20 insuflações/min); • Instalar o monitor/desfibrilador assim que disponível; • Instalar oxímetro de pulso; • Manter constante atenção para a ocorrência de parada cardiorrespiratória; • Instalar acesso vascular intravenoso/intraósseo Se, a qualquer momento, ocorrer ausência de pulso, iniciar manobras de ressuscitação cardiopulmonar PCR Critérios de inclusão para necessidade de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) em pediatria: • Paciente que apresente PCR; • Paciente irresponsivo e com respiração agônica ou ausente, que apresenta pulso com frequência ≤ 60 batimentos por minuto (bpm) e sinais de perfusão insuficiente apesar da oxigenação e ventilação adequadas. Se pulso ausente: iniciar imediatamente as manobras de RCP, começando pelas compressões torácicas, enquanto é instalado o monitor/desfibrilador. • Após 30 compressões torácicas (se um profissional realiza as manobras), abrir manualmente as vias aéreas e aplicar duas insuflações com dispositivo bolsa-valva-máscara com reservatório, com O2 suplementar a 100% (10 a 15 L/min). • A relação compressão e insuflação, enquanto não estiver instalada a via aérea avançada, deve ser de: • 30:2 se houver apenas um profissional realizando a RCP, com frequência de 100 a 120 compressões por minuto; • 15:2 se houver dois profissionais realizando a RCP (um para compressões e um para insuflações), com frequência de 100 a 120 compressões por minuto. • Assim que o monitor/desfibrilador estiver disponível e sem interrupção dos ciclos de RCP, posicionar as pás no tórax desnudo e seco do paciente. obs: Compressões torácicas de boa qualidade compreendem: • Paciente posicionado em decúbito dorsal horizontal, sobre superfície rígida e plana; • No bebê: comprimir o esterno com dois dedos posicionados imediatamente abaixo da linha intermamilar, deprimindo pelo menos 1/3 do diâmetro anteroposterior do tórax ou cerca de 4 cm; • Na criança: realizar compressões com uma ou duas mãos posicionadas na metade inferior do esterno, deprimindo pelo menos 1/3 do diâmetro anteroposterior do tórax ou cerca de 5 cm; • Permitir o completo retorno do tórax após cada compressão; não se apoiar sobre o tórax após cada compressão; • Limitar as interrupções nas compressões torácicas a menos de 10 segundos; • Comprimir na frequência de 100 a 120 compressões/minuto; • Alternar os profissionais que aplicam as compressões a cada 2 minutos. • Utilizar o monitor/desfibrilador assim que disponível, mantendo as manobras de reanimação até a efetiva instalação e disponibilidade do equipamento. Características das pás manuais do desfibrilador para o paciente pediátrico: • Paciente > 10 kg (aproximadamente 1 ano ou mais): pás manuais grandes (adulto = 8 a 13 cm); • Paciente < 10 kg (< 1 ano): pás manuais pequenas (infantis = 4,5 cm); • Posicionamento das pás no tórax: deixar um espaço de pelo 3 cm entre as pás manuais e ter cuidado para que não haja contato entre elas durante o uso; • Devem ser usadas as maiores pás que couberem no tórax do paciente, respeitando a distância mínima entre elas; • Se necessário, pode ser colocada uma pá de adulto na parede anterior do tórax e a outra no dorso, na região interescapular; • Quando houver indicação de choque, aplicar sempre pasta ou gel condutor nas pás antes do choque; não usar compressas de gaze embebidas em solução salina ou álcool, ou gel de sonografia. • Não interromper as manobras de RCP para administrar drogas no manejo específico do ritmo. • Manter os ciclos de RCP ininterruptamente até chegar à unidade de saúde, ou se o paciente apresentar sinais de circulação (respiração, tosse e/ou movimento). • NÃO HÁ INDICADORES SEGUROS DE RESULTADOS PARA ORIENTAR QUANDO TERMINAR OS ESFORÇOS DE REANIMAÇÃO NO PACIENTE PEDIÁTRICO.
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