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Tutorial 06 – Módulo XII CRISE CONVULSIVA É um sintoma que se manifesta como uma excitação neuronal anormal associada a manifestações motoras, sendo um tipo de crise epiléptica. → Crise epiléptica: excitação neuronal anormal vista no EEG → Definição de epilepsia: ocorrência de duas crises convulsivas em menos de 24 horas, sendo uma doença que facilita as crises. →EPIDEMIO: 10% da população irá ter pelo menos uma crise na vida, e apenas 3% destes serão classificados com epilepsia. → Causas primarias: não são provocadas, e não estão vinculadas a um evento incitante. → Causas secundarias: trauma, doença, intoxicação, transtorno metabólico, tumor cerebral e etc. →FISIOPATO: ocorre por uma hiperestimulação anormal em um neurônio que, por estar ligado aos demais, transmite o estimulo aos outros neurônios do SNC, e essa transmissão é classificada em: → Generalizada: transmissão pra ambos os hemisférios cerebrais, causando alteração de consciência, podendo ser: -Tonico-clonicas: inicia com enrijecimento do pcte, seguido de queda das construções, mais conhecidas pela população em geral. Tem a fase tonica por 10-30s, e depois clonica de 30- 60s. vai parando ate o pcte ficar apneico, comatoso e diaforético. Pacte dorme por horas e depois se queixa de cefaleia intensa, dor muscular. -Atônicas: queda abrupta do pcte no chão, casos graves. Mais comuns em distúrbios do desenvolvimento, como na Síndrome de Lennox- Gastaut (infância, resistente a fármacos, com disfunção cognitiva, atraso de desenvolvimento). -Ausência “pequeno mal”: olhar fixo ou piscando sem sincope. Envolvem canais de cálcio tipo T do núcleo reticular do tálamo. Perda de consciência breve sem perda do tônus. Geralmente na infância ou inicio da adolescência, podendo ter varias vezes no dia. -Mioclonica: abalos focais breves e irregulares, similar a um susto, e o pcte não percebe. Aqui entra a síndrome de West, um raro tipo de epilepsia em crianças, grave, que provoca atraso no desenvolvimento. → Focais/Parcial: transmite apenas pra um dos hemisférios, podendo ser: -Simples: ocorre quando o pcte está em alerta. -Complexa: alteração de consciência. -Generalização secundaria: começa em uma área e se espalha pra outro hemisfério. →AVALIAÇÃO PRIMÁRIA: realizar coleta de dados sobre o episódio com uma anamnese detalhada com o próprio pcte e com as pessoas próximas dele durante o momento da crise. Após uma crise, o pcte pode estar em quadro de confusão pós-ictal, sendo necessário dados por terceiros. Deve-se saber de que forma iniciou a crise, procurando saber se foi abrupta ou se houve incidência de aura, a duração da crise (se foi > 120segundos). Se ocorreu atividade sem proposito (movimentos repetitivos, tonico-ciclicos não direcionados), se ocorreu estado pós-ictal. Buscar informações sobre crises passadas, se tem desencadeante, presença de doenças agudas ou traumas, uso de drogas, estado de privação de sono, medicamentos atuais, falta de adesão ao tratamento epiléptico, mudança na dose medicamentosa, busca de achados fundamentais (amnesia retrógada, mordidas na língua, liberação esfincteriana, aura). A história clinica deve cobrir a existências de eventos pré e perinatais, crises no período neonatal, crises febris, qualquer crise não provocada, historia de epilepsia na família, TCE, infecção ou intoxição. →MANEJO E TRATAMENTO: dividido em tratar o quadro agudo e eliminar futuras crises convulsivas. No atendimento devemos avaliar vias áreas, padrões respiratórios e circulação. Caso possível, ver saturação de oxigênio com oximetria, glicemia (<60, administrar dextrose IV) capilar e ECG. Colocar pcte em decúbito lateral, evitando broncoaspiração, não segurar, não amarrar ou ter língua segurada. Primeira linha: benzodiazepínicos como Diazepam IV, lorazepam, midazolam IV/IM/IN Se o pcte persiste com convulsão, iniciar segunda linha com fenitoína IV, fosfenitoína ou ainda acido valproico. Terceira linha: realizar IOT, EEG, administrar pentobarbital IV, fenobarbital IV, midazolam, propofol em ultimo caso. Considerar como “Mal Epileptico não convulsivo” caso pcte não volte ao estado basal por tempo prolongado. →CONFIRMAÇÃO DIAGNÓSTICA: feita em pctes que se apresentam após ter uma suspeita de convulsão, levando em conta testemunhas e sintomas adicionais (palpitação, tontura, cefaleia, afasia, sincope) que podem levar a outros diagnósticos. Caso primeira vez, pesquisa fatores desencadeadores, historia de medicamentos e imunossupressão, sinais de TCE, achados focais ou intoxicação, exames auxiliares (glicose, eletrólitos, função hepática, toxicológico). Caso não seja a primeira, avaliar similaridade, fator de inicio, aura, parcial ou generalizada e avaliar estado pós-ictal. Realizar dosagem da carga medicamentosa. EEG: exame principal feito em todos os pctes com crises e epilepsia. Avalia a função cerebral na crise, o tipo, localização, quantidade de descargas (espiculas). Realizado em estado de vigília e em sono pra confirmar diagnostico de epilepsia. O exame inicial é normal em até 60% das pessoas com epilepsia, por isso deve-se realizar mais vezes. Sempre se mostra normal nas crises de ausência e nas crises convulsivas generalizas. Nas focais mostra alentecimento focal e descargas de espiculas nas áreas anormais. EPILEPSIA Doença cerebral que se caracteriza por ocasionar facilitação pra ocorrência de crises convulsivas, as quais não foram causadas por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. →EPIDEMIO: maioria dos pctes se encontra em paises em desenvolvimento, onde a qualidade de vida é pior e a incidência de infecções no SNC é maior. →CONCENTUAÇÃO: → Crise convulsiva: atividade elétrica anormal, em que ocorre geração de sinais e sintomas específicos, como abalo muscular. Pode ser provocada (distúrbio metabólico, intoxicação, abstinência, dano neurológico), tendo 7 dias entre o desencadeamento e a crise, ou pode ser não-provocada. → Epilepsia: doença cerebral crônica que predispõe as crises convulsivas não provocadas, ocorrendo duas no intervalo maior de 24 horas. → Síndrome epiléptica: conjunto de características que inclui tipo das crises, EEG, exames de imagem, ocorrendo tudo junto. →FISIOPATO: ocorre por mecanismos sinápticos próprios de alguns neurônios específicos que desencadeiam surtos de potenciais de ação, geralmente nos neurônios piramidais grandes localizados no hipocampo e no neocortex, associados a canais de cálcio e potássio lentos que permitem despolarização prolongada. Alguns desses mecanismos podem interferirem na liberação neurotransmissora, aumentando o tempo deles na fenda, e isso bloqueia a ação do GABA (inibitório), gerando surtos de potenciais descontrolados. Durante a crise, a concentração de K aumenta no extracelular, causando modificação do potencial de equilíbrio do ion, afetando correntes que ficam enfraquecidas e perdem a eficácia na repolarização. Também aumenta a acetilcolina, reduzindo ainda mais a concentração de K nas células que prolonga um efeito excitatório. As células da glia contribuem pro clearence extracelular, receptando os neurotransmissores. Fatores envolvidos: 1. Eventos intrínsecos da membrana 2. Grau de disenibição dos neurônios 3. Presença de circuitos recorrentes excitatórios 4. Modulação da concentração de ions transmissores. 5. Interações elétricas entre os neurônios. →ETIOLOGIAS: investigar desde a primeira crise epiléptica. Nada impede de que a epilepsia possa ser resultante de mais de uma etiologia. Etiologias Estruturais: anormalidade visível na estrutura em exames de neuroimagem estrutural. → Estruturais adquiridas: encefalopatia hipóxico-isquemica, AVC, trauma, infecção. → Estruturais genéticas: esclerosetuberosa (autossômica dominante). Etiologias Genéticas: resultado de mutação conhecida ou presumida na qual as crises epilépticas sejam o sintoma central da doença. Baseia-se em histórico familiar de doença autossômica dominante, mas genético não é sinônimo de hereditário, então o pcte pode ter uma mutação apenas nele. Esses casos não excluem a contribuição ambiental, como privação de sono, estresse e doenças. Etiologia Infecciosa: resulta diretamente de uma infecção do SNC conhecida, onde as crises epilépticas são sintomas centrais. Exemplos comuns são neurocisticercose, tuberculose, HIV, malária cerebral, toxoplasmose cerebral, panencefalite esclerosante subaguda, infecções congênitas como zika e CMV. Etiologias Metabólicas: porfiria, uremia, aminoacidopatias, crispes por dependência de piridoxina (vit B6). Etiologia Imune: evidencia de inflamação imunomediada no SNC. Pode ainda ter etiologia desconhecida. →CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES CONVULSIVAS: Crise de inicio focal: crises bem localizadas ou difusamente distribuídas, limitadas a apenas uma hemisfério, ou em estruturas subcorticais. Produzem sinais e sintomas equivalentes a função correspondendo do córtex envolvida. → Crise focal perceptiva: quando a consciência está intacta mesmo durante a crise, mas não está associada de o pcte ter ou não percebido a ocorrência da crise. → Crise focal disperceptiva: percepção do evento comprometida. Nas crises focais, em geral, os neurônios corticais/subcorticais desenvolvem surtos de potenciais de ação sódio dependentes, por mudança na condutância do cálcio, gerando descarga espículada no EEG. E a propagação do surto é prevenida pelos mecanismos inibitórios (hiperpolarização e interneuronios inibitórios). Crise de início generalizado: crise que se inicia em rede que envolve distribuição bilateral, tendo surtos de potenciais nos dois hemisférios cerebrais. → Crises motoras: atividade motora é bilateral desde o inicio da crise. → Crises não motoras: apresentam súbita parada de atividade e da percepção, tendo inicio e final abrupto, acompanhada de automatismos menos complexos. Geralmente em jovens. Nas generalizadas, em geral, dependem de circuitos tálamo-corticais. Ocorre despolarização prolongada durante a fase tonica, seguido de despolarização ritmina na fase clonia. Ativação de receptores NMDA aumenta a entrada de cálcio, levando a maior excitação neuronal. →MANIFESTAÇÕES CLÍINICAS: variam conforme a classificação da crise, tendo manifestações motoras ou não motoras. Manifestações das crises motoras: → Automatismo: movimentação esterotipada (mastigação). → Atonia: perda do tônus muscular. → Tonica: hipertonia muscular → Mioclonica: abalos focais breves e irregulares, semelhante a um susto que o pcte não percebe. → Hipercinética: movimentos rápidos → Espasmos: flexão e extensão dos braços e flexão do tronco. Manifestações das crises não-motoras: → Alteração cognitiva: afasia, dejavu, incerteza. → Alteração emocional: ansiedade e medo extremo → Manifestações sensitivas: parestesia e hipoestesia → Parada comportamental: parado com olhar vago → Alteração autonômica profunda. →COMORBIDADES ASSOCIADAS: problemas de aprendizado, déficit psicossocial, problemas comportamentais, todos variando com a gravidade. →EXAMES COMPLEMENTARES: → EEG: responde se o pcte tem epilepsia ou não, onde está localizada a zona epileptogenica e se o tratamento está sendo adequado. Realizar em sono e em vigília. → RN e TC: faz na suspeita de causas estruturas, e em pctes refratários a terapia medicamentosa. →AVALIAÇÃO CLÍNICA: construção de anamnese detalhada que permita classificar a possível etiologia, manifestações motoras ou não motoras, entre outros. Quanto aos exames laboratoriais, pedir glicemia, rastreio infeccioso, avaliação hidroeletrolítica, perfil toxicológico. Buscar alterações nos exames de imagem. ANTICONVULSIVANTES Na escolha do tratamento do pcte, tem alguns pilares que devem ser levados em conta: qualidade de vida em relação aos efeitos adversos, priorizar monoterapia, associação evitando fármacos com interação medicamentosa e evitar > 3 fármacos. → Primeira geração: brometo de potássio, fenobarbital, fenitoina, pirimidona, trimetadiona e etossuximida. → Segunda geração: carbamazepina, valproato e os benzodiazepínicos. → Terceira geração: progabida, gabapentina, vigabatrina, tiagabina, lamotrigina e topiramato. FENOBARBITAL: mecanismo de ação gabaérgica, usado pra crises focais, toniclonicas generalizadas, em qualquer idade (inclui recém-nascidos). Pode levar a ataxia, tontura, sonolência, disartria, fadiga, cefaleia, irritabilidade, vertigem, nistagmo e depressão. ÁCIDO VALPROICO: mecanismo de ação gabaérgico, bloqueia canal de cálcio tipo T e bloqueio de canal de sódio. Espectro amplo, usado pra focais e generalizadas, usado também pra estabilizador de humor. Pode causar náusea, cefaleia, aumento do TS, trombocitopenia, tremor, alopecia, astenia, sonolência, diplopia, tontura, zumbido e etc. Usado > 10 anos de idade, qualquer forma de epilepsia, monoterapia e adjunta. FENITOÍNA: bloqueador do canal de sódio, usado pra crises focais e tonicoclonicas, focais complexas ou combinação de ambas, crianças/adolescentes/adultos. Pode causar ataxia, tontura, sonolência, disartria, nistagmo, atrofia cerebelar, bradicardia, bloqueio de condução, hipertrofia gengival, anemia megaloblástica. Única droga disponível via IV. Pode ser usada após procedimento cirúrgico. Usada classicamente pra síndrome de Lennox-Gastaut. CARBAMAZEPINA: bloqueador do canal de sódio e discreta ação anticolinérgica. Droga de baixo custo, pode facilitar adesão. Indicada pra monoterapia ou adjuvante em crises focais, tonicoclonicas, pctes > 1 ano de idade. OXCARBAZEPINA: bloqueador do canal de sódio, usado pra crises focais e toniclonicas. Pode causar ataxia, tontura, cefaleia, náuseas, nistagmo, sonolência, alterações de marcha, tremores, dor abdominal e anormalidades visuais. Utilizada em gestantes. LAMOTIGRINA: bloqueador do canal de sódio, espectro de ação amplo (focais e generalizadas). Não tem efeito no citocromo P450 em relação a interação medicamentosa. TOPIRAMATO: bloqueador do canal de sódio, gabaérgico, antagonista do receptor AMPA/Kinase. Não tem efeito no citocromo P450. Tem muitos efeitos adversos, não sendo bem tolerado. Usado em crises focais ou tonicoclocinas pctes > 10 anos de idade. LEVETIRACETAM: ligação proteica SV2A (vesícula sináptica), impedindo que o neurotransmissor alcance a fensa sináptica, ou seja, atua na condução sináptica. Espectro bem amplo. Não tem efeito no citocromo P450. Mal tolerado do ponto de vista psiquiátrico, pois tem muitos efeitos negativos.
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