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Resumo - Saúde do Trabalhador - Janinne S

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Saúde do Trabalhador: riscos e Vulnerabilidades. 
Sabe-se que, atualmente, a pandemia do COVID-19 tem se configurado como uma crise 
humanitária, uma vez que, em decorrência da sua dificuldade de contenção, para além da 
doença, tem ocasionado efeitos catastróficos socioeconômicos, que se apresentam críticos e 
persistentes. Nesse contexto, a pandemia no Brasil, refletiu ainda mais sob a conjuntura dos 
trabalhadores, visto que, concentram perdas importantes de direitos trabalhistas e 
previdenciários. Tão logo, a falta de apoio institucional do governo federal em ampliar as 
medidas de proteção social, acarretou numa intensa fragilidade e desregulamentação do 
trabalho, com a criação de subcategorias de empregados mais vulneráveis em termos de 
direitos, com destaque para o contrato de emprego intermitente e a terceirização de atividade-
fim, sendo evidenciada na Reforma Trabalhista, que se materializa na Lei n° 13.467/2017. 
Com isso, em decorrência da precarização do trabalho e o seu impacto no direito à saúde, a 
negligência estatal potencializou circunstâncias de vulnerabilidade e, consequentemente, 
interferiu de forma direta no adoecimento físico e psíquico. 
Nesse ínterim, é notório que o padrão de vulnerabilidade, acompanha as desigualdades 
estruturais da sociedade, principalmente, no que se diz respeito às lacunas, que dificultam 
ainda mais a proteção integral da mesma.. Em relação a composição do trabalho informal, os 
negros (homens e mulheres) estão maioria, além do que, estão susceptíveis à vínculos mais 
frageis de trabalho e, quando empregados, não têm sua atividade coberta por contrato de 
trabalho e seguridade social, com demissão facilmente processada por não impor custos 
trabalhistas. No caso das mulheres, em particular as negras, estão em grande situação de 
vulnerabilidade, por integrar setores econômicos considerados não essenciais, como é o caso 
da prestação de serviços domésticos, atividade que, em larga medida, foi paralisada sem 
remuneração. Assim, a desigualdade social extrema atrelada à elevada pobreza e miséria 
existentes no Brasil, constituem um sinal de alerta maior quando comparados com outros 
países. 
No que tange aos profissionais de saúde, a realidade em exercer a sua função no atendimento 
aos pacientes acometidos com a COVID-19, tem impactado a efetivação do seu processo de 
trabalho, pois, se encontram na linha de frente para o enfrentamento do vírus Sars-Cov-2. 
Ademais, a subnotificação e sub-registro das ocupações entre estes, vítimas do Covid-19, 
comprometem estratégias de controle demarcação das iniquidades em saúde, em que a tomada 
de decisão deve considerar a proteção desses trabalhadoras(es), para a manutenção de serviços 
essenciais e o distanciamento social de grupos vulneráveis, para com isso, reduzir a progressão 
da doença. É válido destacar que, os trabalhadores da saúde são todos àqueles que colaboram 
para garantir atenção à saúde, que acarreta diretamente no cuidado das pessoas vítimas 
coronavírus e/ou na realização de tarefas nos ambientes de trabalho de unidades de assistência 
à saúde (recepção, higienização, transporte de usuários, laboratório e afins), tendo como 
resultado, a sua exposição ocupacional, que vai muito além da categoria dos profissionais de 
saúde. Ou seja, essas ocupações supracitadas, relacionadas à saúde, ainda podem estar sendo 
invisibilizadas, corroborando para a sua exclusão dentro das estimativas mundiais. 
Concomitante a isso, é preciso levar em consideração a visibilidade alcançada pelo Sistema 
Único de Saúde juntamente com os trabalhadores da saúde, nessa atual conjuntura, haja vista 
que, nos últimos anos, as políticas de governo tenham negado a sua relevância estrutural. 
Ademais, essa visibilidade ainda não foi suficiente para sanar as lacunas e desafios existentes 
para possibilitar a atuação efetiva dos serviços de saúde, uma vez que, tanto os profissionais 
quanto trabalhadores em geral, continuaram trabalhando durante a pandemia, permanecendo 
sem garantia do direito à saúde, que inclui a possibilidade de adoção do distanciamento social, 
que não se assegura em circunstâncias de iniquidades sociais e de saúde. Com isso, urge a 
necessidade de colocar esse grupo, prioritariamente, como alvo de atenção para controlar a 
disseminação da doença e proteger à vida e, por conseguinte, articular políticas públicas e as 
demais iniciativas, para viabilizar a situação supracitada. 
Portanto, é preciso salientar que os trabalhadoras de saúde que estão na linha de frente na 
atenção à pandemia, têm enfrentando múltiplos riscos à sua saúde, bem-estar e segurança e, 
consequentemente, ocasionou no aumento de sobrecarga física e mental destes, diante das 
preocupações que afetam o seu biopsicossocial com a alta demanda de paciente vítimas do 
Covid-19 e das doenças já existentes, além da falta de EPIs e bem como na escassez de 
instrumentos médicos, os quais auxiliam no tratamento de pacientes, já vivenciados no país. 
Desse modo, em razão da exposição no ambiente da sua ocupação, refletiu em sentimentos de 
insegurança e medo da infecção, com a possível ideia de também contaminar a sua família e, 
assim, produzindo dilemas no que se refere à biossegurança. Nesse âmbito, surgiu a 
necessidade abrupta de adaptação nessa nova configuração de trabalho, acarretando cada vez 
mais em transtornos e reações intensas, que abarcam em hiper vigilância constante, afetando 
todo o mundo e, tão logo, reduzindo a qualidade de vida com danos psicológicos consideráveis. 
Dessa forma, é inadiável a urgência e emergência de respostas dos dispositivos de proteção 
social para garantir os direitos trabalhistas, com medidas de prevenção para a seguridade 
laboral de saúde, para com isso romper as lacunas construídas pela negligência institucional, 
que reforça a crise sanitária, social, econômica e política em que a sociedade está inserida. 
 
REDE COVIDA - Ciência, Informação e Solidariedade. Boletim Covida N. 6. Saúde do 
Trabalhador: riscos e Vulnerabilidades. Maio de 2020. 
 
 
 
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