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Estudo dirigido 1 - Fisiologia renal

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1) Quais são os diferentes compartimentos do organismo? Quais as características que determinam a diferença de 
composição de líquido e solutos entre eles? 
 
De maneira simplista, podemos dizer que o organismo é composto pelo meio intracelular e extracelular, contudo, ao 
analisarmos mais profundamente, vemos que este último é formado pelos compartimentos intersticiais (entre células) e 
vasculares, sendo a conexão entre os dois mediada pelos vasos linfáticos. O meio extra e intracelular compõe o meio interno, 
isto é, o organismo, cujos órgãos trabalham para que se mantenha a homeostase, independente das variações do meio externo. 
O meio intra e extracelular se separa pela presença de membranas, que estão diretamente correlacionadas com a diferença de 
composição de liquido e solutos, de forma que o meio intracelular compõe 2/3 de todo o volume corporal e abriga a maior 
quantidade de água. Há ainda um espaço em menor proporção de volume e espaço, o transcelular, formado pela mucosa 
digestiva, a cavidade pleural e a peritoneal. A principal característica para composição distinta desses compartimentos se origina 
na baixa permeabilidade da membrana plasmática a solutos polares e carregados. Entretanto, no meio extracelular a 
composição do interstício e do espaço vascular é semelhante, uma vez que o endotélio pode ser fenestrado, permitindo a 
passagem de íons e moléculas. 
 
 
2) Qual a importância do alto fluxo sanguíneo renal e discuta a sua distribuição renal? 
 
A distribuição do fluxo renal não é homogênea, ou seja, apresenta distinção entre as diferentes porções do rim, de modo que 
o córtex recebe 90% do fluxo sanguíneo renal (FSR) e a medula apenas 10%. Isso faz com que o fluxo no córtex seja intenso 
e lavem intersticial seja grande, enquanto que na medula o fluxo é lento, e consequentemente, a lavagem intersticial. Tal fato 
está intimamente ligado a função das estruturas presentes em cada uma dessas porções. No córtex está presente o túbulo 
proximal, que realiza a maior parte da absorção de água e solutos no néfron, de maneira isosmótica, pois a água e os solutos 
estão sendo absorvidos na mesma proporção e direção. Isso só é possível, porque o alto FSR cortical impede a formação de 
gradientes de concentração relevantes, que prejudicariam essa absorção conjunta, visto que os solutos que entram no 
interstício rapidamente são absorvidos pelos capilares e levados para fora do rim. Em contrapartida, na medula o FSR é baixo, 
resultando na formação de um interstício medular concentrado, pois a diferença de concentração dos solutos é grande, 
essencial para absorção dissociada de água e solutos nas porções finas descendente e ascendente e na espessa ascendente. 
Além disso, o alto fluxo sanguíneo renal - advindo do elevado débito cardíaco destinado ao rim (20% -25%), auxilia na rápida 
eliminação de substância endógenas nocivas, metabólitos, e exógenos, uma vez que em apenas um dia o volume filtrado de 
sangue é considerável, propiciando a depuração do sangue e a manutenção da homeostase. 
 
 
3) Discuta como os motivos que permitem que a depuração plasmática de paraaminohipurato (PAH) seja usada para 
a medida do fluxo plasmático renal cortical. 
 
O paraaminohipurato (PAH) é uma molécula exógena ao organismo, livremente filtrada, não reabsorvida e secretada, utilizada 
para medir o fluxo plasmático cortical. Pela equação de excreção (em que esta é igual a filtração, menos a reabsorção, somada 
a secreção), como dito anteriormente, o PAH não é reabsorvido, portanto, sua excreção é o que foi filtrado e secretado, sendo 
eliminado totalmente pelos rins. O clearance, ou depuração, de uma substância, se refere a quantidade de plasma que fica livre 
desta por minuto. O clearance do PAH nos dá o fluxo plasmático cortical, já que é livremente filtrado passa para a cápsula de 
Bowman facilmente, e nos túbulos é secretado, de maneira que em uma ‘’única passagem’’ o plasma fica completamente livre 
dele. Logo, a fórmula diz que a depuração de X elemento é igual sua taxa de excreção (no caso do PAH a filtração+ secreção, 
mg/min) dividida por sua concentração plasmática. Assim, se multiplicarmos o valor da depuração - que é 100% - pela taxa de 
excreção, teremos o valor do FPRc. Com esse cálculo, chegamos apenas ao fluxo plasmático cortical, visto que o 
paraaminohipurato não está difundido dentro das células sanguíneas, o que acaba por não ser um problema, já que o FSRc 
representa 90% do FRS total, dando uma ideia satisfatória de todo o FSR. Logo, para sabermos o FSRc, basta dividir o FPRc por 
1 menos os hematócritos (hemácias). 
 
 
 
 
 
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4) Discuta o ritmo de filtração glomerular e seus determinantes. 
 
O ritmo de filtração glomerular, ou taxa de filtração glomerular, é a quantidade de plasma filtrado para dentro da cápsula de 
Bowman em um período de tempo. Ela depende da pressão de filtração resultante e do coeficiente de filtração. A pressão de 
filtração resultante é o resultado entre as pressões que favorecem e se opõe a filtração. A pressão hidrostática dos capilares 
favorece a filtração, sendo de aproximadamente 55 mmHg, já a pressão oncótica (30 mmHg) dos capilares e a pressão 
hidrostática da cápsula (15 mmHg) se opõe a filtração. A pressão hidrostática dos capilares é a pressão que o plasma exerce 
sobre o fluido, ‘’querendo’’ sair de uma área de alta pressão, para a de baixa pressão: a cápsula oca de Bowman. A pressão 
oncótica é a pressão exercida pelas proteínas plasmáticas, que possuem grande restrição a filtração, de forma que à medida 
que o liquido é filtrado o volume diminui e as proteínas se concentram, aumentando a pressão oncótica ao longo do néfron, 
isso faz com que a TFG seja maior nas porções iniciais do que nas finais. Por fim, a pressão hidrostática da cápsula, busca impedir 
a filtração, evitando a entrada de mais fluido. Contudo, mesmo com duas pressões opositoras, a pressão hidrostática dos 
capilares ainda é mais forte, gerando uma pressão resultante de 10 mmHg. Há ainda uma pressão oncótica da cápsula, que é 
praticamente virtual, exercida pelas poucas proteínas que passam pela barreira de filtração, favorecendo a filtração, mas por 
ser ínfima, é considerada nula. O coeficiente de filtração é resultado da multiplicação entre a área dos capilares e a 
permeabilidade destes. Assi, todos esses fatores influenciam de forma a aumentar ou reduzir a TFG. 
 
 
5) Discuta como podemos medir o ritmo de filtração glomerular. 
 
O ritmo de filtração glomerular pode ser medido pelo clearance da inulina (ou em casos clínicos por ser endógena, a creatinina). 
A TFG é calculada pela taxa de excreção sobre a concentração plasmática da substância. A inulina é uma molécula livremente 
filtrada, não reabsorvida e nem secretada. Seguindo o princípio da conservação de Fick, se uma substância não é metabolizada 
no rim, isto é, não é sintetizada nem degradada, o que entra no rim será igual ao que sai no ureter. A fórmula de excreção diz 
que esta é igual a filtração, menos a reabsorção somada a secreção. Porém, a inulina não é secretada nem reabsorvida, de 
modo que sua excreção é exatamente igual ao que é filtrado pela cápsula. A depuração de uma substância é dada pela sua taxa 
de excreção sobre sua concentração plasmática. Logo, a depuração de inulina é idêntica a TFG. Então, ao administrarmos essa 
molécula, sabendo sua concentração inicial no plasma e a concentração final do plasma, podemos calcular a TFG. 
 
 
6) Discuta os pontos positivos e negativos do uso de creatinina como marcador do ritmo de filtração glomerular. 
 
Positivamente, a creatinina é uma molécula endógena, não necessitando de processos invasivos para ser administrada e 
medida, e além disso, é constantemente produzida pelo organismo. Por outro lado, uma pequena porção de creatinina é 
secretada nos túbulos renais, de maneira que sua depuração não seja 100% igual a filtração. E ainda, algumas moléculas do 
organismo quando degradas produzem substâncias cromógenas que alteram a urinado mesmo modo que a creatinina, podendo 
gerar um resultado superestimado. Contudo, mesmo com esse fato, a quantidade secretada é pequena, e na clínica se usa a 
sua depuração para estimar a TFG. 
 
 
7) Quais as principais teorias aceitas para explicar a auto regulação renal. 
 
A auto regulação renal pode ser explicada pela regulação miogênica e pela retroalimentação túbulo glomerular. A regulação 
miogênica se refere a capacidade dos músculos de responder a mudanças de pressão, enquanto a retroalimentação túbulo 
glomerular diz respeito aos sinais parácrinos enviados pelas células que captam as mudanças no fluxo de liquido na alça de 
Henle. A regulação miogênica se dá, pois, as arteríolas aferentes e eferentes possuem mecanorreceptores que captam o 
relaxamento ou a estiraço do músculo liso de suas paredes. Quando a pressão arterial aumenta (PA) o músculo estira e se 
contrai, a vaso contrição das arteríolas aferentes reduz o fluxo sanguíneo renal, e consequentemente, a TFG, por aumentar 
a resistência a passagem do sangue. Quando a PA cai, o músculo dilata e a arteríola eferente s contrai, causando a diminuição 
do FSR, mas aumentando a TFG, pois o sangue fica mais tempo no corpúsculo renal. Controversamente, mesmo com o 
aumento da TFG, a redução do FSR conversa volume no organismo, aumentando a pressão arterial. 
A retroalimentação túbulo glomerular está relacionada com as células do aparelho justaglomerular. Como o néfron possui 
morfologia de grampo, as células tubulares da porção espessa ascendente passam por entre as arteríolas aferente e eferente, 
nessa região as células tubulares são modificadas, sendo a região conhecida como mácula densa. Caso estas sintam um 
aumento na quantidade de NaCl que passa pelo túbulo (pelo aumento da PA), elas enviam sinais parácrinos as células 
justaglomerular presentes na parede da arteríola aferente, que em última instância, irão secretar renina. Essa molécula cliva o 
angiotensinogênio em angiotensina, que após uma série de clivagens, vira angiotensina II, provocando a vasoconstrição dessa 
arteríola, reduzindo o FSR, e por conseguinte, a TFG.

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