Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FENÔMENOS DE TRANSPORTE GLEYZER MARTINS 1 CONDUÇÃO BIDIMENSIONAL EM REGIME ESTACIONÁRIO A análise unidimensional muitas das vezes é inapropriada, e torna-se necessário avaliar os efeitos multidimensionais. Para tanto utiliza-se dos seguintes métodos: • Analítico exato • Método Gráfico • Método numérico Lembrando que a solução dos problemas de condução passa pela determinação da distribuição de temperatura através da equação de difusividade de calor, que é dado na análise bidimensional na forma: 2 2 2 2 0 T T x y ∂ ∂+ =∂ ∂ Com a distribuição de temperatura, determina-se as componentes de fluxo de calor pela equação de Fourier. A solução utilizando o método analítico envolve para os casos mais simples a solução de uma equação diferencial parcial ordinária. Para o caso de uma placa fina conforme mostrado na figura a solução é dada na forma: ( ) ( ) 1 1 1 12, n n n ysenh n x Lx y sen n Wn L senh L π πθ ππ +∞ = ⋅ ⋅⎛ ⎞⎜ ⎟− + ⋅ ⋅⎛ ⎞ ⎝ ⎠= ⋅ ⋅ ⋅⎜ ⎟ ⋅ ⋅⎛ ⎞⎝ ⎠ ⎜ ⎟⎝ ⎠ ∑ MÉTODO GRÁFICO O método gráfico pode ser utilizado para problemas envolvendo fronteiras adiabáticas e isotérmicas. Baseia-se no fato das linhas de temperatura constante devem ser perpendiculares as linhas que indicam a direção do fluxo de calor. O objetivo é construir sistematicamente uma rede de isotermas e linhas de fluxo de calor, essa rede denominada representação gráfica do fluxo, é utilizada para se deduzir a distribuição de temperatura e a taxa de fluxo de calor através do sistema. Considere um canal quadrado bidimensional cujas superfícies interna e externa são mantidas a 1T e 2T FENÔMENOS DE TRANSPORTE GLEYZER MARTINS 2 O procedimento para construção gráfica é o seguinte: 1. Identificação de todas as linhas relevantes de simetria. São determinadas pelas condições térmicas, assim como pela geometria. 2. Linhas de simetria são adiabáticas no sentido de que pode não existir transferência de calor na direção perpendicular às linhas. Elas são linhas de fluxo de calor e uma vez que não existe fluxo de calor na direção perpendicular à linha do fluxo de calor, ela pode ser denominada adiabática. 3. Esboçar as linhas de temperaturas constantes no interior do sistema. Observe que isotérmicas devem sempre ser perpendiculares a adiabáticas 4. As linhas de fluxo de calor devem então ser desenhadas visando a criação de uma rede quadrados curvilíneos. Isso é feito tendo as linhas de fluxo de calor e as isotérmicas interceptado-se em ângulos retos e com a exigência de que todos os lados de cada quadrado tenham aproximadamente o mesmo comprimento DETERMINAÇÃO DA TAXA DE TRANSFERÊNCIA A taxa na qual a energia é transferida através de uma faixa, que é a região entre adiabáticas adjacentes, é designada iq . Se a representação gráfica do fluxo for construída apropriadamente, o valor de iq será aproximadamente o mesmo para todas as faixas, e a taxa total de transferência de calor pode ser representada como: 1 M i i i q q Mq = ≈ =∑ Onde M é o numero de faixas associadas à representação gráfica. Aplicando a equação de Fourier ao quadrado curvilíneo, iq pode ser representado como: j j i i T T q k A k y l x x ∆ ∆≈ ⋅ ⋅ ≈ ⋅∆ ⋅ ⋅∆ ∆ Sabendo que o incremento de temperatura é aproximadamente o mesmo para todas as isotermas adjacentes, a diferença de temperatura global 1 2T −∆ pode ser representada como: FENÔMENOS DE TRANSPORTE GLEYZER MARTINS 3 1 2 N j j i j T T N T− = ∆ = ∆ = ⋅∆∑ Onde N é o número de incrementos de temperatura Para os quadrados curvilíneos tem-se que y x∆ ≈ ∆ , desta forma pode-se escrever a equação de Fourier na forma: 1 2 M lq k T N − ⋅≈ ∆ O FATOR DE FORMA DE CONDUÇÃO A equação de Fourier, tal como apresentada, pode ser utilizada para definir o fator de forma S de um sistema bidimensional, ou seja: 1 2q Sk T −= ∆ Onde para representação gráfica do fluxo MlS N ≡ A resistência a condução bidimensional pode ser representada como: ( ), 2 1 t cond DR S k = ⋅ Fatores de forma tem sido obtidos para inúmeros sistemas bidimensionais, e os resultados encontram-se resumido na tabela 4.1 do livro texto SISTEMA ESQUEMA RESTRIÇÕES FATOR DE FORMA Caso 1 Esfera isoterma enterrada em um meio semi-infinito / 2z D> 2 1 / 4 DS D z π⋅ ⋅= − ⋅ Caso 2 Cilindro horizontal de comprimento L isotérmico enterrado em um meio semi- infinito L D� L D� 3 / 2z D> 1 2 2cosh LS z D π − ⋅ ⋅= ⎛ ⎞⎜ ⎟⎝ ⎠ 2 4ln LS z D π⋅ ⋅= ⋅⎛ ⎞⎜ ⎟⎝ ⎠ FENÔMENOS DE TRANSPORTE GLEYZER MARTINS 4 Caso 3 Cilindro Vertical em um meio semi-infinito L D� 2 4ln LS L D π⋅ ⋅= ⋅⎛ ⎞⎜ ⎟⎝ ⎠ Caso 4 Condução entre dois cilindros de comprimento L em meio infinito 1 2,L D D� L w� 2 2 2 1 1 2 1 2 2 4cosh 2 LS w D D D D π − ⋅ ⋅= ⎛ ⎞− −⎜ ⎟⋅ ⋅⎝ ⎠ Caso 5 Cilindro circular horizontal de comprimento L centralizado entre planos paralelos de comprimentos iguais e largura infinita / 2z D� L z� ( ) 2 ln 8 / LS z D π π ⋅ ⋅= ⋅ Caso 6 Cilindro circular de comprimento L centralizado em um sólido quadrado de mesmo compriemento w D> L D� ( ) 2 ln 1,08 / LS w D π⋅ ⋅= ⋅ Caso 7 Cilindro circular excêntrico de comprimento L em um cilindro de mesmo comprimento D d> L D� 2 2 2 1 2 4cosh 2 LS D d z D d π − ⋅ ⋅= ⎛ ⎞− − ⋅⎜ ⎟⋅ ⋅⎝ ⎠ FENÔMENOS DE TRANSPORTE GLEYZER MARTINS 5 EXEMPLO 1 Um orifício de diâmetro 0,25D m= é perfurado através do centro de um bloco sólido de secção quadrada com w=1m de lado. O orifício é perfurado ao longo do comprimento 2l m= do bloco que apresenta condutividade térmica 150 /k W m K= ⋅ . Um fluido aquecido passando através do orifício mantém a temperatura da superfície interna a 1 75ºT C= enquanto a superfície externa do bloco é mantida a 1 25ºT C= • Determine a taxa de transferência de calor através do bloco EXEMPLO 2 Um tubo quente é colocado excentricamente em um material de condutividade térmica 0,5 /k W m K= ⋅ , conforme mostrado na figura a seguir. Utilizando o método de representação gráfica do fluxo, determine o fator de forma e o calor transferido por unidade de comprimento quando as temperaturas do tubo e da superfície externa são 150 e 35 respectivamente MÉTODO DE DIFERENÇAS FINITAS Frequentemente, os problemas bidimensionais envolvem geometrias e/ou condições de contorno que não são possíveis a aplicação dos métodos analíticos ou gráficos, nesses casos, a melhor alternativa e frequentemente a que utiliza a técnica numérica, tal como diferença finitas, elementos finitos ou o método de elementos de contorno. O método de diferença finitas devido sua simplicidade é bastante aplicado e consiste em dividir o domínio de análise em uma rede nodal e linearizar a equação da difusividade de calor e a lei de Fourier w 2T 2T D FENÔMENOS DE TRANSPORTE GLEYZER MARTINS 6 A discretização para equação de difusividade de calor é dada na forma: 2 2 2 2 0 T T x y ∂ ∂+ =∂ ∂ Para direção x 2 1, 1, 2 2 2 ,m n m nT T Tm nT x x + −+ − ⋅∂ ≈∂ ∆ Para direção x 2 , 1 , 1 2 2 2 ,m n m nT T Tm nT y y + −+ − ⋅∂ ≈∂ ∆ Utilizando a rede para qual x y∆ = ∆ e substituindo tem-se: 2 2 , 1 , 1 1, 1, 2 2 2 4 , 0m n m n m n m n T T T T Tm nT T x y x + − + −+ + + − ⋅∂ ∂+ ≈ =∂ ∂ ∆ A lei de Fourier é dada na forma: • Para direção x ( ) ( ) ( ) ( )1, ,1, , 1 m n m nm n m n T Tq k y x++ → −= ⋅ ∆ ⋅ ⋅ ∆ ; ( ) ( ) ( ) ( )1, , 1, , 1 m n m n m n m n T T q k y x − − → −= ⋅ ∆ ⋅ ⋅ ∆ • Para direção y ( ) ( ) ( ) ( ), 1 ,, 1 , 1 m n m nm n m n T Tq k x y++ → −= ⋅ ∆ ⋅ ⋅ ∆ ; ( ) ( ) ( ) ( ), 1 , , 1 , 1 m n m n m n m n T T q k x y − − → −= ⋅ ∆ ⋅ ⋅ ∆ Para solução da distribuição de temperaturas resolve-se a equação da difusividade para cada nó, na forma: 11 1 12 2 13 3 1 1 21 1 22 2 23 3 2 2 1 1 2 2 3 3 N N N N N N N NN N N a T a T a T a T C a T a T aT a T C a T a T a T a T C + + + ⋅⋅⋅+ = + + + ⋅⋅⋅+ = + + + ⋅⋅⋅+ = M M M M M M
Compartilhar