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Esquizofrenia: Transtorno Psicótico

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1 
ANA CAROLINA SILVA INÁCIO CAIRES 
MÓDULO SAÚDE MENTAL 
ESQUIZOFRENIA 
INTRODUÇÃO 
 
Trata-se de um transtorno psicótico primário, 
que é definido por anormalidades em um ou mais 
dos cinco domínios: delírios, alucinações, 
pensamento desorganizado, comportamento motor 
grosseiramente desorganizado ou anormal 
(incluindo catatonia) e sintomas negativos. 
 
CONCEITO 
Constitui um grupo de distúrbios mentais graves, 
sem sintomas patognomônicos, mas caracterizados 
por distorções do pensamento e da percepção, por 
inadequação e embotamento do afeto sem prejuízo 
da capacidade intelectual. Logo, o pensamento, a 
percepção e o afeto são os domínios essencialmente 
afetados. 
 
ESQUIZO: fragmentada ou partida + 
FRENIA: mente. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
Afeta 1% da população mundial e é uma das dez 
doenças que mais incapacitam os indivíduos 
afetados. 
Início mais precoce em homens – dos 20 aos 25 
anos – e mais tarde em mulheres – dos 25 aos 30 
anos, aproximadamente. 
Os indícios da doença aparecem, 
frequentemente, na adolescência ou primeiros 
anos da idade adulta. 
Ocupa a 18º posição dentre as doenças 
incapacidades, segundo levantamento realizado em 
2016 pelo Global Burden of Disease Study. 
Alta taxa de mortalidade, suicídio no inicio da 
doença e alterações cardiovasculares na 
cronicidade da doença (obesidade, tabagismo, 
inatividade física). 
Menor expectativa de vida: 10-15 anos a menos. 
HISTÓRIA NATURAL 
A história natural da esquizofrenia pode ser 
dividida em quatro fases: pré-mórbida, prodrômica, 
progressão e estabilização. 
 
FASE PRÉ-MORBIDA 
 
A baixa sociabilidade, com predileção por 
atividades solitárias ou ansiedade social, e as 
alterações cognitivas (principalmente déficits de 
memória verbal, atenção e funções executivas), 
identificadas já em filhos de indivíduos portadores 
de esquizofrenia, podem ser consideradas 
alterações pré-mórbidas. Essas alterações no 
comportamento, observáveis desde a infância, 
podem progredir e estar associadas ao 
desenvolvimento da esquizofrenia. 
 
FASE PRODRÔMICA 
 
A fase prodrômica é caracterizada por um período 
variável de tempo, geralmente de meses, 
antecedendo a eclosão da psicose, em que o 
indivíduo pode apresentar um estado de apreensão 
e perplexidade sem um foco aparente, sendo 
comum o sentimento de que “algo está para 
acontecer”. Geralmente se nota uma mudança no 
comportamento da pessoa, que passa a ficar mais 
isolada e a demonstrar atitudes peculiares e 
excêntricas, podendo ocorrer sintomas psicóticos 
breves e transitórios. 
 
PROGRESSÃO 
 
O período prodrômico culmina muitas vezes com o 
primeiro episódio de psicose e, nesse ponto, inicia-
se a chamada fase progressiva da esquizofrenia, 
podendo ocorrer deterioração. 
 
2 
ANA CAROLINA SILVA INÁCIO CAIRES 
MÓDULO SAÚDE MENTAL 
 
ESTABILIZAÇÃO 
 
A esquizofrenia evolui para fase estável, sujeita a 
recaídas. Os sintomas negativos muitas vezes são 
detectáveis desde o princípio, ao passo que os 
intomas positivos ocorrem durante o período de 
exacerbação. 
ETIOPATOGENIA 
É um transtorno com múltiplas causas, como o 
câncer. O indivíduo pode ter uma predisposição 
genética, porém, uma série de outros fatores terão 
de intervir para a eclosão da patologia. 
PATOFISIOLOGIA BIOQUÍMICA 
TEORIA DOPAMINÉRGICA, baseia-se na ação 
exacerbada da dopamina, que passa a salientar os 
estímulos (ficam aberrantes e salientes) e 
apresentar psicose. 
A mediação antipsicótica bloqueia os receptores 
pós-sinápticos da dopamina do subtipo D2, 
ocorrendo com isso melhora da sintomatologia. Por 
outro lado, a administração de agonistas da 
dopamina piora a sintomatologia da esquizofrenia. 
 
A serotonina também está implicada na patologia 
da doença, visto que o bloqueio dos receptores da 
serotonina do tipo 2 (5-HT2), também levam a 
melhora do quadro clínico. 
GABA: o aminoácido neurotransmissor inibitório 
ácidoY-aminobutírico (GABA) também foi 
implicado na fisiopatologia da esquizofrenia com 
base nos achados de que alguns pacientes têm uma 
perda de neurônios GABAérgicos no hipocampo. O 
GABA tem um efeito regulador sobre a atividade da 
dopamina, e a perda de neurônios GABAérgicos 
inibidores poderia levar à hiperatividade dos 
neurônios dopaminérgicos. 
Glutamato: o glutamato foi implicado porque a 
ingestão de fenciclidina, um antagonista do 
glutamato, produz uma síndrome aguda semelhante 
à esquizofrenia. A hipótese proposta sobre o 
glutamato inclui as de hiperatividade, hipoatividade 
e neurotoxicidade induzidas por ele. 
 
 
Não há, aparentemente, uma única lesão cerebral 
responsável pela causa da esquizofrenia. 
Interneurônios inibitórios são particularmente 
afetados, principalmente na diminuição em seu 
número; diminuição na expressão de enzimas que 
sintetizam o neurotransmissor inibitório GAMA; 
diminuição na expressão de neuropeptídios, como a 
colecistoquinina e a somatostatina; e o decréscimo 
da migração de neurônios da matéria branca para o 
córtex cerebral. Há também uma perda 
generalizada de dendritos e axônios da região 
cortical, refletindo uma falha de conexões 
sinápticas entre neurônios piramidais e neurônios 
inibitórios, explicados por uma falha no 
neurodesenvolvimento e podem sugerir que a 
esquizofrenia está relacionada com distúrbios em 
qualquer fase da maturação cerebral. 
Num achado consistente com essa neuropatologia, 
imagens de ressonância magnética mostram 
alargamento de ventrículos, simetria reduzida em 
várias áreas do cérebro (lobos temporal, frontal e 
occipital), diminuição de várias regiões do cérebro, 
incluindo hipocampo e córtex superior temporal. 
Além de diminuição do sistema límbico - 
funcionalmente anormal, com alteração da 
transmissão de glutamato e alteração do cerebelo e 
núcleos da base, pela presença de movimentos 
motores bizarros. 
TEORIAS PSICANALÍTICAS 
FREUD: resulta de fixações precoces do 
desenvolvimento que produzem déficits no 
desenvolvimento do ego, que contribuem para os 
sintomas do transtorno. Essa desintegração 
representa um retorno à época em que ele ainda 
não tinha se formado. Como o ego afeta a percepção 
da realidade e controle de impulsos internos, 
quando comprometido, são perdidas as funções. 
PSICANÁLISE: indicam que os sintomas do 
paciente refletem um significado único para cada 
um. Por exemplo, a fantasia de que o mundo está 
acabando indica que o mundo interno do paciente 
está se desfazendo. A incapacidade de lidar com a 
realidade induz as alucinações, que são tentativas 
 
3 
ANA CAROLINA SILVA INÁCIO CAIRES 
MÓDULO SAÚDE MENTAL 
regressivas e restituitivas de criar uma nova 
realidade. 
DA APRENDIZAGEM: a teoria indica que os 
pacientes quando crianças aprenderam reações e 
formas de pensar mais irracionais ao imitar os pais 
que também possuíam problemas emocionais. As 
relações interpessoais são pobres, porque durante a 
infância os modelos de relação com a sociedade 
eram insatisfatórios. 
 
APRESENTAÇÃO CLÍNICA 
O quadro clínico pode precipitar de forma aguda 
inicialmente, como uma psicose, mas mais 
frequentemente assume um curso insidioso e 
crônico, com deterioração progressiva da 
funcionalidade do paciente. 
Os sintomas mais comuns são: afeto inadequado 
(rir na ausência de estímulo), humor disfórico que 
pode evoluir para depressão, ansiedade ou raiva, 
padrão de sono perturbado, falta de interesse em 
alimentar ou recusa a comida sempre. Pode ter 
despersonalização, desrealização e preocupações 
somáticas. Ansiedade e fobias são comuns. Baixa de 
memória declarativa, de trabalho, lentidão de 
pensamento. Os pacientes podem não ter insight ou 
consciência do seu transtorno, o que faz com que o 
paciente não perceba que está tendo alucinações – 
não adesão ao tratamento. Poucos são violentos. 
OBS: é comum ter obesidade porque são pacientes 
pouco ativos, que comem muito e que engordam 
pelo uso de antipsicóticos. A maioriatem DM, 
dislipidemia e HAS. Muitos são HIV positivos, pelo 
uso de drogas injetáveis. 
SINTOMAS POSITIVOS E NEGATIVOS 
Os sintomas negativos são um conjunto de 
sintomas que representam a perda ou diminuição 
das funções normais. Caracterizam-se pela perda de 
certas funções psíquicas (na esfera da vontade, do 
pensamento, da linguagem, etc.) e pelo 
empobrecimento global da vida afetiva, cognitiva e 
social do indivíduo. 
 
Os sintomas negativos podem ser primários 
(resultantes da própria evolução da esquizofrenia) 
ou secundários (aos próprios sintomas positivos, à 
desorganização, à depressão, ao isolamento social 
ou aos efeitos da medicação antipsicótica). 
 
O DSM-5 definiu como sintomas negativos os 
seguintes: aplanamento e embotamento afetivos 
(redução da amplitude e intensidade da expressão 
emocional), alogia (pobreza no discurso com 
respostas lacónicas, sem conteúdo), avolição 
(redução da motivação, falta de vontade e de 
iniciativa), anedonia (perda da habilidade em sentir 
prazer em atividades ou relacionamentos 
interpessoais) e isolamento social. 
 
Quanto aos sintomas positivos são os sintomas 
presentes de forma mais visível nas fases de 
descompensação aguda da doença e incluem 
classicamente os delírios e as alucinações. São 
também incluídas neste conjunto outras alterações 
do pensamento, discurso ou comportamento. 
 
 
SUBTIPOS 
KAPLAN e CID-10 listam os subtipos da 
esquizofrenia: 
PARANOIDE 
Preocupação com alucinações auditivas frequentes. 
Marcado por delírios de perseguição ou grandeza. 
Os pacientes dessa classe costumam ter o primeiro 
episódio em idade mais tardia o que pode ser bom 
porque a esse ponto, ele já tem uma rede social que 
vai ajudar com a doença. Menor regressão das 
funções mentais, respostas emocionais mais leves e 
comportamento mais restrito. Tendem a ser 
pacientes tensos, desconfiados, cautelosos, 
reservados e as vezes agressivos. Questionar o que 
as vozes planejam. 
DESORGANIZADO OU HEBEFRÊNICO 
Regressão acentuada para um comportamento 
primitivo, desinibido e desordenado, mas que não 
tem os sintomas para ser encaixado no tipo 
 
4 
ANA CAROLINA SILVA INÁCIO CAIRES 
MÓDULO SAÚDE MENTAL 
catatônico. Costuma aparecer mais precocemente, 
aos 25 anos. São pacientes ativos, mas de uma 
forma não construtiva. Mente rica, realidade pobre. 
Aparência desleixada, risos sem motivo, caretas e 
ações tolas. 
CATATÔNICO 
Distúrbio acentuado da função motora que pode 
desenvolver esturpor, negativismo, rigidez, 
excitação e posturas bizarras. A maioria deles ainda 
possui estereotipias, maneirismos e flexibilidade 
cérea (coloca numa posição e fica desse jeito por 
dias). Durante a excitação catatônica, o paciente 
pode precisar de supervisão, para impedir que se 
machuquem. Mais comum de ter sintomas 
negativos. São mais agressivos. A maioria tem 
ecolalia e ecopraxia – repete tudo que fala e todos 
os movimentos que o médico realiza. 
RESIDUAL 
Evidências contínuas do transtorno na ausência de 
sintomas completos ativos ou sintomas 
insuficientes para satisfazer outro subtipo. Quando 
ocorrem, os delírios não são proeminentes e não 
são acompanhados de reações afetivas 
significativas. Geralmente é no começo de outra 
síndrome ou após o tratamento. 
INDIFERENCIADO 
Quando não deu pra encaixar em nenhum outro. 
DIMENSÕES 
O DSM-5 ao invés de subtipos divide a 
esquizofrenia em dimensões psicopatológicas. 
 
Além disso, apresenta também: perda cognitiva 
(atenção, memória, abstração, funções executivas) e 
alterações do humor (depressão, mania). 
DIAGNÓSTICO 
DSM 5 
 
CID – 10 
 
CID 11 (ENTRARÁ EM VIGOR 2022) 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Transtorno esquizofreniforme (dura de 1-6 meses e 
abrange somente 1 área daquelas grandes 5); 
delirante por uso de substâncias, delírio por 
grandes emoções, transtorno de personalidade 
esquizotípico e transtorno esquizoafetivo. 
 
5 
ANA CAROLINA SILVA INÁCIO CAIRES 
MÓDULO SAÚDE MENTAL 
TRATAMENTO 
NÃO TEM CURA, TEM CONTROLE! 
Consiste, principalmente, na administração de 
antipsicóticos. 
PRIMEIRA GERAÇÃO (APG) 
Atuam, sobretudo, no bloqueio dos recetores D2 
que, para além do efeito antipsicótico pretendido 
(obtido sobretudo pela sua ação na via 
dopaminérgica mesolímbica). Este mecanismo pode 
levar ao surgimento de sintomas extrapiramidais 
(acatísia, distonia aguda, parkinsonismo, discinesia 
tardia) e hiperprolactinemia que por vezes traduz-
se clinicamente em amenorreia, galactorreia e 
disfunção sexual. 
 
 
 
SEGUNDA GERAÇÃO (ASG) 
 
Para além do bloqueio de recetores D2, bloqueiam 
também os recetores serotoninérgicos 5-HT2A. 
A estimulação destes recetores inibe a libertação de 
dopamina, logo o bloqueio dos mesmos conduzirá 
inversamente a aumento da libertação de 
dopamina. Este aumento de dopamina terá uma 
funcionalidade particular na via mesocortical ao 
levar uma melhoria dos sintomas negativos, o que 
corresponde a uma vantagem dos ASG face aos APG. 
 
 
 
 
MANEJO 
 
 
6 
ANA CAROLINA SILVA INÁCIO CAIRES 
MÓDULO SAÚDE MENTAL 
Se com a monoterapia o paciente reagiu bem, vai 
para a fase de manutenção!!! 
 
ESQUIZOFRENIA RESISTENTE: persistência de 
sintomas positivos (delírios, alucinações, 
desorganização do pensamento e conduta) após  2 
tratamentos adequados com antipsicóticos “não 
clozapina”. 
 
 
 
 
 
PROGNÓSTICO 
 
 
 
TRANSTORNO ESQUIZOAFETIVO 
 
São transtornos nos quais ambos os sintomas, 
afetivos e esquizofrênicos, são proeminentes dentro 
do mesmo episódio da doença. Podem estar 
presentes simultaneamente ou afastados por 
poucos dias. 
EPIDEMIOLOGIA 
Prevalência ao longo da vida é de menos de 1%, 
possivelmente entre 0,5 e 0,8%. 
A idade de início para mulheres é mais tardia do 
que para os homens, como na esquizofrenia. 
ETIOLOGIA 
Inclui esquizofrenia e transtorno de humor. A 
genética também parece ter influência. O uso de 
maconha, por exemplo, pode precipitar psicose e 
sintomas psicóticos. 
APRESENTAÇÃO CLÍNICA 
Os sintomas negativos costumam ser menos graves 
e persistentes do que na esquizofrenia, no entanto, 
pouco contato social e autocuidado prejudicado 
estão associados ao transtorno esquizoafetivo. 
Existe o transtorno esquizoafetivo do tipo maníaco, 
no qual há sintomas esquizofrênicos e maníacos 
proeminentes no mesmo episódio. 
No transtorno esquizoafetivo do tipo depressivo, 
sintomas esquizofrênicos e depressivos são 
proeminentes no mesmo episódio da doença. São 
menos alarmantes que o tipo maníaco, porém 
tendem a durar mais e ter prognóstico mais 
desfavorável. 
 
7 
ANA CAROLINA SILVA INÁCIO CAIRES 
MÓDULO SAÚDE MENTAL 
No transtorno esquizoafetivo do tipo misto, 
sintomas de esquizofrenia coexistem com sintomas 
de um transtorno bipolar do tipo misto. 
DIAGNÓSTICO 
Pelo DSM-V, os seguintes critérios diagnósticos 
devem estar presentes: 
 Um período ininterrupto da doença durante o qual 
há a presença concomitante do critério A da 
esquizofrenia e de um episódio depressivo maior 
ou maníaco; 
 Delírios ou alucinações durante pelo menos duas 
semanas na ausência de episódio depressivo maior 
ou maníaco durante a duração da doença ao longo 
da vida; 
 Os sintomas de episódio de humor estão presentes 
durante a maior parte da duração das fases ativa e 
residual da esquizofrenia; 
 Descartados o uso de substância ou outra condição 
médica como causas. 
Para diferenciar o transtorno esquizoafetivo do 
transtorno de humor com características psicóticas, 
é necessária a presença de doença psicótica sem 
sintomas de episódios de humor, por pelo menos 2 
semanas ininterruptas. 
Os sintomas de humor devem estar presentes 
durante a maior parte da doença psicótica. Se 
estiver presente durante curto período de tempo 
em relação à doença psicótica, o diagnóstico é de 
esquizofrenia. 
TRATAMENTO 
Uso de antidepressivos e estabilizadores do humor 
devem ser empregados, e osantipsicóticos são 
utilizados somente para controle em curto prazo. 
No transtorno do tipo depressivo, pode-se ainda 
utilizar antidepressivos, sendo os inibidores 
seletivos da recaptação de serotonina (ISRS’s) 
comumente prescritos, pelo menor efeito no estado 
cardíaco e maior segurança em caso de 
superdosagem. Pode-se também utilizar os 
tricíclicos, especialmente em pacientes agitados ou 
insones. 
Antipsicóticos podem ser utilizados no tratamento 
dos sintomas psicóticos do transtorno 
esquizoafetivo. 
 
TRANSTORNO ESQUIZOFRENOIDE 
Caracteriza-se por um quadro idêntico em todos os 
aspectos ao da esquizofrenia, exceto pela duração 
de seus sintomas de no mínimo um mês, porém 
menor que seis meses com retorno ao 
funcionamento normal. Quando os sintomas 
persistem, o diagnóstico deve ser substituído pelo 
de esquizofrenia. 
EPIDEMIOLOGIA 
Mais frequente em adolescentes e adultos jovens e 
o diagnóstico diferencial é igual ao da 
esquizofrenia. Uma taxa cinco vezes maior do 
transtorno foi encontrada em homens em 
comparação a mulheres. Os parentes de pacientes 
com transtorno esquizofreniforme são mais 
propensos a apresentar transtornos do humor do 
que os parentes de daqueles com esquizofrenia, e 
mais propensos a ter diagnóstico de transtorno do 
humor psicótico do que os parentes daqueles com 
transtornos bipolares. 
ETIOLOGIA 
Causa não é conhecida. Provavelmente tem 
semelhanças com a natureza episódica dos 
transtornos do humor. Entretanto, alguns dados 
indicam uma relação próxima com a esquizofrenia. 
APRESENTAÇÃO CLÍNICA 
Perfil de sintoma inicial é o mesmo da 
esquizofrenia, uma vez que dois ou mais sintomas 
psicóticos (alucinações, delírios, discurso e 
comportamento desorganizados ou sintomas 
negativos) devem estar presentes. Sintomas 
schneiderianos de primeira linha são observados 
dos com frequência. Mesmo que sintomas negativos 
possam estar presentes, eles são um tanto raros no 
transtorno esquizofreniforme e são considerados 
aspectos prognósticos ruins. 
 
8 
ANA CAROLINA SILVA INÁCIO CAIRES 
MÓDULO SAÚDE MENTAL 
Por definição, pacientes com transtorno 
esquizofreniforme retornam a seu estado basal EM 
SEIS MESES. 
DIAGNÓSTICO 
Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um presente 
por uma quantidade significativa de tempo durante 
um período de um mês (ou menos, se tratados com 
sucesso). Pelo menos um deles deve ser (a), (b) ou 
(c): 
 
Um episódio do transtorno que dura pelo menos 
um mês, mas menos do que seis meses. Quando 
deve ser feito um diagnóstico sem aguardar a 
recuperação, ele deve ser qualificado como 
“provisório”. 
Transtorno esquizoafetivo e transtorno depressivo 
ou transtorno bipolar com características psicóticas 
foram descartados porque 1) nenhum episódio 
depressivo maior ou maníaco ocorreu 
concomitantemente com os sintomas da fase ativa 
ou 2) se os episódios de humor ocorreram durante 
os sintomas da fase ativa, estiveram presentes pela 
menor parte da duração total dos períodos ativo e 
residual da doença. 
A perturbação não é atribuível aos efeitos 
fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de 
abuso, medicamento) ou a outra condição médica. 
TRATAMENTO 
Os antipsicóticos devem ser utilizados para o 
tratamento dos sintomas psicóticos, porém 
cessados estes, após 3-6 meses, costuma haver 
resposta rápida à medicação. 
 
 
 
 
 
 
TRANSTORNO DELIRANTE E PSICÓTICO COMPARTILHADO 
O diagnóstico de transtorno delirante é feito 
quando uma pessoa exibe delírios não bizarros de 
pelo menos um mês de duração que não podem ser 
atribuídos a outros transtornos psiquiátricos. 
EPIDEMIOLOGIA 
Há dificuldade em estabelecer epidemiologia, uma 
vez que os indivíduos delirantes raramente buscam 
ajuda psiquiátrica, a não ser que sejam forçados a 
isso por suas famílias ou por ordens judiciais. 
ETIOLOGIA 
Fatores biológicos: condições neurológicas mais 
comumente associadas com delírios afetam o 
sistema límbico e os gânglios da base. Pode surgir 
como uma resposta normal a experiências 
anormais no ambiente, no sistema nervoso 
periférico ou no sistema nervoso central (SNC). 
Portanto, se tiverem experiências sensoriais 
errôneas de serem seguidas (p. ex., ouvir passos), as 
pessoas podem passar a acreditar que estão, de 
fato, sendo seguidas. 
Fatores psicodinâmicos: muitos pacientes com 
transtorno delirante são socialmente isolados e 
atingiram níveis de realização mais baixos do que o 
esperado. 
APRESENTAÇÃO CLÍNICA 
Os pacientes costumam estar bem arrumados e 
bem vestidos, sem evidências de desintegração 
aparente da personalidade ou das atividades 
diárias, mas podem parecer excêntricos, estranhos, 
desconfiados ou hostis. A característica mais 
notável de pacientes com transtorno delirante é 
que o exame do estado mental mostra que são 
bastante normais, exceto por um sistema delirante 
acentuadamente anormal. 
 
9 
ANA CAROLINA SILVA INÁCIO CAIRES 
MÓDULO SAÚDE MENTAL 
 
DIAGNÓSTICO 
 
SUBTIPOS 
 
TRATAMENTO 
Os objetivos do tratamento são estabelecer o 
diagnóstico, decidir sobre as intervenções 
adequadas e lidar com complicações. É necessário 
excluir outras causas dos aspectos paranoides e 
confirmar ausência de outras psicopatologias. 
PSICOTERAPIA: elemento essencial da psicoterapia 
eficaz é estabelecer um relacionamento no qual os 
pacientes comecem a confiar no terapeuta. A 
terapia individual parece ser mais eficaz do que a 
de grupo; as terapias orientadas ao insight, de 
apoio, cognitiva e comportamental muitas vezes são 
eficazes. 
HOSPITALIZAÇÃO: as indicações incluem 
necessidade de avaliação médica e neurológica 
completa, avalição da capacidade de controle de 
impulsos violentos e comportamento do paciente 
diante do delírio. 
FARMACOTERAPIA: indivíduos gravemente 
agitados devem receber um antipsicótico por via 
intramuscular. A história de resposta à medicação é 
o melhor guia para a escolha de um medicamento. 
Muitas vezes, o médico deve começar com doses 
baixas (p. ex., 2 mg de haloperidol ou 2 mg de 
risperidona) e aumentá-las de maneira progressiva. 
Se não houver resposta a uma dosagem razoável em 
um período de seis semanas, antipsicóticos de 
outras classes devem ser tentados. 
 
 
 
 
 
 
 
TRANSTORNO PSICÓTICO BREVE, OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS E 
CATATONIA 
TRANSTORNO PSICÓTICO BREVE 
O transtorno psicótico breve é definido como uma 
condição psicótica que envolve o início súbito de 
sintomas psicóticos que duram um dia ou mais, mas 
menos de um mês. A remissão é completa, e o 
indivíduo retorna ao nível de funcionamento 
prémórbido. É uma síndrome psicótica aguda e 
transitória. 
EPIDEMIOLOGIA 
Considerado incomum. Ocorre com maior 
frequência entre indivíduos mais jovens (na 
segunda e terceira décadas de vida) do que entre os 
mais velhos. É mais comum em mulheres do que em 
homens. O transtorno é observado com frequência 
em pacientes com transtornos da personalidade 
(mais comumente histriônica, narcisista, paranoide, 
esquizotípica e borderline). 
ETIOLOGIA 
 
10 
ANA CAROLINA SILVA INÁCIO CAIRES 
MÓDULO SAÚDE MENTAL 
Formulações psicodinâmicas têm enfatizado a 
presença de mecanismos de enfrentamento 
inadequado. Outras teorias psicodinâmicas 
sugerem que os sintomas psicóticos sejam uma 
defesa contrafantasias proibidas, a satisfação de um 
desejo frustrado ou uma fuga de uma situação 
psicossocial estressante. 
APRESENTAÇÃO CLÍNICA 
Incluem pelo menos um sintoma importante de 
psicose, como alucinações, delírios e pensamentos 
desorganizados, geralmente com início repentino, 
mas nem sempre incluem todo o padrão 
sintomático visto na esquizofrenia. Os sintomas 
característicos do transtorno psicótico breve 
incluem volatilidade emocional, comportamento 
estranho ou bizarro, gritos ou mutismo e memória 
comprometida para eventos recentes. 
ESTRESSORES PRECIPITANTES 
Incluem eventos que causamimpacto emocional 
significativo. Exemplo: perda de um membro da 
família próximo ou um acidente automobilístico 
grave. 
DIAGNÓSTICO 
Sintomas psicóticos duram pelo menos um dia, mas 
menos de um mês, e não estão associados com um 
transtorno do humor, com um transtorno 
relacionado a substâncias ou com um transtorno 
psicótico causado por uma condição clínica geral. 
Há três subtipos desse transtorno: (1) a presença 
de um estressor, (2) a ausência de um estressor e 
(3) um início no período pós-parto. 
TRATAMENTO 
Pode necessitar de hospitalização breve tanto para 
avaliação como para proteção. A avaliação requer o 
monitoramento rigoroso dos sintomas e a 
estimativa do nível de perigo do paciente para si 
mesmo e para os outros. 
Farmacoterapia: duas principais classes de 
medicamentos a serem consideradas no tratamento 
de transtorno psicótico breve são os antipsicóticos 
e os benzodiazepínicos. Quando se opta por um 
medicamento antipsicótico, como haloperidol, ou 
um agonista de serotonina-dopamina, como 
ziprasidona, podem ser utilizados. Para pacientes 
com alto risco de desenvolvimento de efeitos 
adversos extrapiramidais (p. ex., homens jovens), 
um antagonista de serotoninadopamina deve ser 
administrado como profilaxia contra sintomas de 
transtorno do movimento. 
Psicoterapia: a parte mais difícil do tratamento é a 
integração psicológica da experiência (e do trauma 
precipitante, caso exista um) na vida dos pacientes 
e de suas famílias. A psicoterapia é útil como uma 
oportunidade para discutir os estressores e o 
episódio psicótico. 
TRANSTORNO PSICÓTICO INDUZIDO POR 
MEDICAMENTO/SUBSTÂNCIA 
Frequentemente encontrado em pacientes que 
abusam de álcool ou de outras substâncias a longo 
prazo. 
As substâncias envolvidas com mais frequência são 
álcool, alucinógenos indólicos, como a dietilamida 
do ácido lisérgico (LSD), anfetamina, cocaína, 
mescalina, PCP e cetamina 
APRESENTAÇÃO CLÍNICA 
Alucinações (táteis – insetos andando na pele 
podem surgir em pessoas cegas devido a catarata); 
delírios (hiperatividade e apatia podem estar 
presentes, e um humor disfórico associado é 
considerado comum). 
DIAGNÓSTICO 
 
TRATAMENTO 
Direcionado para condição subjacente. Agentes 
antipsicóticos (p. ex., olanzapina ou haloperidol) 
podem ser necessários para o controle imediato e 
de curto prazo do comportamento psicótico ou 
agressivo, embora os benzodiazepínicos também 
possam ser úteis para controlar agitação e 
ansiedade. 
TRANSTORNO CATATÔNICO 
A catatonia é uma síndrome clínica caracterizada 
por anormalidades comportamentais 
impressionantes que podem incluir imobilidade ou 
 
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excitação motora, negativismo profundo ou ecolalia 
(imitação da fala) ou ecopraxia (imitação de 
movimentos). 
O diagnóstico não é feito se a catatonia for mais 
bem explicada por um transtorno mental primário, 
como esquizofrenia ou depressão psicótica, ou se os 
sintomas catatônicos ocorrem exclusivamente no 
curso de delirium 
EPIDEMIOLOGIA 
Condição incomum, vista sobretudo em doenças 
primárias do humor ou psicóticas avançadas 
ETIOLOGIA 
Transtornos neurológicos (p. ex., status epilepticus 
não convulsivo e traumatismo craniano), infecções 
(p. ex., encefalite) e distúrbios metabólicos (p. ex., 
encefalopatia hepática, hiponatremia e 
hipercalcemia). Alguns medicamentos também, 
como corticosteroides, imunossupressores e 
agentes antipsicóticos. 
APRESENTAÇÃO CLÍNICA 
Pode incluir imobilidade motora ou atividade 
excessiva, negativismo extremo ou mutismo, 
peculiaridades do movimento voluntário e ecolalia 
ou ecopraxia. Flexibilidade cérea, uma forma de 
postura artificial muitas vezes evidente no exame 
físico, pode estar presente. 
DIAGNÓSTICO 
 
TRATAMENTO 
Compromete a capacidade de uma pessoa de cuidar 
de si mesma e, portanto, requer hospitalização. 
Os benzodiazepínicos podem proporcionar melhora 
temporária dos sintomas, e sua utilização pode 
melhorar a capacidade de comunicação dos 
pacientes e o autocuidado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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